2015/03/31

Não consigo perdoar!



Nada pode nos ferir mais do que a falta de perdão. Seja por não recebê-lo ou por não oferecê-lo. Esta é uma batalha que se dá diariamente dentro de nós, entre emoções e sentimentos, lembranças e feridas, está a voz do perdão que por muitas vezes tentamos silenciar.

Na maioria das vezes o não perdoar está associado a uma forma de protesto contra aquele que nos feriu. É o reflexo de nossa insegurança, pois nos sentimos machucadas ou ameaçadas, e exteriorizamos uma vingança camuflada, não dando ao que nos feriu a oportunidade de se redimir. A raiva é o fundamento sob o qual o coração que não perdoa edifica seus muros, não dando a oportunidade de enxergar-se além do horizonte, novas oportunidades. E é exatamente do acúmulo da raiva que surge o rancor, prolongar a raiva contra uma pessoa é ferir-se mais ainda, magoar-se prolongadamente, ter raiva sempre “daquela situação” gerando rancor e mais rancor.

Ferir-se consigo mesma através da falta de perdão por vezes é mimar nosso ego, como uma criança que precisa ser compreendida e satisfeita a qualquer custo, não abrimos mão de nossas feridas, agimos com o sentimento de autopiedade, “coitada de mim, como ele (a) pode fazer isso comigo? Logo comigo?”. Você já viu uma criança que mexe em suas feridas o tempo inteiro e não a deixa cicatrizar, porque esta sempre retirando a casca da ferida? As marcas de uma ferida mal cicatrizada na pele são bem mais acentuadas das que naturalmente curaram-se. A falta de perdão é manifesta assim. Não deixamos a ferida curar, porque concentramo-nos nas nossas dores, nos nossos sofrimentos em excesso e não queremos ser curadas. Por mais incrível que pareça, a falta de perdão nos faz adoecer, o perdão tem poder de restaurar.

É bem verdade que suas feridas talvez sejam sinceras e reais, difíceis de serem tratadas. Mas hoje quero lhe encorajar a tentar olhar com os olhos do perdão, pois este é o olhar que Deus versa sobre nós. Diante disto, o primeiro passo talvez seja reconhecer a ofensa feita a você, conhecer o que realmente lhe magoou, e entender que em um primeiro momento é justo vivenciar a “raiva”. Neste ponto a Bíblia nos esclarece uma verdade no Livro de Efésios 4. 26 : “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” . É inerente a nós e natural que nos iremos, e fiquemos com raiva de alguma situação, mas ela não pode durar perpetuamente, antes a Bíblia alerta, não deixe o dia passar com aquela ira em seu coração.

 Portanto, analise o que te feriu, reconheça, zangue-se se for preciso, mas não se permita alimentar a sua ira, ou a sua frustração. Ainda que as coisas não tenham sido como você gostaria, ou ele ou ela, tenha te machucado tanto! Não se permita viver a raiva constantemente, pois ela é a raiz da mágoa, Hebreus 12. 15 diz: “Cuidado para que não haja alguma raiz de amargura, que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”. Não deixe a raiva tornar-se mágoa, isto irá te perturbar, é o que diz o versículo, e não só a você, por meio delas muitos são contaminados. É um fato conhecido por todas nós, se você não está bem consigo mesma, logo não estará com seu esposo, com seus filhos, com sua casa, seus afazeres, com a comida, com seu chefe, com seus estudos, e poderá contaminar a muitos, com seu mau-humor, sua antipatia, sua tristeza, sua raiva, sua amargura.

O Livro de Salmos complementa nosso pensamento: “Pertubei-vos e não pequeis; falai com o vosso coração sobre a vossa cama e calai-vos” [Sl 4.4]. Ou seja, expresse seus sentimentos de angústia, raiva, mas não peque contra Deus. Seus sentimentos foram colocados pelo Senhor, e Ele também os vivenciou quando experimentou o “ser” humano, ao manifestar-se corporalmente em Jesus Cristo. Deus humanizou-se e vivenciou as nossas raivas, medos, temores, mágoas e traições, mas contudo não pecou. Antes, foi a expressão do amor e perdão. Mais adiante o texto continua : “...falai com o vosso coração sobre a vossa cama e calai-vos”. Na hora da ira, fique quieta! Não murmure, não jogue suas frustrações sobre Deus, cale-se e fale com seu “travesseiro”. Você e mais você! Reflita, e espere no Senhor que Ele o ajudará, o verso 8 testifica essa verdade, no mesmo texto o salmista declara: "Em paz me deitarei e domirei” [Sl 4.8]. Estes são, pois os primeiros passos para perdoar, entender-se em seus conflitos, irar-se com a situação, mas não deixar que ela te domine.

Depois disto mude sua mentalidade, perdoar é uma escolha! Escolha perdoar ainda que o seu transgressor não mereça. O perdão deve acontecer primeiro em você. Perdoar consiste em desistir de qualquer ressentimento quando se é, de alguma forma, prejudicado. É abrir mão do seu direito de vingar-se, por mais doloroso que possa parecer. Perdoa-se amando, perdão acontece ná prática. As teorias não o explicam. É fundamental lembrar-se do perdão que um dia você recebeu! Deus nos perdoou em Cristo quando ainda éramos pecadoras (Rm 5.8), não esperou que melhorassemos nossa conduta para nos amar e perdoar, nos amou quando ainda estávamos em nossos delitos. Não espere que uma pessoa mude para perdoa-la, nem mesmo que se arrependa, transformações em nosso cárater só quem opera é Deus, não é pelo nosso muito falar, ou murmurar. Deus ainda esta a trabalhar em nós, mesmo sendo falhas. É tendo em mente a dádiva que recebemos que escolhemos perdoar, ainda que nossos sentimentos sejam contrários em um primeiro momento.
Ao menos habitue-se com a idéia. Você necessita de perdão. Você é alvo de perdão, você deve o perdão.

Jesus disse: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14-15).

“Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”. Ef 4.32
Marcos 11.25:


“Quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas”

“Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve” (Lc 11.4).

“Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2.23).

Talvez você não consiga ainda fazê-lo, mas a encorajo em oração perdoar aquele(a) que te feriu. Em Jesus, você pode fazê-lo e Ele nos capacita a tal. Este é um segredo que a oração lhe poderá desvendar, fale com o Senhor suas mágoas e ressentimentos e libere o perdão em oração. Ao menos tente, escolha perdoar.



Deus te abençoe com perdão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário