2015/03/21

caboclo capaz de falar 8 línguas

Já escrevi sobre Erik von Kuehnelt-Leddihn, caboclo capaz de falar 8 línguas, ler outras 17 (!!), escritor, filósofo e um dos maiores pensadores do século (não, a USP e as "faculdadonas" brasileiras nunca ouviram falar). Ou seja, um ótimo escritor que você deve conhecer para não apenas seguir a manada.
Falando em manada, seu magnum opus "The Menace of the Herd" abre explicando a distinção entre democracia e politéia. Ou seja, o conceito da República (Politéia) de Platão, em que o governo para todos que não é corrompido é a politéia (res publica), e um governo onde a maioria simplesmente grita e o caos reina pela força de vários (ao invés da força de um ou de poucos) é a tal democracia (hoje tentam chamar a primeira de democracia, e a segunda de demagogia). Exemplos são despiciendos e muito próximos.
Um governo para todos funcional não é nem sequer o governo de uma Constituição para todos (como useiros e vezeiros de críticas perebas ao platonismo tentam traduzir "politéia"), e sim onde a ordem seguida é moral, buscada pela razão (os "reis-filósofos", mas que vivem à margem do Estado), mas não necessariamente a letra escrita da lei, que nunca abarcará toda a realidade.
Essa confusão de conceitos é o que faz o mundo virar o caos, com gente defendendo tirania sobre si própria através de slogans e bordões irrefletidos – e achando que a injustiça do mundo é sempre culpa de "gente malvada", e não de massas ignorantes amestradas para serem politizadas contra si próprias. Nunca percebem que, na história, quanto mais se "politizou" e se livrou de ordenamentos de "gente malvada", pior a coisa ficou. O mal do século XX não foi maior apenas pela população gigante: o poder nas mãos de tiranos amados pelo seu povo foi único, nunca antes visto pelo maior dos tiranos passados.
Kuehnelt-Leddihn propõe então que o termo "democracia" seja usado apenas em seu sentido clássico original, pois o vezo de aplicá-lo a tudo o que seja desejável e com o qual se concorde só permite que se instaure a tirania da maioria ("the mob rules"), a nem um pouco estudada oclocracia (o maior risco para o séc. XXI, enquanto ainda se teme golpes militares por falta de estudo).
Seus exemplos são loquazes:
Mr. Green, the millionaire, shakes hands with workers. He is “democratic.” (He is, as a matter of fact, demophil, but not democratic which latter word is derived from demos, the [common] people, and krátos, power.)
Mr. Gray protests against censorship as undemocratic. (Censorship may be illiberal — against freedom — but not necessarily against the majority.)
Mr. Black is against Negro lynching, denouncing it as undemocratic. (As soon as the majority of a township wants to hang a Negro this action is un-Christian, illegal, but certainly very democratic.)
Mr. Red extols the icebox and the shower as the pillar of our “democratic life.” (This is plain nonsense but of frequent occurrence.)
Finally one and the same thing can be considered to be democratic and undemocratic at the same time: for instance, the New Deal, Tuxedo Club, Presidential acts, prices of fur coats, British accents, China, Russia, England — all according to individual likes and dislikes. Communists call their creed “streamlined democracy” or “Twentieth-Century Americanism.”
We see, then, from the plurality of present-day connotations of democracy that it would be thoroughly unjustified to use the term “democracy” in any other sense than in the classical and universal one.
...
Bom motivo para sermos republicanos, e não acreditarmos em qualquer bazófia com a palavra "democrata" no fim?

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