2015/07/14

Higienização ou Santificação?


Higienização ou Santificação?








Por Bob DeWaay

Um leitor me telefonou recentemente e explicou como ele viu igrejas se afastarem da Bíblia através da implementação de vários programas e métodos para se ter uma vida melhor. Ele fez uma declaração intrigante: “Esses programas não santificam, eles higienizam”. E ele estava absolutamente certo sobre isso. Deixe-me descompactar essa idéia e mostrar a partir da Escritura como isso funciona.

É possível usar a sabedoria humana e programas que se baseiam em bons conselhos, a fim de ajudar as pessoas a alcançarem uma vida melhor. É possível transformar um alcoólatra num homem sóbrio, um marido abusivo em um ser atencioso e carinhoso, um jogador compulsivo que rasga o dinheiro da família, em uma pessoa focada em dar uma vida confortável para os seus, uma pessoa infeliz a se tornar feliz. Tudo isso pode ser feito sem nenhum trabalho especial da graça de Deus. Na verdade, isso pode ser feito sem religião nem fé.

Uma vez ouvi um debate entre dois professores universitários, um ateu e outro cristão. No final do debate, o ateu fez uma declaração interessante. Ele disse: “Você não precisa de um Deus ou religião para ter uma vida boa e feliz. Fui casado por muitos anos, tive filhos e netos maravilhosos, vivi uma vida moralmente correta, e não poderia querer mais nada da vida, sou um homem realizado. Eu não preciso de religião e nem você.”Infelizmente, muitos cristãos têm redefinido, mudado tanto o caráter do cristianismo que simplesmente não saberiam como responder a tal declaração. A verdade é que muitas pessoas são felizes, levam uma vida relativamente correta moralmente falando, e isso tudo sem Deus. Mas o que não podem obter é legitimidade diante do Deus Santo que criou o universo.

Quando o cristianismo se reduz a uma melhora de vida através da religião, ele não pode oferecer nada mais do que os programas de alguns ateus já têm. Isso é explícito em igrejas que enchem sua programação com seminários, encontros e pregações destinados a ajudar as pessoas a resolverem os problemas da vida através da revelação geral. O que chamo de “Revelação Geral” é o montante do conhecimento humano, colhido através de séculos de experiência social, e que está disponível para todos através dos meios normais do conhecimento. Todas as sociedades têm os seus próprios aforismos, uma espécie de sabedoria social, que passam ao longo dos tempos os seus “bons conselhos”. Não é pecado dar às pessoas bons conselhos recolhidos a partir da revelação geral, mas também não podemos confundir esses conselhos com ordenanças de Cristo.

“Ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei” ( Mateus 28:20).

Duas diferenças fundamentais dos bons conselhos sociais dos mandamentos das Escrituras:

1) Um bom conselho pode ser ignorado.

2) Um bom conselho não é santificação, não significa obedecer a Deus.

O ateu com uma boa família e uma vida feliz é claramente uma pessoa não santificada. O termo “santificação” significa ser feito santo. Segundo a bíblia, o individua que renuncia ao seu ponto de vista pessoal e ao da sociedade, e concede que apenas a palavra de Deus dirija a sua vida, é considerado santo, e portanto, bem visto aos olhos de Deus. A bíblia também informa que a Santidade não pode ser adquirida a partir da revelação geral. Portanto, aqueles que são ajudados por bons conselhos extraídos da sabedoria humana, podem ser higienizados, o que significa ter uma vida humanamente equilibrada, mas a menos que se arrependam e creiam no evangelho, nunca serão santificados. A santificação vem através da redenção pelos meios da Graça. Paulo escreveu:

“Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor. I Coríntios 1:30-31

Aquele ateu estava ostentando seu orgulho pessoal contra o Senhor, baseado no sucesso da aplicação da sabedoria humana! Mas o cristão só pode se orgulhar do Senhor, pois seu equilíbrio espiritual, que é o que realmente conta, depende exclusivamente de Deus.

A aplicação da sabedoria humana pode produzir muitos clientes satisfeitos. Um pastor local, conhecido por pregar o evangelho da prosperidade, foi exposto em um jornal local de uma cidade pelo seu luxuoso estilo de vida e possível desapropriação de fundos da igreja. Um de seus membros escreveu uma carta ao editor do jornal defendendo o pastor. O autor da carta citou todas as mudanças positivas que aconteceram desde de que passou a frequentar a dita igreja daquele pastor: uma família melhor, finanças melhor, libertação do vício e assim por diante. Mas ele não mencionou nada que fosse característico ao cristianismo. Algumas pessoas que acreditam que o evangelho de Jesus produz saúde e riqueza, na verdade poderão se tornarem saudáveis e prósperas materialmente, mas o que elas não observam é que assim também são as vidas de muitos ateus.

Muitas igrejas simplesmente desistiram de pregar a salvação e a santificação e se estabeleceram como uma espécie de “agência” para a higienização limpa e feliz da vida “cristã”, sem levar em conta a santidade aos olhos de Deus. Paulo fala sobre isso em Colossenses:

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne”. Colossenses 2:20-23

O “limpo” pecador ainda é “carnal”, porque a única alternativa para a carne é o Espírito, e as pessoas não recebem o Espírito pelas obras da lei:

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Colossenses 3:2-3

Observe que não há artigo definido no grego com relação a palavra “lei” no sentido de mosaica. Isso significa que Paulo não está se referindo especificamente as “obras da lei” judaica, mas a qualquer regra de vida que possa existir. Isso significa que as pessoas não recebem o Espírito Santo por se deixarem moldar por bons programas, filosofias humanitárias, ou qualquer outro conhecimento que as leve a ter uma vida socialmente equilibrada.

Esse detalhe se aplica a qualquer pessoa sem o Espírito Santo, consequentemente não salva e santificada:

“Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Romanos 8:4-8

Se aplica a qualquer pessoa sem o Espírito de Deus, motivada 100% pela natureza humana:

“Porque tudo o que há no mundo, o desejo da natureza humana, o que os olhos desejam e o orgulho da vida, não é de Deus, mas do mundo. E o mundo passa, e os seus objetos de desejo também; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” I João 2:16-17

Uma pessoa pode ser capaz de fazer uma higienização de seus desejos através da sabedoria humana, através de um programa, mas ninguém pode escapar das paixões do mundo, por qualquer meio, exceto por um trabalho da Graça de Deus através do evangelho. Leis, regras, programas ou filosofias, podem restringir o mal, mas não podem produzir santidade. Nós não podemos escapar da corrupção do mundo por outros meios que não sejam as promessas de Deus encontrados na Bíblia.

“Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que peles desejos há no mundo.” II Pedro 1:4

Sendo este o caso, por que tantas igrejas encheram seus sermões e programas com idéias recolhidas através da revelação geral, se cercando de uma multidão de bons conselhos sociais? A resposta se encontra provavelmente na política de manutenção de seus membros. E a santificação é tão determinante assim? Claro, a Palavra de Deus ensina a santificar aqueles que são verdadeiramente salvos. Jesus orou:

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” ( João 17:17 ).

Isso significa que Deus faz uma obra da Graça no interior das pessoas, e muda as motivações do coração e não apenas certos comportamentos.

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” Hebreus 4:12

Nesse contexto o comportamento se altera de forma radical, porque a Bíblia contém instrução sobre a vida piedosa, que deve ser ensinada como elo de ligação a Deus. Estas instruções são comandos, não bons conselhos. Elas não podem ser ignoradas ou serem vistas como opitativas. Mas a boa notícia é que a Graça de Deus vem a nós através de Sua palavra, habilitando-nos e motivando-nos a obedecê-lo há partir de um conceito racional espiritualizado.

A igreja torna-se cheia de pessoas que não foram salvas, quando ensinamentos e programas sobre “uma vida melhor através de Jesus”, se tornam a norma e não a pregação do evangelho e o ensino da Bíblia. Nessas igrejas as pessoas são atraídas ali para encontrar o tipo de vida que aquele ateu se gabava de ter. Elas realmente podem ter uma vida agradável e feliz através da sabedoria humana que lhes foi dispensada em
nome do cristianismo, isso é um fato.

Mas a santidade é o que essas pessoas não poderão encontrar através da sabedoria humana. Santidade vem de uma obra da Graça, e não de uma decisão de mudar algumas coisas para melhor. Pecadores sem o evangelho, mas higienizados através de um programa de igreja, podem acabar em uma condição pior do que antes. Se, em nome do cristianismo, os problemas da embriaguez ou do casamento possam ir embora, aqueles que se beneficiaram podem pensar que são salvos, quando na verdade, eles estão higienicamente perdidos. Essa falsa segurança é perigosa, e caso não seja detectada, certamente levará à condenação eterna.

O fracasso da abordagem dos problemas humanos com os métodos humanos está em pressupor que os seres humanos possuem a motivação e a capacidade correta de que necessitam, o que está lhes faltando simplesmente são instruções sobre como colocar para funcionar o potencial para o bem que eles já possuem. A situação real é que somos pecadores sem esperança e sem um Deus no mundo como Paulo afirma em Efésios:

“Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.”Efésios 2:12

Nós não temos um problema de engenharia, temos um problema espiritual. Esse problema espiritual é remediado unicamente pelo o que Deus faz pela Graça mediante a fé.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. “ Efésios 2:8

Esse problema é insolúvel por meio de sabedoria humana. A Bíblia nos diz para “seguir” a santificação:

“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” Hebreus 12:14

Apenas santificação através do sangue de Jesus, na força do Espírito Santo, nos torna aptos para ver o Senhor. Higienização interior através de bons conselhos, programas ou filosofias, jamais poderão fazer isso.

Fonte: Twin City Fellowship Critical Issues

Bem, é exatamente isso que as igrejas de um modo geral estão fazendo. Elas estão mudando o foco da pregação, antes centrada na salvação da alma, para um enfoque social. Todo o trabalho da maioria das igrejas tem se centrado na salvação social do indivíduo, e não de sua alma.

No contexto cristão pós-moderno, o problema crucial do indivíduo não está mais em seu coração, mas em sua adaptação aos desafios da realidade contemporânea. Isso se caracteriza como uma alteração de diagnóstico da realidade do homem segundo a bíblia. Interferir no diagnostico que Deus faz da problemática de sua própria criatura, supostamente motivado pela “boa” intenção em ajudar ao próximo, é externar um grau de estupidez colossal usando a infeliz idéia de melhorar o ótimo.

A bíblia nos ensina que o orgulho vem imediatamente antes do tropeço, “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” Provérbios 16:18 O coração do homem é ruim por essência. Brincar de concertar o homem como a igreja evangélica contemporânea está brincado, é o mesmo que brincar de ser Deus. Esse posicionamento é estranho, e só comprova que o sistema moderno da igreja evangélica do século XXI está fadado ao fracasso, assim como estava o seu antecessor, o sistema religioso dos irreconciliáveis judeus. Assim como sucedeu com seus irmãos mais velhos, toda essa fétida estrutura afundará sobre o seu próprio peso. E aos genuínos cristãos caberá, mesmo não podendo abandonar o sistema, não se contaminarem, restando-lhes o consolo de serem recebidos por aquele que é incorruptível e cheio de misericórdia não fingida.

Que só Deus nos influencie!

Roberto Aguiar

2015/07/04

Ministério feminino versus Ministério feminino ordenado à luz da Bíblia


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Por Pr. Pedro Inácio de Lima Neto


“Sou a favor do ministério feminino, mas sou contra o ministério feminino ordenado”(Augustus Nicodemus)

A história nos ajuda a compreender o presente. Na história das religiões mundiais, percebemos a presença das mulheres como deusas, sacerdotisas, exercendo em muitas delas autoridade espiritual.

No Egito, na Suméria, na Babilônia, na cultura Chinesa, na Hindu, na Ilha de Creta (crentenses), nas civilizações minóicas, Persas, nas civilizações Grega e Romana todas estas eram politeístas (crença em vários deuses).

Já na história do povo judeu, temos a Bíblia (Velho Testamento), como a principal fonte de estudo dessa civilização, encontramos uma ruptura com esta prática, e gostaria de juntos fazermos uma reflexão.

Abraão, que veio da Suméria, conhecedor de um panteão de deuses e deusas, sendo os primeiros grandes poemas sumérios escritos por uma mulher, Enheduanna, que foi tanto uma sacerdotisa (EN) do deus Nanna na cidade de Ur, e princesa real, filha do rei Sargão, o Acádio. Esta deusa tinha uma grande influência em toda aquela região. O que nos leva a pensar é por que Abraão não continuou com esta prática a partir do seu chamado em Gênesis 12:1-5 “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão bendita s todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de Canaã.”

Moisés nasceu e viveu na cultura egípcia (África) dividida em alguns níveis, cada uma com suas atividades próprias. Nessa sociedade a mulher era muito prestigiada. O Antigo Egito, por exemplo, ficava no nordeste da África onde é hoje a República Árabe do Egito. O nordeste da África é a região onde o Antigo Egito, propriamente dito, começou a se desenvolver. O rio Nilo (6.500 km e 6 cataratas) cortava o seu antigo território. Situa-se entre os dois desertos (deserto da Lídia e deserto da Arábia). O faraó era um rei onipotente, proprietário do todo o país. Ele era a um só tempo, ou seja, simultaneamente, monarca, autoridade judiciária, sacerdote, tesoureiro, general. Era ele que fazia as decisões e a direção de tudo o que via, porém não podendo ter condições de ir a todos os lugares do reino, distribuía ocupações para mais de cem funcionários que o assessoravam na administração do Egito. A imagem divina do faraó era subsídio essencial para a unidade de todo o Egito. O povo acre ditava que o faraó era a certeza de que ele próprio sobreviveria ao longo dos tempos e esperava ser feliz.

Os sacerdotes eram grandemente prestigiados e poderosos, tanto espiritualmente como materialmente, pois dirigiam as riquezas e os bens dos valiosos templos de dimensões avantajadas. Eram também homens intelectualmente privilegiados (vulgo sábios) do Egito, guardiões dos segredos científicos e dos mistérios da religião que se relacionavam com seus numerosos deuses.

Os egípcios eram um povo profundamente religioso, portanto, acreditavam em vários deuses. Esta era a importância da formação civilizatória e organizacional da sociedade. O tipo de crença era o politeísmo. A partir dos primeiros tempos da história da humanidade, os cidadãos do Antigo Egito prestavam culto a inúmeras e estranhas divindades. Os mais antigos foram indivíduos do reino Animal e cada ser humano tinha o seu animal-deus como protetor. Prestavam cultos a gatos, bois, serpentes, crocodilos, touros, chacais, gazelas, escaravelhos, entre outros.

O que me impressiona é o porquê Moisés não leva todo esse panteão de deuses e deusas para o deserto junto com o povo, pelo contrário recebe uma orientação de Deus para construir o tabernáculo no deserto e praticar uma religião e uma espiritualidade diferentemente do que viu no Egito, ou seja, Moisés segue a religião monoteísta.

Estas práticas culturais, simbólicas e religiosas migraram para muitos povos, os babilônicos, fenícios, persas, gregos, romanos, inclusive o Código de Hamurabiinfluenciou a Cultura Bíblica, principalmente o Velho Testamento, mas percebemos claramente uma ruptura com a questão da ordenação do ministério feminino ao sacerdócio em todo o Velho Testamento não temos a esposa do sacerdote sendo sacerdotisa.

Destacamos algumas mulheres que exerceram o seu ministério na história do povo judeu, e nenhuma delas exerceu o sacerdócio ordenado. Vejamos: EVA, a mãe de todos os viventes (Gênesis), SARAH, uma esposa submissa (Gênesis). REBECA, uma mulher de fé hesitante, MIRIÃ, uma líder nata (Êxodo). RAABE, uma salvadora sagaz (Josué). DÉBORA, uma juíza diferente. A líder de Israel (Juízes), RUTE, uma fiel moabita (livro de Rute). ANA, uma mãe dedicada (1º Samuel), ABGAIL, uma beldade inteligente (1º Samuel). RISPA, uma testemunha silenciosa (2º Samuel). A viúva de Sarepta (1º Reis). A rainha de Sabá (1º Reis). A serva de Naamã, um instrumento de benção (2º Reis). HULDA, a profetisa que mudou uma nação (2º Reis). JEOSABEATE (2Cr 22.11), a esposa de um sacerdote (2º Crônicas), ESTER, uma rainha corajosa (livro de Ester), A noiva sulamita (Cântico).

“Sou a favor do ministério feminino, mas sou contra o ministério feminino ordenado”(Augustus Nicodemus, teólogo, ministro presbiteriano, Profº da Universidade Presbiteriana Mackenzie). Segundo o citado pastor em uma palestra no Youtube, o mesmo faz um relato histórico em toda a história bíblica e admite a impossibilidade doutrinária, histórica, bíblica teológica do ministério feminino ordenado. O mesmo fala do ministério das mulheres na Bíblia e cita Débora como juíza (função civil), Hulda como profetisa (o ministério de profeta não era ordenação). Admite que a mulher é inteligente e dedicada, o seu empenho e papel na história, principalmente nas religiões que sejam cristãs ou não. Diz que Jesus Cristo, no momento da escolha dos apóstolos, poderia ter chamado Maria, sua mãe para ser apóstola, mas não o fez.

Jesus deu dignidade e valor a mulher, expulsou demônio de Maria Madalena, permitiu que Maria, a prostituta beijasse sues pés, as mulheres foram as primeiras a anunciar a ressurreição, utilizou muitas mulheres nobres a serviço do reino, considerou o ministério feminino, mas nunca ordenou nenhuma delas a liderança espiritual, ou até mesmo permitisse que uma delas exercesse os atos ministeriais. Quando na escolha do novo apóstolo, para substituir Judas, os apóstolos poderiam ter escolhido Maria, mãe de Jesus, mas escolheram homens. Segundo Augustus Nicodemus, o que podemos concluir é que Deus, na sua soberania, resolveu designar esse ministério ordenado para os homens. Quando os irmãos reclamaram das viúvas que estavam sendo desprezadas na distribuição diária, convocou-se uma assembléia (havia mulheres presentes) e escolheram sete homens de boa reputação (Atos 6), o ideal seria escolher sete mulheres para cuidar da beneficência e das viúvas, mas não o fizeram. Isto nos deixa muito claro que na Bíblia não há espaço algum para o ministério feminino ordenado, e sim todo um incentivo ao ministério feminino.

O apóstolo Paulo era conhecedor profundo da cultura greco-romana, e presenciou nas suas viagens a religiosidade do povo e os deuses e deusas, (diversidade religiosa), mas não admitiu tal cultura na pregação do evangelho, e não designou nenhuma mulher para o presbitério, apesar de contar com o apoio ministerial feminino, e manda saudações e agradecimentos a várias mulheres que cooperaram com o seu ministério.

Ao examinarmos o Novo Testamento, descobrimos a posição das mulheres piedosas, honradas e belas no mais alto grau. Maria –"agraciada""bendita entre as mulheres"; sua prima Isabel, mãe de João Batista. Ana, idosa viúva de oitenta e quatro anos, dedicada ao serviço de Deus, são as mais belas personagens diretamente ligadas ao nascimento de Cristo. Maria, irmã de Lázaro,"escolheu a melhor parte", ao colocar-se aos pés do Senhor para ouvir-lhe os ensinamentos. Foi ela que O ungiu para o Seu sepultamento, uma ação que jamais perderá a sua fragrância "onde quer que este Evangelho for pregado, em todo o mundo,será também contado o que ela fez para memória sua" (Mt 26:13). Febe, foi uma servidora da igreja e socorreu a muitos (Rm 16:1). Lídia hospedou o apóstolo Paulo em sua casa (At 16:40). Priscila, ajudou Áquila a expor com mais exatidão o caminho de Deus a Apolo (At 18:26). Lembramos também das "mulheres gregas da classe nobre" que creram (At 17:12). Paulo, no final da carta à igreja em Roma, faz uma saudação e um claro elogio a Trifena, Trifosa e Pérside, mulheres que trabalhavam no Senhor (Rm 16:12). A Maria Madalena foi concedida a alta honra de transmitir aos demais discípulos a ressurreição de Cristo (Jo 20:17). E o que dizer de “Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens” (Lc 8:3). Mulheres que foram alcançadas pelo toque, pela presença poderosa de Jesus. Sara, apesar de não estar na lista das mulheres do Novo Testamento, é nele citada com destaque e permanece como o exemplo das "santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos", pois lemos que "Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem" (1Pe 3:5,6).

Considerações Finais

Que belo e honrado caminho foi trilhado por essas mulheres! Que possamos encontrar as descendentes dessas piedosas mulheres entre nós! Os apóstolos Paulo e Pedro estabeleceram algumas qualidades destinadas especificamente às mulheres. Estas características servem como critérios para avaliar o perfil da mulher no Novo Testamento:

“Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. 1Tm 3:11

Pregamos que a Bíblia é a nossa regra de fé e prática. Então, já que não há na Palavra de Deus nenhuma orientação clara, com relação ao ministério feminino ordenado, por que avançar um sinal que não está favorável (verde)? Estamos forçando o texto bíblico, estamos praticando uma cultura religiosa pagã e estamos desobedecendo a Deus, causando grandes prejuízos para as nossas igrejas, a nossa denominação e a nossa sociedade, e levando as mulheres a assumir um ministério ordenado que Deus, o nosso pai não ordena.

Parabéns as mulheres pelo ministério que o Senhor Jesus tem confiado a cada uma, continuem exercendo com amor e dedicação. Os sacerdotes, os profetas, os reis, os apóstolos, os pastores, as igrejas, não teriam produzido, avançado tanto, sem o ministério das mulheres.

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Sobre o autor: Pedro Inácio de Lima Neto é pastor da 1ª Igreja Evangélica Congregacional em Mangabeira - João Pessoa/PB.

2015/07/02

LÍNGUAS ESTRANHAS EM ATOS (Direto ao ponto)



Sei que este assunto já foi discutido por décadas, e que não vai ser esta interpretação, que vai por fim ao debate. Enquanto pastoreava a última igreja houve como tema da CBBrasileira, para um ano, a questão dos dons. Assim sendo, às quartas-feiras à noite, estudamos todos os dons possíveis de achar na Bíblia. Das fontes de estudo, consegui reunir 30, das que estão anotadas nas folhas do estudo. Que ao todo deram 88 páginas manuscritas. Pelo menos foi o que eu achei, pois nos separam mais de dez anos deste estudo, até hoje. Não vou me basear neste estudo, apenas o que ficou na mente, e o que lembro quando leio o texto bíblico.

Lucas, autor do Evangelho e de Atos dos Apóstolos, nos ajuda muito no sentido de esclarecer como o texto deve ser interpretado.

Em Atos 1:15 o texto diz que naquela ocasião havia “quase cento e vinte pessoas” quando Pedro tomou a palavra para a eleição de um apóstolo que substituísse Judas. O capítulo 2:1 começa assim: “E, cumprindo-se o dia do pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;” O texto , aqui não diz se eram os cento e vinte ou os doze. Mas deixa claro que foi num outro dia,  “Cumprindo-se o dia do pentecostes…”  Em Atos 2:14 diz: “Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze”… Para alguns pode fazer diferença, se foram cento e vinte ou doze. Pedro,  mais onze,  igual a doze. Creio que é um assunto no qual não adianta se deter.

No mais o estudo ficará no contexto em Atos, e no uso das palavras gregas: glôssa e diálektos. Lucas usa a palavra glôssa  6 vezes no seu livro, enquanto que a palavra diálektos é usada também 6 vezes. Destes usos só Atos 2:26, fala da língua como membro do corpo humano. E Atos 2:3 fala da representação do Espírito Santo ao descer sobre os apóstolos, “E foram vistas por eles línguas(glóssai) repartidas…”  E Atos 1:19 fala de diálekto, como idioma dizendo: “de maneira que na sua própria língua (diálekto) esse campo se chama Acéldama, …” , não tendo nada a ver com nosso estudo, a não ser o fato de Lucas usar a palavra diálekto para idioma.

Em Atos 2:4,11; 10:46; e 19:6; é usada a palavra glôssa. Enquanto que a palavra diálekto, é usada em: 2:6,8; 21:40; 22:2; e 26:14. Conferindo os textos veremos que Lucas usa a palavra glôssa quando se fala de língua estranha. E usa a palavra diálekto, quando quer falar de idioma. Com uma exceção, se eu posso dizer assim, pois não sei o que Lucas pensava naquele momento. Atos 2:11parece que está falando de idioma e não de língua estranha: “Cretenses e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias glóssais falar das grandezas de Deus.”

Em Atos 2:4 diz: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas (glóssais), conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Este texto sozinho não pode ser interpretato ele precisa do restante do texto. Depois deste versículo, somente no versículo 11 reaparece a palavra línguas (glóssais), mas que não pode ser traduzido por “língua estranha” em virtude do seu contexto. A tradução óbvia é: idioma. Veja o texto: “Cretenses e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.”

Neste capítulo, ainda temos os versículos que falam em idioma: Atos2:6 e 8: “E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua(dialékto).” “Como pois os ouvimos , cada um, na nossa própria língua(dialékto) em que somos nascidos?” Nos dois versículos, também fica claro que se fala de idioma.
Vejam, estou sendo simples como o texto. Agora, como podemos entender a situação como um todo, deste capítulo. As línguas estranhas foram um sinal? Como provamos,  com um texto apenas,  que foram línguas estranhas? Este fato não será provado aqui, mas depois. Como já foi dito, não há dúvida que Lucas fala de idiomas ao usar a palavra diálekto. Mas isso também pode ser debatido.

 Então vamos deixá-los quietos e tanger um  outro assunto, usando como premissa,  que estas duas palavras são usadas no sentido dado acima.

Se  eram línguas estranhas, ou ininteligíveis, como o povo os ouvia no seu próprio idioma? Vejamos algo interessante: Atos 2:6  “…cada um os ouvia falar…” 2:8 ”Como pois ouvimos,…” 2:11 “…todos os temosouvido em…”. Pela fala do povo, os discípulos não estavam falando em língua estranha, mas nos idiomas deles. Era assim que elesouviam. O que não significa que os discípulos não estivessem falando em língua estranha.

Outro detalhe: As pessoas que estavam entendendo o que eles diziam se maravilhavam disso. Estavam abertos para ouvir. Não estavam preconcebidos. E as pessoas preconcebidas não entendiam nada. Para estes os discípulos não falavam em idiomas. Por isso zombavam e diziam que estavam bêbados, ou loucos.

O que significa isso? Significa o que, pelo menos dois comentaristas, dizem que pode ter acontecido. Que na ocasião houve três fatos importantes: o derramamento do Espírito Santo, o falar línguas estranhas pelos discípulos, e a interpretação das línguas pelo Espírito Santo às pessoas que de coração aberto e perplexos queriam saber o que estava acontecendo. Convenhamos, deixaria Deus faltar alguma coisa, para que o fato não pudesse ser entendido e o seu nome glorificado? Para nós pode parecer algo grandioso demais, mas sabemos que para Deus não é. Para Deus isso foi simples. Muito simples.

Seguimos para Atos 10:44-46 “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. 45 E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. 46 Porque os ouviam falarglóssais, e magnificar a Deus.” Por que os “da circuncisão” sabiam que havia sido derramado o Espírito Santo? “Porque os ouviam falar línguas (glôssa)” . Se estes estivessem falando em outros idiomas, seria um sinal? Lucas poderia ter usado a palavra diálekto.Certamente não quis dificultar o entendimento do texto.
  
E Pedro usa este fato para dar testemunho em Jerusalém, de que os gentios haviam recebido o Espírito Santo. Atos 15:8 “E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós.” “Lhes deu testemunho”.  “Lhes  deu um sinal”. Um sinal não somente para os gentios, mas para os judeus que lá estavam e para Pedro, que pregava. Se eles falassem em idiomas, seria um sinal? Em Cesaréia, cidade importante em todos os sentidos: comercial e político. Havendo pessoas de todos os lugares. Por isso glôssa e não diálekto.

Seguimos para Atos 19:5-7. “E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam glóssais e profetizavam. 7 E estes eram, ao todo, uns doze varões.” Novamente, Lucas não usadiálekto, isto é idioma. Apesar de não haver argumento maior, o uso da mesma palavra pelo evangelista, nos dá a entender que falaram em línguas estranhas.

Seguimos para Atos 21:40 “ E, havendo-lhe permitido , Paulo pondo-se em pé nas escadas, fez sinal com a mão ao povo; e, feito grande silêncio, falou-lhes em dialékto hebraico.”

Sigamos logo para Atos 22:2 “(E, quando ouviram falar-lhes emdialékto hebraico, maior silêncio gurdaram.)

Sigamos logo para: Atos 26:14 “E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em dialékto hebraico, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.”

Há aqui alguma dúvida  de que está se falando de idioma? Certamente não. Porque o texto cita o idioma. E estes textos foram escritos pelo mesmo autor dos outros textos, onde se usa a palavraglôssa. Por que Lucas faria o esforço de usar termos diferentes sem ter um motivo para isso? Tanto em Atos 2, como em 10, e 19, ele usa o mesmo termo. Por que eu traduziria, ou interpretaria de forma diferente?

Não preciso atender problemas eclesiásticos, ou religiosos (o que é muito pior), para amoldar um texto  ao desejo de um grupo que não consegue ver Deus como um Deus livre e que pode fazer até coisas que eu não quero. Mas que vão contribuir para a divulgação do evangelho. Quem sou eu, ou melhor dizendo, como Deus perguntou a Jó 28:4ª “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.”

Precisamos ressaltar, que em nenhum lugar deste livro é falado sobre a repetição de qualquer um destes eventos. Digo: qualquer um, porque todos foram diferentes. Em Atos 2, foi o derramamento do Espírito Santo, propriamente dito, conforme promessas de Jesus em João 14 e 16. Já na casa de Cornélio, não houve um derramamento do Espírito Santo, mas uma manifestação do Espírito Santo, que já havia sido derramado em Atos 2. O mesmo acontece em Éfeso. As situações também foram diferentes: Em Atos 2, os discípulos receberam o Espírito Santo manifesto em línguas de fogo pousando sobre cada um deles, para prova para eles mesmos do que estava acontecendo. Em Cesaréia, a manifestação aconteceu enquanto Pedro falava, diríamos que ele ainda não havia feito o apelo para crer em Jesus; não temos certeza se todos os presentes já haviam crido. Mas foi uma prova para os judeus e para Pedro. E em Éfeso, os discípulos já haviam sido batizados com o batismo do arrependimento de João Batista, eles foram, pois, batizados em nome de Jesus, e depois Paulo impondo as mãos, receberam o Espírito Santo

Tendo estes três textos, também não encontramos em nenhum deles, ou num outro de Atos que é necessário que o novo convertido fale em línguas estranhas. Quando Pedro foi perguntado em Atos 2:37-38 “… Que faremos varões irmãos?” Pedro respondeu “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” Que ocasião propícia para falar que deveriam falar em língua estranha, se isso fosse necessário. O versículo 42 diz que se converteram  “quasi três mil almas.” E não fala nada em alguém ter falado em línguas estranhas. Da mesma forma em Atos 4:4 onde se converteram “Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quasi cinco mil.” Destes também não se fala que alguém tivesse falado em línguas estranhas. E só mais um exemplo: Nem o apóstolo Paulo, indo a Damasco, tendo visto a forte luz, ouvindo Jesus falar com ele, não falou em língua estranha, apesar de ter sido um momento muito divino. Ainda Paulo, quando recebeu a visita de Ananias. Ananias diz que ele fora enviado para que Paulo “tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo”. Nem mesmo neste momento Paulo falou língua estranha. Diz o texto que “levantando-se foi batizado.”

Não há pois prova nenhuma no livro de Atos, que mostre que o crente deve ter uma experiência especial que comprove que ele é crente em Jesus Critso, falando línguas estranhas. Aliás, quem crê não precisa de provas. E há aqueles que falam línguas estranhas, que nem crentes são. Mas isso veremos ao estudarmos As Línguas Estranhas em I Corintios.   
É melhor ficarmos no que está escrito, e agradecer pela misericórdia que Deus teve para conosco. Pregarmos o evangelho sem tirar o olhar da cruz, pois é isto que as muitas discussões fazem. Que Deus nos abençoe.
Pr.HW Rosin

O que significa atos proféticos? É bíblico?

Provavelmente você já deve ter se deparado alguma vez com a notícia de um ato profético. Certa vez um pastor levou várias vassouras para o altar da igreja, chamou alguns membros e todos passaram a varrer o chão do altar. Aquele ato, segundo ele, simbolizava a profecia de que o pecado seria varrido da vida das pessoas daquele lugar. Outro pastor levou à igreja um grande cálice com cerca de 12 litros de óleo ungido. Em um momento do culto o pastor ajoelhou e os 12 litros de óleo foram jogados sobre a cabeça dele num ato profético que simbolizava uma unção além da medida para o povo de Deus daquele lugar. Ainda temos um pastor que alugou um helicóptero e sobrevoou uma cidade derramando um óleo ungido sobre os limites da cidade e profetizando que, a partir daquele ato profético, aquela cidade era do Senhor Jesus.
Enfim, os tipos de atos proféticos são variados. Mas vamos entender melhor o que significa toda essa história de atos proféticos e verificar o que a Bíblia diz a respeito disso.
O que significa atos proféticos? É bíblico?

Atos proféticos, o que a Bíblia diz?

(1) Segundo aqueles que os realizam, os atos proféticos são ações realizadas por profetas de Deus, homens consagrados. Esses atos são realizados através de ações e símbolos que apontam para realidades espirituais e tem impacto no mundo físico. Exatamente como no exemplo citado no início, onde um pastor usou uma vassoura e o varrer dessa vassoura como símbolo de algo espiritual (a vitória sobre o pecado) que teria impacto no mundo físico (as pessoas parando de pecar).
(2) Aqueles que defendem o uso de atos proféticos costumam utilizar passagens bíblicas onde Deus se usou de símbolos e ações de Seus profetas para transmitir mensagens ao povo. Por exemplo, o toque de trombetas ou shofar (Josué 6.2-16); derramar óleo sobre lugares e pessoas (Levítico 8); usar desenhos e maquetes de lugares para profetizar e ungir (Ezequiel 4.1-4); enterrar e desenterrar um cinto (Jeremias 13.1-11), etc. Os defensores dos atos proféticos se utilizam dessas passagens para dizer que Deus apoia esse tipo de ato e, inclusive, usou desse tipo de ação na Bíblia. Sendo assim, segundo eles, Deus quer que esse tipo de ato continue.
(3) Avaliando essa questão, precisamos entender que a Bíblia nos traz passagens descritivas (que descrevem fatos como ocorreram, a história) e passagem que são mandamentos (ordens de Deus que devemos cumprir). Cada uma dessas passagens precisa ser interpretada de acordo com o que representa. Por exemplo, a Bíblia nos traz uma passagem descritiva mostrando que Judas traiu o Senhor Jesus (João 13:26-27). Isso significa que devemos trair Jesus? Obviamente que não. Outro exemplo: a Bíblia cita que Moisés tirou as sandálias dos pés quando chegou até a sarça ardente porque, segundo Deus disse, aquela terra era sagrada (Êxodo 3:5). Isso significa que devemos tirar o calçado que vestimos quando estivermos diante de uma terra sagrada? Obviamente não. São passagens descritivas e não passagens com mandamentos. Já no caso de passagens bíblicas com mandamentos, elas são bastante claras a nós: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mateus 22:37). Isso é claramente um mandamento, é ordem de Deus que deve ser seguida. Bem diferente do primeiro exemplo.


(4) As passagem bíblicas citadas como embasamento pelos que fazem seus atos proféticos devem ser interpretadas e entendidas à luz de seu contexto e objetivo. Geralmente Deus utilizava desses expedientes de forma didática ao seu povo e de forma pontual, sem que aqueles atos fossem novamente repetidos. Quando Jeremias comprou um cinto e o enterrou e, após alguns dias voltou até onde enterrara o cinto e este estava podre, Deus mostrou que Seu objetivo era apontar para Judá e Jerusalém que Ele iria fazer apodrecer a soberba deles, pois estavam longe de Deus, andando em maus caminhos (Jeremias 11.9-11).  O objetivo era o ensino e não trazer questões espirituais a existência no mundo físico e nem decretar vitórias que venham por causa do ato realizado. Aquele pastor que citei no início, que levou um monte de vassouras para a igreja para varrer o pecado, tenho por certo, não conseguiu varrer o pecado da vida das pessoas. Ele deveria ter usado a Bíblia para ensinar o que é ter uma vida santificada.

(5) O que ocorre é que aqueles que se usam de passagens descritivas para embasar seus atos proféticos, principalmente do Antigo Testamento, erram fazendo isso, primeiro porque incorrem em um erro de interpretação da Bíblia; segundo porque trazem para igreja elementos estranhos ao culto e tomam de um tempo precioso que deveria ser usado para cultuar a Deus e levar o povo ao aprendizado da Palavra de Deus. Infelizmente levam o povo a uma superstição prejudicial e que minimiza o poder da Palavra de Deus (e do próprio Deus), enquanto ampliam o “poder” dos grandes “homens de Deus” que fazem seus atos proféticos tão “necessários” para que a igreja alcance bênçãos.

(6) As práticas atuais de atos proféticos dos mais diversos e, diga-se de passagem, cada vez mais absurdos, têm afastado as pessoas da verdade da palavra de Deus. Essas pessoas, ao invés de serem libertas das superstições pela pregação da palavra de Deus, têm vivido cada vez mais dependentes de símbolos e de homens que seriam a “chave” para alcançarem as bênção de Deus. Um verdadeiro absurdo! Por exemplo, vi um vídeo de um pastor que fez um ato profético onde cada pessoa deveria se sacrificar e ofertar na igreja uma boa quantia e levaria um mini tijolo ungido, que representaria a conquista da casa própria muito rapidamente. Ora, isso é totalmente absurdo! Uma oferta financeira e um mini tijolo ungido não darão casa própria a ninguém! Antes, as pessoas deveriam ser orientadas dentro da Palavra de Deus a trabalhar honestamente e buscar em Deus a concretização de seus sonhos. Esse é o caminho terrível dos atos proféticos!

(7) Além disso, não temos nenhuma menção na Bíblia de qualquer ordem mandando que reproduzamos atos proféticos. Quando Paulo instruiu o pastor Timóteo, não mandou que fizesse atos proféticos, antes, orientou: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Timóteo 4:1-2). A base de nossas ações deve ser sempre as Escrituras Sagradas. O povo deve ser ensinado a buscar na Bíblia as orientações para todas as questões da vida. Atos proféticos são uma espécie de “circo” que distrai as pessoas e as levam para ainda mais longe dos verdadeiros ensinos da Palavra de Deus. Uma pena que tenha gente que ainda baseie sua fé nesse tipo de coisa!