2015/04/30

Deus, Prosperidade e Trabalho


A prosperidade financeira obedece a normas, regras e métodos estabelecidos. Por outro lado, da perspectiva bíblica, a prosperidade é um dom de Deus. É ele quem concede saúde, oportunidades, inteligência, e tudo o mais que é necessário para o sucesso financeiro. E isso, sem distinção de pessoas quanto ao que crêem e quanto ao que contribuem financeiramente para as comunidades às quais pertencem. Deus faz com que a chuva caia e o sol nasça para todos, justos e injustos, crentes e descrentes, conforme Jesus ensinou (Mateus 5:45). Não é possível, de acordo com a tradição reformada, estabelecer uma relação constante de causa e efeito entre contribuições, pagamento de dízimos e ofertas e mesmo a religiosidade, com a prosperidade financeira. Várias passagens da Bíblia ensinam os crentes a não terem inveja dos ímpios que prosperam, pois cedo ou tarde haverão de ser punidos por suas impiedades, aqui ou no mundo vindouro.


Através dos séculos, as religiões vêm pregando que existe uma relação entre Deus e a prosperidade material das pessoas. No Antigo Oriente, as religiões consideradas pagãs estabeleceram milênios atrás um sistema de culto às suas divindades que se baseava nos ciclos das estações do ano, na busca do favor dessas divindades mediante sacrifícios de vários tipos e na manifestação da aceitação divina mediante as chuvas e as vitórias nas guerras. A prosperidade da nação e dos indivíduos era vista como favor dos deuses, favor esse que era obtido por meio dos sacrifícios, inclusive humanos, como os oferecidos ao deus Moloque. No Egito antigo a divindade e poder de Faraó eram mensurados pelas cheias do Nilo. As religiões gregas, da mesma forma, associavam a prosperidade material ao favor dos deuses, embora estes fossem caprichosos e imprevisíveis. As oferendas e sacrifícios lhes eram oferecidas em templos espalhados pelas principais cidades espalhadas pela bacia do Mediterrâneo, onde também haviam templos erigidos ao imperador romano, cultuado como deus.

A religião dos judeus no período antes de Cristo, baseada no Antigo Testamento, também incluía essa relação entre a ação divina e a prosperidade de Israel. Tal relação era entendida como um dos termos da aliança entre Deus e Abraão e sua descendência. Na aliança, Deus prometia, entre outras coisas, abençoar a nação e seus indivíduos com colheitas abundantes, ausência de pragas, chuvas no tempo certo, saúde e vitória contra os inimigos. Essas coisas eram vistas como alguns dos sinais e evidências do favor de Deus e como testes da dependência dele. Todavia, elas eram condicionadas à obediência e só viriam caso Israel andasse nos seus mandamentos, preceitos, leis e estatutos. Estes incluíam a entrega de sacrifícios de animais e ofertas de vários tipos, a fidelidade exclusiva a Deus como único Deus verdadeiro, uma vida moral de acordo com os padrões revelados e a prática do amor ao próximo. A falha em cumprir com os termos da aliança acarretava a suspensão dessas bênçãos. Contudo, a inclusão na aliança, o favor de Deus e a concessão das bênçãos não eram vistos como meritórios, mas como favor gracioso de Deus que soberanamente havia escolhido Israel como seu povo especial.

O Cristianismo, mesmo se entendendo como a extensão dessa aliança de Deus com Abraão, o pai da fé, deu outro enfoque ao papel da prosperidade na relação com Deus. Para os primeiros cristãos, a evidência do favor de Deus não eram necessariamente as bênçãos materiais, mas a capacidade de crer em Jesus de Nazaré como o Cristo, a mudança do coração e da vida, a certeza de que haviam sido perdoados de seus pecados, o privilégio de participar da Igreja e, acima de tudo, o dom do Espírito Santo, enviado pelo próprio Deus ao coração dos que criam. A exultação com as realidades espirituais da nova era que raiou com a vinda de Cristo e a esperança apocalíptica do mundo vindouro fizeram recuar para os bastidores o foco na felicidade terrena temporal, trazida pelas riquezas e pela prosperidade, até porque o próprio Jesus era pobre, bem como os seus apóstolos e os primeiros cristãos, constituídos na maior parte de órfãos, viúvas, soldados, diaristas, pequenos comerciantes e lavradores. Havia exceções, mas poucas. Os primeiros cristãos, seguindo o ensino de Jesus, se viam como peregrinos e forasteiros nesse mundo. O foco era nos tesouros do céu.

A Idade Média viu a cristandade passar por uma mudança nesse ponto (e em muitos outros). A pobreza quase virou sacramento, ao se tornar um dos votos dos monges, apesar de Jesus Cristo e os apóstolos terem condenado o apego às riquezas e não as riquezas em si. Ao mesmo tempo, e de maneira contraditória, a Igreja medieval passou a vender por dinheiro as indulgências, os famosos perdões emitidos pelo papa (como aqueles que fizeram voto de pobreza poderiam comprá-los?). Aquilo que Jesus e os apóstolos disseram que era um favor imerecido de Deus, fruto de sua graça, virou objeto de compra. Milhares de pessoas compraram as indulgências, pensando garantir para si e para familiares mortos o perdão de Deus para pecados passados, presentes e futuros.

A Reforma protestante, nascida em reação à venda das indulgências, entre outras razões, reafirmou o ensino bíblico de que o homem nada tem e nada pode fazer para obter o favor de Deus. Ele soberana e graciosamente o concede ao pecador arrependido que crê em Jesus Cristo, e nele somente. A justificação do pecador é pela fé, sem obras de justiça, afirmaram Lutero, Calvino, Zwinglio e todos os demais líderes da Reforma. Diante disso, resgatou-se o conceito de que o favor de Deus não se pode mensurar pelas dádivas terrenas, mas sim pelo dom do Espírito e pela fé salvadora, que eram dados somente aos eleitos de Deus. O trabalho, através do qual vem a prosperidade, passou a ser visto, particularmente nas obras de Calvino, como tendo caráter religioso. Acabou-se a separação entre o sagrado e o profano que subjaz ao conceito de que Deus abençoa materialmente quem lhe agrada espiritualmente. O calvinismo é, precisamente, a primeira ética cristã que deu ao trabalho um caráter religioso. Mais tarde, esse conceito foi mal compreendido por Max Weber, que traçou sua origem à doutrina da predestinação como entendida pelos puritanos do século XVIII. Weber defendeu que os calvinistas viam a prosperidade como prova da predestinação, de onde extraiu a famosa tese que o calvinismo é o pai do capitalismo. As conclusões de Weber têm sido habilmente contestadas por estudiosos capazes, que gostariam que Weber tivesse estudado as obras de Calvino e não somente os escritos dos puritanos do séc. XVIII.

Atualmente, em nosso país, a idéia de que Deus sempre abençoa materialmente aqueles que lhe agradam vem sendo levada adiante com vigor, não pelos calvinistas e reformados em geral, mas pelas igrejas evangélicas chamadas de neopentecostais, uma segunda geração do movimento pentecostal que chegou ao Brasil na década de 1900. A mensagem dos pastores, bispos e “apóstolos” desse movimento é que a prosperidade financeira e a saúde são a vontade de Deus para todo aquele que for fiel e dedicado à Igreja e que sacrificar-se para dar dízimos e ofertas. Correspondentemente, os que são infiéis nos dízimos e ofertas são amaldiçoados com quebra financeira, doenças, problemas e tormentos da parte de demônios. Na tentativa de obter esses dízimos e ofertas, os profetas da prosperidade promovem campanhas de arrecadação alimentadas por versículos bíblicos freqüentemente deslocados de seu contexto histórico e literário, prometendo prosperidade financeira aos dizimistas e ameaçando com os castigos divinos os que pouco ou nada contribuem.

O crescimento vertiginoso de igrejas neopentecostais que pregam a prosperidade só pode ser explicado pela idéia equivocada que o favor de Deus se mede e se compra pelo dinheiro, pelo gosto que os evangélicos no Brasil ainda têm por bispos e apóstolos, pela idéia nunca totalmente erradicada que pastores são mediadores entre Deus e os homens e pelo misticismo supersticioso da alma brasileira no apego a objetos considerados sagrados que podem abençoar as pessoas. Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas e procurando obter prosperidade material por meio de pagamento de dízimos e ofertas me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro e sua teologia da prosperidade não são, na verdade, filhos da Igreja medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma medieval. 

Augustus Nicodemus

A alma católica dos evangélicos no Brasil

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Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo (“cosmovisão”). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões neste ano de 2006 – mas há váriasevidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica. É um fato que a conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados “em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã. Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?

1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.

2) A idéia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.

3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores evangélicos, do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.

4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Faltanos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.

5) Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?

O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento, e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5).

Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país, onde até os evangélicos têm alma católica. 

 Augustus Nicodemus Lopes

A importância da Educação Cristã Escolar

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Por Rev. Mauro Meister

Educar pra quê?

Podemos pensar em diversas razões. Algumas delas são:

  • Capacitação financeira (o bem estar financeiro do aluno),
  • Capacitação cultural
  • Qualidade de vida
  • Futuro das gerações
  • Futuro do próprio planeta

Mas, por que uma educação “religiosa”?

O cristianismo sempre teve a grande preocupação de educar e ensinar. A motivação era descobrir a verdade de Deus para a glória de Deus, tanto a verdade de Deus nas Escrituras, como na Natureza.

Harvard, considerada a melhor universidade pela Times Higher Education (THE), foi fundada pelo pastor John Harvard. A faculdade Mackenzie foi fundada há 142 anos por protestantes. Contudo, com o tempo perdemos a noção da importância da educação e deixamos a educação nas mãos dos incrédulos. Deixamos de ser cristãos que pensam e refletem sobre todos os aspectos da vida para viver um cristianismo sentimental e enclausurado.

Não existe educação “neutra”.

Algumas escolas tem a noção de que existem dois tipos de educação: educação secular + educação cristã. Contudo, não existe educação neutra. Sempre existirá uma ideologia por trás da educação. Não necessariamente uma ideologia política, mas sempre existirá uma “religião” por trás da educação, um pressuposto, uma cosmovisão que influenciará naquilo que o educador ensina.

Cosmovisão são como lentes sobrepostas (pressuposições) pelas quais vemos o mundo e há várias camadas de interpretação que formam a nossa cosmovisão pessoal, conforme mostra a imagem abaixo.



A educação cristã… consiste em ensinar tudo, de ciências e matemática a literatura e artes, dentro da estrutura de uma visão de mundo bíblica e integrada. Significa ensinar os estudantes a relacionarem todas as disciplinas à verdade de Deus e sua auto-revelação nas Escrituras, enquanto detectam e criticam as afirmativas da visão de mundo não-bíblica. (Colson & Piercey, E Agora Como Viveremos?)

Em uma escola cristã não existe educação secular, pois toda educação cristã procede da cosmovisão das Escrituras, quer ciência, quer teologia. Sendo assim, uma escola cristã não é aquela que faz somente um culto durante a semana, ou uma oração antes da aula, mas aquela que ensina seu conteúdo sob a perspectiva cristã.

O que nos leva a educar?

Nós temos uma visão reducionista, achando que a Bíblia só é aplicável dentro das paredes da igreja, achando que quando a bíblica fala de educação, ela está falando somente de EBD (Ensino Bíblico Dominical).

Estes, pois [repetição dos dez mandamentos], são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. [...] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. (Dt 6:1-3, 6-7)

Neste texto vemos que a ordem do ensino vem de Deus e que o ensino tem um propósito dado por Deus; e o próprio Deus concede a autoridade do ensino aos pais. Deus também concede dons de ensino e equipa pessoas específicas para ensinarem o corpo de Cristo. Sendo assim, a escola cristã é um auxílio aos pais que delegam sua autoridade a escola para ensinar seus filhos. Contudo, a escola jamais pode substituir e jamais conseguirá substituir os pais.


Conheça a ACSI

A Associação Internacional de Escolas Cristãs-ACSI é uma organização internacional de escolas cristãs sem fins lucrativos, com seu escritório central em Colorado Springs, EUA.

Foi formada em 1978 como resultado da união de várias associações de escolas cristãs nos Estados Unidos e Canadá. Conta com mais de 25 mil escolas associadas, em mais de 115 países, tendo mais de um 5.5 milhões de alunos. Existem 16 escritórios regionais ao redor do mundo, sempre respeitando a identidade cultural de cada nação.

A filosofia educacional da ACSI, fundamentada na Palavra de Deus, promove uma educação cristocêntrica, orientada para desenvolver uma cosmovisão bíblica por meio de cada educador, cada matéria acadêmica e cada parte do programa escolar.


Pastor de púlpito e não de de ovelhas


Tenho observado um comportamento extremamente comum nas igrejas evangélicas de todo o país. É o pastor de púlpito, e sempre com ótima homília, mas que nunca visitam as “ovelhas da igreja”.
Ou mandam os presbíteros visitar os membros, ou fingem que os membros não existem perante a igreja…
Vamos a reflexão…
Primeira reflexão: qualquer um do corpo eclesiástico da igreja pode visitar, ou seja, importante é fazer visitas (menos o pastor); segunda: a igreja já é suficiente em si mesma para prover toda e qualquer orientação para os “candidatos a membros ” ou “membros definitivos”.
A LITURGIA É SUFICIENTE EM SI MESMA PARA ALIMENTAR A IGREJA!
Muitos desses pastores acabam depois de muito “pastorear” saindo pela porta dos fundos da igreja. Os próprios membros da igreja pedem para o “pastor” sair, pois não cuida de ovelhas, mas cuida bem do púlpito: ar condicionado na igreja, cadeiras de belo estofamento, coral com belas músicas, mas muito longe daquilo que Jesus pediu “as ovelhas conhecem a minha voz”.
Se conhecem, é porque houve um contato pessoal, e não contato pelo púlpito da igreja.
Falo isso, pois já presenciei isso em minha vida duas vezes.
O primeiro pastor pertencia a uma igreja evangélica tradicional no Brasil.
Foi expulso dessa, e criou uma igreja de denominação muito parecida com a tradicional em Marília.
Foi um fiasco…
O outro chegou com toda a pompa para superar um homem de Deus aqui em Marília, muito educado, e que se transferiu para outra cidade do Brasil.
Logo o pastor substituto, afastou o presidente do coral, e fez política de coaptação dentro da igreja com os atuais presbíteros.
Ou seja, pastor e presbíteros , só com títulos de cargos eclesiásticos, mas muito longe do apregoado por Jesus “as ovelhas conhecem a minha voz”.
Nunca recebi visita de pastor ou de presbíteros…
Para finalizar, sugiro cuidado com igrejas bonitas na mobília, centrais na cidade, mas frias no acolhimento, sem visitas pastorais.
Sugiro a leitura do livro de David de Hansen “A Arte de Pastorear”, e ainda refletir que os pastores de hoje precisam aprender que pastorear não é apenas pregar, administrar, ensinar ou dirigir a liturgia.
É possível fazer todas essas coisas sem realmente pastorear.
Pastorear é acima de tudo cuidar.
Observe que Paulo disse aos anciãos (presbíteros) de Éfeso, conforme At 20.28:
-Cuidem por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu pastores, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.
Cuidar de si mesmo é pré-requisito para quem pretende cuidar de outros.
Hoje se fala em conservar saúde física e mental, família e finanças ordenadas, boa administração do tempo, vida devocional, disciplina de estudos…
Porém, é pouco provável que Paulo estivesse pensando nisso quando recomendou “cuidado”.
A preocupação do apóstolo visava perseverança na fé e no ensino, alertava sobre o perigo dos falsos mestres, da ganância e dos desvios de conduta.
Os grandes males que têm destruído ministérios pastorais são: a imoralidade sexual, em todas suas manifestações; a arrogância e o orgulho, que trazem a reboque os desvios doutrinários e a tirania religiosa; a vaidade, a inveja e a cobiça, que levam alguns a tentar viver num padrão que não podem ou desejar coisas que não precisam.
Cuidar do rebanho de Deus é um privilégio.
Moisés teve que aprender a cuidar dos rebanhos de seu sogro antes de liderar Israel; um rei foi escolhido por ter “coração de pastor”, capaz de por a vida em risco na luta contra um urso e um leão para defender uma única ovelha.
Ora, se Davi era tão cuidadoso com o rebanho de Jessé, não seria também achado fiel no cuidado do rebanho de Jeová?
No dia a dia do ministério pastoral o grande desafio é não perder a ternura, o prazer de ter cheiro de ovelha, o gosto de conduzir, de guiar sem opressão, apenas sendo modelo, exemplo de fé, pureza e amor.
É a tarefa mais excelente dentre as muitas oportunidades de servir no Reino de Deus, daí serem muitos os líderes, mestres, evangelistas, profetas, cantores e administradores que são chamados de pastores.
Muitos têm o título, pois é cultural se dar maior valor as expressões como “pastor”, “reverendo”, “bispo” e hoje até “apóstolo”.
Todavia, nem estes todos que usam o título têm coração de pastor.PASTOR DE PÚLPITO E NÃO DE OVELHAS…
É isso precisamos de pastores com coração de pastor.
Vamos refletir…

MINISTÉRIO DE PASTOR



INTRODUÇÃO: Vamos verificar através deste estudo, segundo a Palavra de Deus o que é ser um Pastor. Porque hoje opera uma estrutura de raciocínio totalmente anti Bíblico, onde para ser um Pastor não precisa ser chamado por Deus. Basta ter um curso teológico e o homem já está pronto para ser um pastor. Será que é assim? Vamos ver na Palavra de Deus.

A Palavra de Deus nos mostra que o Pastor não é levantado pela vontade humana, mas sim pela vontade de Deus.At. 20: 28. O Pastor que é levantado por Deus, ele apascenta o rebanho com conhecimento e inteligência. Jr. 3: 15.

Alguém pode até dizer que o conhecimento e a inteligência vem no fazer um curso teológico. Mas  o conhecimento e a inteligência a qual Deus está se referindo vem de cima Dele mesmo.Pv. 2: 1 ao 6; Tg. 1: 5; Tg. 3: 17; II Pd. 3: 18.

O verdadeiro Pastor escolhido por Deus, ele vela pelo rebanho. Se alguma ovelha se perder ele vai atrás e procura até encontrar. Mt. 18: 12 e 13; Lc. 15: 4 ao 6.

 O verdadeiro Pastor que foi escolhido e ungido por Deus para este ministério, ele tem zelo pela casa do Senhor e pelas ovelhas do Senhor. Sl. 69: 9. O Pastor escolhido por Deus ele zela pelas ovelhas e pela sua própria vida. Jõ. 10: 11.
O verdadeiro pastor está sempre procurando aprender com o Pastor dos pastores, Cristo Jesus. Mt. 11: 29.

O pastor que foi ungido por Deus, ele está sempre procurando imitar o Mestre, e procurando andar nas pisadas do Mestre. I Jõ. 2: 6. O verdadeiro pastor é sempre manso brando com as ovelhas, e sempre tem uma palavra branda para elas. II Tm. 2: 24 e 25.
O pastor ungido por Deus, e não pela vontade dos homens na hora de separar alguém para o Ministério ele busca a Deus com muito jejum e oração, para que o Espírito Santo venha fazer a separação. Seguindo o exemplo de Jesus. Lc. 6: 12 e 13; At.13: 1 ao 3.

O pastor que encontrar muita dificuldade para imitar a Jesus Cristo, ele pode procurar imitar os Apóstolos. I Co.11: 1; I Co. 4: 16; I Ts. 2: 14.

É importante para o pastor estar sempre vigiando, para não tombar no campo de batalha. Pois se o pastor for ferido as ovelhas se dispersam, ou podem cair na boca do lobo. Mt.26: 31; At. 20: 29; Mt.10: 16. Pedro o primeiro Pastor, o que Jesus recomendou a ele? Mc. 14: 37 e 38.

É importante para o pastor ser um homem espiritual, pois só os espirituais têm discernimento. Pois um pastor sem discernimento nunca sabe o que Deus está fazendo no meio do rebanho. E também não consegue discernir a presença do inimigo no meio do rebanho. Pois tanto Deus como os nossos inimigos são espíritos.I Co. 2: 14 e 15. Um pastor sem discernimento é um cego guiando um monte de cegos. Mt. 15: 14.

Só os pastores espirituais podem reconhecer Satanás no meio do rebanho, pois ele se disfarça até em anjo de luz. II Co. 11: 14 e 15. É fundamental para o pastor crer no Espírito Santo e ser dirigido por Ele. Pois é o Espírito Santo que vai ensinar lhe todas as coisas, fazer com que ele se lembre dos ensinamentos do Mestre e vai capacita-lo para desempenhar bem o Ministério.Jõ. 14: 26; II Co. 3: 5; Ef. 4: 8 ao 12.

Por haver uma estrutura de raciocino que anti Bíblica, os Pastores não se preocupam com o rebanho. Ser pastor virou profissão e quando um ministério vira profissão o interesse passa a ser financeiro. E o pastor de ser pastor, vira um mercenário. Jõ. 10: 12 e 13; Is. 56: 11.

O Senhor nosso Deus, é contra todos aqueles que se dizem pastor, mas não o são. Pois aquele que se diz pastor, mas não cuida do rebanho não é pastor. Jr. 23: 1 e 2; Ez. 34: 1 ao 10.

Há muitos pastores em nossos dias tomando posse do rebanho, como se o rebanho pertencesse a eles, têm o maior ciúme das ovelhas.Esses que si consideram donos dos rebanhos, que na verdade é do Senhor, vão se encontrar em maus lençóis. Jr. 25: 34 ao 38.

Pr. Ev. Sérgio Lopes

Por que tantos Líderes da Igreja e Doutores em teologia estão caindo em adultério?


Porque é que pessoas com doutorado em teologia estão lutando contra "pecados de nível graduado", gente com "conhecimento de gramática" na escola de Deus?

Para o Pastor e teólogo John Piper, isso se resume a uma resposta sucinta:

Eles não conhecem a Deus.

Se alguém vive realmente no amor do Criador do universo, e não focado em satisfazer suas próprias necessidades, seja ele ou ela, não irá cometer adultério.

John Piper completa ainda:

"Você pode estudar teologia 10 horas por dia durante 40 anos, e ainda assim não reconhecer que Deus é lindo, totalmente satisfatório, o maior tesouro de sua vida." Considerando o modo, e o quanto o diabo sabe a respeito de Deus, vai ele se preocupar com o conhecimento que você tenha sôbre o Eterno? (
A Bíblia diz: "Conheçamos e Prossigamos em conhecer ao Senhor" Oséias 6: 3a

Conhecer sôbre Deus e seus atributos é uma coisa, conhecê-lo de verdade, somente através de uma conversão genuína, comunhão, intimidade, viver e caminhar com Ele, uma atitude contínua e seqüencial que não deve e nem pode ser interrompida.

Se houver rupturas nesse relacionamento, imediatamente estaremos sujeitos às setas do inimigo, afinal ele está sempre vigilante e atento para nos atacar.

"Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." Efésios 6: 12 

Por mais que queiramos justificar e relativizar essa terrível questão que atormenta a Igreja da nossa geração, quando tantos líderes vivenciam problemas conjugais, que se desencadeiam quase sempre em separações e divórcios, com o agravante de um novo casamento, não há como esconder que está faltando intimidade com Deus e com a sua inerrante Palavra.

Sou consciente de que essa lavra é dura, mas pertinente e necessária, a priori para eu mesmo, e por isso o faço com amor, mas também muito temor e tremor, para que não esqueça dessa realidade.

Um líder que passa por uma situação como a que me refiro, por mais que existam justificativas e reconhecimento por parte da congregação que pastoreia, via de regra, salvo raríssimas excessões, fica desqualificado para tratar de casos conjugais semelhantes e ou similares dentro do seu rebanho, e o diabo sabe bem disso, tanto que passou a bombardear as investidas dessas tentações no ministério da Igreja.

"Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza."

Assim que vem à tona qualquer caso de infidelidade, adultério, separação e ou novo casamento na vida do líder e este continua exercendo as mesmas atividades à frente da Igreja como se nada tivesse acontecido,  começam a "pipocar" vários casos similares no meio da congregação e até mesmo na vida de outros obreiros auxiliares, e não há mais quem possa tratar, justamente porque aniquilou-se a "autoridade espiritual" para tais aconselhamentos, valendo aí o adágio popular; "por onde passa um boi, passa uma boiada".

A questão é de ordem espiritual, e após o líder, o rebanho é atingido. Como consequência de um acidente de percurso dessa natureza, o pensamento dominante passa a ser o seguinte: se a autoridade maior do ministério não conseguiu solução para o seu problema, não sou eu quem conseguirá, logo a concretização de um divórcio e um novo casamento  é a solução mais prática e aceitável.

O inimigo é o primeiro a saber que nas Igrejas atingidas por esse problema, o combate contra esse tipo de pecado fica nulo de pleno direito, pelo menos do ponto de vista humano.

Sempre que alguém abordar o tema à luz da Palavra de Deus não será bem visto, pois estaria afrontando ou confrontando a liderança. Em suma, não se tocará mais neste assunto nessa igreja.

Pensemos:

Como é que o diabo vê isso, como é que Deus vê isso?

  • Infelizmente uns não podem mais falar porque já são vítimas da própria situação,
  • Outros não falam para não atingirem amigos, superiores ou liderados envolvidos e,
  • Outros não falam com medo de virem a se envolver em situação semelhante futuramente.

Meu Deus, o que está acontecendo com a Igreja? Me parece que a coisa ficou do jeito que o diabo gosta?

Amados, sejamos líderes ou liderados, doutores ou leigos; vigiemos, oremos e lutemos para conhecer verdadeiramente o Senhor e vivermos conforme a sua Palavra. 

"Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher" (I Co. 7:10-11).

"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor." (I Co. 7:39).

Este artigo não foi escrito como afronta ou ferramenta de acusação a quem quer que seja, mas como constatação de uma seta maligna lançada contra a Igreja, contra a qual precisamos estar atentos e vigilantes.

Portanto, oremos, sejamos vigilantes, cuidemos de nós mesmos, do nosso casamento, enfim, da nossa família e acima de tudo, conheçamos mais a Deus.

"Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia." I Cor. 10: 12

Tenha o Eterno misericórdia de nós!

Fé racional ou crença irracional?

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1 PEDRO 3:15 - Por que Pedro ordena aos crentes que raciocinem sob e sua fé, já que a Bíblia diz em outro texto para simplesmente crerem?

PROBLEMA: Vez após vez as Escrituras insistem em dizer que basta simplesmente crer em Jesus Cristo (cf. Jo 3:16; At 16:31). Hebreus declara que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11:6). Paulo afirmou que "O mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus" (1 Co 1:21, R-1BB). Contudo, Pedro instrui os crentes a "responder", a dar a "razão" de sua fé. A fé e a razão não se opõem entre si?

SOLUÇÃO: A fé e a razão não são mutuamente exclusivas. Não se deve crer em alguma coisa sem antes verificar se tal coisa é digna de ser objeto da nossa crença. Por exemplo, bem poucas pessoas se submeteriam a uma grave operação médica por uma pessoa totalmente desconhecida, de quem não se tenha informação alguma, a não ser a suspeita de que seja um charlatão. Da mesma maneira, Deus não exige de nós que exerçamos uma fé cega.

Como Deus é um Deus racional (Is 1:18), e como nos fez criaturas racionais à sua imagem (Gn 1:27; Cl 3:10), ele quer que olhemos antes de pularmos. Nenhuma pessoa racional deve pisar num elevador sem primeiro constatar que nele há um piso. De igual modo, Deus quer que o nosso passo de fé seja dado à luz da evidência, e não como um salto no escuro.

A Bíblia é cheia de exortações para que façamos uso da razão. Jesus ordenou: "Amarás o Senhor teu Deus... de todo o teu entendimento" (Mt 22:37; grifos do autor em todas as citações aqui). Paulo disse também: "tudo o que é verdadeiro,... nisso pensai" (Fp 4:8, R-IBB, SBTB). Paulo ainda "argumentava... com os judeus" (At 17:17, R-IBB) e com os filósofos no Areópago (v. 22ss), ganhando muitos para Cristo (v. 34). Os bispos foram instruídos a "encorajar a outros pela sã doutrina e... refutar os que se opõem a ela" (Tt 1:9, EC). Paulo declara ter sido "posto para defesa do evangelho" (Fp 1:17, SBTB). Judas instou conosco para batalharmos "diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3, SBTB). E Pedro ordenou que estivéssemos "sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1 Pe 3:15).

Há dois tipos de fé. O entendimento da relação entre esses dois tipos é uma chave para discernirmos a relação que há entre a fé e a razão.

FÉ:QUE > Anterior, Com evidência, Mente, Prova, Razão humana.EM > Posterior, Sem evidência, Vontade, Persuasão, Espírito Santo.

O diabo crê que Deus existe, mas ele não crê em Deus. A fé que está no âmbito da mente funciona com base numa evidência que a razão humana pode ver. A fé em Deus (em Cristo), entretanto, é um ato da vontade humana, sob a persuasão do Espírito Santo. Portanto, "crer que" nunca salvará ninguém (cf. Tg 2:14-20) - somente crerem Cristo é que proporcionará isso.

Entretanto, nenhuma pessoa, por ser racional, deveria crer em alguma coisa, a menos que primeiro tivesse evidências para crer que isso fosse verdadeiro. Nenhum viajante sensível entra num avião que esteja com uma das asas quebrada. Assim, a razão é válida como base para se crer que, mas é uma exigência errada para se crerem (cf. Jo 20:27-29).


 Norman Geisler e Thomas Howe

lei tambem
http://projeto242japao.blogspot.jp/2015/03/por-que-as-campanhas-e-correntes.html

Fé e Ciência - Entrevista com Karl Heinz Kienitz


Aguardem para breve o vídeo do programa Academia em Debate onde entrevistei Dr. Karl Heinz, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Enquanto isto, ele gentilmente permitiu que a entrevista viesse de forma escrita aqui para o blog.

Dr. Karl Heinz é engenheiro de eletrônica, graduado e pós-graduado (mestrado) pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Obteve seu doutorado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, na Suíça. Atualmente é professor no ITA. Sua área de especialidade chama-se Sistemas e Controle, a parte da engenharia diretamente relacionada à automação. Ele é membro da Igreja Batista em São José dos Campos.

É autor do blog Fé e Ciência, onde trata da relação entre estas duas realidades.

Segue abaixo a entrevista.


Augustus O senhor é professor numa das escolas de tecnologia mais respeitadas do país, onde certamente os métodos científicos são seguidos com rigor. Ao mesmo tempo, o senhor é um cristão, que professa acreditar nos relatos da Bíblia. Existe alguma coisa na ciência que o obrigaria a desacreditar na Bíblia?

Karl - É quase o contrário: há coisas na Bíblia que me ajudam a confiar no método científico como uma ferramenta útil. Entre outras coisas, a Bíblia nos revela que Deus é consistente em seu governo da criação, e não cheio de caprichos (por exemplo em Romanos 1.20,  “Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis.”) Assim, de antemão espero descobrir padrões regulares no estudo da natureza, e é a isso que se propõe o método científico.

Augustus Por que algumas pessoas insistem que há uma incompatibilidade radical entre a fé cristã e a ciência moderna?

Karl - Porque tais pessoas não possuem conceitos consistentes de ciência e fé (por exemplo confundem fé, religião e teologia, ou confundem ciência com plausibilidade), ou possuem motivos ideológicos para dogmatizar uma incompatibilidade entre fé cristã e ciência, que de fato não existe.

Augustus - Poderia dar uma definição de ciência? E dizer por que ela não conflita com a fé cristã de que há um Deus que criou todas as coisas?

Karl - Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais identificadas e testadas através do método científico. O método científico é um conjunto de regras básicas que fazem uso da razão para juntar evidências observáveis, empíricas e mensuráveis.

Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, é possível determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos. Primeiramente o cientista propõe hipóteses para explicar certo fenômeno ou observação de interesse. Baseado em suas hipóteses, o cientista faz previsões e então desenvolve experimentos e verificações para testar suas previsões. Previsões não confirmadas levam à rejeição das hipóteses. Hipóteses não rejeitadas eventualmente podem ser consolidadas em teorias. Toda hipótese ou teoria deve necessariamente permitir a formulação de previsões e permanece constantemente sujeita a novos testes, podendo ser refutada à luz de nova informação experimental. Todo o processo precisa ser objetivo, para que o cientista seja imparcial na interpretação dos resultados.

Outra expectativa básica do método científico é que todo o procedimento precisa ser documentado, tanto os dados quanto os procedimentos, para que outros cientistas possam analisá-los e reproduzi-los. Cientistas são fabricantes de mapas do mundo físico. Nenhum mapa nos diz tudo o que poderia ser dito sobre um terreno particular, mas numa determinada escala pode representar a estrutura existente com boa fidelidade. No sentido de uma verosimilitude crescente, de aproximações cada vez melhores da verdade sobre a matéria, a ciência nos proporciona um domínio cada vez mais firme da realidade material.

Retorno aos motivos para um “não-conflito” entre fé cristã e ciência, citando um motivo apenas. Como dito anteriormente, a Bíblia nos revela que o Criador é consistente em seu governo da criação. Portanto de antemão espero descobrir padrões regulares no estudo da natureza, ao que se propõe o método científico.

Augustus - Existem provas científicas da existência de Deus?

Karl - Não. Mas existem evidências científicas que apontam para a existência de um Criador. Várias dessas evidências motivaram a Teoria do Design Inteligente. Adicionalmente, evidências históricas, argumentos filosóficos e teológicos mostram ser mais razoável admitir a existência de Deus do que negá-la.

Augustus - As estatísticas nos dizem que mais 90 por cento da população brasileira crê em Deus e que apenas um mínimo é ateu. Mas quando a pesquisa é feita no âmbito da academia, a situação muda – a maioria dos cientistas afirma ser ateu ou agnóstico. Por que isto?

Karl - Uma grande parte do atual ceticismo, ateísmo e agnosticismo na academia deve-se ao espaço que damos a intelectuais impulsivos, que – em muitas ocasiões – deveriam pesquisar mais e falar menos. Como acadêmicos, precisamos ser críticos e pragmáticos para não aceitar discursos ideológicos. Deixe-me citar um exemplo. Em 1888 Nietzsche anotou a frase “Quanto mais próximo se está da ciência, maior é o crime de ser cristão,” num texto com o título Das Gesetz wider das Christenthum. Toda sua conduta e seu ensino transpiravam tal noção. O sórdido da frase é que ela foi escrita poucos anos depois que os cristãos Joule, Maxwell e Pasteur deram suas monumentais contribuições à ciência.

Hoje, na academia, a muitos parece adequado optar pela adoção simultânea da ideologia anticristã de Nietzsche e da ciência dos cristãos Joule, Maxwell e Pasteur, a quem Nietzsche - pela generalidade da sua frase – classifica de “criminosos”. Essa opção é essencialmente cultural e, na minha opinião, merecedora de reconsideração crítica.

Augustus - Entre os fundadores da moderna ciência há muitos pesquisadores que eram cristãos convictos, criacionistas – por que este fato é omitido quando o trabalho deles é mencionado em sala de aula?

Permita-me propor uma pequena reformulação na parte inicial da pergunta: não foram “muitos” cristãos convictos entre os fundadores da ciência moderna; foram todos, com poucas possíveis exceções, das quais não lembro uma sequer...

A menção à fé de cristãos que atuaram como cientistas é omitida em sala de aula por um de dois motivos: (a) o professor não tem a mínima ideia de que aqueles cientistas foram cristãos; ou (b) o professor é da opinião de que a fé cristã daqueles cientistas não teve relação alguma com a ciência que praticavam, o que em muitos casos – talvez na maioria dos casos – está em total desacordo com o entendimento dos próprios cientistas. Nos casos de Kepler, Joule e Maxwell, para citar 3 nomes apenas, a motivação para fazer ciência estava intimamente ligada à sua fé cristã. Mas a fé cristã não tem impacto somente na motivação para se fazer ciência: o respeito à vida humana, à integridade física e emocional de pessoas envolvidas na pesquisa, preocupação com os animais e com o meio ambiente, etc. são preocupações normais p/ um cientista de fé cristã.

Um cientista bastante conhecido na Europa, que enfatizou a importância da fé cristã para que se pratique uma ciência que sirva à humanidade e não prejudique à natureza foi Max Thürkauf, químico que recebeu o prêmio Ruzicka de Química, em 1963.

Augustus - Muitos jovens cristãos acabam perdendo a fé e abandonando o cristianismo quando entram no ambiente do ensino superior. Quais seriam as causas, na sua opinião?

Karl - O jovem cristão muitas vezes não está preparado para ter sua fé questionada. Além disso, muitas vezes, sucumbe ao “efeito rebanhão” (fazer, dizer e acreditar o que todo mundo à sua volta acredita) e/ou à “síndrome da admiração dos semi-deuses” (aceitar sem reflexão crítica o que professores afirmam). Nas igrejas os jovens precisam ser ensinados a expor, perguntar, debater, questionar e defender suas opiniões.

Augustus - Atualmente há um movimento crescente dentro da academia liderado por pesquisadores cristãos e não cristãos que questionam a afirmação do darwinismo naturalista de que a vida em toda a sua complexidade é decorrente de mutações e adaptações genéticas que  aconteceram meramente por acaso e que o propósito que se percebe na natureza é somente aparente. É possível para um cientista cristão que crê no Deus da Bíblia concordar que o acaso está por detrás da realidade?

Karl - Não vejo possibilidade de explicar a diversidade da vida com o acaso. Mas isto não decorre da minha fé no Deus da Bíblia. Cálculos de probabilidades feitos por diversos cientistas de renome deixam claro que em algum ponto de um (alegado) processo evolucionário seria necessário algo como um “direcionamento útil,” o que tornaria o processo “não-darwiniano”. Como cristão eu tenho certeza de que Deus tudo criou. Essa certeza é “pela fé”, exatamente como explicado na carta aos Hebreus, na Bíblia. Como engenheiro estou preocupado em trabalhar com a natureza e cuidar dela. Vejo grandes limitações para a investigação e articulação de uma compreensão abrangente das origens daquilo de que nós (inclusive nossa capacidade explicativa) somos parte integrante. A teoria de sistemas não suporta expectativas de que esse tipo de empreitada dê certo. Essa é a principal razão para que eu não me dedique a conjecturas sobre origens.

Augustus - Que conselhos o senhor daria a um jovem cristão que entra no ensino superior e especialmente na área das ciências exatas?

Karl - Acho importante que o jovem cristão conheça e leia sua Bíblia, pratique sua fé, mantenha contato com outros estudantes cristãos, leia bons livros e conheça a história dos grandes cientistas, inclusive daqueles com fé no Deus da Bíblia. (A todos os estudantes cristãos recomendo a leitura do livro “A mente cristã num mundo sem Deus”, de James Emery White; essa recomendação vale para estudantes de todas as áreas.)

Augustus - A ciência hoje está em guerra com a religião?

Karl - Ciência natural não está em guerra com a fé cristã; a segunda favoreceu o surgimento da primeira. Como disse Max Planck, a prova mais imediata da compatibilidade entre fé cristã e ciência natural, mesmo sob análise detalhada e crítica, é o fato histórico de que justamente os maiores cientistas de todos os tempos, homens como Kepler, Newton, Leibniz, foram cristãos. Mas alguns cientistas e alguns teólogos estiveram em conflito em várias ocasiões ao longo da história por motivos que precisam ser estudados e entendidos, para que aprendamos as lições pertinentes.

Augustus - A ciência elimina ou corrobora a fé em Deus? 

Karl - Teólogos de Alexandria (séc. IV e V) enfatizaram: (a) a unidade racional do universo e sua criação do nada por Deus; (b) a inteligibilidade do universo para a mente humana; (c) a liberdade contingente do universo. Essa concepção alexandrina favoreceu tanto o entendimento e usufruto da obra de Cristo quanto o desenvolvimento e uso do método científico. Grosseteste e Roger Bacon, que eu considero os primeiros cientistas (no sentido de usarem o método experimental) tinham o mesmo entendimento dos alexandrinos. O teólogo T. F. Torrance argumenta que o mesmo valeu para outros cientistas, como por exemplo Maxwell. Nesse contexto, entendo que a ciência, como bom fruto da dedicação intelectual e prática desses cristãos, acaba corroborando sua fé.

Augustus - Como é possível eliminar a tensão entre relatos científicos e religiosos sobre a origem do universo e da vida?

Karl - Entendo que há tensão entre interpretações teológicas específicas das Escrituras e interpretações e extrapolações de observações por cientistas. Teólogos e cientistas devem continuar trabalhando com dedicação, buscando sempre um entendimento compatível com a realidade.

Augustus - Para fazer ciência é necessário supor que o universo e a natureza são inteligíveis para a mente humana. Quais são as pressuposições metafísicas e epistemológicas que justificam a atividade científica?

Karl - Abaixo listo exemplos de crenças filosóficas que encorajam a pesquisa científica:

  1. Eventos no mundo natural tipicamente tem causas (imediatas) no mundo natural.
  2. O tempo é “linear”. 
  3. Causas e efeitos no mundo natural têm alguma regularidade no espaço e tempo.
  4. Causas e efeitos podem ser – ao menos em parte – racionalmente compreendidas.
  5. Os constituinte e comportamentos naturais fundamentais não podem ser deduzidos pela lógica a partir de princípios fundamentais. Precisamos utilizar observações e experimentos para aumentar nossa lógica e intuição.
  6. Estudar a natureza da forma indicada no item anterior é um investimento válido de tempo e talento.

Augustus - O universo e a vida são auto-existentes, auto-suficientes, auto-organizados, ou estão fundados numa realidade que transcende o nexo espaço-tempo-matéria-energia?

Karl - A história mostra que a quebra (pelos teólogos alexandrinos) da noção Aristotélica da eternidade do mundo foi seminal para o surgimento do método científico. Hoje a Física relata evidências que apontam para um início para o universo. Decido-me pelo entendimento cristão de que tudo que existe está fundado numa realidade que transcende o nexo espaço-tempo-matéria-energia; vejo dificuldades para quem prefere a outra opção.

Augustus - Há limites sobre o que a ciência pode nos dizer para explicar a origem e a realidade do universo e da vida? 

Karl - Há limites. Eu já indiquei minha “desconfiança” sobre o uso do método científico para encontrar uma explicação abrangente acerca da origem do homem. Louis Neel, Nobel de Física de 1970, disse que a busca do cientista por uma explicação abrangente da sua origem equivaleria à reconstrução da história do automóvel por um dos pistões de um motor automotivo.

Augustus - Sendo as teorias e os modelos científicos meros construtos humanos, com limites heurísticos, passíveis de revisão e até o descarte ao serem submetidas ao contexto de justificação teórica, as afirmações dos cientistas sobre a origem e evolução do universo e da vida não deveriam ser menos assertivas? 

Karl - Sim, definitivamente. Veja só esta declaração do Prof. Franz M. Wuketits (professor das Univ. Viena e Graz): “Nós pressupomos a correção de princípio da teoria da evolução biológica, pressupomos que a teoria da evolução possui validade universal.” Pressuposições desse tipo são incompatíveis com ciência.

Augustus - Hoje a ciência está fundada no materialismo reducionista. Os seres vivos, especialmente os humanos, e o resto da natureza, são o resultado apenas de matéria e energia?

Karl - A assertiva antes da pergunta não é verdadeira. A ciência está fundada no método científico e não no materialismo reducionista. Que o ser humano é resultado apenas de matéria e energia pode ser opinião de muitos, mas é uma opinião que esbarra em toda a ordem de problemas na discussão de ética, estética, emoções, consciência, etc.

Augustus - Esse materialismo reducionista ajuda ou atrapalha o avanço da boa ciência?

Karl - O materialismo reducionista atrapalha a boa ciência, entre outras coisas, pelos problemas éticos que provoca. O Prof. Max Thürkauf, a quem já mencionei, deixou claro que o materialismo precisa ser responsabilizado por muitas catástrofes nucleares e ecológicas que presenciamos no século XX. Thürkauf disse que, se quisermos uma ciência que sirva ao homem, o cientista precisa “orar e trabalhar”.

Augustus - Ideias, até as ideias científicas, têm consequências. Como conciliar a visão religiosa do ser humano ter lugar diferenciado na natureza e a visão darwinista que o reduz ao nível dos demais animais?

Karl - Não vejo possibilidade de conciliação.

Augustus - Se Deus não existe, tudo é possível (Dostoievski). Se a ciência na sua limitação heurística não pode falar sobre valores, por que os cientistas rejeitam a moralidade derivada das Sagradas Escrituras, e desvalorizam o ser humano – imago Dei supostamente baseados na ciência? 

Karl - A rejeição mencionada na pergunta ocorre por conveniência. O fenômeno já era explicado por Pascal: “A vontade, que prefere um aspecto a outro, afasta a mente de considerar as qualidades daquilo que não gosta de ver.” “O coração tem razões que a própria razão desconhece.”

Augustus - Os atuais avanços em diversas áreas científicas estão fortalecendo cada vez mais os relatos de criação das religiões monoteístas, mas a comunidade científica não aborda essas questões. Seria temor da falência do materialismo científico e que Deus retorne às universidades como uma ideia filosófica e cientificamente plausível?

Karl - Sim, acho que este temor existe em parte da academia. Porém fé monoteísta não resulta da interpretações científicas. Não é este o caminho a seguir. Em particular, a fé cristã tem uma natureza “a priorística” na medida em que pressupõe uma noção de Deus. Nesse contexto, algo como uma teologia natural pode ajudar um pouco. Acho que Romanos 1.20 legitima tal percepção.

Pessoalmente também considero interessantes argumentos filosóficos acerca da existência de Deus. Mas, o que é realmente importante (e independente de se crer em Deus ou não), é nos ocuparmos com a pessoa de Jesus, cuja obra e ministério estão descritos de forma confiável no Novo Testamento. Seus relatos nos obrigam a uma tomada de posição ou à ignorância deliberada, que seria incompatível com qualquer pretensão de seriedade. É ocupação com história... Além disso, fé cristã resulta em realidade observável na própria vida. A partir dela, se estabelece uma dinâmica do conhecimento de Deus, semelhante à dinâmica do conhecimento científico.

Acho muito útil a explicação de T.F. Torrance sobre a estratificação do conhecimento de Deus, para entender um pouco melhor a semelhança que existe entre conhecimento científico e conhecimento teológico cristão.