
Bem, eu ainda estou bem longe de ter uma imagem perfeita do puro e santo Cristo em mim, portanto preciso continuar me transformando e me deixando transformar pelo Espírito Santo, para que termine a carreira sabendo que o bom combate foi combatido da forma mais parecida possível com a que Jesus combateria. Ou seja: se o Mestre foi amoroso, devo viver estendendo graça; se o Cordeiro foi abnegado, preciso caminhar em humildade; se o Rei amou o próximo, devo ajudar meu semelhante; se o Todo-poderoso perdoou, quem sou eu para não fazer o mesmo? E por aí vai. Então, sim, preciso mudar a cada dia, numa tentativa de ser transformado ao máximo possível em quem Deus quer que eu seja.
Um dos lemas dos reformadores, aliás, é “Igreja reformada, sempre se reformando” (Ecclesia reformata, semper reformanda). Vemos, então, que tanto nos escritos paulinos (Rm 12.2) quanto nos pressupostos da Reforma Protestante, as mudanças de curso são uma constante. Com isso, jamais devemos ver o reexame de antigas crenças e práticas como um erro, mas sim como uma possibilidade desejável (desde que, claro, a mudança seja para melhor). Juscelino Kubitschek diz: “Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro”. Gostei disso e essa afirmação casou com uma decisão que tive de tomar recentemente.


Enxerguei isso, por exemplo, na história de Moisés. Certamente, ele partiu do Egito sem a intenção de voltar, mas, quando Deus o mandou retornar para libertar seu povo, ele era um homem mais maduro, sofrido, amassado pela vida e pelos erros do passado. Foi preciso Moisés passar 40 anos cuidando de ovelhas para voltar atrás – dessa vez, como alguém diferente. Também penso em José, o filhinho de papai que dedurava os irmãos. Foi necessário que ele passasse pela escravidão e pela prisão para que estivesse habilitado a voltar atrás e, com isso, retomar o contato com seu povo e sua família e cumprir os propósitos de Deus. Também Pedro, que, após trair Jesus, achou que voltaria a ser um pescador mas teve de voltar atrás quando Jesus o chamou para apascentar as suas ovelhas.
São muitos os exemplos bíblicos de personagens que voltaram atrás. Em comum entre eles, o que vejo é que as pessoas tiveram de passar um tempo sofrido e reflexivo em atividades ou situações diferentes, amadurecendo, crescendo, se santificando, se arrependendo, se perdoando e passando por muitos outros processos para poder retornar ao que faziam antes. Comigo não foi diferente.

Esteja aberto à voz de Cristo, pois as ovelhas conhecem a voz do bom pastor – e a doce e suave voz do Cordeiro te guiará. E, sempre, que a glória da segunda casa seja maior do que a da primeira, para que, naquilo em que você precisa se reavaliar, o caminho te conduza mais para perto de Jesus, em santidade, propósito e missão. Se voltar atrás vai te afastar de Cristo ou dos planos dele para a sua vida, meu irmão, minha irmã, o melhor é continuar onde você está ou seguir um rumo diferente. Mas, se vai edificar a Igreja e abençoar o corpo de Cristo, faça o que Deus manda, saia da zona de conforto carregando consigo todo o amadurecimento na bagagem e volte ao início. E que o Senhor te abençoe.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,parte minha parte de um amigo e irmão.
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