2015/04/29

Igreja emo-cional versus Igreja racional


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As Escrituras Sagradas há muito já perderam seu lugar de supremacia. Há uma chuva de visões, sonhos e novas revelações que contradizem totalmente o modelo bíblico de revelação de Deus aos homens. “Está consumado” e “quem adicionar um til a esta palavra” parece ser uma colocação desnecessária para certos lideres da igreja atual. Vive-se uma fase de novas idéias, projetos, ministérios, sem, contudo trazer os mesmos para o centro da Palavra de Deus. Quando se usa o texto sagrado, tem-se o verdadeiro sentido de usar alguma coisa, manipulando o texto de forma a dominar o povo que deseja seguir uma religião de retorno para Deus e não de sacrifícios tolos. Preferindo viver sob revelações de seus profetas modernos e mesmo de anjos (como se fosse possível), a igreja atual segue revivendo a forma fétida de séculos atrás.


Não querendo fechar questão sobre o assunto, penso que um dos motivos para esse estado de coisas seja a falta de honra para o ensino nas igrejas. Vivemos no século 21 com um ensino ultrapassado de literaturas que já não apresentam conteúdo pratico, se não para quem as vende. Ainda na esfera do ensino, já não se ouve mais falar daquilo que é realmente interessante. Soberania de Deus? Que nada. Você tem que decretar e ele vem correndo como um serventezinho te atender. Afinal de contas, você “foi chamado por cabeça e não por cauda”. Foi chamado para “reinar em vida”. Doença? Você não deve aceitar, afinal de contas você é salvo e ser salvo significa perder a condição humana passando para um estágio de super-homem que não fica doente de forma alguma, a menos que você esteja em muito pecado. Você é pobre? Dificuldades financeiras? Porque você quer, pois Deus quer que você seja próspero, e te dá liberdade de exigir isso quando você o compra mensalmente com seus dízimos. Dói ouvir tanta besteira. A graça é suficiente? Nada disso, nem tão pouco o sacrifício. Viva ainda sob o peso de leis que sequer são bíblicas mas extra-bíblicas.

Com base em alguns argumentos de pseudo-santidade coloca-se o mundo num maligno mais poderoso que a própria bíblia descreve. Esquecem que quem domina tudo mesmo é o Senhor, inclusive este mundo que jaz no maligno.

Já não se ensina viver uma vitória definitiva em Cristo, mas a viver em constante processo de libertações como se fosse necessário, além de sessões extras de libertação em alguns encontros específicos para este fim. Deve ser por este conceito podre de poder do diabo sobre tudo e todos que boa parte das igrejas pentecostais e neopentecostais precisem amarrar todo o mal antes do culto começar. Abram a porta! Jesus está cansando-se de tanto bater. Coloquem Jesus para dentro dos cultos e nada disso será necessário.

Não fosse suficiente toda essa gama de aberrações contra o verdadeiro conhecimento bíblico, há ainda os que pregam que, mesmo que você seja salvo, tem que buscar no seu passado as maldições que ainda pesam sobre você, fazendo de Cristo um impotente e fazendo da Escritura sagrada mentirosa quando ela afirma “se alguém está em Cristo, é nova Criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo”.
Manipulando os fiéis, a liderança da igreja usa textos para impor medo fazendo com que se tenha medo de expor o erro quando esse acontece na esfera dos pastores, bispos e outros mais. Não tocar no ungido do Senhor não é a mesma coisa de não questionar o ungido, principalmente se essa unção é questionável pelas suas atitudes mercantilistas, gananciosas e interesseiras. Nesse caso, deve não só tocar, mas expor o erro para que a igreja não continue sendo enganada e retirar o mesmo da posição que ocupa, a fim de não enganar mais a ninguém. Manipulam ainda através do conceito de dízimos e ofertas, afirmando que se um crente não entregar o dízimo é ladrão. Esquecem-se que a bíblia afirma que devemos contribuir segundo propôs nosso coração. Em outras palavras é uma relação entre eu e Deus e não entre eu e o Pastor da igreja.

Finalizando, não posso deixar de falar da idolatria feita a pastores, cantores, pregadores, adoradores, levitas, “avivadores” e outros dessa mesma linha. Pastores que só pregam por dinheiro e muito dinheiro e sempre trazem textos que dizem que o trabalhador é digno de seu salário, já estão fazendo parte do câncer moderno da igreja. Esquecem-se de que o ministério pastoral sempre foi um dom de Deus e não um título ou profissão.

O que dizer então do império do louvor que já se estabeleceu em nossas igrejas. Se você não louvar como determinado ministério de louvor, seu louvor não tem unção, se não incluir no repertório do período de louvor tal modinha nacional ou internacional de músicas gospel ou de louvor e adoração, não vale nada. Como se a unção fosse dada por nós e não por Deus. Seminários que se arvoram de meios para se ensinar o louvor, como se fosse possível ensinar. O que Deus precisa é de adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Basta-nos este ensinamento e joguemos no lixo todo o resto.

É deprimente a onda de louvores-mantras com repetições intermináveis e em sua grande maioria falando do próprio eu, eliminando assim a centralização da pessoa de Deus. Vergonhoso é saber que você é discriminado por não levantar a mão, bater palmas ficar de pé, fechar os olhos, pular, dançar, falar qualquer coisa para o irmão do lado a mando do animador do culto. Isso é adoração espontânea? É isso que é ser adorador extravagante? É isso que é uma adoração com unção? A unção, repito, vem do Senhor e alcança o crente quando ele é salvo. Unção nunca vem por essas atitudes, no mínimo infantis.

Levitas? Que classe é essa? Ainda existe? Estamos na antiga aliança ainda? acaso somos judeus ? Os levitas da antiga aliança só cantavam e tocavam? Os de hoje (se é que existem) só sabem fazer isso. Talvez por que não estudem muito bem a Palavra e veja o verdadeiro significado da função. Não há hoje uma classe superior chamada levitas, como se quer pensar. Não há levitas entre nós hoje.

A igreja organização-instituição deteriora-se a cada dia e fede na sua própria putrefação. Abracemos à igreja genuína, como Corpo vivo de Jesus Cristo na terra sem a preocupação com modos, formas, dogmas, templos e regrinhas humanas, essa sim, imaculada e sem rugas e isenta de todas essas mazelas destruidoras.


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