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2015/06/16
Por dentro Judaísmo - Quem foi Moisés?
por Liszt Rangel
Moshé é um dos maiores líderes do Judaísmo, porém seu nome é de origem egípcia. Ao contrário do que ocorreu com outros príncipes e reis no Egito, Moisés teve apenas o último nome sem qualquer prefixo. Um caso diferente do dele, por exemplo, observa-se em Ramoshé ou Ramosé, traduzido como Ramsés. O Ra no nome de Ramsés seria uma homenagem ao deus Rá, então entende-se "o deus Rá nasceu". Da mesma forma com o rei Thutmoshé ou Thutmosé, que significa "o deus Tot nasceu". Na mitologia egípcia o deus Tot é aquele que aparece com cabeça de Íbis e sua função no além é escrever, registrar os atos da alma enquanto esteve na Terra. Eis o porquê dele sempre aparecer fazendo anotações enquanto o coração do morto é pesado na balança.
No entanto, em relação a Moisés que também é conhecido em egípcio na forma abreviada, Mosés, a escolha do seu nome não indica referência a qualquer deus, sem especificar a quem este menino estaria reverenciando. Ou seja, ele seria o próprio deus? Ou, simplesmente, estaria sem designação da proteção de um deus egípcio? Por ventura, não seria a explicação para ele mais à frente, surgir com a ideia de reverenciar o seu Javeh e colocá-lo como único Senhor? Coincidência ou arranjo?
No relato bíblico, sua mãe biológica engravidou de um homem da tribo de Levi, ou seja, também do povo hebreu. Porém, ela resolveu por o recém-nascido dentro de um cesto feito de papiro e o aproximou da margem do rio, onde haviam muitos juncos. Moisés foi criado na cultura egípcia, porém não pela filha do faraó, mas por uma mulher dos hebreus (Êxodo, 2, 1-10). Ela foi paga pela filha do faraó para criar o menino com a promessa de que, quando ele estivesse jovem, seria devolvido para que ela o adotasse. Diante de Moisés, já crescido, ela teria dito, "Eu o tirei das águas." Daí equivocadamente, até hoje ter ficado a mística de que seu nome significava "salvo das águas". Outras lendas na cultura oriental, também falam de crianças que foram salvas das águas.
Algo significativo a considerar é que não se pode aceitar tudo o que está na Bíblia como se fosse a mais pura verdade, ou como sendo a Palavra de Deus. Além de ser fora da razão e da sanidade, é antes falta de conhecimento, especialmente histórico e científico acerca das descobertas em torno das origens dessas civilizações antigas. Diante de qualquer análise, também não se pode dizer que este ou aquele especialista em idiomas conseguiu traduzir o Velho, muito menos o Novo Testamento baseado em textos originais. Isto também é uma lenda, só que com uma diferença, é uma lenda pós-moderna, porque textos originais não existem.
Dos livros considerados como o pentateuco de Moisés, somente os dois primeiros, a Gênese e o Êxodo chegaram a ser compilados sete séculos após a suposta ocorrência daqueles fatos ali narrados. Ou seja, são setecentos anos depois do que pode ou não pode ter ocorrido, até porque tudo começou com a tradição oral, passando de boca em boca, e sabe-se que quando cai na boca do povo, nada fica mais original. Os difamados que o digam...
Uma outra questão sem fundamento e que não se pode deixar de lembrar, é que os livros teriam sido de autoria do próprio Moisés. Porém, como ele escreveria cinco livros, estando morto? E mais, um livro que narra sua própria morte. Alguns especialistas em Arquelogia e História, acreditam que Moisés de fato, não chegou a ver a Terra Prometida, e que teria sido, provavelmente, assassinado pelo seu próprio grupo, tendo a liderança talvez de Josué, que tomou o seu lugar no comando.
Em verdade, pesquisas realizadas no Egito não comprovam o tal Êxodo, que segundo os relatos bíblicos teria ocorrido. Não há registros históricos de tamanha movimentação social. É possível imaginar um grupo que deveria ter em média 600 mil homens deixando o Egito? Além desses números serem questionáveis, vale salientar que uma saída brusca dessa natureza, abalaria a economia de qualquer civilização (RANGEL, 2011). E por que não há outras narrativas sobre este fenômeno social? Tudo naquela época já era bem registrado em "estelas" ou em "tabuinhas". A arqueologia bíblica é quem vem tentando provar o contrário, porém é preciso ter muito cuidado quando se trata de revelar "verdades", levando-se em consideração a linha de pesquisa, quem patrocina e qual a ideologia deste grupo. Já manipularam a História por demais, quer de forma inconsciente, quer intencional e levianamente.
No tocante a Moisés, ou Moshé, não se pode colocá-lo como um revelador da Lei de Deus. As leis que ele propôs ao povo são a cópia das leis egípcias. Além do mais, as descrições de terríveis batalhas onde por sua ordem muitos foram miseravelmente assassinados, não o credibilizam como um intermediário entre o "povo eleito de Deus" e o próprio Javeh, principalmente, quando se leva em questão, um dos mandamentos, "Não matarás!". Javeh, ao menos, poderia ter feito um parágrafo nesta Lei e assim teria escrito, " Não matarás!!! - Parágrafo único - "apenas aqueles que não estejam em teu caminho, Moisés..." Porque foi justamente matar que Moisés mais fez. Perde-se a conta dos grupos étnicos que ele dizimou por onde passou. Moisés. atualmente, é visto por estudiosos, como um grande estrategista militar, porque um gênio belicoso o animava, tornando-o no campo de batalha tão cruel quanto qualquer outro líder sanguinário da História. Ainda para muitos especialistas, Moisés em suas estratégias de guerra, é comparado a Júlio César e a Napoleão Bonaparte.
Quanto ao Êxodo, seu diálogo com Deus e a compilação da Torá...estes assuntos serão abordados em outro momento...
BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Editora Paulus, 20
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