Não há dúvida de que nosso pecado tem o poder de criar obstáculos para nossas orações (Sl 66.18; Pv 28.9; Is 59.2; Jo 9.31; Tg 4.3; 1 Pe 3.7).
Então, se o pecado pode criar uma barreira invisível entre Deus e o seu povo ou um indivíduo, e quanto ao contrário?
Quando falamos sobre as orações de um justo em Tiago 5.16, por exemplo, eu creio que não estamos falando necessariamente de todo cristão professo. (Embora todo cristão possa e deva aproximar-se do trono de graça em nome de Cristo). Tiago parece estar abordando algo diferente. Provavelmente, ele tem em mente a ideia de que alguns cristãos possuem uma eficácia peculiar em suas orações porque eles são peculiarmente piedosos. Essas pessoas têm grande fé e possuem um dom para orar frequente e fervorosamente. Nem todos os cristãos têm o mesmo dom de oração fervorosa no Espírito. Se ele não tinha isso em mente, ele poderia simplesmente dizer: “ore por você mesmo”.
Pense nisso a partir da perspectiva de Cristo, o homem de oração par excellence.
As orações de Cristo eram eficazes por diversas razões. Ele orava fervorosa e frequentemente, sempre em fé. Mas ele também entendia a vontade de Deus. Muito antes de Cristo, Elias orou para que a chuva fosse detida. Ele não pediu isso porque lhe pareceu uma boa ideia. Pelo contrário, sua petição se baseava nas Escrituras: Deus ameaçou várias maldições contra o povo, inclusive seca (Dt 28.22,24).
Tiago menciona a exemplar “oração feita por um justo”, Elias, para mostrar que ela “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Se Elias continua sendo esse exemplo para nós, quanto mais Jesus em suas orações terrenas.
Em João 17, Jesus pediu que Deus cumprisse suas promessas feitas a ele como o Filho. Ele não era presunçoso, uma tendência particularmente abominável que aflige o povo de Deus, mas diligente em “lembrar” seu Pai de suas promessas a Jesus e seu povo. Essa persistência não parou depois que ele ofereceu sua oração sumo-sacerdotal, mas continua no céu até que tudo esteja consumado (conforme corretamente argumentou Jacob Armínio!).
Cristo foi prometido aos gentios (Is 49.1-12), então ele intercedeu por eles (Jo 17.20). A ele foi prometido glória (Dn 7.13,14), então ele a pediu (Jo 17.1-5). Nós não temos razão para duvidar que ele, durante sua vida terrena, pediu por tudo que foi legitimamente prometido a ele.
Falta de fé impediu os discípulos de conseguir expulsar um espírito imundo de um garoto (Mc 9.17-23). Cristo, o homem de oração e homem de fé, pôde fazer o que os discípulos incrédulos não poderiam. As orações e fé de Cristo foram responsáveis, juntamente com o Espírito (veja Mt 12.28), pela expulsão do demônio. Em outras palavras, Cristo não esperava uma coisa dos discípulos e algo diferente para si.
Em outro lugar, lemos sobre as orações de Cristo e a razão por que ele era ouvido: ele era ouvidopor causa de sua reverência (Hb 5.7).
Esse princípio também tem relação conosco ou Tiago está simplesmente se referindo a todos os cristãos porque todos os cristãos possuem a justiça imputada de Cristo?
Considere as palavras do Apóstolo João: “… E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 Jo 3.22). Esse verso deixa claro que receber de Deus está conectado com obedecer a Deus.
Em outras palavras, ambicione as orações dos justos (Lc 1.6, 23.50). Ambicione as orações daqueles que cumprem a vontade de Deus, não daqueles que afirmam pertencer a Deus mas negligenciam sua vontade (Mt 7.21).
Deus ouve o piedoso e ele responde suas orações. Mas, quanto àqueles que não cumprem sua vontade, as Escrituras não poderiam ser mais claras.
Assim, concordo plenamente com Sinclair Ferguson, que escreve:
“É por isso que a verdadeira oração nunca pode ser divorciada de santidade real. A oração da fé somente pode ser feita pelo homem ‘justo’ cuja vida está sendo mais e mais alinha da com a graça da aliança e os propósitos de Deus. No domínio da oração também… a fé sem obras é morta”.
Portanto,
- Há alguns cujas orações são impedidas por várias razões
- Há alguns que conhecem a vontade de Deus, oram com grande fé, guardam os mandamentos de Deus e, assim, têm orações eficazes. É por isso que o homem, Jesus Cristo, orou com tanta eficácia.
Se Satanás treme quando vê o mais fraco cristão de joelhos, imagine quando Cristo estava de joelhos.
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