2015/04/26

Esses Moços, Pobres Moços!


A frase que serve de título para esse artigo é o nome de uma música em que o autor fala para os jovens ouvirem seus conselhos de homem mais velho a fim de evitar mágoas e frustrações. A música é bonita e entendo sua mensagem, mas quero usar o título aqui para realçar a triste realidade que tenho presenciado no tocante à nossa juventude.
Quero destacar isso dizendo de antemão que eu estou indignado! Muito indignado! Indignado com o que tenho visto e ouvido! Eu explico: na semana que passou, um jovem que conheço teve seu primeiro dia de aula numa faculdade particular do interior de São Paulo. Ele sabia que o ambiente ali seria bem diferente do que tinha vivenciado nas escolas comuns de Ensino Médio. Contudo, os absurdos que testemunhou o chocaram tanto que ele quase passou mal fisicamente.
Ocorreu que, em vez de aulas, o jovem foi levado com os demais calouros para uma reunião em que, segundo disseram, assistiriam a “palestras de orientação”. Ali, porém, eles foram expostos a todo tipo de ideias malignas e nocivas por parte de “intelectuais”, ouvindo ataques à família, à moral, às igrejas e a tudo que tem algum traço de decência e verdade.
O objetivo claro dos palestrantes era “desinfetar” os jovens de qualquer noção honrosa. Quiseram arrancar todos os resquícios de virtude que, porventura, ainda havia neles. Aproveitando-se da fragilidade de sua estrutura emocional, da sua indefinição no campo de valores, da sua imaturidade crítica e da sua insegurança decorrente de estar num “mundo novo”, aqueles perversos não perderam tempo: assediaram as pobres crianças, vandalizaram suas cabeças e tentaram roubar da mente delas qualquer coisa boa. Em seus discursos, enalteceram tudo que é vergonhoso, reprovável, indecente, sujo e vil. Diante dos olhos confusos de meninos e meninas recém-saídos da casa paterna, cobriram de ouro a estátua do diabo, cantaram louvores a ela, inclinaram-se e a beijaram, dizendo que seu modo de agir e de ver as coisas é a expressão mais elevada da inteligência e da liberdade.
Gente perversa! Gente maldita! Gente que estupra a alma de pessoas frágeis! Gente que apodrece de infelicidade e que, cheia de rancor, tenta arrastar para o mesmo esgoto em que vive aqueles que ainda têm chance de escapar! Sim, eu estou indignado! Estou indignado porque os centros acadêmicos do nosso país deviam estimular os bons costumes, promovendo valores verdadeiros e entregando à sociedade pessoas melhores. O que se vê, porém, nesses lugares, é um trabalho de estupidificação ética que destrói a fibra moral, já bastante esgarçada, da juventude do Brasil.
Ao longo de sua infância e adolescência, nossos jovens foram amputados na alma de qualquer noção de Deus. Eles não aprenderam sobre a existência de um Senhor no céu e, por isso, não puderam encontrar nenhuma razão para viver, exceto gastar a vida na farra. É por isso que muito cedo eles amargam aquele vácuo imenso no coração, aquele nada como objetivo e aquele jogar da vida no lixo, desperdiçando o tempo precioso com coisas banais.
Nossos jovens também foram privados de pais e mães que soubessem cumprir seus papéis com excelência. Tendo abandonado os valores cristãos e todo o contato com a Sagrada Escritura, os pais ficaram sem um referencial fixo para medir o certo e o errado. Então, passaram a criar seus filhos incutindo neles vagas impressões pessoais acerca do que é justo e bom. Eles próprios não sabiam o que era realmente correto e seguiram suas intuições incertas e oscilantes, aplicando às crianças uma educação moral frágil, insegura, frouxa e sem fundamento sólido.
Muitos, para piorar, seguiram filosofias mundanas de educação que propunham a ausência de correção séria e de boa disciplina. Essas filosofias disseram aos pais que eles deviam deixar as crianças à mercê de si mesmas, a fim de que elas desenvolvessem livremente as suas potencialidades. E, acreditem, a receita deu certo! Muitos jovens de hoje têm um enorme potencial — potencial para agredir quem lhes diz “não”, para desrespeitar qualquer pessoa ou norma e para romper todos os limites em seus desmandos e descasos.
Finalmente, nossos jovens foram privados de qualquer bom modelo. O povo brasileiro não tem mais grandes artistas, grandes talentos e grandes líderes. Nossas atrizes e cantoras são mulheres sem recato que enchem o corpo com silicone e a boca com discursinhos feministas batidos. Nossos atores e outras “celebridades” são homens vazios que, como adolescentes, fazem pose de galã, repetindo aqueles velhos jargões amorais que nossa gente boba gosta de aplaudir. Nossos músicos não fazem composições bonitas, produzindo somente lixo acústico com letras rasas e melodias insuportáveis. Não temos mais na política gigantes ilustres como Rui Barbosa. O que temos é um bando de vigaristas afoitos que, como urubus, saltam sobre qualquer carcaça que possam devorar. Nossos heróis são jogadores de futebol de baixa formação que têm a boca suja e que não acrescentam nada de positivo à nossa cultura. Assim, sem poetas, sem escritores, sem talentos e sem bons líderes, nossos jovens ficam também sem modelos e, então, começam a admirar todas as boçalidades grosseiras que se veem por aí.
Esses moços, pobres moços... Roubaram tudo deles! E, enfim, quando ingressam na faculdade, tentam ainda saquear o pouco que sobrou.
Esses moços, pobres moços... Será que ainda há esperança para eles? Ora, eu estou indignado, mas não a ponto de ficar cego. Por isso, sei que a resposta é “sim!”. Infelizmente, a esperança está naquilo que nossa juventude mais despreza e ridiculariza. Vejam o que diz o livro dos Salmos: “Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua Palavra” (Sl 119.9). É observando a “loucura” da Palavra de Deus que os jovens podem se livrar de todas as mentiras devoradoras e destruidoras que os cercam desde cedo. Se não tomarem depressa essa direção, logo verão tudo desaguar numa vida cheia de pecados e vazia de sentido. ( Pr. Marcos Granconato - Soli Deo gloria)

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