2015/04/11

A Bíblia contra “ideia dos crentes”

 A Bíblia contra “ideia dos crentes”
Um dos grandes identificadores dos evangélicos, ou do “povo crente”, como dizem alguns, é a sua apreciação pela Bíblia. Houve até mesmo época quando os conhecidos crentes eram chamados de “bíblias”. No entanto, apesar da tradição que vincula os evangélicos à Bíblia, será que essa realidade é verificável? Surpreendentemente, parece que grande parte da tradição evangélica nada tem a ver com o estudo sério das Escrituras.
Muitas ideias e práticas sagradas e supostamente bíblicas têm outras origens: a cultura norte-americana, brasileira, europeia, africana etc. Certa ocasião, fiquei atônito quando tentei compartilhar o Evangelho com um homem numa viagem de ônibus. Ele, ao perceber minha linha de pensamento, perguntou: “Você é crente?”. E prosseguiu: “Mas é crente mesmo?”. Confuso, respondi: “Sim”. E, mais do que depressa, ele disse, com firmeza: “Você bebe café?”. Sem entender, respondi afirmativamente, e, então, esboçando largo sorriso, o homem reverberou: “Então não é! Porque o crente que é crente mesmo, nem café bebe!” Perplexo, fiquei a pensar que tipo de Evangelho se divulga em nossos dias! O cristianismo de alguém é avaliado pelo café ingerido?!
Durante muito tempo envolvido com a área da literatura, principalmente a teológica e acadêmica, posso atestar que o tipo de livro menos procurado pelo mercado evangélico chama-se “comentário bíblico”. Apesar de termos cerca de meio milhão de pastores e líderes no Brasil, parece que a maioria deles não entende que o estudo aprofundado da Bíblia é tarefa urgente e indispensável.
Esse distanciamento das Escrituras, presente no meio evangélico, tem facilitado o surgimento de outras tradições, marcadas por ideias e costumes que levam a comunidade para uma outra direção, para longe de uma teologia fundamentada na Bíblia.
Infelizmente – é verdade –, há muita “ideia de crente” que é contra a Palavra de Deus. Não faz tanto tempo assim, numa comunidade cristã ouvi uma multidão aplaudir a seguinte frase enfatizada por um de seus líderes: “Deus precisa de você”. O discurso prosseguiu sugerindo que Deus nada poderia fazer sem a atuação humana. Que tipo de Deus é esse? Pode ser de algum grupo evangélico! Mas não é bíblico! Afinal, como lemos em Atos 10.25 e 26, Deus, por definição, não precisa de nada: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas”.
Em muitos cultos evangélicos é comum ouvir o povo agradecer a Deus por estar reunido na “casa do Senhor”. A ideia particular dos crentes até existe nas Escrituras, só que não no cristianismo do Novo Testamento. Havia um tabernáculo e um templo no Antigo Testamento. Mas Jesus mudou o enfoque, afirmando que Deus não está restrito a templos. A verdade é que Deus não habita no prédio da igreja! Em João 4, a mulher samaritana queria saber se Deus dava prioridade a Jerusalém ou a Samaria como “casa de Deus”. Jesus deixa claro que a adoração deve ser em espírito e em verdade (Jo 4.23). O Novo Testamento, ao contrário dos crentes, ensina que a casa de Deus somos nós, onde o Espírito Santo habita. Em 1 Pedro 2.5 descobrimos que somos “as pedras vivas” e “a casa espiritual”.
Outra tradição evangélica, que assusta até descrentes, é que para Deus “não há pecadinho nem pecadão”. Todos os pecados são iguais para Deus! É possível imaginar que um canibal e um pedófilo assassino sejam equiparados a quem não ora sem cessar (1Ts 5.17)? É absurdo! É provável que a má interpretação tenha surgido de Tiago 2.10, que afirma que “quem tropeça num só ponto da lei é culpado de todos”. Na verdade, o texto apenas nos mostra que apenas um pecado é suficiente para nos deixar numa condição de pecadores perante Deus. Como Deus é santo, um simples pecado nos classifica como condenáveis. No entanto, isso não quer dizer que todos os pecados são iguais. Em João 19.11, Jesus diz a Pilatos que aquele que o havia entregado a Pilatos tinha “maior pecado”. O texto é explícito! A própria Bíblia faz diferença entre pecado e abominação (algo detestável, repugnante), como vemos em Levítico 18.22.
ERROS “INOFENSIVOS”
No quadro de avisos de alguns templos evangélicos não é difícil encontrar a seguinte frase: “Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder”. Apesar do impacto do refrão, devemos perguntar: “Onde vemos isso na Bíblia”? Poderíamos fazer um gráfico estatístico e matemático da oração e estabelecer sua performance? É irônico. Jonas, o profeta que foi usado para trazer o despertamento de Nínive, aparentemente não fez nenhuma oração! Deus é soberano! Ele faz como quer. Certamente, muitos irão dizer que nosso padrão deve ser Elias. Jonas é exceção! Voltemos à Bíblia. Desde quando as orações de Elias funcionaram pela quantidade? Jesus criticou a repetição de orações (Mt 6.7), e em Tiago 5, onde Elias é mencionado, sua oração não é “muita”, mas fervorosa (v. 17). O texto enfatiza que a oração que funciona é a de um “justo” (v. 16), e isso não tem a ver com “quantidade”.
Estes são apenas alguns exemplos de tradições evangélicas não fundamentadas nas Escrituras. O problema é que esses erros “inofensivos” acabam nos afastando do que importa e nos levando a perder tempo com coisas desnecessárias e secundárias. Temos a doutrina do sábado, da gravata, do paletó, da unção etc. Corremos o risco de criarmos tradições humanas que tomam o lugar da Palavra de Deus (Mc 7.9). Hoje, quando se fala em cristão evangélico, imaginamos que se trata de uma pessoa sem vícios, que não bebe, não fuma, não dança, não joga etc. Ora, ninguém precisa ser cristão para viver assim. Há ateus que não fumam nem bebem. Isso não é questão de espiritualidade, mas sim de inteligência! Estamos criando uma caricatura do Evangelho. Ao contrário, Deus deseja pessoas salvas por Cristo, misericordiosas, justas, incorruptíveis, dispostas a perdoar e capazes de amar.
Parece que os profetas enfrentaram algo semelhante em sua época. Ainda hoje, as santas palavras de Miquéias ecoam bem alto: “Com que eu poderia comparecer diante do Senhor e curvar-me perante o Deus exaltado? Deveria oferecer holocaustos de bezerros de um ano? Ficaria o Senhor satisfeito com milhares de carneiros, com dez mil ribeiros de azeite? Devo oferecer o meu filho mais velho por causa da minha transgressão, o fruto do meu corpo por causa do pecado que eu cometi? Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Mq 6.6-8–NVI).

Pr. Luiz Sayão:

Sofrimento no casamento cristão

Casamento pode ser doloroso – e o casamento cristão não é uma exceção. Quando dois pecadores estão em um relacionamento íntimo como o casamento, haverá muita coisa que poderá causar mágoa. Nossa carne irá se recusar a atender as demandas do auto sacrifício, serviço e humilhação, o que afeta uns aos outros para o mal. Haverá pecados, feridas agravadas, machucados. A dimensão irá variar em cada relacionamento. Alguns serão mais desafiadores que outros, mas todo casamento cristão experimenta alguma sorte de sofrimento.

Entretanto, isso não é completamente negativo (claro, nós não estamos nos referindo a relacionamentos abusivos). Se estamos puramente visando a alegria e a felicidade conjugal em nossos casamentos, então qualquer conflito, luta ou dor que acontecer será devastador. Mas esse não é nosso objetivo final no casamento cristão. Obviamente, oro por todos os casais jovens para que o casamento deles seja cheio de alegrias, e igualmente lamento por aqueles casais que não estão experimentando alegria, pois isso pode ser um fardo pesado para se carregar. Felicidade é bom, mas nenhum casamento cristão irá experimentar alegria ininterrupta. Claro, nós devemos buscar alegria, mas temos um objetivo maior em vista. Assim como em tudo em nossa vida, o grande objetivo de nosso casamento é a glória de Deus (1 Coríntios 10.31).
Essa verdade deve ser um conforto para os casamentos cristãos machucados, pois sabemos que, às vezes, a dor é a estrada pela qual deveremos viajar para alcançar o fim desejado (1 Pedro 4.13). Isso não tora, necessariamente, o sofrimento algo mais prazeroso, mas o torna mais suportável.


É de grande ajuda lembrar que o Senhor escolheu usar a instituição do casamento como uma das ferramentas do seu arsenal santo para nos refinar e nos moldar à imagem de Cristo. De diversas maneiras, o marido e a esposa cristã são como duas grossas lixas de papel colocadas juntas. Com o passar dos anos, as asperezas um do outro vão se esfregar, e, por causa disso e da graça de Deus, eles vão se tornando macios. Sua esposa, querido marido cristão, é um meio pelo qual o Senhor santifica você nessa vida. Ela é um presente. Da mesma forma, querida esposa cristã, seu marido é um meio pelo qual o Senhor está santificando você. Ele é um presente.
Com isso firmemente plantado na mente, nós começamos a ver nosso cônjuge como um aliado, ao invés de inimigo, quando as coisas ficam difíceis. Nosso cônjuge é um companheiro de trabalho no Reino. Nós estamos visando os mesmos propósitos, embora frequentemente fiquemos aquém deles. Nós sabemos que “nossa luta não é contra a carne e o sangue, e sim contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6.12). Somos irmãos e irmãs, lado a lado, combatendo o bom combate da fé juntos. Não somos inimigos, adversários ou combatentes. Em vez disso, somos companheiros de peregrinação a quem Deus deu o dom de termos um cônjuge que o ama e nos ajuda durante a jornada para a cidade celestial. E, porque somos caídos, de tempos em tempos iremos machucar um ao outro. Mas isso não é o fim. Isso é, entretanto, outra oportunidade para crescermos em graça e piedade enquanto seguimos em frente.
Sofrimento vem e vai, mágoas virão e serão curadas, o perdão será procurado e será concedido; e no meio de tudo isso, Deus nos moldará à imagem de Cristo, nosso Senhor, para a Sua glória. Esse é um fim que vale a pena buscar, não importa o quão difícil essa estrada seja.

sua filha

Querido Papai,

Antes de tudo, eu quero que você saiba que eu te amo e te perdoo pelo o que isso tem causado em minha vida. Eu também queria que você soubesse exatamente o que seu uso de pornografia tem feito na minha vida. Você pode achar que isso afeta somente você, ou mesmo os relacionamentos da mamãe e os seus. Mas isso tem tido um profundo impacto sobre mim, assim como sobre todos os meus irmãos.
Eu descobri a pornografia no seu computador por volta dos doze anos, mais ou menos, assim que estava começando a tornar-me uma jovem. Primeiro, me pareceu bastante hipócrita da sua parte que você estivesse tentando ensinar-me o valor do que eu deixo entrar na minha mente em termos de filmes, enquanto você entretinha regularmente sua mente com esse lixo. Suas conversas sobre tomar cuidado com o que eu assistia significavam virtualmente nada.
Por causa da pornografia, eu sabia que a mamãe não era a única mulher para quem você olhava. Eu passei a dolorosamente perceber seus olhos erráticos quando nós saíamos por aí. Isso me ensinou que todos os homens têm olhos assim e não se pode confiar neles. Eu aprendi a desconfiar e mesmo a detestar os homens pela maneira como eles percebiam as mulheres dessa forma.
Em relação à modéstia você tentou conversar comigo sobre como minhas roupas afetam aqueles que estão ao meu redor e como eu deveria valorizar a mim mesma pelo que eu sou por dentro. Suas ações, entretanto, ensinaram-me que eu somente seria verdadeiramente bonita e aceita se me parecesse com as mulheres nas capas das revistas ou na indústria pornográfica. Suas conversas comigo não significaram nada e, na verdade, apenas me deixaram com raiva.
Quando eu cresci, tudo o que tive foi essa mensagem reforçada pela cultura em que vivemos. Essa beleza é algo que só pode ser alcançada se você se parecer com “elas”. Eu também aprendi a confiar em você menos e menos enquanto o que você me ensinava não se alinhava com o que você fazia. Eu me perguntava mais e mais se algum dia eu encontraria um homem que me aceitaria e amaria por quem sou, não apenas por um rosto bonito.
Quando minhas amigas estavam em casa, eu me perguntava como você as percebia. Você as enxergava como minhas amigas ou você as via como rostos bonitos em uma de suas fantasias? Nenhuma garota deveria questionar isso sobre o homem que suspostamente deveria estar protegendo ela e as outras mulheres de sua vida.
Eu conheci um homem. Uma das primeiras coisas que eu perguntei a ele foi sobre sua dificuldade com pornografia. Eu estou grata a Deus porque isso não foi algo que teve controle sobre sua vida. Nós ainda temos conflitos por causa da desconfiança dos homens profundamente arraigada em meu coração. Sim, pai, o fato de você assistir pornografia tem afetado meu relacionamento com meu marido anos depois.
Se eu pudesse lhe dizer uma coisa, seria isso: a pornografia não afetou apenas sua vida; ela afetou todos à sua volta, de maneiras que eu não acho que você sequer imagine. Ela ainda me afeta até hoje quando percebo o poder que ela tem sobre nossa sociedade. Eu temo pelo dia em que terei de conversar com meu doce garotinho sobre pornografia e suas compridas e vorazes garras. Quando eu lhe contar sobre como a pornografia, como muitos pecados, afeta bem mais do que apenas nós.

Como disse, eu te perdoei. Sou muito grata pelo que Deus tem feito em minha vida nessa área. É uma área em que eu ainda tenho conflitos de tempos em tempos, mas estou grata pela graça de Deus e também pela de meu marido. Eu oro para que você tenha superado isso e que os muitos homens que lutam com isso tenham seus olhos abertos.
Com amor, Sua Filha.

As orações de alguns cristãos têm mais eficácia que de outros?

Não há dúvida de que nosso pecado tem o poder de criar obstáculos para nossas orações (Sl 66.18; Pv 28.9; Is 59.2; Jo 9.31; Tg 4.3; 1 Pe 3.7).

Então, se o pecado pode criar uma barreira invisível entre Deus e o seu povo ou um indivíduo, e quanto ao contrário?
Quando falamos sobre as orações de um justo em Tiago 5.16, por exemplo, eu creio que não estamos falando necessariamente de todo cristão professo. (Embora todo cristão possa e deva aproximar-se do trono de graça em nome de Cristo). Tiago parece estar abordando algo diferente. Provavelmente, ele tem em mente a ideia de que alguns cristãos possuem uma eficácia peculiar em suas orações porque eles são peculiarmente piedosos. Essas pessoas têm grande fé e possuem um dom para orar frequente e fervorosamente. Nem todos os cristãos têm o mesmo dom de oração fervorosa no Espírito. Se ele não tinha isso em mente, ele poderia simplesmente dizer: “ore por você mesmo”.
Pense nisso a partir da perspectiva de Cristo, o homem de oração par excellence.
As orações de Cristo eram eficazes por diversas razões. Ele orava fervorosa e frequentemente, sempre em fé. Mas ele também entendia a vontade de Deus. Muito antes de Cristo, Elias orou para que a chuva fosse detida. Ele não pediu isso porque lhe pareceu uma boa ideia. Pelo contrário, sua petição se baseava nas Escrituras: Deus ameaçou várias maldições contra o povo, inclusive seca (Dt 28.22,24).
Tiago menciona a exemplar “oração feita por um justo”, Elias, para mostrar que ela “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Se Elias continua sendo esse exemplo para nós, quanto mais Jesus em suas orações terrenas.
Em João 17, Jesus pediu que Deus cumprisse suas promessas feitas a ele como o Filho. Ele não era presunçoso, uma tendência particularmente abominável que aflige o povo de Deus, mas diligente em “lembrar” seu Pai de suas promessas a Jesus e seu povo. Essa persistência não parou depois que ele ofereceu sua oração sumo-sacerdotal, mas continua no céu até que tudo esteja consumado (conforme corretamente argumentou Jacob Armínio!).
Cristo foi prometido aos gentios (Is 49.1-12), então ele intercedeu por eles (Jo 17.20). A ele foi prometido glória (Dn 7.13,14), então ele a pediu (Jo 17.1-5). Nós não temos razão para duvidar que ele, durante sua vida terrena, pediu por tudo que foi legitimamente prometido a ele.
Falta de fé impediu os discípulos de conseguir expulsar um espírito imundo de um garoto (Mc 9.17-23). Cristo, o homem de oração e homem de fé, pôde fazer o que os discípulos incrédulos não poderiam. As orações e fé de Cristo foram responsáveis, juntamente com o Espírito (veja Mt 12.28), pela expulsão do demônio. Em outras palavras, Cristo não esperava uma coisa dos discípulos e algo diferente para si.
Em outro lugar, lemos sobre as orações de Cristo e a razão por que ele era ouvido: ele era ouvidopor causa de sua reverência (Hb 5.7).
Esse princípio também tem relação conosco ou Tiago está simplesmente se referindo a todos os cristãos porque todos os cristãos possuem a justiça imputada de Cristo?
Considere as palavras do Apóstolo João: “… E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 Jo 3.22). Esse verso deixa claro que receber de Deus está conectado com obedecer a Deus.
Em outras palavras, ambicione as orações dos justos (Lc 1.6, 23.50). Ambicione as orações daqueles que cumprem a vontade de Deus, não daqueles que afirmam pertencer a Deus mas negligenciam sua vontade (Mt 7.21).
Deus ouve o piedoso e ele responde suas orações. Mas, quanto àqueles que não cumprem sua vontade, as Escrituras não poderiam ser mais claras.
Assim, concordo plenamente com Sinclair Ferguson, que escreve:


“É por isso que a verdadeira oração nunca pode ser divorciada de santidade real. A oração da fé somente pode ser feita pelo homem ‘justo’ cuja vida está sendo mais e mais alinha da com a graça da aliança e os propósitos de Deus. No domínio da oração também… a fé sem obras é morta”.
Portanto,
  1. Há alguns cujas orações são impedidas por várias razões
  2. Há alguns que conhecem a vontade de Deus, oram com grande fé, guardam os mandamentos de Deus e, assim, têm orações eficazes. É por isso que o homem, Jesus Cristo, orou com tanta eficácia.
Se Satanás treme quando vê o mais fraco cristão de joelhos, imagine quando Cristo estava de joelhos.

No dia em que casei com ela

Eu não sabia quase nada sobre a minha esposa no dia em que casei com ela. Nós namoramos por alguns anos, gastamos incontáveis noites falando no telefone, frequentávamos a igreja, organizamos eventos e até trabalhamos juntos. Mas apesar de tudo isso, nós mal nos conhecíamos. O conhecimento que tínhamos era genuíno, porém raso. E ainda assim, esse pequeno conhecimento foi o suficiente para nos compelir a convidar nossos amigos e familiares a uma pequena igreja  onde pudemos prometer as nossas vidas um ao outro.

Eu nunca tive um só momento de arrependimento por ter me casado com ela (o que não é a mesma coisa de dizer que nós nunca tivemos desentendimentos ou momentos difíceis). Isso é notável quando eu considero o quão pouco eu sabia dela no dia do nosso casamento. Eu a amava e a admirava tanto quanto a conhecia mas, olhando para trás, consigo ver o quão pouco conhecimento dela eu tinha.
Avançando por 25 anos de casamento, e nosso conhecimento aumentou drasticamente. Tem aumentado a um nível tal que todos esses anos para trás parecem, francamente, assustadores. Por meio do privilégio de morarmos juntos, da labuta do trabalho em conjunto, da intimidade de dormirmos juntos, do deleite de termos filhos juntos, de todas as corriqueiras alegrias e provações da vida, nós começamos a nos conhecer mutuamente de uma forma profunda. Eu a amo muito mais agora do que eu amava naquela época, porque o amor de hoje é baseado em um substancial e maior conhecimento.
Você não está me ouvindo dizer que agora eu sei tudo sobre ela, e nem que dezesseis anos são o suficiente para isso. Estou plenamente consciente que, se o Senhor nos conceder trinta , sessenta  anos juntos, eu vou olhar para trás e me maravilhar com o quão pouco eu sabia sobre ela em 2015. Isso faz parte da alegria do casamento – gastar a vida crescendo em conhecimentos de, e também em amor por, outra pessoa. Isso é parte da honra do casamento, essa outra pessoa permitir-me conhece-la a este grau, permitir-me conhecer sua mente, corpo e alma.
Quando comecei a escrever essas palavras, pretendia fazer uma comparação ao relacionamento entre o cristão e Deus. E por um lado, essa comparação funciona. Mas por outro lado ela falha.
Quando você foi convertido ao Cristianismo, você fez isso com base em um conhecimento parcial. Você tinha o genuíno conhecimento da verdade genuína, mas era um conhecimento limitado. Ainda assim, era suficiente – foi o suficiente para se ver como um pecador e Cristo como um glorioso salvador, e então teve fé nele. Mas, até certo ponto, ainda era um salto no escuro. Então, a medida em que você cresce como um Cristão, você , inevitavelmente, chega a uma compreensão melhor e mais profunda de Deus, da sua glória e da sua graça; e aquela pena fé tem sido recompensada de forma que tem crescido a se tornar uma fé mais vigorosa. Seu amor por Deus tem crescido a medida que aumenta seu conhecimento em Deus.
Mas o amor de Deus por você manteve-se inalterado. Não cresceu nenhum pouco, e isso se deve ao fato que o conhecimento de Deus sobre você também não aumentou em nada. Antes de você nascer ele sabia tudo que seria. “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Salmo 139.16). Antes de ele te salvar, ele já sabia tudo que você iria fazer: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”(Efésios 2.10). Ele sabia tudo isso. Seu conhecimento sobre você era e é completo. Seu amor por você era e é completo. E isso nunca vai mudar. E isso nunca pode mudar.

Deus, proteja minhas meninas

Como pai, oro todos os dias por cada filha minha, e eu vejo isso tanto como alegria quanto como responsabilidade de apresentá-las ao Senhor. Orar por minhas crianças é uma ótima maneira de me lembrar de que elas são dele antes de serem minhas e de que qualquer boa experiência que elas tiverem, em última instância, terá a sua origem atrelada a Deus. E eu creio que a oração funciona – que Deus escuta a oração de um pai por suas crianças e que ele tem deleite em responder essas petições. Uma das minhas orações mais comuns por minhas meninas é pela proteção delas. Assim é que eu oro para que Deus as proteja:

Delas mesmas. Eu oro para que Deus proteja minhas meninas delas mesmas. No fim das contas, de todos os perigos que elas enfrentam na vida e de todos os percalços que enfrentarão nos anos futuros, a vasta maioria das tentações e provações vem e virá de dentro. Peço a Deus que as proteja de seu próprio pecado e descrença, da dureza de seus corações e de seus desejos carnais. Eu oro para que ele as salve delas mesmas e depois as faça crescer, tornando-as cada vez mais como Cristo.
De mim. Oro para que Deus proteja minhas filhas de mim, seu próprio pai. Temo que meu egoísmo ou minha negligência cause algum mau a elas, ou até mesmo que a minha ignorância as exponha a algum tipo de pecado ou perigo. Sinto muito amor e afeição por minhas meninas, mas também tenho em mim muito pecado e feiura e temo a forma como isso pode machucá-las. Então, peço para Deus protegê-las do pior de mim e para que ele me permita ser seu guardião e protetor.


Dos outros. Oro para que Deus proteja minhas filhas de influências externas. Oro para que elas sejam boas amigas, tenham bons amigos e não sejam desmedidamente influenciadas por companhias tolas. Oro para que seus professores sejam por elas e não contra elas, e que eles as ensinem o que é bom e correto. Eu oro para que Deus as guarde de qualquer pessoa que possa hoje ou amanhã trazer o mal contra elas.
De Satanás. Oro para que Deus proteja minhas meninas de Satanás. Sei que o diabo conhece minhas filhas, que ele vê seu crescimento espiritual e que ele ama fazer tudo o quanto pode para asfixiar o evangelho antes mesmo que ele possa criar raízes e gerar frutos. Sei que ele deseja a morte e destruição delas. Esse é o seu grande plano para suas vidas – levá-las à completa ruína e fazê-lo através de ondas infinitas de tentação. Então, oro para Deus protegê-las de Satanás e seu poder.
De Deus. Finalmente, oro para que Deus proteja minhas filhas de Deus. Em última instância, Deus salva pessoas dele mesmo. R. C. Sproul explica bem que “o grande paradoxo ou a suprema ironia da fé cristã é que somos salvos tanto por Deus quanto de Deus.” Eu anseio que Deus proteja minhas meninas de sua própria ira que Ele deve derramar sobre aqueles que não colocam sua fé em Cristo. E oro de novo e de novo (e explico para Deus que continuarei a orar de novo e de novo) até que ele salve minhas garotas dele, através dele, por ele e para ele.

9 marcas de uma igreja doente

De certa forma, as nove marcas de uma igreja doente poderiam simplesmente ser o oposto de tudo aquilo que torna uma igreja saudável. Assim, igrejas doentes ignoram membresia, disciplina, pregação expositiva e todo o resto. Mas os sinais dos males da igreja nem sempre são tão óbvios. É possível que sua igreja ensine e entenda todas as coisas certas e mesmo assim esteja em um estado terrivelmente doentio. Sem dúvidas, há dezenas de indicadores de que uma igreja se tornou disfuncional e doentia. Mas vamos nos limitar a nove.

Aqui estão nove marcas de que sua igreja – mesmo que acredite na Bíblia, pregue o evangelho e abrace uma boa eclesiologia – talvez esteja doente.
1. Quanto mais periférico o assunto do sermão, mais as pessoas se empolgam. Uma das coisas que eu sempre amei na minha igreja é que os sermões que eles mais amam são os que lidam com os temas mais centrais da Bíblia. Eles amam ouvir sobre pecado e salvação, sobre a glória de Deus, sobre providência, sobre Cristo e a cruz. Não é que eles nunca ouçam (ou não gostem de ouvir) sermões sobre o fim dos tempos, questões sociais, mordomia financeira, casamento ou criação de filhos, mas eles parecem mais apaixonados pelas mensagens que focam em culpa, graça e gratidão. Fico preocupado quando uma congregação se cansa de ouvir sobre a Trindade, expiação, novo nascimento ou a ressurreição e quer ouvir outra longa série sobre como lidar com stress ou as 70 semanas de Daniel.
2. A equipe ministerial da igreja não gosta de ir trabalhar. Todo emprego tem seus altos e baixos. Todo escritório terá suas tensões de tempos em tempos. Mas líderes leigos devem notar quando a equipe ministerial da igreja parece desanimada, infeliz e parecem se arrastar para igreja todos os dias. Os membros da equipe ministerial aparentam gostar de estar perto uns dos outros? Eles falam entre si como amigos? Você os vê rindo juntos? Se não, talvez haja algum desgaste, conflito ou algo pior.
3. O pastor e sua esposa não se dão bem. Eu não estou falando de eventuais discordâncias ou crises que todo casal eventualmente enfrenta. Estou falando de um casamento que se tornou frio e sem amor, um relacionamento agressivo e sem paixão. Toda igreja deveria ter algum tipo de dinâmica para questionar o pastor e sua esposa sobre como seu casamento está indo (ou se não está). Igrejas podem suportar uma grande dose de conflito, mas raramente serão lugares saudáveis e alegres se o pastor e sua esposa estão secretamente (ou abertamente) infelizes e doentes.
4. Quase ninguém sabe para onde vai o dinheiro. Igrejas lidam com suas finanças de formas diferentes. Conforme elas crescem, pode ser difícil, e até desaconselhável, que todo mundo na igreja tenha algum tipo de voto sobre a alocação de cada centavo. Entretanto, quando se trata de finanças, tender para o lado da transparência raramente é uma má ideia. No mínimo, deve haver mais do que apenas um pequeno grupo de pessoas que sabem (e decidem) para onde o dinheiro vai. Não faça do sustento do pastor uma questão de segurança nacional.
5. A liderança nunca muda, ou sempre muda. Ambos são sinais alarmantes. Por um lado, igrejas se tornam centradas em si mesmas quando nunca há sangue novo entre seus líderes. Se seus presbíteros, diáconos, líderes, pastores auxiliares, professores de EBD e líderes de música são os mesmos da época da ditadura militar, você tem um problema. Talvez os velhos líderes são gananciosos com o poder, talvez ninguém esteja sendo treinado, talvez nenhuma pessoa nova tenha se tornado membro da igreja nos últimos vinte anos. Todos esses são grandes problemas. Por outro lado, se os presbíteros nunca parecem interessados em servir mais um mandato, os líderes nunca permanecem por mais de alguns anos e os voluntários se voluntariam apenas uma vez, a cultura da sua igreja pode ser muito restritiva, muito cheia de conflitos ou muito intransigente com pequenas falhas.
6. Ninguém nunca se levanta para o ministério pastoral ou é enviado para o campo missionário.Boa pregação inspira jovens a pregar. Clareza a respeito do evangelho leva homens e mulheres a compartilhar o evangelho com aqueles que não o conhecem. Igrejas pequenas podem não enviar trabalhadores todo ano, mas a congregação que quase nunca produz pastores e missionários quase nunca é uma igreja saudável.


7. Há um gargalo no processo de decisões. Isso pode ser culpa da congregação. Alguns membros da igreja insistem em aprovar cada decisão, de contratação de funcionários à duração do culto e à proverbial cor do carpete. Se todo mundo precisa votar sobre toda decisão, sua igreja nunca será maior que o número de pessoas que pode votar em todas elas com sabedoria (o que é, normalmente, muito pequeno). Mas o gargalo também pode ser culpa do pastor. Em algumas igrejas, nada acontece sem a aprovação pessoal e supervisão direta do pastor – uma receita certa para rixas, crescimento reprimido e afastamento de líderes capacitados.
8. A pregação se tornou inconstante. Isso pode ocorrer de diversas formas. Talvez o pastor já não abra o púlpito para outros pastores da equipe ministerial e um eventual convidado. Talvez o contrário esteja acontecendo e o pastor parece estar recorrendo mais às alternativas do que deveria. Talvez a pregação tenha se tornado mais agressiva, talvez sempre bata na mesma tecla ou mostra sinais de falta de preparação. Talvez você tenha notado que o pregador está cada vez mais dependente de vídeos projetados ou esboços de sermão pré-preparados, ou constantemente reaproveita sermões de pouco tempo atrás. Ninguém quer que a pregação seja entediante. Alguma variação é esperada e bem-vinda. Mas tente observar mais de perto se os pregadores parecem doutrinariamente instáveis, irritados ou exaustos.
9. Há problemas que todo mundo sabe mas que ninguém fala abertamente. Igrejas doentes muitas vezes tem uma grande regra informal: a pessoa que fala dos nossos problemas é o problema. Pode ser um pastor que não sabe pregar, um pianista que sempre sai na hora do sermão, um presbítero que aparenta ter problemas matrimoniais, um líder de jovens que não sabe falar com os mais novos, um diácono que não parece se dar bem com ninguém ou um líder que lidera por força e intimidação. Claro, muitos problemas devem ser resolvidos de forma privada e discreta, mas isso não é desculpa para varrer para debaixo do tapete o que é claro e visível para todos. Lidar com o que todo mundo sabe é, muitas vezes, o primeiro passo para minar o poder de um problema.