2015/04/04

Porque a Fé Reformada


Pretende-se demonstrar no presente artigo, os motivos pelos quais é possível chegar à conclusão, de que a melhor opção é adotar a fé reformada, levando em consideração um cenário religioso tão conturbado como o Brasil.
Fé reformada é a herança doutrinária oriunda do movimento conhecido como Reforma Protestante, ocorrido no século XVI. Os preponentes da Reforma sentiram-se impelidos a transformar litúrgica, dogmática, política e socialmente a realidade onde o magistério e o clero da Igreja Romana detinham poder exacerbado e se utilizavam disso para oprimir o povo. Essa Reforma pretendia olhar para a Bíblia somente, contrariando assim a tradição católica que conferia igual valor ao papa.
O contexto evangélico brasileiro contemporâneo não se encontra diferente. Uma parcela dos evangélicos se submete aos gurus da fé que escravizam, bestializam e oprimem os fiéis, tanto quanto o clero católico romano do século XVI. Tais homens usam ferramentas como o medo do inferno, a culpa proveniente do pecado e a ganância por bens materiais para manobrar as massas. Outra parcela faz todo o tipo de bizarrice em nome de Jesus, por falta de educação teológica, e ainda alegam que a bíblia sugere esses tipos de práticas. E uma última parcela tem vagado pelas mais diversas formas metodológicas de liturgia e evangelização que aparecem no Brasil, e que desaparecem com o mesmo ímpeto e velocidade com que são disseminadas, fazendo com que de cinco em cinco uma nova onda se autodenomine de “avivamento”.
Toda essa patifaria gerou um grande número de pessoas decepcionadas. Perceberam que as promessas de prosperidade não seriam cumpridas pelo movimento neo-pentecostal, as metodologias das igrejas emergentes são frágeis e os movimentos forjados dos movimentos mais sincréticos se parecem mais com ritos das religiões afros do que com cristianismo. Está havendo um abandono desses tipos de “cristianismo”. Porém há uma celeuma nessa migração, pois nem todos têm em mente para onde ir. Uma parcela procura reuniões pós-denominacionais, outros vão para os movimentos pára-eclesiásticos, alguns compram a idéia liberal por serem persuadidos pela boa retórica dos respectivos teólogos, outros se encontram no fundamentalismo, e por fim, um expressivo grupo decide ser desigrejado, uma opção que parece menos inteligente quando levado em conta os princípios cristãos. Com uma simples análise pode-se notar que a melhor opção é se reformar, e a compatibilidade dos contextos históricos apontam para isso.
A proposta da Reforma é uma doutrina exclusiva bíblica. Os exegetas, expositores e mestres reformados enfocam a mensagem bíblica de maneira clara, considerando o contexto em que ela foi redigida para compreendê-la e não forçam os textos ao aplicá-lo, como faz a parcela brasileira que tende a ter um enfoque viciado. É uma teologia sistemática que leva em conta a bíblia como um todo, defendendo sua infalibilidade, inerrância, e autoridade atribuindo-a o status de Palavra de Deus. Como dizem os reformados, um texto tirado de seu contexto, é um pretexto. Para Lutero, “a bíblia é a mãe de todas as heresias”, e de fato se mal interpretada ela tem esse potencial. Os reformados prezam pelo sentido único de cada texto, e oram e labutam incansavelmente atrás desse sentido que fora pretendido pelo autor e obviamente pelo Espírito Santo, visto que a bíblia é inspirada. Isso faz com que na fé reformada não haja espaço para achismos humanos ou novas revelações, visto que Deus se revelou de maneira plena na Escritura, com isso aumenta-se em grande escala a precisão da interpretação bíblica.
A proposta da Reforma é mais comprometida com a propagação da Palavra de Deus simples e pura, do que qualquer outra teologia. Em um cenário tão místico como o nosso onde pessoas estão preocupadas em ter contato com as coisas transcendentes, são fascinadas pelo sobrenatural, e o objetivo principal do culto de alguns é entrar em transe a fim de receber algum benefício cosmológico, a melhor opção é recorrer ao equilíbrio racional reformado, que por sua vez não anula a existência de milagres e coisas sobrenaturais, mas á luz da bíblia não explora tais atividades a fim de conquistar novos adeptos.
A proposta reformada é a que melhor elucida o lugar do ser humano, e o lugar de Cristo. Em um cenário onde as reuniões são cada vez mais antropocêntricas, visando sempre o milagre, a benção, o benefício, e a riqueza para o fiel, a idéia reformada afirma “Solus Christus” (Somente Cristo) e “Soli deo gloria” (Glória somente a Deus). A doutrina da depravação total do homem tem papel fundamental em informar o homem de sua natureza pecaminosa, e que, portanto necessita da graça salvadora de Cristo. Essa compreensão gera tanta humildade e dependência a ponto de Charles Spurgeon, – um dos reformados com maior renome da história – dizer: “Ai de nós, nosso coração é o nosso maior inimigo”.
A história comprova a eficiência, a consistência, a contundência e a ação de Deus na fé reformada. Hoje as igrejas adotam estratégias para conquistar novos fiéis, alegando terem recebido uma nova visão de Deus, visão esta que dura somente até surgir outro empreendedor com uma nova idéia mais pseudo-eficiente, e espalhá-la sob o pressuposto de ter recebido de Deus. A fé reformada é sólida. Os grandes momentos da Igreja foram protagonizados através de pregadores reformados. Dentre os quais se destacam: Calvino, Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, J. C. Ryle. M. Lloyd-Jones, e na atualidade nota-se o procedimento íntegro e a pregação poderosa de John Piper, Paul Washer, D. A. Carson, R.C. Sproul, Steve Lawson, John MacArthur, entre outros.
Conclui-se, portanto que a fé reformada é a opção mais segura, por sua interpretação coerente, comprometimento e seriedade com a humildade, racionalidade equilibrada, preocupação com a glória de Deus em detrimento do homem, e o seu histórico de eficiência nesses quinhentos anos.
Em Cristo, o dono da graça.
 Guilherme Andrade

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