2015/04/15

Um apelo se ter discernimento.

Muitos têm perdido a confiança na suficiência da Palavra de Deus porque nunca, de fato, aprenderam suas verdades ou como aplicá-la adequadamente.
No entanto, a Escritura é uma parte crucial da armadura espiritual e compõe o equipamento necessário para que o cristão seja completo (Ef 6.11). A espada do Espírito, a Palavra de Deus (v. 17), é a única arma ofensiva que Paulo menciona naquela passagem. Como qualquer arma, ela deve ser usada habilmente para ser mais eficaz. Isso está implícito na palavra grega que Paulo usou para "espada".
Paulo não usou a palavra rhomphaia, que se refere a uma espada larga, mas machaira, uma pequena adaga. O termo grego traduzido por "palavra" é rhêma. Isto se refere a algo específico.
Como uma pequena adaga é aplicada com habilidade e precisão a uma área vital do corpo, assim também devemos usar a
Palavra cuidadosamente e com maestria, aplicando princípios específicos dela a cada situação que enfrentamos. Foi assim que Jesus lidou com Satanás (Mt 4.1-11; Lc 4.1-13).
Como está a sua habilidade com a espada do Espírito? Você tem uma compreensão ampla da Escritura e sabe como aplicá-la com precisão. Se você aprender a usá-la apropriadamente, a Palavra poderá ser uma arma eficaz para qualquer desafio.; Entretanto, perder tempo e energia com armas fabricadas por homens, fará de você uma vítima indefesa na batalha espiritual.
Lucas descreveu como nobre o povo judeu de Beréia (At 17.11), pois eles examinaram as Escrituras antes de aceitar qualquer coisa que Paulo dizia como verdade.
Ah! se hoje os cristãos fossem tão nobres! Asseverar a verdade da Palavra de Deus e apoiar aqueles que a proclamam com exatidão é uma atitude digna de louvor. Por outro lado, tolerar falsa doutrina e mestres apóstatas é espiritualmente fatal; e é tolice não sabermos a diferença. Mas o espírito de tolerância que hoje prolifera na igreja tem a tendência de tachar como estreita, sem amor e causadora de divisão qualquer pessoa que tenta questionar o ensino dos outros. A consequência da tolerância ao erro é a indiferença à verdade; e isso é desastroso.
A igreja tornou-se indolente. Ela tem deixado de pensar de modo bíblico e cuidadoso e tem tolerado muito ensinamento falso. Cada vez menos cristãos estão encarando a vida com a mesma atitude dos bereanos. Deixaram de desenvolver o hábito de discernir ou aplicar os princípios bíblicos às suas situações diárias. Conseqüentemente, quando se vêem em problemas, presumem que a
Escritura não lhes pode ajudar. Então se voltam para alternativas humanistas e mundanas que apenas lhes trazem pesar. Desajuizada-mente renunciam a suficiência que possuem em Cristo e, então, lutam para preencher o vazio com substitutos totalmente inadequados. Além do mais, ao deixarem de se firmar sobre princípios bíblicos, abrem a porta para todo tipo de influências malignas.
O Dr. Robert Thomas, professor de Novo Testamento no Seminário Master, adverte:
"As pessoas não se tornam heréticas de uma vez; isso acontece gradualmente. Elas não fazem isso intencionalmente, na maioria das vezes. Deslizam para a heresia através do relaxamento no manusear a palavra da verdade... Tudo o que é necessário para tomar o caminho da heresia é uma ansiedade por algo novo e diferente, uma idéia nova, juntamente com uma certa preguiça, descuido ou falta de exatidão no manusear a verdade de Deus. Por todo lado há espantosos exemplos de deslize doutrinário e total fracasso. Caso após caso, alguém que deveria conhecer bem a verdade de Deus fracassou em sustentar essa verdade."
Assim a igreja está perdendo sua habilidade em discernir entre a verdade e o erro. Isso por sua vez se reflete no viver profano daqueles que se identificam com a igreja. Estamos vendo estas coisas acontecerem com alarmante rapidez.
Infelizmente, alguns dos mais descuidados manuseadores da Escritura são aqueles cuja responsabilidade é ensinar.
A teologia superficial que atualmente procede de muitos púlpitos é chocante. A igreja poderá aprovar os seus pastores cumprindo o seu chamado com indolente negligência? Certamente que não. Imagine as implicações práticas se professores de matemática ou química fossem tão descuidados quanto aqueles que manuseiam a Palavra de Deus.
Você gostaria de ser atendido por um algum farmacêutico que se descuidasse ao fornecer os remédios de sua receita médica? Você levaria seu projeto a um arquiteto que trabalhasse principalmente com cálculos aproximados? Você permitiria que um cirurgião lhe operasse com uma faca de mesa em vez de um bisturi? A triste verdade é que a sociedade rapidamente ficaria paralisada, se a maioria dos profissionais realizasse seu trabalho da forma como muitos professores da Bíblia o fazem.
Observe o que o Dr. Thomas escreve sobre a importância da exatidão no ensinar a Bíblia:
"A exatidão... é um desejo que nos constrange a dominar a verdade de Deus em termos mais definidos, para facilitar uma apresentação mais exata dessa verdade aos outros e para nos guardar do deslize doutrinário, que leva ao erro e à falsa doutrina.
Nem todos apreciarão a exatidão e voluntariamente concordarão com sua importância. Vivemos em um mundo cujo desejo é que estejamos satisfeitos com as estimativas aproximadas, particularmente quando se trata de assuntos teológicos. É necessário muita paciência e coragem para tolerar a crítica e a completa oposição que virá quando o servo de Deus insistir na exatidão...
Hoje, há muitos intérpretes e expositores do tipo "eu acho que..." A atmosfera teológica do evangelicalismo está saturada com uma densa nuvem de incertezas e ênfases erradas, no manusear a Palavra de Deus. Muitas igrejas estão arruinadas por causa de uma hermenêutica negligente, da ignorância sobre as línguas bíblicas e da teologia não-sistemática.
Interpretações aproximadas sobre o que esta ou aquela passagem significa não servirão. Precisamos de expositores de qualidade, que tomarão tempo e farão os sacrifícios necessários para cumprirem suas tarefas corretamente e trazerem clareza às mentes do povo de Deus, enquanto lêem e estudam a santa Palavra de Deus."
Recentemente, em certo domingo pela manhã, enquanto as pessoas se reuniam para o culto em uma igreja perto de minha residência, as vigas que sustentavam o teto começaram a rachar e ruir. Felizmente, ninguém ficou machucado, mas o prédio da igreja está inutilizado, necessitando de total reconstrução. O projeto pobre dos engenheiros deixou aquela congregação sem um lugar de reunião.
Porém, por pior que seja, o desmoronamento da cobertura de um edifício não se compara ao desastre de um colapso espiritual em igrejas planejadas por "engenheiros" ineptos em manejar a Palavra. No entanto, este último ocorre com bem mais freqüência.

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