2015/06/13

Um Padrão mais Elevado de Santidade – J. C. Ryle




O grande teólogo do passado, John Owen, deão da Igreja de Cristo, costumava dizer, há mais de duzentos anos passados, que há indivíduos cuja inteira religião parece consistir em queixar-se de suas próprias corrupções, dizendo a todos que nada podem fazer pessoalmente para descontinuá-las. Temo que após dois séculos, a mesma coisa possa ser dita, com toda a verdade, a respeito de alguns que hoje se professam parte do povo de Cristo. Sei que há textos nas Escrituras que dão respaldo a essas queixas.

Não faço objeção a elas, quando parte de pessoas que andam nos passos do apóstolo Paulo, que combatem o bom combate à semelhança dele, lutando contra o pecado, o diabo e o mundo. Porém, nunca aprecio tais queixas quando vejo motivos para suspeitar, conforme com freqüência o percebo, que elas são apenas uma capa para encobrir a preguiça espiritual, são apenas desculpas para a frouxidão espiritual. Se tivermos de dizer juntamente com o apóstolo: "Desventurado homem que sou!", também deveremos ser capazes de dizer, juntamente com ele: "...prossigo para o alvo..!' Não queiramos citar o seu exemplo quanto a um aspecto, ao mesmo tempo em que não o seguimos em outro (ver Rm. 7:24 e Fp. 3:14).

Não quero me colocar como melhor do que outras pessoas. E, se alguém indagar de mim: "O que você pensa que é para escrever dessa maneira?", a minha resposta será: "Sou uma criatura realmente muito miserável". Porém, afirmo que não posso ler a Bíblia sem desejar poder ver muitos crentes mais espirituais do que são, mais santos, mais singelos, mais dotados de mente celestial, mais resolutos de coração do que eles são neste nosso século. Gostaria de ver entre os crentes um pouco mais do espírito próprio dos peregrinos, uma separação mais decidida do mundo, uma linguagem que evidenciasse melhor o céu e um andar mais íntimo com Deus — e essa é a razão pela qual escrevi como escrevi.

Não é verdade que precisamos de um padrão mais elevado de santidade pessoal nestes nossos dias? Onde está a nossa paciência? Onde está o nosso zelo? Onde está o nosso amor? Onde estão as nossas boas obras? Onde está a força da religião cristã a ponto de ser percebida, conforme se via nos tempos de outrora? Onde está aquele inequívoco tom capaz de abalar o mundo que costumava distinguir os santos da antigüidade? Verdadeiramente, a nossa prata transformou-se em escória, o nosso vinho foi misturado com água, e o nosso sal tem pouco sabor.

Todos estamos mais do que meio-sonolentos. A noite vai adiantada e o dia já se aproxima. Despertemos; não continuemos a dormir. Abramos os nossos olhos mais atentamente do que temos feito até agora, "...desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia..!' "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (Hb. 12:1 e II Co. 7:1). Indagou Owen: "Morreu Cristo, e sobreviverá o pecado? Foi Ele crucificado no mundo e o nosso afeto pelo mundo continuará vivo e intenso? Oh, onde está o espírito daquele que, mediante a cruz de Cristo, foi crucificado para o mundo, e o mundo para ele?!"

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