2015/04/13

Recuperando o Tesouro Perdido do Culto Vespertino » Jon Payne

Certa vez, ouvi falar de uma mulher Cristã idosa que tinha dificuldades de locomoção devido à artrite crônica. Apesar da sua condição, ela fielmente comparecia aos cultos matutino e vespertino todo Dia do Senhor. Quando perguntada sobre como ela sempre conseguia participar dos dois cultos, ela respondeu da seguinte forma: “Meu coração chega lá primeiro, e minhas pernas apenas o seguem”.

Infelizmente, nos dias atuais, a atitude do coração desta amável senhora é quase tão rara quanto o próprio culto vespertino. Na verdade, nos últimos vinte anos, o culto vespertino em uma variedade de tradições Cristãs ou foi transformado em um tipo de comunhão informal (com a participação de cerca de 10 a 15% da congregação), ou foi aniquilado completamente.(1) Mesmo dentro das fileiras Reformadas – onde o culto vespertino tem sido historicamente visto como uma parte inegociável da observância do Dia do Senhor e da edificação congregacional – o culto vespertino está cada vez mais sendo abandonado. Mas, por quê? Porventura, nós somos mais maduros do que os nossos antepassados Reformados e temos menos necessidade da ministração da Palavra, dos sacramentos e da oração? Acho que não. Uma melhor resposta pode ser que, em geral, a igreja se tornou mais imatura, mais distraída e mais ocupada com conforto terreno, entretenimento e lazer. Para resumir, nossos valores mudaram.

Eu não cresci frequentando o culto vespertino no Dia do Senhor, e as igrejas que eu frequentei não o ofereciam. Eu consigo lembrar claramente a rotina dominical da minha família: frequentávamos o culto matutino e então gastávamos o restante do dia no campo de futebol, assistindo televisão ou fazendo tarefas domésticas ao redor da casa. Do ponto de vista prático, o “Dia do Senhor” era apenas a “hora do Senhor” ou, na melhor das hipóteses, a “manhã do Senhor”. Como muitos evangélicos de hoje, eu não lembro que a minha família tenha sido alguma vez ensinada ou encorajada a agir de forma diferente. Depois de quase vinte anos na fé Reformada, no entanto, agora creio que o culto vespertino é uma parte vital da edificação espiritual, crescimento e discipulado Cristãos. Minha esperança é convencê-lo do mesmo. A seguir, são mostradas cinco razões pelas quais os Cristãos deveriam alegrar-se em comparecer ao culto matutino e vespertino, no Dia do Senhor.

1. O culto vespertino finaliza o Dia do Senhor com adoração

O Dia Sabático [Sabbath] foi instituído por Deus na Criação (Gênesis 2:3), republicado por Deus no Decálogo (Êxodo 20:8), e reafirmado por Cristo – o Senhor do Sabbath – nos Evangelhos (Marcos 12:8; Marcos 2:28). Em conjunto com o trabalho e o casamento, o Dia Sabático [Sabbath] constitui uma parte da própria ordem da Criação. Embora seja verdade que as extensões da lei cerimonial e civil do Sabbath foram anuladas em Cristo, o aspecto moral permanece vigente. Portanto, os filhos de Deus ainda são ordenados a santificar o Sabbath da Nova Aliança, ou o Dia do Senhor, e mantê-lo santo.
O Dia do Senhor foi planejado para ser uma bênção espiritual para a igreja, não um fardo. Se ele é um fardo, devemos perguntar a nós mesmos por quê. Por que é tão oneroso finalizar o Dia do Senhor com o culto vespertino? O Sabbath foi planejado para ser um dia inteiro de deleite no Deus Triúno e de celebração das suas obras de criação e redenção. Os membros fiéis que participam tanto do culto matutino quanto do vespertino finalizam este dia especial com uma adoração teocêntrica e nos ajuda a não transformar o resto do Dia do Senhor em algo que Deus nunca intencionou. O culto vespertino preserva o Dia do Senhor para não se tornar apenas igual a outro dia da semana.

2. O culto vespertino segue um padrão bíblico de adoração

O título dado para o Salmo 92 é “Cântico para o dia de Sábado”. O salmista começa exclamando “Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade” (Salmos 92:1-2). Esta ênfase no culto matutino e vespertino também está destacada na administração dos sacrifícios matinais e vespertinos da antiga aliança (Números 28:1-10). O Dia Sabático [Sabbath] é para ser uma “santa convocação” ou um santo ajuntamento do povo de Deus para o propósito de adoração corporativa (Levíticos 23:3). Embora o Novo Testamento não ordene explicitamente o culto matutino e vespertino no Dia do Senhor, nós podemos encontrar provas de que o povo de Deus se ajuntava à noite para adoração no primeiro dia da semana (Atos 20:7).

3. O culto vespertino constitui uma parte da tradição reformada

Até décadas recentes, o segundo culto (vespertino) era uma parte essencial da observância do Dia do Senhor para crentes Reformados. Em seu livro, Recuperando a Confissão Reformada (“Recovering the Reformed Confession”), R. Scott Clark nos lembra que “a prática Reformada clássica era manter dois cultos no Dia do Senhor. Em anos recentes, contudo, o segundo culto tem passado por tempos difíceis. Se tornou mais difícil encontrar um segundo culto. Julgando-se por evidências empíricas, um número significativo de congregações Reformadas tem eliminado o segundo culto”.
O segundo culto foi estabelecido nos estágios iniciais (década de 1520) da Reforma Protestante. Ele foi implementado para que as congregações pudessem receber mais da Palavra de Deus. Nas manifestações mais fiéis da fé Reformada histórica, a pregação da Palavra e a correta administração dos sacramentos foram altamente estimadas. A implementação de não apenas um, mas dois (ou, às vezes, até três) cultos públicos no Dia do Senhor reforça a crença no poder, eficácia e suficiência dos meios ordinários de graça para salvar, santificar e confortar o eleito de Deus. No dia santo que Deus separou para o santo louvor e para edificar a sua igreja, por que não desejarmos mais – ao invés de menos – pregação, cântico de salmos e hinos, oração, participação nos sacramentos, culto e comunhão corporativos? Talvez, a tendência de marginalizar (ou cancelar) o culto vespertino nos círculos Reformados nos dias de hoje, exponha nossa frouxidão em relação à tradição Reformada. Também pode revelar algo sobre nossa condição espiritual.

4. O culto vespertino é um chamado divino e providencial para adoração

Minhas três palavras favoritas depois do culto matutino dominical são: “Até a noite”. Comparado com o culto matutino, o culto vespertino (se agendado) tem, frequentemente, uma pobre frequência. Na verdade, na maioria das igrejas, é comum um número menor do que 25% da congregação retornar para o culto vespertino. Este abandono do ajuntamento vespertino, contudo, pode ser sanado com uma correta compreensão do chamado de Deus e sua providência. No chamado litúrgico para a adoração, através do seu servo ordenado e pela sua Palavra viva, Deus chama seu povo da aliança para se ajuntar na adoração pública. Em alguns casos, o chamado para adoração ocorre tanto pela manhã, quanto à noite. A Confissão de Fé de Westminster exorta os crentes a nunca negligenciarem “descuidada ou voluntariamente” o culto público, “sempre que Deus, pela sua providência, proporciona ocasião” (CFW XXI, vi; cf. Hebreus 10:25). Vale a pena ressaltar os dois chamados que são mencionados: o chamado de Deus por sua Palavra, e o chamado da providência pelos presbíteros. Como os presbíteros, na providência de Deus, têm definido as oportunidades para o culto público e como, nestas ocasiões designadas, Deus, por Si mesmo, chama a congregação para a adoração, os Cristãos, portanto, devem fazer todo o esforço para atender fielmente a ambos os cultos (matutino e vespertino). Resumindo, a menos que alguém seja dificultado pela distância ou pela saúde debilitada, abandonar o culto público no Dia do Senhor é, em certo sentido, equivalente a abandonar o chamado de Deus para a adoração e a liderança espiritual dos presbíteros (Hebreus 13:17). Participar tanto no culto matutino, quanto no vespertino, não demonstra apenas uma fome pelos meios de graça ordenados por Deus, mas também mostra uma vontade de levar a sério os votos de membresia que cada um fez.

5. O culto vespertino: uma porção dobrada

Questão: Como Deus, de forma mais densa e eficaz, comunica Cristo e seus benefícios salvíficos ao eleito? Resposta: Através da proclamação fiel da sua Palavra e do correto uso dos sacramentos (João 6:54; Romanos 10:17; 1 Coríntios 1:21; 1 Pedro 3:21). Novamente, nossa confissão Reformada afirma o seguinte:

“Quais são os meios exteriores pelos quais Cristo nos comunica os benefícios de sua mediação? Os meios exteriores e ordinários, pelos quais Cristo comunica à sua Igreja os benefícios de sua mediação, são todas as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os Sacramentos e a Oração; todas essas ordenanças se tornam eficazes aos eleitos em sua salvação” (Catecismo Maior de Westminster, Q. 154).

Ao participar dos cultos matutino e vespertino no Dia do Senhor, nossas famílias recebem uma porção dobrada dos meios de graça. De fato, quando nos colocamos no caminho dos meios de graça ordenados por Deus, em ambos os cultos matutino e vespertino, anualmente iremos cultuar a Deus e receber suas preciosas promessas cento e quatro vezes, ao invés de cinquenta e duas. Nós escutaremos um adicional de cinquenta e duas exposições de sermões cuidadosamente preparados, participaremos da Ceia do Senhor duas vezes mais (se ela ocorrer semanalmente, alternando os cultos a cada Dia do Senhor), cantaremos centenas de salmos e hinos a mais, e oraremos uma miríade a mais de orações. Novamente, não foi exatamente por isso que a tradição Reformada – com sua visão elevada de Deus e dos meios de graça – historicamente implementou e considerou inegociável o culto vespertino no Dia do Senhor?

Caríssimo crente Cristão, nós apenas tocamos de leve neste tópico tão importante. Mesmo assim, talvez estas 5 razões pelas quais devamos participar do culto vespertino no Dia do Senhor irão fazer você reavaliar sua prática atual – talvez seja a oportunidade de considerar a implementação do culto vespertino na sua congregação. Quem sabe, pela graça de Deus, quando estivermos idosos e com artrite, sejamos capazes de dizer, em conjunto com aquela amável senhora: “Meu coração chega lá primeiro, e minhas pernas apenas o seguem”.

UMA IGREJA DE MENINOS!

“Quando eu era menino... falava..., sentia... pensava... como menino”
I Cor. 13.11

A Bíblia utiliza a figura de criança de vários modos.
Primeiro fala que se não nos tornarmos como crianças de modo algum vamos entrar no Reino, e claro, esta imagem tão preciosa nos mostra a humildade que é o primeiro passo operado pelo Espírito Santo em nossa conversão ao nos tornarmos cristãos.

 Então, também usa a figura de criança nos desafiando a descansarmos em Deus, quando na voz do Salmista nos é dito que como uma criança se aquieta nos braços de sua mãe, assim é nossa alma para conosco no colo de Deus.

De outra forma, porém, também usa não só os lindos aspectos da humildade e dependência que são inerentes à vida infantil, mas também evidencia em comparações sutis, que na vida espiritual há criancice que deveríamos evitar.

 E Paulo, o apóstolo, diz que sempre que deixamos de guiar nossa vida pelo amor de pessoas maduras, a vivência infantil começa a nos prejudicar na vida e na igreja.

Criança espiritual tem um amor imaturo, egoísta, autocentrado, e por vezes rebelde. Falar como criança é sempre um ato de crentes cujo linguajar é impensado, apressado, e frequentemente sem conexão com a razão.

 Sentir como criança é ter na flor da pele as expressões de sentimentos que nos pavios curtos explodem com facilidade, magoam rapidamente, são hipersensíveis; e pensar como criança é raciocinar numa dimensão estritamente pessoal, sem muita capacidade de pensar como os outros, ou avançar na compreensão do próximo.

Ainda o autor aos Hebreus diz que para as crianças a doutrina tem que ser leite, elas são incapazes de avançar um pouco mais na profundeza da palavra, na teologia, na doutrina. Raramente sobem do patamar de “Jesus me salvou, está ótimo” e ficam por ai. Nunca, mas nunca mesmo, podem comer um bife de uma doutrina sólida, profunda, gloriosa.

 Eleição incondicional, Chamada eficaz, Justificação pela fé, Santificação Progressiva, Escatologia Gloriosa, são assuntos que vocês podem imaginar os olhinhos das crianças da Igreja rodopiarem...

Com frequência estão ai a correr de igreja em igreja, atrás de guloseimas, de atrações, de emoções mais fortes; facilmente escandalizam com os irmãos, e o seu amor, claro, é amor de criança: quase nunca aquele amor que tudo crê, tudo sofre, tudo espera, tudo suporta!

Pastorear uma igreja de meninos, não é coisa fácil. Pode ao pastor ser um corre-corre, um deus- nos- acuda, um bolso cheio de bombons... Haja tempo, verbo, choro...
O escritor aos Hebreus nos chama, ao eco de Paulo, à vida madura!

Que Deus nos ajude
Rev. Cleómines.

A ordem dos fatores altera o produto



É com esta afirmação “matemática”, diferente da tradicional que alega que a ordem dos fatores não altera o produto, que pretende-se demonstrar que nem sempre a alteração da ordem dos fatores mantém o produto intacto. Talvez, matematicamente falando, a veracidade desta alegação possa ser considerada, mas isso não se torna uma verdade universal quando aplicada a outros ramos do saber. Citaremos a teologia como exemplo.

Houve um tempo em que a pregação da palavra de Deus se tratava de algo sério, a saber, em um período em que pregadores de renome se destacaram como sendo grandes referências na arte da pregação da sagrada escritura. Estes não se envaideciam com o status de pregador de renome, muito pelo contrário. Nomes como Jonathan Edwards, George Whitefield, Charles Spurgeon, dentre outros, sempre mantiveram uma postura humilde sem colocar os holofotes direcionados a si mesmos. Na certa, estes homens tinham em mente o legado de outros que lhe antecederam, tais como, Jan Huss, John Wycliffe, João Calvino, etc. Estes, com certeza, lembravam-se de outros expoentes da fé cristã que também lhes antecederam como, por exemplo, Pedro Valdo, Arnaldo de Brescia e assim sucessivamente até meados do primeiro século da era cristã. Estes homens citados em seus respectivos tempos padeceram em prol da causa do evangelho e deram suas respectivas vidas na causa cristã, com isso, criaram um ambiente propício para que outros viessem a desfrutar de uma fé robusta e madura. Esta é a mesma lógica que se vê nas páginas da bíblia, a saber, pessoas que conhecem um passado construído com luta e amor à causa divina e que externam um desejo perene de manter uma honra a tal passado. Um bom exemplo disso é o texto de Hebreus 11 conhecido como a galeria da fé em que o autor relembra um passado mais que glorioso naquilo que pode ser visto como o combustível do cristianismo, ou seja: a fé.

Os primeiros nomes de pregadores mencionados neste texto entendiam que para aquele presente está acontecendo foi necessário um rastro de sofrimentos e derramamento de sangue incalculável, neste ambiente em destaque, nos parece que a profecia tertuliana de que o sangue dos mártires era como semente em terra fértil se cumpriu. Logo, parece-nos que não se faz mais pregadores como antigamente, na atualidade há uma preocupação com tudo, menos com a relevância da mensagem bíblica. A pregação pode ser vista como o elo mais estreito entre Deus e os homens, pois é por meio desta que a obra de Deus é anunciada. Assim, é mais que notório a percepção da inversão da ordem de alguns fatores que comprometem os produtos. Ou seja, a negligência na prática da pregação da palavra de Deus e das responsabilidades que a cerca é tida como a consequência mais grave nas inversões dos papeis e resultado final.

Sabemos que uma gama de pregadores surgiram no vácuo dos verdadeiros anunciadores do evangelho, em todas as épocas houve este comportamento, homens que queriam nada mais nada menos que ser notados no vácuo destes que são verdadeiros ministros do evangelho. O que dizer de Paulo confrontando os falsos apóstolos em 2 Co 12? Conta-se que Spurgeon na sua época também passou por isso. Um dos que se opuseram ao mesmo foi Dwight Moody. Conta-se que Spurgeon mostrou-lhe os princípios de se fazer tudo para a glória de Deus conforme 1 Co 10:31 em uma espécie de debate em que o mesmo criticava Spurgeon por algumas atitudes. Em outra ocasião, conta-se que um grupo de jovens visitou duas igrejas no mesmo dia, a saber, a Tabernáculo Batista Metropolitano – igreja de Spurgeon – e a igreja de Joseph Packer, outro grande pregador da época. Os comentários dos grupos em questão foram os seguintes: “Que pregador maravilhoso, que eloquência!” isso acerca de Packer. “Que Deus maravilhoso é esse anunciado por este pregador!” Isso acerca de Spurgeon (VARGENS 2013 p. 90).

A glória de Deus deve ser vista necessariamente na mensagem do indivíduo e na vida deste, se houver uma inversão na ordem destes fatores o produto se altera. Em outra ocasião conta-se também que Spurgeon testando o som do microfone do local que ia pregar repetiu a seguinte passagem bíblica: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, alguns operários que ali estavam trabalhando vieram chorando aos soluços e aceitaram o evangelho. Este sentimento, o de pranto e choro, era uma marca ao cabo dos sermões do chamado “príncipe dos pregadores”. Isto sem falar nas conversões em massa e sempre marcadas pelo desespero de indivíduos que reconheciam seus respectivos estados pecaminosos. Tudo isso nada mais era que resultados de uma mensagem bíblica cristocêntrica e eficaz. Spurgeon demorava, mais ou menos, entre 40 minutos à uma hora ministrando. Segundo dados biográficos, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este imenso público lotou o The Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de 1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.[1]

Até o tempo que se passa ouvindo sermões na atualidade pode ser tido como uma inversão de fatores que altera em muito o produto ou resultado final. Muitos não conseguem mais ministrar mais que meia hora, isso quando se alcança esta marca. Esta situação, por muito, se dá por duas razões, a saber, a exigência dos próprios fiéis que não suportam mais de meia hora de ministração e também pela ausência de preparo de quem ministra. Uma das maiores dificuldades de algumas igrejas quanto ao tempo da ministração se dá por conta da acachapante quantidade de ministérios que a mesma possui, com isso há uma negligência à ministração da palavra em prol de uma tentativa de agrado aos ministérios diversos. Em certa ocasião fora dado a certo pastor convidado para ministrar em certa igreja apenas cinco minutos para expor uma mensagem. Tudo isso se deu por conta de um ministério específico naquela data está completando idade nova. Logo, se pode concluir que os aniversários ministeriais em algumas igrejas são mais importantes que as escrituras sagradas e tudo que nela contém. Estas inversões na ordem dos fatores resultam na alteração de diversos produtos.

A inversão dos sentimentos demonstrados no momento exato da mensagem da palavra de Deus na atualidade deixa mais que notório que há uma alteração na ordem dos fatores. Na atualidade as pessoas ao ouvirem certos pastores pregando apenas riem, riem de se estourar. Não é para menos, pois a moda de rir ao ouvir mensagens ditas cristãs já se tornou até em uma unção, a saber, a funesta “unção do riso”. Nesta, as pessoas riem, riem, riem, até desmaiar. Outra moda nova é alguns pastores ao pregar mudarem a tonalidade de suas vozes, ou seja, tentam imitar uma criancinha falando ou tentam imitar aquele líder mais famoso de seu ministério. A moda do stand up comedy chegou aos púlpitos. A ênfase é no riso, na brincadeira e na palhaçada em cima do púlpito. Tudo isso se dá por meio da alteração na ordem dos fatores que resulta em um produto alterado – povo se deleitando em sucessivas risadas ao invés de contrição –, além do desprezo e do compromisso às escrituras em troca da ênfase hedonista que permeia o ambiente cristão brasileiro.  Importante que se diga que rir e ser feliz são mais que importantes, não defendemos uma vida sem risos e gargalhadas, muito pelo contrário, mas o púlpito não é lugar para isso. Na atualidade um bom pastor ou líder é medido pelo “risômetro” do povo e não por seu conhecimento bíblico ao mostrar o plano de Deus por meio da pregação. Isso altera ou não a ordem dos fatores? Esta alteração na ordem dos fatores também altera o produto. Além dos sentimentos externados pelas pessoas ao ser ministradas na atualidade diferirem daqueles que as pessoas externavam quando Spurgeon, Edwards e outros  ministravam. Existem outros pontos notórios de uma mudança na ordem dos fatores: antes se enfatizava uma vida de caráter ilibado, na atualidade não, antes se dedicava horas a fio numa verdadeira busca espiritual que resultaria no preparo de sermões, na atualidade não.

Há relatos de pregadores que passavam mais de 12 horas orando antes de ministrar um sermão, mas na atualidade não há este comportamento. Sabe-se que este foi o ambiente que permeou os maiores e verdadeiros avivamentos de Deus na história da igreja, com isso se pode alegar que não há avivamento sem ênfase nas escrituras. Na atualidade é justamente o oposto, os ditos ministros do evangelho realizam seus avivamentos sem se quer respaldo bíblico ou ênfase nas escrituras. Ainda bem que estes avivamentos são dos próprios supostos ministros e não de Deus.  Os supostos ministros do evangelho preparam seus sermões minutos antes de subirem no púlpito, outros nem isso, basta uma acessada na net ou uma colinha no rodapé de suas grossas bíblias de estudos. Quanto a isso existe uma anedota que vem a calhar: Em certa cidadezinha de interior havia uma igreja reformada e muito apegada aos preceitos das escrituras sagradas. O pastor morava há alguns quilômetros da referida igreja. Os irmãos já haviam conversado sobre a queda no desempenho do pastor nos sermões ministrados. Logo, os irmãos interrogaram o referido reverendo e o mesmo prontamente alegou que estava preparando os sermões no caminho entre sua casa e a igreja. Aquele grupo de irmãos, por gostar muito do pastor, encontrou a solução de imediato. Compraram uma casa na cidade vizinha para o pastor. Moral da história: haveria, portanto, uma distancia maior a ser percorrida no caminho entre a casa do pastor e a igreja. Logo, o sermão teria mais tempo para ser preparado. Essa história alude à situação atual do evangelho brasileiro, ou seja, uma mudança na ordem dos fatores em que a fé cristã se consolidou. Um maior tempo na preparação dos sermões com ênfase no lado espiritual sendo abandonado por preparação de sermões do tipo caldo de cana – saindo na hora. Não tem como o produto se manter intacto numa inversão de ordem dessas.

Conclui-se, atestando que dentro deste esquema apresentado acerca do panorama dos sentimentos externados na hora da pregação da palavra de Deus, tanto por quem prega como por quem recebe a pregação, como também nos interesses e objetivos envolvidos no ambiente da pregação da palavra de Deus na atualidade, como também o tempo de preparação destes sermões etc., que há de fato uma alteração na ordem dos fatores que desemboca numa modificação do produto em si. Ou seja, antes o produto era pessoas quebrantadas, arrependidas, desesperadas por ter a real noção de suas respectivas situações pecaminosas, ministros de Deus conseguiam mostrar-lhes suas verdadeiras e respectivas realidades e seus estados pecaminosos. Isso desembocava em choro, pranto e desespero. Estas pessoas alcançadas por uma mensagem do evangelho pura e simples refletiam sobre seus estados, era um sentimento semelhante ao de Moises em Êxodo 33:3 quando Deus lhe revela que não acompanharia o povo na caminhada – isso é motivo para se desesperar.

Na atualidade o produto é afastamento de Deus, perca da noção do real estado pecaminoso, rebeldia, idolatria promiscuidade etc., etc., e, em meio a isso, há risos, alegria demasiada e felicidade em excesso. Isso porque os animadores de plateia que sobem aos púlpitos, e que muitos intitulam de pastores ou ministros os proporcionam. Estes estão se ramificando cada vez mais na pregação do evangelho, alguns se especializam em temas específicos: Família, jovens, casais, finanças etc. Em suma, trata-se de uma alteração na ordem dos fatores que altera e muito o produto – resultado – e a verdade desta conta, desta operação numérica pervertida onde os fatores foram tirados de ordem, não só poderão ser vistos na vida presente, mas também na vida eterna. Esperamos que muitos, como bons matemáticos, possam identificar a alteração dos fatores e o comprometimento dos resultados enquanto há tempo.

Vale tudo para pregar o Evangelho?



Nesse final de semana, li um pequeno texto de uma antiga edição de revista da Juerp, de um autor que não me lembro o nome, onde ele cita uma pesquisa que foi feita em várias igrejas com a pergunta "Qual a principal missão da Igreja?" A resposta foi quase sempre a mesma: "Evangelizar". E provavelmente esta também foi sua resposta. Diante de tantas estratégias para se conseguir um número maior de pessoas, onde muitos têm promovido festas, baladas, bares, curas, milagres, prosperidades e acham que "tá tudo certo com Deus" se colocarem o nome "gospel" no final da frase, uma reflexão deve ser feita: A principal missão da Igreja é GLORIFICAR A DEUS, inclusive quando se prega a Sua Palavra.

Hoje, os jovens não se contentam mais com a Palavra de Deus, não estão mais satisfeitos com ela. Querem algo a mais. E aí, vêm esses que querem atrair o povo fazendo todo tipo de coisa pra chamar a atenção dos jovens. Se vestem de Chapolin, fazem encenações, põem jogos de luz, fumaça, artistas e pronto, o show está feito. Estão deixando de lado o que é certo pra fazer o que dá certo. O que falta hoje é amor à Glória de Deus. O que estão fazendo é simplesmente um circo para entreter toda essa criançada.

Contudo, ainda insistem no erro de que "muitos estão sendo transformados". E esse é o grande problema. Resultados nunca foram e nunca serão prova que ministério A ou B é fiel ao Senhor. Testemunhos, mudanças de vida, milagres e até vidas salvas não garantem que uma pessoa é correta. Garantem que Deus é misericordioso e soberano para usar quem quer que seja para cumprir seus planos eternos.

Pense comigo num violão e num instrumentista. Ainda que o violão seja perfeito, não haverá música boa se o instrumentista não souber tocar. Mas todos nós sabemos o que um exímio instrumentista pode fazer com qualquer violão. Não há glória para o instrumento. A diferença está na habilidade do instrumentista. Eis algumas passagens na Bíblia que nos ensinam que ser usado não significa ser fiel:

Nabucodonosor foi um homem perverso, mas Deus o chamou de “meu servo”: E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que também venha o tempo da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis se servirão dele. (Jeremias 27:6-7)

Na parábola dos talentos, todos são chamados de servos. Tanto os bons e fiéis, como os maus e inúteis: Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. [...] Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. [...] Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? (Mateus 25: 14-15; 20-21; 24-26)

Até Satanás, quando Deus se irou contra Israel, foi usado por Ele para se levantar contra Seu povo. Até Satanás é servo de Deus.“Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá” (2Sm 24.1). “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel” (1Cr 21.1).

Reflita no que o apóstolo Paulo diz, quando ele e Apolo são vítimas de idolatria por parte de alguns de seus seguidores: Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. (1 Coríntios 3:4-7)

Um ministério não é bom porque é usado por Deus, um ministério é usado por Deus porque Deus é bom. O problema é que quando as pessoas se prendem aos resultados para justificar seus ministérios, estão demonstrando que amam mais os resultados do que a Deus. Fidelidade é continuar temente a Deus, sem corromper-se, sem desviar-se do evangelho, sem deixar a centralidade de Cristo e a autoridade das Escrituras, mesmo que não haja nenhum resultado. Nem mesmo o apóstolo Paulo usou os resultados para defender-se. Pelo contrário, ele disse: “Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação” (1 Co 9:16). Peço-lhe que reflita nisso, com temor e tremor, e antes de achar que uma pessoa está no caminho certo somente porque é usada por Deus, lembrem-se: Deus usou uma mula.

Se você sabe que tem ouro nas mãos, você entende que não precisa de nenhum enfeite para valorizá-lo. Preguemos somente as Escrituras. Nos voltemos somente para Cristo. Nos rendamos somente à Graça de Deus. Glorifiquemos somente à Deus. Esta é a nossa missão: Proclamar a Glória de Cristo. Enquanto você oferecer doces para que as pessoas venham a Cristo, elas serão apenas cheias de doces e vazias de Cristo. Que em meio à tanta falta de zelo por Deus, nós possamos nos revestir da Sua Palavra, para que não caiamos nos mesmos erros. Que Deus tenha misericórdia de nossas vidas e nos preserve até o fim.

Amém.

Conheci as doutrinas da graça, mas, estou numa igreja herética: o que devo fazer?



Para um cristão nascido de novo, é salutar estar numa igreja local, é bíblico que os crentes congreguem e tenham comunhão com outros irmãos. A igreja foi criada por Deus e sua existência não é algo restrito ao Antigo Testamento, mas, no Antigo Testamento já vemos a igreja presente com o povo de Israel. No entanto o que estamos nos propondo a refletir nesse texto é se basta estar simplesmente numa igreja, isto é, qualquer igreja.

Há “ditos populares antigos” que defendem um ecumenismo evangelical que dizem, “temos o mesmo Deus”, “o que importa é que cremos em Deus”, “nossas diferenças são insignificantes”, “Deus é o Deus de todos”, “a letra mata”, “o mais importante é o amor”, “no céu não terá teologia”. Claro que tais afirmações têm algum fundo de verdade, mas, não podemos dizer hoje ao evangelizarmos alguém, que este procure uma igreja perto da sua casa. A igreja próxima da casa dessa pessoa pode provavelmente ser uma igreja herética ou uma seita, então, estaremos contribuindo negativamente para vida dessa pessoa. Até mesmo ao dizermos procure uma igreja que ensine a Bíblia, muitas igrejas heréticas ensinam a Bíblia, de forma distorcida, mas, ensinam. O que nos resta nesses dias é uma delimitação do que é igreja: o que é uma igreja saudável? O que é uma igreja Bíblica? O que é uma igreja verdadeira?

Diante desse problema, temos outro problema comum, pelo menos em minha realidade e na região do país onde moro – há escassez de igrejas Bíblicas, reformadas, não somente na teologia, mas no culto e na evangelização e missões.

Estamos vivendo uma efervescência da teologia reformada no país, algo que considero bom, porque ao olharmos a história da reforma protestante, vemos que a popularidade da reforma e a propagação de sua mensagem deram-se em grande parte pela imprensa, que era o meio tecnológico que Deus proveu para sua igreja naquela época. Hoje temos uma popularização da teologia reformada por meio das redes sociais, vídeos, cursos online, livros digitais, etc. É possível fazer um curso teológico com bons professores pela internet, o que em outros tempos somente era possível se houvesse um deslocamento geográfico. No entanto nossa problemática aumenta, e chegamos à pergunta de nosso título. Conheci as doutrinas da graça, mas, estou numa igreja herética: o que devo fazer?  A questão não é fácil por alguns motivos que quero listar:

a) O que você entende por igreja herética?
b) Você conhece de forma consistente o que sua igreja professa doutrinariamente?
c) Você já conversou com seu pastor sobre as supostas heresias?
d) Você está sendo movido a sair da igreja por vaidade ou por certeza que os ensinos ali pregados estão distantes da sã doutrina?

Já tive o desprazer de ver uma igreja histórica aderir aos ensinos heréticos do neopentecostalismo. Já tive o desprazer de ver um seminário anteriormente professante da fé reformada aderir o ecumenismo religioso e o liberalismo teológico. O fato não está longe de nós, ao contrário. Vamos então aos questionamentos supracitados.

O que é uma igreja herética?

Comecemos pelas bases. Uma igreja cristã deve crer na Bíblia como sendo a Palavra de Deus, infalível e inerrante. O posicionamento da igreja sobre a Bíblia é à base de tudo na teologia dessa comunidade local. A Bíblia não somente contém a Palavra de Deus ela é a Palavra de Deus. A Bíblia interpreta-se, a Bíblia não está abaixo da autoridade humana ou eclesiástica, a Bíblia não é serva da igreja, mas a igreja deve seguir os ensinos da Bíblia. A Bíblia é um todo completo, ela não precisa de complemento de revelações, profecias, sonhos, visões, ou nela ser anexado algum outro tipo de literatura arrogando a mesma autoridade, a reforma professou Sola Scriptura (Somente a Escritura) e Tota Scriptura (Toda a Escritura). A Bíblia é o guia da verdadeira igreja de Cristo. Se uma igreja põe em xeque essas questões ela é de fato uma igreja herética.

Outro fator que devemos mensurar numa igreja herética é o que ela professa sobre Cristo. Qual é o papel de Cristo nessa igreja? A grande questão muitas vezes não é a que está na confissão doutrinária da igreja, mas, o que na prática ela crê sobre Cristo. Cristo é o criador (Cl 1.13-23; Jo 1.1-3), é o logos (Jo 1.1), a imagem exata de Deus (Hb 1.3), Cristo é Deus (Jo 20.28), Cristo é Suficiente para sua igreja (Cl 2; Fl 2). Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, Cristo ressuscitou em carne (Lc 24.39). Importante considerar o que a igreja diz sobre a Trindade, nosso Deus é um Deus triúno e isso é expresso em vários textos das Escrituras (Gn 1.26-28; Mt 3.13-17; Ef 5.18-21; Jo 14.5). Considere também qual é o parecer sobre a igreja e seu papel, a igreja não é a porta para a salvação, mas, antes, a congregação dos primogênitos, a igreja não salva, mas os salvos estão na igreja. O papel dos líderes é guiar o rebanho com amor e não com domínio sobre a herança de Deus (1 Pe 5.1-3), a finalidade da igreja é glorificar a Deus e não explorar financeiramente os fiéis, a igreja não é um mercado de bênçãos, a igreja não é uma loja de câmbio, igreja não é um ringue de briga entre anjos e demônios. Igrejas que enfatizam mais a obra de Satanás do que de Deus tem algo errado, igrejas que invocam os demônios em seus cultos para “libertação” de almas, estão distantes das Escrituras, o culto foi feito para adoração a Deus e não para o demônio aparecer. Desconfie de igrejas que não possuem rol de membros, nessas, o fluxo de pessoas é interminável, não há cuidado pastoral, só campanhas, ofertas e uma quantidade interminável de pedidos de somas de dinheiro, cuidado!

Você conhece de forma consistente o que sua igreja professa doutrinariamente?

Procure conhecer o que sua igreja professa doutrinariamente, se estivermos falando de igrejas históricas, provavelmente você irá se surpreender e verá que igrejas Batistas, Anglicanas, Congregacionais, Presbiterianas e outras dessas derivadas tem raízes na teologia reformada calvinista. No entanto antes de qualquer coisa observe os documentos históricos a respeito da doutrina de sua igreja, muitas vezes uma igreja que está dentro de uma denominação apostata da confissão doutrinária e adere a heresias, infelizmente isso é muito comum e são raras as denominações que escapam disso.

Você já conversou com seu pastor sobre as supostas heresias?

Converse com o pastor da igreja, saiba da boca dele o que ele crê. Observe se ele possui um posicionamento legalista em relação a igreja, tipo: Deus está nessa igreja e tem abençoado meu ministério – nesses casos uma das marcas em falsos profetas é a arrogância e uma posição de “super” pregador.  Observando sua pregação e ensino muita coisa pode ser deduzida com eficácia, mas, tenha se possível uma conversa particular, haja eticamente, não saia falando mal de todo mundo e metralhando como hereges, seja piedoso e humilde, no entanto quando necessário seja firme e diga a verdade. Há inúmeros casos de lideres que absorveram ensinos heréticos que são pessoas sinceras e acham que estão seguindo a verdade, muitas vezes precisam ser alertados a arrependerem-se e retornarem a sã doutrina. Há muitos casos de obreiros que tiveram um treinamento teológico fraco e são levados por muitos ventos de doutrina. Em outros casos uma evidência de uma igreja herética começa na liderança, uma liderança monárquica, centralizadora, legalista, avarenta, são fortes indícios de uma igreja herética.

Você está sendo movido a sair da igreja por vaidade ou por certeza que os ensinos ali pregados estão distantes da sã doutrina?

Minha preocupação ao pontuar esse caso é que para muitos ser reformado virou moda, é algo que está em alta. Está existindo uma aderência à teologia reformada por muitos pentecostais e evangélicos de denominações arminianas, mas muitos deles só professam teoricamente as doutrinas da graça, querendo justificar uma vida sem comprometimento com Deus, com a Palavra, com a Igreja, com a santificação, com a oração. Um crescimento do hipercalvinismo tem causado muitos problemas na vida de muita gente. Portanto, se sua postura é puramente baseada na vaidade de ser reformado, suas intensões são erradas.

O que devo fazer?

Bom, o fato é se depois de tudo isso realmente a igreja apostatou, se nela não há disciplina, se o homem é colocado no centro como soberano, se a Palavra de Deus não é ensinada fielmente, se a pregação não é algo sério e pautada somente na Escritura, então algo deve ser feito, uma atitude deve ser tomada, afinal, tal igreja está indo contra a vontade de Deus e estar numa igreja assim é por demais ofensivo a um crente fiel a Escritura.

Deus não quer que seus servos estejam embebidos de heresias, que seu povo esteja no erro. Há inúmeros exemplos nas Escrituras, leia as cartas às igrejas da Ásia Menor no Apocalipse.

No entanto chegamos num ponto nefrálgico. Muitas vezes a pessoa que descobriu a verdade da Escritura tem inúmeros motivos para ficar naquela igreja. No caso de pastores muitas vezes é o sustento e prestígio, em outros casos são laços fraternos, laços familiares, o temor de exclusão de muitos círculos de amizade e até da família. Na verdade nesse tipo de igreja a verdade sempre é negociada, a verdade de Deus é colocada em segundo plano, lembro-me de uma frase de Lutero que muito me foi útil: “A paz se possível, a verdade a todo custo”. Jesus disse que traria espada, divisão, e a verdade de Deus promove divisão. Um dia uma pessoa que estava em uma igreja assim me disse, temo causar divisão. Considero válida a preocupação, mas, quem divide é quem está errado e não quem está certo. Os puritanos não queriam sair de dentro da igreja Anglicana, queriam uma reforma interna. Isso não foi possível e então eles tiveram que sair e assim foi à vontade de Deus.

Outro temor de pessoas que desejam deixar tais igrejas é se serão bem recebidas em outro lugar. É importante dizermos aqui que Deus tem seu povo, e o povo de Deus não está restrito a uma congregação, Deus cuida de nós e nos guia como tem guiado seu povo em toda a história. Mesmo que estejamos num deserto e as decisões sejam difíceis temos a promessa de que o Espírito nos guia em toda a verdade (Jo 16.13). Não negocie a verdade de Deus, ainda que seja necessário perder amigos, relacionamentos, posição de liderança, prefira a vontade de Deus e sua verdade. A reforma protestante zelou pela verdade, mesmo que ela fosse preferível à unidade. A unidade do povo de Deus deve estar pautada na verdade do Evangelho e não na mentira, pois, o pai da mentira é outro (Jo 8.44).

Procure uma igreja biblicamente saudável, não insista em permanecer em uma igreja herética, isso não irá lhe fazer bem. Quando converso com pessoas que estão nessa situação pergunto por que não saíram ainda dessas igrejas; a resposta não me surpreende mais: “Temos muitos amigos lá, nosso convívio social está lá, temos parentes, tememos o que pode acontecer com esses relacionamentos se sairmos...” Claro que não podemos tratar isso de forma simplista, inegavelmente há impactos nesse processo. Mas, a nossa fidelidade ao que Deus diz deve ser maior que nossos relacionamentos, veja o que Jesus ensinou:

Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á. Mt 10. 37-39

Obviamente muitos casos devem ter acompanhamento pastoral e aconselhamento. Muitos casos são traumáticos e com isso ocorre também a decepção de muita gente com a igreja e cresce o número dos sem igreja ou de igrejas domésticas. Não temos espaço para tratar disso agora, mas, existem bons livros escritos sobre tais assuntos. Quero concluir dizendo que a igreja foi criada por Deus, as portas do inferno não prevalecem contra ela, Cristo ama sua igreja e devemos amá-la também. A igreja está fundamentada em Cristo e Cristo é a verdade (Jo 14.6). Lembre que a verdade e a vida são ligadas ao caminho. Jesus alimenta e cuida da igreja (Ef 5.29). Procure uma igreja Bíblica, confessional, em que a Palavra seja genuinamente pregada e ensinada.

2015/04/12

Se quiser entender qualquer mulher, você deve, primeiro, perguntar sobre a mãe



Se quiser entender qualquer mulher, você deve, primeiro, perguntar sobre a mãe dela e depois ouvir atentamente.”
Nem todas somos mães, mas todas tivemos uma. Ou desejamos tê-la. O relacionamento entre mãe e filha é algo santo, terno e forte, cheio de minas e cordões umbilicais que se esticam e, às vezes, estrangulam. O desejo de uma filha de agradar à sua mãe se compara somente ao seu desejo de se separar dela. Grande parte dos relacionamentos entre mãe e filha passa por um período tempestuoso durante a adolescência da filha.
A fúria hormonal e o ímpeto da ira muitas vezes dominam a mãe. Palavras são lançadas, acusações são voltadas para o coração. “Você não vai usar isso, vai?” tem sido a pergunta feita por muitas mães espantadas enquanto a filha se prepara para sair. “Você nem sabe o que está falando!” tem sido a resposta de muitas filhas.
O modo como uma mãe supera esta fase tempestuosa de transição em que a filha passa da infância para a fase adulta pode afetar o relacionamento de ambas para o resto da vida. "
Stasi Eldredge

Quem quer fazer o bem deve esperar a ingratidão.



Sim! Fazer o bem sempre, tendo como inspiração o nosso Senhor Jesus Cristo. Se temos que fazer o bem até aos nossos inimigos, que se dirá dos nossos familiares (esposo, filhos...)?
"Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados."
1 Pedro 2:21-24
"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus"
Mateus 5:44