O Comer e o Beber dignamente
Um de nossos pregadores escoceses costumava dizer que o crente possui três visões sobre a Mesa do Senhor. Há, em primeiro lugar, uma visão retrospectiva. O sacramento da Ceia do Senhor é uma comemoração, uma celebração de um evento no passado.
É um auxílio para que nos lembremos do ponto crucial e redentor da história, o ponto no qual o Filho de Deus morreu pelo seu povo. Não é uma reencenação do sacrifício, mas é um auxílio visual dramático para a fé, enquanto se olha para trás ao ponto da história em que o cordeiro sacrificial morreu por nós. Em segundo lugar, há uma visão prospectiva no sacramento. Esse olhar é direcionado para frente com tanta certeza quanto se olha para trás. A visão prospectiva antecipa o retorno do Senhor.
Ela pertence ao projeto da Ceia do Senhor, que é um arranjo temporário "até que ele venha". A noiva de Cristo não se lembra da morte do seu noivo como uma viúva, mas como alguém que anseia pelo dia em que o noivo voltará para levá-la para casa. No entanto, em terceiro lugar, deve haver uma visão introspectiva no sacramento. Somos chamados a olhar para dentro de nós mesmos, a fim de nos prepararmos para a Mesa do Senhor, examinando-nos.
Não somos chamados para sermos auto-obsessivos, mas sim autoconscientes, e para nos colocarmos sob o escrutínio da Palavra de Deus, mesmo quando a Palavra de Deus nos convida a vir para a festa. Em 1 Coríntios 11:27-28, o autoexame é necessário se quisermos evitar ser "réu do corpo e do sangue do Senhor".
O ser “réu” de que Paulo fala está ligado ao comer do pão ou beber do cálice "indignamente". O autoexame é motivado por um desejo de glorificar a Deus em nossa participação no sacramento, para que possamos comer e beber “dignamente”. A “dignidade” à qual Paulo se refere é adverbial, não adjetiva. Ou seja, não descreve as pessoas que participam, mas a maneira como elas fazem isso. Somos todos, cada um de nós, indignos do amor que nos convida à Mesa do Senhor.
Nós não nos examinamos para ver se somos dignos ou se fizemos alguma coisa que nos torna mais dignos, desde a última vez que participamos do sacramento. Porém, temos que examinar a nós mesmos para ter certeza de que o nosso comer e o nosso beber são dignos, de que temos um título e um direito de estar à mesa, e de que o nosso tomar do pão e do vinho é apropriado e adequado.
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