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Vi na internet uma frase de A. W. Tozer que dizia o seguinte: “O Diabo é melhor teólogo do que qualquer um de nós, mas continua sendo Diabo.” Gostei tanto do dito que passei um bom período refletindo sobre ele. Um pensamento foi puxando outro até que eu relacionasse com o episódio da tentação de Jesus, onde Satanás usou a Bíblia para pô-lo a prova. Naquela ocasião fica realmente claro que o inimigo de nossas almas é conhecedor das Escrituras, e que a manipula segundo a sua conveniência. Aliás, distorcer e seduzir faz parte de seu ofício e desde o Éden sabemos disso.
Nos dias atuais, não há maior distorção bíblica do que a Teologia da Prosperidade que vem se alastrando através do crescimento do neopentecostalismo. Kenneth Hagin, tido como o pai de tal teologia, também conhecida pela alcunha de “Confissão Positiva”, na verdade plagiou Essek W. Kenyon, que décadas antes havia escrito e divulgado boa parte do que Hagin divulgou para o mundo. Todavia, observando os ensinamentos e a abordagem dos pastores da prosperidade, vemos que muito se assemelham a atuação diabólica presente no Deserto da Judeia.
Aos adeptos da Confissão Positiva: ficar doente, desempregado, ter problemas familiares ou de qualquer outra natureza são resultantes da falta de fé. Esta fé deve ser provada. O jeito melhor de se provar a sua fé é através de uma contribuição financeira. Quanto mais se doa (em cash), mais abençoado (próspero) se é. E se as coisas não saíram do jeito que você gostaria, é porque você não teve fé suficiente, ou seja, você não deu a quantidade de dinheiro que deveria dar.
A barganha descrita no parágrafo acima é a mesma que Satanás usou com Jesus. Isso faz dele o referencial teórico, ou melhor dizendo, fundador da Teologia da Prosperidade. Vejamos a forma com que ele abordou Cristo:
Usando o relato do Evangelho de Lucas 4:1-13, analisemos que Jesus foi impelido pelo Espírito a ser tentado e num momento de debilidade física após 40 dias de Jejum o Diabo se aproxima sutilmente e diz: “Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão.” Ora, é sabido que Jesus estava com fome e que sua natureza humana ansiava por comida. A primeira proposta satânica é a de satisfazer os nossos desejos carnais. A nossa vontade terrena clama por ser alimentada e é isso que Satanás propõe.
Em seu discurso, põe em cheque a debilidade de Cristo com a sua filiação: Como pode o Filho de Deus passar por tal situação?
De igual modo, assisti pela televisão um pregador dizer que por sermos filhos devemos exigir os nossos direitos e não ficar mendigando benção. E sinto informar-lhes que foram exatamente essas as palavras usadas: exijam seus direitos. No deserto Cristo não se deixou levar por tal argumento. Muitos evangélicos acham que devem se sobressair. Boa parte quer ver Deus “tirar do ímpio” para então lhe honrar com um carro, uma casa ou uma vaga de emprego. Mas a Bíblia diz que o sol nasce para todos e a chuva cai para justos e injustos (Mt 5:45) e que não somos privilegiados, pois éramos como os outros, merecedores da ira (Ef 2:3).
De igual modo, assisti pela televisão um pregador dizer que por sermos filhos devemos exigir os nossos direitos e não ficar mendigando benção. E sinto informar-lhes que foram exatamente essas as palavras usadas: exijam seus direitos. No deserto Cristo não se deixou levar por tal argumento. Muitos evangélicos acham que devem se sobressair. Boa parte quer ver Deus “tirar do ímpio” para então lhe honrar com um carro, uma casa ou uma vaga de emprego. Mas a Bíblia diz que o sol nasce para todos e a chuva cai para justos e injustos (Mt 5:45) e que não somos privilegiados, pois éramos como os outros, merecedores da ira (Ef 2:3).
Jesus sabia qual era a sua missão e não faria um milagre em benefício próprio. Ele esvaziou-se de si (Fl 2:7) por amor e obediência ao Pai e não negaria o propósito de sua encarnação. Por isso responde: “Não só de pão viverá o homem.” Fiquemos atentos de que não só das coisas materiais consiste a vida. Se esperarmos em Cristo só nessa vida somos mais que miseráveis (1 Co 15:19). Não adianta ganhar o mundo e em troca perder nossa alma (Mc 8:36). Ajuntemos, pois, tesouros no Céu e busquemos com prioridade o Reino de Deus (Mt 6: 19 e 33) . Confiemos na provisão do Pai, assim como Cristo confiou.
Continuando a sua investida maléfica, Satanás mostra os reinos do mundo e oferece caso Jesus o adore. O Messias diante de todo o esplendor sabia muito bem que, como disse o teólogo Abraham Kuyper, não há um centímetro quadrado do Universo que o Senhor não declare seu. Essa barganha é típica do Inimigo e não pertence a Deus. Por isso que a pregação “toma lá da cá” é herética e obscura. Deus age por graça e misericórdia, quem faz trocas é o Demônio.
Os judeus aguardavam um messias político que governaria universalmente subjugando todos os povos. A segunda tentação usava essa falsa exegese das promessas veterotestamentárias e assediava a Jesus a ter a glória e a aceitação dos homens. Cristo, devotado só ao Pai retruca citando a Lei: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e somente a ele servirás.” Louvado seja o Senhor, digno de honra pelo que é e não somente pelo que nos faz. Já nos alertava Flavel: “Todo homem ama as bênçãos de Deus, mas um santo ama o Deus das bênçãos.”
Nas duas respostas que Cristo deu ao nosso adversário usou as Escrituras, para ser mais preciso o livro de Deuteronômio (8:3 e 6:13). Satanás ousa guerrear com a “mesma arma” e usa o Salmo 91. Em que consiste o elemento da terceira tentação? Exacerbação da fé. O ato de Jesus se lançar do Templo para que os anjos viessem ao seu favor ao invés de glorificar a Deus O coagiria. O Diabo com isso queria simplesmente que o Filho desafiasse o Pai.
Quantos e quantos irmãos não estão por aí colocando “Deus contra a parede” querendo que Ele realize um conveniente milagre? As igrejas neopentecostais estão cheias disso. Gente que sobe no púlpito e decreta, declara, determina e diz que se Deus é Deus mesmo ele tem que fazer e ponto. Afinal, quem é servo e quem é senhor? Jesus sabia de sua condição servil e não inverteu a ordem. Seu papel seria obedecer e não ordenar e novamente citando Deuteronômio (6:16) põe literalmente o diabo pra correr.
A guisa de conclusão enfatizo que a Teologia da Prosperidade é anátema. Pois prega um Evangelho distorcido da doutrina dos apóstolos e se assemelha muito mais com a metodologia de Lúcifer. Finalizo com a provocação de um escritor inglês chamado Roger L’estrange: “Aquele que serve a Deus por dinheiro servirá ao diabo por salário melhor.” Aqui me disperso. Graça e Paz.
Por Thiago Oliveira
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