Projeto242Japão Sem fins lucrativos objetivo divulgar a palavra do nosso Senhor Jesus Cristo.
2015/05/16
A MELANCOLIA DE ELIAS
A Melancolia de Elias
E entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte: “Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados.” 1 Reis 19:4
Elias estava apavorado. Apenas alguns dias antes, estava nas nuvens, sentindo-se no topo do mundo. Defendeu sozinho o nome de Yahweh no Monte Carmelo, desafiando os profetas de Baal a provar que o deus deles era capaz de fazer cair fogo do céu. Perante a multidão reunida – realeza, líderes religiosos e o povo comum – Elias demonstrou o poder impressionante do Deus vivo. Aquele foi um dia espetacular para Yahweh e para Elias.
O dia foi encerrado com fogos de artifício adicionais. Depois de Elias ter orado fervorosamente para que a chuva colocasse um fim na terrível seca, o céu escureceu com nuvens carregadas. O vento soprou e trouxe consigo uma chuva pesada. Repleto de energia e muita adrenalina, Elias se vestiu e correu à frente da carruagem do rei Acabe ao longo de todo o caminho até Jezreel.
Tão para cima, e agora tão para baixo. Novamente sozinho, mas dessa vez no deserto de Berseba, ao extremo sul. Correu o máximo que pôde temendo pela própria vida. Jezabel, esposa de Acabe, tomada de raiva pela morte de seus profetas no Monte Carmelo, enviou uma mensagem para Elias, dizendo que seus dias estavam contados. E Elias? Ele, que havia defendido sozinho o nome de Deus no Monte Carmelo, ficou apavorado e correu para se salvar.
Então desejou morrer. Ele orou para que Deus tirasse sua vida. Sentia-se um verdadeiro fracassado.
Você já se sentiu como Elias? Claro! Essa história é a nossa história. Ficamos cansados de fazer coisas boas e perdemos o foco. Concentramo-nos em nós mesmos, passamos a pensar que somos os únicos a fazer o trabalho de Deus, que sem nós nada mais será feito – e com isso ficamos desanimados.
Os baixos sucedem os altos no ritmo da natureza. Quando ficamos envaidecidos com o “sucesso” e sentimos que somos invencíveis, tão certo quanto a noite segue o dia, somos levados ao desânimo.
A melhor parte da história de Elias foi a maneira pela qual o Senhor lhe demonstrou graça num momento de medo e profunda tristeza. Deus lhe proveu alimento e o ajudou a dormir. Em seguida, ampliou-lhe a visão – ele não estava sozinho, ele não era indispensável. Deus estava no controle de tudo. E ainda está.
Deus não atendeu ao pedido que Elias fez tomado por medo e angústia. Elias não morreu – nem naquele dia nem depois!
APARTA-TE DO MAL E FAZE O BEM. BUSQUE A PAZ E SEGUE-A
MAS QUE BELO EXEMPLO!
Duas vizinhas viviam em pé de guerra. A rivalidade era tão séria que nem podiam se encontrar na rua, na igreja ou em qualquer outro lugar, que era briga na certa.Um dia, cansada de tanto ódio, uma delas decidiu tentar fazer as pazes com a outra.
Ao se encontrarem na rua, muito humildemente, disse-lhe:- Vizinha, estamos nessa desavença há tantos anos que já nem me lembro mais os motivos da nossa inimizade. Vamos acabar com isso e viver em paz?
A outra estranhou a atitude da velha rival, e disse que iria pensar no
caso, mas, pelo caminho foi matutando:- Essa serpente não me engana, está querendo me aprontar alguma coisa e eu não vou deixar barato. Vou mandar-lhe um "presente" hoje mesmo.Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presente, cobriu-a com um lindo papel, encheu-a com esterco de vaca e escreveu um bilhetinho:- Este presente é para selar a nossa amizade!
A mulher leu o bilhete, mas não se deixou irritar. Dois meses depois fez a mesma coisa: mandou um presente para sua vizinha. Ao receber a cesta, a vizinha pensou:- É a vingança daquela asquerosa. O que será que ela me aprontou? Mas, qual não foi sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo de belas flores e um cartão com a seguinte mensagem:-
Obrigado pelo excelente adubo que você me enviou. Adubei o meu canteiro com ele e nasceram estas lindas flores. Ofereço-te este ramalhete como prova do meu desejo de acabarmos com a desavença existe entre nós e vivermos em paz uma com a outra.
2015/05/15
QUEM SÃO OS CRENTES SEGUIDOS POR SINAIS, EM MARCOS 16?
QUEM SÃO OS CRENTES SEGUIDOS POR SINAIS, EM MARCOS 16?
Trata de marcos 16, sinais, maravilhas, pegar em serpentes, expulsão de demônios, novas línguas estranhas, imposição de mãos, curas, dons, Espírito Santo, pentecostalismo, carismatismo, renovação.
“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demónios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16:17-18)
Marcos 16:17 e 18 são provavelmente dois dos versos mais controvertidos em toda a Bíblia. Alguns usam esta passagem como uma licença e mesmo um desafio para brincar com serpentes em “cultos de adoração”. Alguns usam estes versos como um mandamento para “cura divina”, “falar em línguas,” e assim por diante. Até agora eu não ouvi falar de ninguém que tenha tentado beber veneno, mas neste contexto de interpretação eu não sei porque não tentaram, e eu não me surpreenderia de ouvir disto.
Existem outras áreas de erro que eu creio que são exatamente tão graves. Uma delas é negar a existência desta passagem nas escritura originais, e a outra é ignorar a pregação e ensino dela, como se ela não estivesse na Bíblia. A passagem está na Bíblia e ela quer dizer alguma coisa. Portanto, é incumbência nossa estudar e aprender a mensagem de Deus nesta passagem.
ÁREAS DE DIFICULDADE E ERRO
Há um grupo ou categoria de pessoas que usa a passagem para apoiar milagres questionáveis. Mas estas pessoas têm reais problemas. Primeiro, a maioria delas escolhe seus próprios milagres mas não se sente obrigada a fazer todos eles. Em segundo lugar, estas pessoas têm o infortúnio de operarem por [inúmeras] tentativas e falhas [só às vezes parecendo que tudo dá certo], o que é totalmente inconsistente com o padrão bíblico básico.
Os ultra-dispensacionalistas (os quais dizem que houve uma mudança de dispensação [em certo ponto do livro de Atos], portanto algumas coisas que os crentes deviam fazer naquele tempo, a mesma categoria de crentes não deve fazê-las agora), também têm um problema básico. O “iluminado e superior” conhecimento ultra-dispensacional deles de modo algum é uma clara revelação a partir da escritura, mas tem de ser estabelecida através de se cortar a escritura em finas fatias. Isto sempre leva a erro.
Em minha opinião, a resposta para o problema, como em todos os casos, é : (a) compreender que a Bíblia tem algo a dizer em cada passagem, (b) lembrar que cada passagem tem que concordar com cada outra passagem quando corretamente interpretadas, (c) deixar a passagem dizer exatamente o que diz, e (d) estudá-la bastante cuidadosa e longamente, à luz de toda a Bíblia, para se conhecer o que ela diz.
REVELAÇÃO CONTEXTUAL
Como usual, o contexto não vai nos deixar perplexos e perdidos, se nós apoiarmos firmemente sobre ele. O verso 20 diz: "E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém." O verso 17 diz que sinais “seguirão” [futuro]. O verso 20 diz, sinais “se seguindo” [particípio presente ativo, também conhecido por gerúndio, contínuo, que evidentemente só tem que se referir ao tempo do ministério dos apóstolos, portanto é corretamente traduzido como passado, “se seguiram”, em todas as Bíblias em português]. Devemos concluir que o verso 20 é um cumprimento do verso 17, mas uma pergunta é então levantada porque o verso 17 diz: "... sinais seguirão aos que crerem," enquanto o verso 20 está se referindo diretamente àqueles aos quais o Senhor falou o verso 19, e não a todos os crentes. Podem eles [só aqueles a cujos ouvidos foram faladas as palavras], então, ser as mesmas pessoas dos “crentes” do verso 17? Eu estou muito seguro que eles são o mesmo povo exatamente e exclusivamente. Em outras palavras, as pessoas do verso 17, que deviam ser seguidas por sinais, não foram todos os recipientes do evangelho, mas aquelas pessoas em particular às quais a mensagem do verso 15 foi endereçada. Uma simples volta atrás para o verso 14 nos ajudará a solidificar isto. Lemos no verso 14: "Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.” Qual foi a ocasião da sua aparição? Ela foi dupla. Primeiro, ele os repreendeu por sua descrença concernente à Sua ressurreição. Suas palavras a Tomé a este respeito foram as seguintes: "... e não sejas incrédulo, mas crente.” (João 20:27). A comissão do verso 15 não foi dada, e os milagres dos versos 17 e 18 não foram prometidos, em relação direta com a fé ordenada do verso 14.
OITENTA E TRÊS HOMENS
Em Marcos10:1-8 e Lucas9:1-6 nós encontramos 12 homens chamados para apóstolos e aos quais foram dado poderes supernaturais (apostólicos). Por favor, leia e entenda. Em Lucas10:1-9 nós encontramos setenta outros homens, a quem foram dados poderes similares. Depois nós encontramos o apóstolo Paulo sendo designado o apóstolo ao gentios e recebendo esses poderes. Isto faz um total de 83 homens. Há boa evidência bíblica, se você se incomodar de estudar através do livro de Atos, de que Matias, Felipe, Estevão, Barnabé e Silas todos eles estavam entre estes aqueles setenta. Você nunca encontrará um único registro de nenhum homem no Novo Testamento fazendo um milagre (exceto Jesus, claro) e aos quais a evidência bíblica os coloca fora destes oitenta e três.
A PALAVRA CRÊ “NO VERSO 17”
Há uma outra área de estudo que lança muita luz sobre a questão, e corrobora a tese acima, e esta área é o significado da palavra crer, neste contexto. Nunca devemos erigir uma doutrina em cima de uma única palavra ou da definição de uma palavra, mas por outro lado, nós temos de não assumir que entendemos um verso da Bíblia, até que conheçamos o significado das palavras no verso, e entendamos aquelas palavras nas suas definições contextuais. A palavra crer em Marcos16:17 é a palavra grega “pisteuo”. O significado da palavra, de acordo com o dicionário grego de Strongs, é o seguinte: “Ter fé (em, sobre ou com respeito a uma pessoa ou coisa), isto é acreditar; confiar (especialmente o bem espiritual a Cristo): -crente, crer, entregar (confiar), por em depósito.” No contexto desta passagem a palavra significa muito mais do que simplesmente ouvir o evangelho e crer nele. Ela se refere àqueles homens cujas vidas foram dedicadas àquele evangelho. Eles o tinham recebido, eles eram dedicados a ele, e agora suas próprias vidas estavam investidas nele, mas, muito mais particularmente, o evangelho estava confiado a eles. Eles foram incumbidos com ele. Para se explicar e dar credibilidade a esta interpretação, deixe-me mostrar-lhe alguns outros locais onde esta palavra grega “pisteuo” é usada, e como ela é traduzida. De cada passagem eu copiarei uma cláusula ou frase e a palavra traduzida a partir de “pisteuo” será identificada por estar em negrito. Tito1:3, "... manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada ..." - Lucas16:11,"Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?” João2:24, "Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia;" - Rom 3:2, "... primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas." - ICor. 9:17, "... apenas uma dispensação me é confiada." - Gal.2:7, "... o evangelho da incircuncisão me estava confiado, ..." ITes. 2:4, "... fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, ...". Cada uma destas palavras negritadas foi traduzida da palavra grega “pisteuo”, idêntica à palavra traduzida crer em Marcos16:17. Estes são apenas alguns exemplos. Muitos mais poderiam ser dados. Será que você não vê quão definitivamente isto aponta para a comissão, dada àqueles homens, de pregar o evangelho? Aponta para [o Salvador] confiar homens o evangelho àqueles [homens]? Você pode também prontamente ver quão mais disto corresponde ao relato da escritura do Novo Testamento, do que à atividade dos “pegadores de serpentes” dos dias de hoje. Eu não estou tentando arrasar ninguém, eu estou simplesmente tentando alcançar e ensinar a verdade da Bíblia. Eu penso que a evidência que vimos nos assegura que os crentes do verso 17 são aqueles a quem Cristo falou no verso 14 e dos quais Cristo falou também no verso 20, e não todos os crentes em geral, como referidos no verso 16.
O PROPÓSITO DOS MILAGRES
De acordo com esta passagem, eles tinham o propósito de confirmar a palavra. Sempre que milagres são realizados no Novo Testamento eles foram feitos com este propósito. Eles nunca foram usados para atrair uma multidão, promover um pregador, ou para nenhum dos propósitos básicos para os quais são usados hoje.Você nunca encontrará os apóstolos anunciando ou fazendo propaganda prévia. Você nunca os achará se referindo aos milagres que já realizaram. De fato, se minha memória ainda me serve bem, nenhum escritor do Novo Testamento registra seus próprios milagres. Estes milagres foram feitos, por Deus, através de suas mãos, para confirmar a palavra. A indicação é que, usualmente, eles não tinham nenhuma intenção prévia de realizar milagres, mas foram inesperadamente guiados por Deus no momento preciso [da soberana vontade de Deus].
Deve também ser notado que cada um dos dons de língua registrados nas Escrituras foi seguido ou acompanhado da pregação da Palavra por um destes [83] homens, aos quais foram definitivamente dados estes dons apostólicos. Tente achar uma exceção no Novo Testamento a estes princípios. Você não a achará em nenhuma área exceto naqueles "prodígios de mentira" realizados pelo anti-cristo e seus cooperadores [2Tes 2:9].
BUSCADORES DE SINAIS
Caro buscador de sinal, eu lhe falo em amor. Estes sinais seguiram os primeiros pregadores da palavra, confirmando a mensagem deles, enquanto a revelação do Novo Testamento estava sendo dada. Quando a perfeita palavra de Deus foi completada, aqueles sinais desapareceram. I Cor. 13:9 e 10. [“Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.”] Se hoje você ainda está procurando sinais, você está desprezando a palavra de Deus, a qual registra que eles já têm provido uma confirmação perfeitamente suficiente. A fé vem pelo ouvir e ouvir pela palavra de Deus (Rom.10:17). A fé que tem que derivar de algo mais do que aquela palavra, não pode ser fé salvadora. Leia muito cuidadosamente Luc16:24-31. [o verso 31 diz “Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.”]. Que Deus o abençoe. Amém
Por Forrest Keener
O que é uma cosmovisão?
O que é uma cosmovisão?
Toda pessoa carrega em sua cabeça um modelo mental do mundo – uma representação subjetiva da realidade externa. Alvin Tofler
Em busca de uma definição
O fato de o termo cosmovisão ser usado em muitas áreas, desde as ciências naturais à filosofia e à teologia[i], torna a sua definição um trabalho espinhoso. Entretanto, para os propósitos deste livro, vamos nos ater às definições utilizadas dentro da perspectiva teológica cristã.
Cosmovisão[ii] é uma tradução da palavra alemã weltanschauung, que significa “modo de olhar o mundo” (welt – mundo, schauen – olhar), ponto de vista ou concepção de mundo. De acordo com Albert Wolters, este termo tem a vantagem de ser claramente distinto de “filosofia” (ao menos no uso alemão) e de ser menos enfadonho do que a frase “visão do mundo e da vida”[iii]. Em poucas palavras, é um conjunto de suposições e crenças que utilizamos para interpretar e formar opiniões acerca da nossa humanidade, propósito de vida, deveres no mundo, responsabilidades para com a família, interpretação da verdade e questões sociais. É como um mapa mental que nos diz como navegar de modo eficaz no mundo[iv].
Norman Geisler[v] nos dá outra representação, em que a cosmovisão é semelhante a uma lente intelectual através da qual enxerga-se o mundo. Se alguém olha através de uma lente vermelha, o mundo lhe parece vermelho. Se outro indivíduo olha através de uma lente azul, o mundo lhe parece azul.
No livro Dando Nome ao Elefante[vi] James Sire faz uma pesquisa profunda sobre o significado do termo. Inicialmente, ele apresente os conceitos usados por vários pensadores cristãos, do passado e do presente:
James Orr – “É a visão mais ampla que a mente pode ter das coisas num esforço de compreendê-las como um todo, do ponto de vista de alguma filosofia ou teologia em particular”.
Abraham Kuyper – “Sistema de vida abrangente”. Toda cosmovisão, sustenta Kuyper, deve tratar de “três relações fundamentais de toda a existência humana: a saber, nossa relação com Deus, com o homem e com o mundo”.
James Olthuis – “É uma estrutura ou conjunto de crenças fundamentais pelas quais vemos o mundo e nosso chamado e futuro nele. Essa visão não precisa ser totalmente articulada: ela pode estar tão internalizada que passa muito tempo sem ser questionada; pode não estar explicitamente desenvolvida na forma de uma concepção sistemática da vida; pode não estar teoricamente aprofundada na forma de uma filosofia; tampouco pode estar codificada na forma de uma credo; pode ter sido bastante refinada por um desenvolvimento histórico e cultural. Não obstante, a visão é um canal para as crenças últimas que conferem significado e direção à vida. É a estrutura integrativa pela qual a ordem e a desordem são julgadas; é o padrão pelo qual se administra e se busca a realidade; é o conjunto de dobradiças pelas quais todos os nossos pensamentos e afazeres diários giram”.
Albert M. Wolters – “Cosmovisão é a estrutura abrangente das crenças básicas de uma pessoa sobre as coisas”.
Ronald Nash – “Conjunto de crenças mais importantes da vida… [é] um esquema conceitual pelo qual, consciente ou inconscientemente, aplicamos ou adequamos todas as coisas em que cremos, e interpretamos e julgamos a realidade”.
John H. Kok – “Cosmovisão pode muito bem ser definida como a estrutura abrangente das crenças básicas de uma pessoa sobre as coisas, mas nosso discurso (crenças reconhecidas ou reinvindicações cognitivas) é uma coisa e nossa conduta (crenças na prática) é outra, e muito mais importante. A cosmovisão vivida define as convicções básicas de uma pessoa; define aquilo pelo qual a pessoa está pronta a viver e morrer”.
David Naugle – “Cosmovisão na perspectiva cristã implica que os seres humanos são imagem e semelhança de Deus e estão ancorados e integrados no coração como a esfera subjetiva da consciência que é decisiva para moldar uma visão de vida e cumprir aquela função tipicamente atribuída à noção de weltanschauung”.
Depois de analisar as definições desses autores, James Sire apresenta aquilo que ele chama de sua definição refinada:
“(…) cosmovisão é um comprometimento, uma orientação fundamental do coração, que pode ser expressa como uma história ou um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem ser total ou parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas), que detemos (consciente ou subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a constituição básica da realidade e que fornece o alicerce sobre o qual vivemos, nos movemos e existimos.”[vii]
Em seu outro livro, O universo ao lado[viii], Sire explica cada parte do seu conceito:
Cosmovisão como comprometimento: uma cosmovisão envolve a mente; porém, é, acima de tudo, um compromisso, uma questão de alma. É uma orientação espiritual mais que uma questão de mente apenas. De acordo com Sire, a partir da ideia de Naugle, cosmovisões são, na verdade, uma questão de coração. O conceito bíblico de coração inclui: sabedoria (Pv. 2.10), de emoção (Ex 4.14; Jo 14.1), desejo e vontade (ICrs 29.18), espiritualidade (At. 8.21) e intelecto (Rm 1.21).
Expressa como uma história ou um conjunto de pressuposições: Nesse ponto, Sire destaca que uma cosmovisão não é necessariamente um conjunto de pressuposições, mas pode ser expressa dessa maneira. Quando refletimos a respeito de onde viemos ou para onde vamos, a nossa cosmovisão se expressa por meio de uma história. Pode ser uma história contada a partir do ponto de vista naturalista, que se inicia no Big Bang, ou a partir da visão cristã, na qual o nascimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo constituem o fundamento central.
Pressuposições que sejam verdadeiras (total ou parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas), conscientes (ou subconscientemente) e consistentes (ou inconsistentemente): De acordo com Sire, “as pressuposições que expressam o comprometimento da pessoa pode ser plena ou parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas”. Significa dizer que a pessoa pode desenvolver pressuposições que não sejam verdadeiras, mesmo que não se conta disso. Em um mundo que não aceita a existência de uma verdade absoluta, o papel da apologética cristã é exatamente apontar as incoerências da cosmovisões não cristãs. Além disso, as pressuposições podem ser conscientes ou inconscientes, consistentes ou inconsistentes.
O alicerce sobre o qual vivemos, nos movemos e existimos. Em geral, assegura Sire, “nossa cosmovisão repousa tão profundamente entremeada em nosso subconsciente que, a não ser que tenhamos refletido longa e arduamente, não temos consciência do que ela é”.
Conforme explica Nancy Pearcey, “cosmovisão não é um conceito acadêmico e abstrato. O termo descreve nossa procura por respostas às questões intensamente pessoais com as quais temos de lutar – o clamor do coração humano na busca de propósito, significado e uma verdade grande o bastante pela qual viver. Ninguém pode viver sem um senso de propósito e direção, um senso de que a vida tem significação como parte da história cósmica”[ix].
Por essa razão, Schaeffer diz que todas as pessoas têm seus pressupostos, e elas vão viver do modo mais coerente possível com estes pressupostos, mais até do que elas mesmas possam se dar conta[x].
As consequências práticas de uma cosmovisão
É exatamente a cosmovisão básica de uma pessoa que vai norteá-la ante as decisões mais importantes da sua vida. Quando o casamento vai mal, qual a decisão a ser tomada? A infidelidade é normal? Como deve ser encarada a questão do aborto e do homossexualismo? Qual a forma de proceder no trabalho? Como educar os filhos? Como encarar a violência? Quais os princípios que devem nortear a economia, a educação e o Direito?
Frente a tais situações práticas, as pessoas tomam suas decisões baseado naquilo que compreendem como sendo verdadeiro ou falso; certo ou errado. A cosmovisão que possuímos norteia nossas decisões e atitudes, e funciona como um guia, dando-nos senso de direção acerca da forma como devemos agir.
Como escreve George Barna, “sempre que tomamos uma decisão, inconscientemente a passamos por um filtro mental e emocional que nos permite decidir de acordo com o que entendemos ser verdadeiro, relevante e conveniente. Esse filtro é o resultado de como organizamos as informações de modo a dar sentido ao mundo em que vivemos”[xi].
Nesse mesmo sentido, Guilherme de Carvalho escreve que a cosmovisão de um indivíduo ou comunidade pode ser comparada à raiz de uma árvore:
“Crenças (pressupostos) vão gerar valores (tronco). Estes valores, por sua vez, determinam o comportamento (galhos) dos indivíduos, que vão originar as consequências (frutos). A premissa “ideias trazem consequências” é fundamental neste sentido. Os corações e mentes dos indivíduos são guiados consciente ou inconscientemente por um sistema de ideias, que vai se refletir nos seus valores, comportamentos e nas consequências oriundas destes padrões. A cosmovisão e os valores que temos é que vão determinar a nossa história, e não o contrário. Muitas vezes, tem-se tentado solucionar os problemas apenas ao nível das consequências, ou seja, atuando nos “frutos” da árvore. Arrancamos o fruto, mas ele volta a nascer e crescer, porque a raiz não foi transformada”[xii].
CONSEQUÊNCIAS
(frutos)
COMPORTAMENTO
(galhos)
VALORES
(tronco)
CRENÇAS
(raiz)
Princípio Religioso
(Terreno)
Logo, se nossas cosmovisões influenciam diretamente nossas vidas e reações diante da sociedade, é particularmente importante para nós conhecer aquilo em que cremos e por quê. Norman Geisler propõe que pensemos nas consequências históricas que advêm direta e logicamente das crenças e convicções. Ele lembra o exemplo de Adolf Hitler, que apelou para o povo de seu país a fim de obter apoio para avançar na realização prática de sua visão naturalista:
“O mais forte deve dominar, não se igualar ao mais fraco, o que significaria o sacrifício de sua própria natureza humana. Somente o indivíduo que é fraco de nascimento pode entender este princípio como cruel. E, se faz isso, é meramente porque é de natureza mais fraca e de mente mais obtusa, pois se essa lei não direcionasse o processo de evolução, o desenvolvimento superior da vida orgânica não seria concebível de forma alguma […] Se a natureza não deseja que os indivíduos mais fracos se igualem aos mais fortes, deseja ainda menos que uma raça superior se misture com uma inferior, porque nesse caso todos os seus esforços, ao longo de centenas de milhares de anos, para estabelecer um estágio evolutivo mais alto do ser, podem-se traduzir em inutilidade”[Mein kampf, p. 161-2][xiii].
As nefastas ideias de Hitler sobre a superioridade da raça ariana e as suas teses racistas e anti-semitas foram responsáveis pelo genocídio de milhares de pessoas, desencadeando, inclusive, a 2ª Guerra Mundial. Percebam que Hitler acabou aplicando os conceitos teóricos de sua cosmovisão naturalista de seleção natural à raça humana. Uma das provas disso foi Auschwitz, campo de concentração e símbolo do holocausto provocado pelo nazismo.
Normais Geisler escreve ainda que “as convicções fortes de homens como Hitler e Mengele mostram que a maneira de ver o mundo (cosmovisão) pode mudar a face deste mundo”, por isso entender o que as diferentes cosmovisões ensinam e as consequências lógicas de cada uma é crucial[xiv].
Elementos de uma cosmovisão
Não é qualquer forma de pensamento que pode ser considerado como uma cosmovisão. Uma visão de mundo deve necessariamente responder às questões básicas do ser humano, especialmente aquelas que dizem respeito aos pontos principais da própria vida, tais como:
De onde viemos?
O que é o ser humano?
O que acontece quando morremos?
Como é possível conhecer alguma coisa?
Como sabemos o que é certo ou errado?
Qual o significado da vida?
Por essa razão, o filósofo cristão Ronald Nash diz que as cosmovisões contêm pelo menos cinco grupos de crenças ou elementos fundamentais:Deus, Metafísica, Epistemologia, Ética e Natureza humana.
Deus – O elemento crucial de qualquer cosmovisão, escreve Nash, é o que ela diz sobre Deus. As diferentes concepções sobre a figura do divino marcam a distinção entre as principais visões de mundo, na medida em que respondem a questões do tipo: Deus existe? Qual sua natureza? Há mais de um Deus? Ele é um ser pessoal? Ou apenas um poder impessoal?
Metafísica – Nesse ponto, Ronald Nash destaca que uma cosmovisão também inclui respostas a questões sobre a Realidade última, como: Qual a relação entre Deus e o universo? Um Deus pessoal e onipotente criou o universo? A existência do universo é eterno? Há um propósito no universo?
Epistemologia – Este elemento diz respeito ao próprio conhecimento. É possível saber, entender e conhecer? Existe verdade? A verdade é absoluta ou relativa? O conhecimento sobre Deus é possível?
Ética – De acordo com Nash, a maioria das pessoas é mais consciente dos componentes éticos de sua cosmovisão do que de suas crenças sobre metafísica e epistemologia, pois “nós fazemos julgamentos morais sobre a conduta dos indivíduos (nós mesmos e outros) e sobre nações”. Portanto, o elemento busca responder indagações sobre a moralidade: Há leis morais que governam a conduta humana? Quais são elas? A moralidade é totalmente subjetiva, ou há uma dimensão objetiva para as leis morais que significa que sua verdade é independente de nossas preferências e desejos? A moralidade é relativa aos indivíduos, culturas ou períodos históricos?
Antropologia – Toda cosmovisão inclui também crenças sobre a própria natureza do ser humano. O ser humano é apenas corpo ou materialidade, ou tem uma dimensão espiritual? Qual sua origem? Existe vida após a morte? A vida tem um propósito?
Elemento
Objeto
Perguntas fundamentais
Teológico
Existência de Deus e sua natureza Deus existe? Qual sua natureza? Há mais de um Deus? Ele é um ser pessoal? Ou apenas um poder impessoal?
Metafísico
Realidade última Qual a relação entre Deus e o universo? Um Deus pessoal e onipotente criou o universo? A existência do universo é eterno? Há um propósito no universo?
Epistemológico
Conhecimento É possível saber, entender e conhecer? Existe verdade? A verdade é absoluta ou relativa? O conhecimento sobre Deus é possível?
Ético
Moralidade Há leis morais que governam a conduta humana? Quais são elas? A moralidade é totalmente subjetiva, ou há uma dimensão objetiva para as leis morais que significa que sua verdade é independente de nossas preferências e desejos? A moralidade é relativa aos indivíduos, culturas ou períodos históricos?
Antropológico
Natureza humana O ser humano é apenas corpo ou materialidade, ou tem uma dimensão espiritual? Qual sua origem? Existe vida após a morte? A vida tem um propósito?
As principais cosmovisões
Os nomes e a quantidade de cosmovisões podem variar de um autor para outro, a depender da tipologia adotada. De acordo com Norman Geisler, existem sete visões de mundo diferentes: ateísmo, teísmo, panteísmo, deísmo, politeísmo etc. Ele sintetiza os ensinamentos das três principais cosmovisões da seguinte forma[xv]:
ATEÍSMO
DEUS – Não existe. Existe somente o universo.
UNIVERSO – É eterno; ou casualmente veio a ser.
HUMANIDADE (origem) – Evoluímos, somos compostos de moléculas e não somos imortais.
HUMANIDADE (destino) – Não temos nenhum destino eterno e seremos aniquilados.
MAL (origem) – É real, causado pela ignorância humana.
MAL (destino) – pode ser derrotado pelo homem por meio da educação.
ÉTICA (base) – É criada pela humanidade e fundamentada na própria humanidade.
ÉTICA (natureza) – É relativa, determinada pela situação.
PANTEÍSMO
DEUS – É um, infinito, normalmente impessoal; ele é o universo.
UNIVERSO – É uma ilusão, uma manifestação de Deus, o único que é real.
HUMANIDADE (origem) – O verdadeiro eu (atmã) do homem é Deus (Brahman).
HUMANIDADE (destino) – Nosso destino é determinado pelos ciclos da vida, o carma.
MAL (origem) – É uma ilusão causada pelos erros da mente.
MAL (destino) – Será reabsorvido por Deus.
ÉTICA (base) – Os princípios éticos se baseiam em manifestações inferiores de Deus.
ÉTICA (natureza) – Os princípios éticos são relativos, transcendem a ilusão do bem e do mal.
TEÍSMO
DEUS – É um só, pessoal, moral, infinito em todos os seus atributos.
UNIVERSO – É finito, criado pelo Deus infinito.
HUMANIDADE (origem) – Somos imortais, criados e sustentados por Deus.
HUMANIDADE (destino) – Por escolha seremos eternamente separados de Deus ou viveremos eternamente com ele.
MAL (origem) – É a privação ou imperfeição causada pela escolha.
MAL (destino) – Será finalmente derrotado por Deus.
ÉTICA (base) – Os princípios éticos se baseiam na natureza de Deus.
ÉTICA (natureza) – Os princípios éticos são absolutos, objetivos e prescritivos.
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2015/05/14
2015/05/13
Quais eram os aguilhões com os quais Jesus estava cutucando Saulo de Tarso? - John Stott
A conversão de Saulo de Tarso é a mais celebrada em toda a história da Igreja cristã. Algumas pessoas, no entanto, se sentem perturbadas com ela. "Eu não tive uma experiência repentina na estrada de Damasco", dizem. Mas considere. A conversão de Saulo não foi repentina. Isso surpreende? É claro, é verdade que de repente uma luz brilhou no céu, ele caiu no chão e Jesus falou com ele. Mas essa intervenção imprevista não foi, de modo algum, a primeira vez em que Jesus falou com ele. Ao contrario, foi o ápice de um longo processo. Como sabemos isso? Deixe-me citar Atos 26.14: "Todos caímos por terra. Então ouvi uma voz que dizia em aramaico: 'Saulo, Saulo, porque você está me perseguindo? Resistir ao aguilhão só lhe trará dor!'"
A palavra grega kentron poderia ser traduzida como "espora", "chicote" ou "aguilhão". Muito frequentemente, no grego clássico, a partir de Ésquilo, ela foi usada num sentido metafórico. Do mesmo modo, no livro de Provérbios, lemos:
"O chicote é para o cavalo, o freio, para o jumento, e a vara, para as costas do tolo!" (26.3)
Ao falar com Saulo, Jesus estava se comparando a um fazendeiro incitando um boi recalcitrante ou a um treinador de cavalos domando um potro selvagem. A implicação é clara. Jesus estava perseguindo, cutucando e espetando Saulo. Mas ele estava resistindo à pressão, e era difícil, doloroso e até mesmo fútil para ele resistir aos aguilhões.
Isso nos leva a uma pergunta natural. Quais eram os aguilhões com os quais Jesus Cristo estava cutucando Saulo de Tarso? Embora isso não nos tenha sido dito especificamente, podemos observar algumas evidencias a partir do livro de Atos e de menções autobiográficas nas cartas do apóstolo.
1. Jesus estava cutucando Saulo em sua mente. Saulo havia sido educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel, provavelmente o professor judeus mais celebrado em todo século da era cristã. Assim, teologicamente, Saulo tinha um ótimo conhecimento do judaísmo e, moralmente, era zeloso da Lei. De sã consciência naqueles dias, ele estava convencido de que Jesus de Nazaré não era o Messias. Para ele, era inconcebível que o Messias judeu pudesse ser rejeitado por seu próprio povo e então morrer, aparentemente debaixo da maldição de Deus, uma vez que estava escrito na Lei: "qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus" (Dt 21.23). Não, não. Jesus deve ser um impostor. Desse modo, Saulo via como parte de sua tarefa opor-se a Jesus de Nazaré e perseguir seus seguidores. Essa era a sua convicção. Inconscientemente, no entanto, sua mente estava cheia de dúvidas por causa dos rumores que circulavam acerca de Jesus: a beleza e a autoridade de seu ensino; a humildade e a mansidão de seu caráter; seu serviço compassivo pelos pobres; seus feitos poderosos de cura; e, em especial, o rumor persistente de que sua morte não havia sido o fim, pois algumas pessoas diziam que o haviam visto e tocado, e conversado com ele após sua morte. A mente de Saulo estava em desordem.
2. Jesus estava cutucando Saulo em sua memória. Ele evidentemente estivera presente no julgamento, diante do sinédrio, de um líder cristão chamado Estevão, a quem Lucas descreveu "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (At 6.5). Isso, então, não era rumor ou boato, pois Saulo vira com seus próprios olhos a face de Estevão brilhando como a face de um anjo (Atos 6.15). Ele ouvira com seus próprios ouvidos a defesa de Estevão, ao final da qual ele afirmara ver a glória de Deus e "o Filho do homem em pé, à direita de Deus" (At 7.55,56). E, quando arrastaram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até a morte, colocam suas vestes aos pés de Saulo. Lucas continua sua descrição: "Enquanto apedrejavam Estevão, este orava: 'Senhor, não os considere culpados deste pecado'. E, tendo dito isso, adormeceu" (At 7.59,60).
Saulo deve ter dito para si mesmo: "Há algo inexplicável a respeito desses cristãos. Eles estão convencidos de que Jesus de Nazaré é o Messias e têm a coragem de suas convicções; estão preparados para morrer por elas". Jesus estava cutucando a memória de Saulo. Ele não conseguia tirar Estevão da mente.
3. Jesus estava cutucando Saulo em sua consciência. Saulo era um homem extremamente piedoso, como todos os fariseus eram. Vivia uma vida irrepreensível e tinha uma reputação sem mancha. Assim como escreveu em suas cartas, no que diz respeito à justiça da Lei, ele era irrepreensível (Fp 3.6). No entanto, a piedade perfeita que ele dizia ter era uma conformidade puramente externa às exigências da Lei. Exteriormente ele havia obedecido aos preceitos e às proibições da Lei. Interiormente, no entanto, em sua consciência, ele sabia que era pecador. Ele podia ter dito como C. S. Lewis escreveu mais tarde: "Pela primeira vez examinei a mim mesmo com um propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou: um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados. Meu nome era legião".
No caso de Saulo, o último dos Dez Mandamentos o condenava. Ele poderia lidar bem com os primeiros nove porque eles tinha a ver somente com suas palavras e obras. Mas o décimo proibia a cobiça. E a cobiça não é nem uma obra nem uma palavra, mas um desejo, uma luxúria insaciável. Então, quando se deparou com aquele mandamento, ele escreveu com dramática imaginação em Romanos 7 que a cobiça o matou.
"Eu não sabia o que é pecado, a não ser por meio da Lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é a cobiça, se a Lei não dissesse: 'Não cobiçarás'. Mas o pecado... produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso... Antes eu vivia sem a Lei, mas quando o mandamento veio, o pecado reviveu, e eu morri" (Rm 7.7-9).
4. Jesus estava cutucando Saulo em seu espírito. Eu uso a palavra espírito em referência àquela parte de nossa composição humana que é ciente da realidade transcendente de Deus. Como um judeu, Paulo havia crido em Deus, é claro, desde a infância. Havia buscado servir a Deus na juventude com uma consciência limpa, e ainda assim, sabia que estava separado do Deus em quem cria. Ele acreditava nele, mas não o conhecia. Estava alienado de Deus. Ele assim o declarou, no texto que acabei de citar: "quando o mandamento veio... eu morri". Mais adiante ele diz que estava "morto em suas transgressões e pecados" (Ef 2.1), estranho ao Deus doador da vida.
Estes, eu sugiro, eram os aguilhões com os quais Jesus estava ferindo Saulo de Tarso e aos quais ele estava resistindo, e com os quais acabava por ferir a si mesmo. Jesus o afligia em sua mente, enchendo-o de dúvidas sobre se ele era um impostor ou não. Ele o afligia em sua memória, fazendo-o lembrar-se da face, das palavras, da dignidade e da morte de Estevão. Ele o afligia em sua consciência, condenando-o por seus desejos maus. Ele o afligia em seu espírito, naquele imenso vácuo de alienação. Desse modo, durante anos Jesus cutucou e picou Saulo, com o objetivo único de curá-lo. E todo o fanatismo com o qual Saulo estava perseguindo a Cristo, ao perseguir a Igreja, traía sua inquietação interior. Assim, o episódio da estrada de Damasco, quando Jesus lhe apareceu, foi o clímax inesperado de um processo gradual. Saulo finalmente entregou-se àquele contra quem estava lutando e de quem estava fugindo havia muito tempo.
"Viver a vida aparte de Deus é fútil" ou "Um comentário sobre Eclesiastes 12.13"
"Viver a vida aparte de Deus é fútil" ou "Um comentário sobre Eclesiastes 12.13"
Por John MacArthur
O livro de Eclesiastes é muito mal compreendido. É um livro difícil de ler, simplesmente porque é difícil de entender. Tudo nele parece errado e como se não se encaixasse com o resto das Escrituras. Mas é parte da literatura de sabedoria do Antigo Testamento, porque é uma demonstração da sabedoria humana. Eclesiastes nos diz como o homem percebe seu mundo, de Deus e das realidades da vida. A maioria dos estudiosos acredita que Eclesiastes foi escrito por Salomão. Eles debatem se ele escreveu antes de ser um verdadeiro crente ou depois. Ele pode ter escrito isso em retrospectiva, ou ele pode ter escrito isso um dia antes de ele ter uma compreensão completa da verdade de mudança de vida de Deus.
Eclesiastes é um livro fascinante porque revela a insensatez, inutilidade, falta de sentido, e a frustração da sabedoria humana - o que Tiago chama de "terrena, natural e diabólica" (Tiago 3.15). Em Eclesiastes 1.16, Salomão diz para si mesmo: "Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém". Esse versículo mostra-me que quando Deus inicialmente deu a Salomão sabedoria, Ele deu a ele em um nível humano. Ele deu a Salomão sabedoria para tomar decisões e julgamentos de sucesso como rei. Mas, embora a sabedoria divina estivesse disponível para ele, eu acredito que Salomão optou pela sabedoria humana, a maior parte de sua vida. E que a sabedoria nunca foi capaz de responder às suas perguntas finais.
A soma de perspectiva de Salomão sobre a sabedoria humana está em Eclesiastes 4.2: "Por isso eu louvei os que já morreram, mais do que os que vivem ainda. E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é." Isso é um desejo de morte e é o fim lógico da futilidade da sabedoria mundana.
Felizmente, Salomão acabou por abraçar a verdadeira sabedoria. No final do seu livro, ele disse: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem." (12:13). O que então pode satisfazer o seu coração e fazer valer a pena viver a vida? A sabedoria de Deus.
Sugestões para Oração:
Peça a Deus para ajudá-lo a seguir seus caminhos para uma vida abençoada e plena.
Para Estudo Adicional:
Leia Provérbios 3.13-26 , observando como os benefícios da verdadeira sabedoria está em contraste com o que Salomão experimentou.
O livro de Eclesiastes é muito mal compreendido. É um livro difícil de ler, simplesmente porque é difícil de entender. Tudo nele parece errado e como se não se encaixasse com o resto das Escrituras. Mas é parte da literatura de sabedoria do Antigo Testamento, porque é uma demonstração da sabedoria humana. Eclesiastes nos diz como o homem percebe seu mundo, de Deus e das realidades da vida. A maioria dos estudiosos acredita que Eclesiastes foi escrito por Salomão. Eles debatem se ele escreveu antes de ser um verdadeiro crente ou depois. Ele pode ter escrito isso em retrospectiva, ou ele pode ter escrito isso um dia antes de ele ter uma compreensão completa da verdade de mudança de vida de Deus.
Eclesiastes é um livro fascinante porque revela a insensatez, inutilidade, falta de sentido, e a frustração da sabedoria humana - o que Tiago chama de "terrena, natural e diabólica" (Tiago 3.15). Em Eclesiastes 1.16, Salomão diz para si mesmo: "Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém". Esse versículo mostra-me que quando Deus inicialmente deu a Salomão sabedoria, Ele deu a ele em um nível humano. Ele deu a Salomão sabedoria para tomar decisões e julgamentos de sucesso como rei. Mas, embora a sabedoria divina estivesse disponível para ele, eu acredito que Salomão optou pela sabedoria humana, a maior parte de sua vida. E que a sabedoria nunca foi capaz de responder às suas perguntas finais.
A soma de perspectiva de Salomão sobre a sabedoria humana está em Eclesiastes 4.2: "Por isso eu louvei os que já morreram, mais do que os que vivem ainda. E melhor que uns e outros é aquele que ainda não é." Isso é um desejo de morte e é o fim lógico da futilidade da sabedoria mundana.
Felizmente, Salomão acabou por abraçar a verdadeira sabedoria. No final do seu livro, ele disse: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem." (12:13). O que então pode satisfazer o seu coração e fazer valer a pena viver a vida? A sabedoria de Deus.
Sugestões para Oração:
Peça a Deus para ajudá-lo a seguir seus caminhos para uma vida abençoada e plena.
Para Estudo Adicional:
Leia Provérbios 3.13-26 , observando como os benefícios da verdadeira sabedoria está em contraste com o que Salomão experimentou.
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