2015/06/23

O que é teologia da Glória ?

Existe uma tensão apropriada na relação entre os cristãos e o mundo. Servimos a um Senhor que veio para trazer vida abundante (João 10.10), que venceu o mundo (João 16.33), que está sujeitando todas as coisas aos seus pés (Efésios 1.22), que verá todo joelho se dobrar e toda língua confessar que Ele é Senhor, para a glória do Pai (Filipenses 2.10). Jesus é o segundo Adão que teve sucesso onde o primeiro Adão fracassou, não somente por obedecer à lei de Deus perfeitamente, não somente por expiar nossa falha em guardar a lei, mas por cumprir o mandato de domínio. A igreja, que é a segunda Eva, ou noiva do segundo Adão, é uma ajudadora idônea de Jesus para cumprir esse chamado. Estamos em união com ele, ossos de seus ossos. Devemos estar engajados em insistir sobre os direitos régios do Rei Jesus.
O problema é que nós, como os discípulos antes de nós, frequentemente somos mais zelosos pelo nosso próprio sucesso, pela nossa própria glória do que o somos pelo reino. Eles queriam saber quem seria o primeiro no reino. Muitas vezes fazemos o mesmo. A noção de “a teologia da glória” é um meio de nos advertir contra essa tentação. Fundamentada no pensamento luterano, somos lembramos que as armas da nossa guerra não são carnais (2 Coríntios 2.10), que o primeiro será o último e o último será o primeiro (Mateus 20.16). Somos chamados a morrer pelos nossos inimigos, e não a matá-los; a dar livremente em vez de tomar; a oferecer a outra face; e até mesmo a viver em paz e quietude com todos os homens, tanto quanto possível. Isso os luteranos chamam sabiamente de “a teologia da cruz”. Devemos viver vidas de sacrifício.
Um retrato desequilibrado do lado da glória é encontrado no evangelho da prosperidade. Essa heresia ensina que é a vontade de Deus que todos nós desfrutemos de grande saúde e riqueza, que como filhos do Rei todos devemos viver como príncipes. Um retrato desequilibrado do lado da cruz é encontrado na heresia ascética – não coma, não beba, não toque. Aqui as bênçãos de Deus são malvistas, vistas como sinal de mundanismo e não como dons das mãos de Deus. Aqui a pobreza é vista como uma virtude em si mesma. O pior de tudo é que essa perspectiva pode se degenerar numa negação do reinado de Cristo sobre todas as coisas.
Nosso chamado não é buscar nosso próprio conforto, muito menos nossa glória. Antes, somos chamados a tornar conhecida a glória do nosso Rei. Devemos tornar visível o reino invisível de Deus. Contudo, fazemos isso através de meios ordinários. À medida que trabalhamos fielmente, em vez de subir a escada financeira, à medida que trocamos fraldas, em vez de contar o nosso ouro, à medida que Ele é exaltado e nós humilhados, não estamos evitando a glória da cruz, mas sim abraçando a glória da cruz. Vivemos morrendo. Vencemos perdendo. Conquistamos recuando. Nos orgulhamos de nossa fraqueza.
Jesus reina. Mas quanto a nós, seus súditos, não são muitos os sábios, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres. Portanto, aquele que se gloria glorie-se no Senhor. Quando mais manifestamos a Cristo e ele crucificado, mais manifestamos o seu reinado soberano.
 
Fonte: Highlands Ministries
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2012

2015/06/19

O que John Piper Representou no Brasil

O que John Piper Representou no Brasil

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Por Augustus Nicodemus Lopes

Tive o privilégio de estar com John Piper na Conferência da Fiel em Águas de Lindóia e depois no Mackenzie, onde ele falou na sexta à noite e no sábado pela manhã. Algumas coisas me impressionaram, como o recorde absoluto de audiência, tanto da Conferência Fiel, quanto dos eventos que costumeiramente são feitos no Mackenzie. Aqui destaco o papel crescente da internet e das mídias sociais (Facebook, Twitter, YouTube e outros). Houve muito mais gente assistindo as conferências ao vivo pela internet do que nos auditórios do Hotel Majestic e do Mackenzie. Durante as palestras, e depois delas, havia intensa troca de comentários e impressões nas mídias sociais por parte dos que estavam nos auditórios ou assistindo pela internet, o que leva à formação de uma comunidade cada vez maior reunida em torno, não do Piper, mas do que ele representa.

E este é o gancho para minha segunda observação. Os fatos acima descritos simplesmente confirmam o que vem sendo dito, inclusive por mídias não-cristãs, de que o Calvinismo passa por uma ressurgência, um avivamento, por assim dizer, que tem atingido especialmente os Estados Unidos e o Sul-Global -- nome que tem sido dado à cristandade abaixo do equador, no hemisfério sul, especialmente África, China e Brasil. Mas, não se trata daquela caricatura de calvinismo explorada pelos contrários - gente sisuda, fechada nas quatro paredes de seus templos, cantando salmos ao som de órgãos de tubo, de paletó e gravata e pregando a predestinação para o inferno. Este calvinismo que ressurge, e que tem sido chamado de vários nomes, fala da alegria em Deus, quer estar presente e influenciar a cultura moderna, utiliza o que ela tem de melhor a oferecer para a glória de Deus - a julgar pelo alto emprego de tecnologia que marca os eventos - sem, em momento algum, abandonar os pontos característicos da Reforma: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria. Além, é claro, dos famosos cinco pontos do Calvinismo: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada (ou eficaz), graça irresistível e perseverança final dos santos.

O interesse pela fé reformada tem crescido tanto a ponto de romper as barreiras denominacionais, trazendo para o mesmo ambiente de estudo, adoração e louvor batistas, presbiterianos, independentes, comunidades, pentecostais, anglicanos e outros que partilham do mesmo entusiasmo pelas antigas doutrinas da graça. Isto ficou muito claro em Águas de Lindóia e no Mackenzie.

A terceira observação é que a maioria dos que estavam presentes na Fiel e no Mackenzie é composta de jovens. Acredito que a mesma coisa se poderia dizer dos que seguiram tudo pela internet. Para mim, este é um indicador extraordinário de que Deus está de fato tendo misericórdia de nós e nos dando uma sobrevida de pelo menos mais uma geração, enquanto que em outros lugares, onde um dia a fé reformada floresceu, apenas anciãos ocupam poucos lugares em enormes catedrais vazias.

Meu último comentário é que Piper pregou o tempo todo, na Fiel e no Mackenzie, num dos pontos principais do Calvinismo, sem levantar as sobrancelhas dos que detestam os calvinistas. Refiro-me à principal ênfase de Calvino, em suas Institutas e seus comentários, que é a glória de Deus como supremo bem do homem, ponto este capturado no slogan da Reforma, Soli Deo Gloria. Ao fazer isto, Piper mostrou que o calvinismo nada mais é que uma tentativa de honrar e pregar a mensagem central da Palavra de Deus, como Calvino tão apropriadamente nos mostrou. Não me lembro de ter ouvido Piper citar Calvino ou os puritanos, mas ele estava pregando calvinismo puro o tempo todo.

A Deus, portanto, toda glória.

2015/06/17

Esposas em angústia

ESPOSAS EM ANGÚSTIA


Texto Básico: 1 Pedro 3.1-6
Leitura diária
D – Ef 5.22 – Seja uma mulher submissa
S – 1Co 7.12-16, 39 – Seja uma mulher fiel
T – 1Tm 2.9-10 – Seja uma mulher piedosa
Q – Pv 14.1 –  Seja uma mulher sábia
Q – Pv 31.29-31 – Seja uma mulher virtuosa
S – 1Sm 1.9-18 – Seja uma mulher de oração
S – 1Pe 3.5-6 – Seja uma mulher crente

Introdução
Assim como nos dias de Pedro, hoje, muitas mulheres cristãs são casadas com maridos descrentes. Muitas dessas mulheres se converteram depois de já estarem casadas. Infelizmente, há pessoas que incentivam o divórcio nestes casos. O fato de a mulher servir ao Senhor Jesus pode gerar alguns conflitos dentro do lar. A mulher cristã não poderá mais participar dos atos pecaminosos do marido, como mentiras ou imoralidades. O que fazer então? Quais são as recomendações bíblicas para as mulheres cristãs casadas com descrentes?
I. Mulheres crentes casadas com descrentes
A. A mulher na antiguidade
No primeiro século, a situação da mulher em geral era bem diferente da posição que ela desfruta nas modernas sociedades ocidentais. Ela não tinha alguns direitos básicos, não possuía existência independente do seu marido; não podia tomar decisões próprias; vivia debaixo dos caprichos do pai, quando era solteira, e, depois, dos caprichos do marido, quando se casava. Pai e marido tinham direito de vida e morte sobre a mulher. O marido podia abandonar (divorciar-se) sua mulher a qualquer momento e por qualquer motivo. Se uma mulher não cozinhasse bem, por exemplo, poderia ser mandada embora de casa. A educação das mulheres se limitava às prendas domésticas: lavar, costurar, cozinhar e cuidar dos filhos. Casar-se era uma necessidade para sobreviver. Quando maltratadas, não recebiam quase nenhum apoio. As mulheres eram consideradas, praticamente, como objetos do marido.
Catão, famoso político romano daquela época, disse o seguinte: “quem apanhar a sua mulher cometendo adultério pode matá-la que nada lhe acontecerá”. Ele deu carta branca para os romanos assassinarem as suas mulheres se elas fossem infiéis aos seus maridos. Mas se o homem fosse infiel, nada era feito. Era nesse tipo de ambiente que viviam as mulheres cristãs quando Pedro escreveu sua primeira carta.
B. As esposas cristãs
O que representava para uma mulher casada se tornar cristã, no contexto descrito? A sua situação poderia se tornar extremamente complicada. As religiões dos gregos e romanos daquela época eram essencialmente idólatras e pagãs. Havia o culto ao imperador, as religiões de mistério e a religião tradicional dos gregos. O paganismo e a idolatria em geral eram a religião de todos eles. Quando uma mulher cria em Jesus Cristo e se tornar cristã, isso implicava abandonar a religião do marido, o que representava uma afronta à autoridade dele. Ela não podia fazer isso sem a permissão dele. As mulheres tinham de seguir a religião do marido. Uma mulher casada que desejasse se tornar cristã tinha que saber que estava correndo o risco de ser espancada pelo marido, ser expulsa de casa, ou até mesmo ser morta por ele. Sem cair na generalização, casos deste tipo eram muito frequentes naquela época.
Apesar de todo o possível sofrimento que pudessem enfrentar e do risco de morte, é fato que milhares de mulheres daquela época se tornaram cristãs. A situação delas era muito delicada, especialmente quando o marido não aprovava a mudança de religião ou não queria acompanhá-las na nova fé. Considerando essa delicada situação, talvez seja por isso que o apóstolo Pedro deu seis vezes mais espaço para falar às mulheres em nosso texto básico do que aos homens. Aos homens eles dedica somente um versículo (1Pe 3.7), mas para as mulheres dedica seis (1Pe 3.1-6).
II. O que as mulheres cristãs não deveriam fazer
A. Não deveriam se divorciar
Pedro não diz que aquelas mulheres deviam se separar de seus maridos. É importante salientar isso. Mas sempre existiram correntes dentro do cristianismo defendendo que mulheres cristãs casadas com maridos descrentes deveriam se separar para melhor servir a Deus, para se dedicar integralmente a Jesus Cristo e à sua igreja. O marido descrente é visto como um empecilho, um obstáculo à fé da esposa. Contudo, o casamento jamais pode ser dissolvido em nome de uma maior dedicação a Deus ou em nome de uma espiritualidade.
Aparentemente, desde cedo, na história da igreja, mulheres cristãs tiveram questões de consciência relacionadas à permanência ao lado de um marido descrente. O apóstolo Paulo tratou de um problema assim. Algumas mulheres da igreja de Corinto desejavam saber se podiam abandonar os maridos descrentes para se dedicar mais ao Senhor (cf. 1Co 7.12-16). Podemos entender que essa era uma questão aguda e generalizada nas igrejas. As respostas de Paulo e de Pedro são semelhantes em muitos aspectos. Para os dois apóstolos, a conversão de um cônjuge a Cristo não é motivo para dissolver o casamento. A parte crente deveria permanecer fiel, firme e se conduzir de tal modo a levar o cônjuge à fé no Senhor Jesus.
Na perspectiva bíblica, o casamento é uma ordenança de Deus para a humanidade em geral. Quando Deus criou o homem e a mulher e determinou que eles vivessem juntos, o pecado ainda não havia entrado no mundo. O fato de que alguns se tornaram cristãos depois de casados não quer dizer que podem acabar com o casamento, como se a vocação cristã fosse maior que a ordenança matrimonial. Pelo contrário, é o cristianismo que vai nos dar força e graça para tornar o casamento melhor. Para a esposa cristã, o divórcio não é o caminho de Deus, mesmo que o seja para a sociedade em geral.
B. Não deveriam se revoltar
Note que no texto básico Pedro não diz para aquelas mulheres: “abandonem os seus maridos, vivam o evangelho, sejam felizes e comecem uma vida nova”. Não! Ele também não aconselha as mulheres a se revoltarem contra seus maridos. E o que é ainda mais interessante, Pedro nem mesmo diz àquelas mulheres para que tentem converter o marido ao cristianismo por força de palavras e discussão. É verdade que todas as mulheres crentes gostariam de ver seus maridos convertidos ao evangelho. Infelizmente, o que acontece, às vezes, é que as mulheres tentam converter o marido sem ter sabedoria quanto ao método, ao tempo e ao modo de fazê-lo. Inconscientemente, querem converter o marido não cristão a qualquer custo.
III. O que as mulheres cristãs deveriam fazer
Pedro apresenta outro caminho para que as esposas ganhem os maridos descrentes. Vejamos, portanto, as instruções de Pedro quanto ao comportamento das esposas cristãs.
A. Sujeitar-se ao seu marido
“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido” (3.1). Conforme vimos em outra lição, “sujeitar-se” significa “colocar-se debaixo da autoridade de alguém”. Pedro está refletindo aqui o ensino bíblico de que Deus estabeleceu o universo seguindo uma determinada estrutura na família, na igreja e na sociedade, e que tais estruturas devem ser obedecidas. Ao homem cabe a função de liderar, orientar, proteger e se responsabilizar por sua família. À mulher cabe a função de ajudar o seu marido no desempenho de seu papel, seguir sua orientação e cooperar com ele na estrutura da família e na criação dos filhos.
Quando o casamento vai bem, marido e mulher trabalham juntos, há harmonia, consenso, e as decisões são tomadas em conjunto. No entanto, há situações em que alguém tem de tomar uma decisão. O papel que Deus deu ao marido foi de, nesses casos, assumir a liderança e a responsabilidade pela família. O ponto de Pedro é que as esposas devem se sujeitar a seus maridos, mesmo que eles sejam descrentes. É preciso ressaltar, como já vimos na lição anterior, que a submissão aqui referida por Pedro não significa que a mulher cristã deve fazer tudo o que o seu marido deseja. Em última análise, a mulher cristã obedece a Cristo. Portanto, o que Pedro está ensinando é que as mulheres casadas com maridos descrentes deveriam se despojar voluntariamente do seu eu, fazer morrer o seu orgulho e servir com alegria ao seu marido, por amor a Jesus Cristo.
B. Ter uma conduta honesta e respeitosa
 “… seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor” (3.1b-2). Com as palavras “honesta” e “respeitosa”, o apóstolo resume o padrão de conduta que as mulheres cristãs casadas deveriam ter. Desde o início da carta, Pedro está ensinando sobre como viver em meio a uma sociedade hostil com os cristãos (cf. 1Pe 1.15; 2.12; 3.11,16). Da mesma maneira, as mulheres cristãs casadas com incrédulos deveriam se conduzir com prudência, cuidado e sabedoria. Um comportamento honesto significa uma conduta moral irrepreensível. Uma esposa honesta é moralmente pura. Ela é fiel ao seu marido em todos os sentidos. Ao mesmo tempo, a esposa cristã dever ser “respeitosa”, isto é, ter um comportamento cheio de temor em relação ao marido. Isso, é claro, não significa viver com medo do marido, mas tratá-lo com consideração e respeito. Esposas cristãs podem discordar de seu marido, ter opiniões diferentes, mas sempre com atitude de respeito e dignidade. Eis aqui um grande testemunho.
C. Exibir a verdadeira beleza feminina
“Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração” (3.3-4a). Elas não deveriam procurar ficar bonitas somente na aparência, usando enfeites, penteados exagerados, joias e vestidos caros. Ao contrário, deveriam cultivar a verdadeira beleza, que estava no coração. É importante ressaltar que Pedro não está proibindo as esposas cristãs de cuidar de sua aparência. Ele está dizendo que elas não deveriam ficar bonitas somente ou exclusivamente na aparência exterior, mas dar atenção especial e principalmente à beleza interior. Certa vez, Jesus acusou os fariseus por sua preocupação quanto ao exterior e a negligência quanto ao interior (Mt 23.25-26; cf. Ef 3.16).
D. Ter um espírito manso e tranquilo
… unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (3.4b). Um grande testemunho que uma esposa cristã pode dar ao seu marido descrente é ser mansa e tranquila no lidar. Qual é o marido que não fica impactado com esse tipo de conduta?
Na sequência do texto, Pedro ilustra esse ponto citando o exemplo de Sara, esposa de Abraão: “Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas ao seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.” (3.5-6). Pedro exorta as esposas cristãs a se tornarem “filhas de Sara”, praticando o bem e não temendo mal algum. Os exemplos de mulheres piedosas da Bíblia servem de padrão para as mulheres cristãs de hoje.
Conclusão
As mulheres cristãs sofriam muito na antiguidade, especialmente aquelas que criam e confessavam Jesus Cristo. Foi por essa razão que Pedro escreveu o capítulo 3 de sua carta. As orientações de Pedro são para que as mulheres cristãs, casadas com maridos incrédulos, não se divorciem nem se revoltem contra. O apóstolo as exorta a se sujeitar aos seus maridos, ser honestas e respeitosas, exibir a verdadeira beleza feminina, que é interior, do coração, e demonstrar um espírito manso e tranquilo dentro do lar.
Aplicação
As instruções dadas por Pedro servem para todas as mulheres, mais especialmente àquelas que são casadas com maridos descrentes. Busque força e graça em Jesus para conviver bem e feliz com seu marido incrédulo. Que atitudes uma mulher nessa situação poderia tomar no dia a dia, para influenciar positivamente o marido? Você conhece alguma esposa cristã nessa situação? Como a aconselharia?
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Nossa Fé -– A Bíblia e a Sua Família. Usado com permissão.

Só Jesus limpa a mancha no coração


Essa realidade se repete na vida de muitas pessoas. Muitas pessoas se encontram com problemas em seus corações, mas se voltam para a aparência externa como se o problema fosse externo. Com o desenvolvimento da ciência médica, os esteticistas conseguem tirar manchas na pele, restauram partes do corpo que foram mutiladas, fazem adaptações, enxertos, colocam botox, porém tudo do lado de fora, quando há pessoas com manchas na alma, no coração, na consciência. Alguns tentam limpá-las, mas polindo do lado errado.

De nada adianta vestir bem o corpo quando a alma está manchada pelo pecado. Há muita sujeira que necessita ser tirada: infidelidade, enganos, mentiras, calúnias que causaram danos etc. Só o bondoso Jesus pode tirar as manchas do lado de dentro.

Lembremos do cego de nascença de João 9, da mulher samaritana de João 4 e do endemoninhado gadareno, que depois de ser liberto por Jesus, encontraram-no assentado, vestido e em perfeito juízo (Lucas 8.35).  Não podemos esconder a nossa alma manchada dos olhos de Deus, pois Ele vê todas as coisas.

Há muitas crianças e jovens cujas manchas são congênitas, nasceram em lares com sérios problemas morais; são pessoas com péssima formação espiritual e de caráter, pois presenciaram seus pais e irmãos viverem com as mãos manchadas, drogando-se e prostituindo-se. Para os tais, escola, prisão, violência, nada resolve, só a operação do bondoso Jesus pode transformá-las. A mancha do pecado está do lado de dentro, só o sangue de Jesus pode limpar.

Davi clamava em Salmos 51: “Cria em mim um coração reto” e “Torna a dar-me a alegria da tua salvação”. Ele dizia: “Sara a minha alma, porque pequei contra ti”.

Em Salmos 41.4, vemos que o rei Davi, que parecia estar bem, estava, na verdade, manchado do lado de dentro, pois havia cometido um adultério e um assassinato. Tudo estava oculto, até Deus mandar o profeta Natã desmascarar o rei pecador. Davi confessou, arrependeu-se e Deus o perdoou, mas ele pagou um alto preço pelo seu pecado.

Não adianta trocar de religião, dar esmolas e até fazer sacrifícios. Não adianta lavar com sabão ou salitre. Só o sangue de Jesus nos limpa dos nossos pecados!

“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13).
Pastor José Wellington
Assembléia de Deus.
 


Jargões Evangelicos


Olá queridos leitores, dando sequência as postagens apologéticas, hoje gostaria de alertá-los e orientá-los quanto a teologia "Confissão Positiva", mas conhecida e desenvolvida pelo movimento neopentecostal, como a telogia da prosperidade.

Ultimamente, basta ligar a TV, o seu rádio ou até mesmo entrar em determinada igreja evangélica para ouvir algumas "frases" que não possuem valor/autoridade representativa diante do Reino de Deus. São "frases" que doem ao meu ouvido e ilustram a falta de conhecimento das escrituras. Como já é de praxe, vamos analisar algumas frases, sempre, observando as escrituras - assim como os bereanos nos ensinaram e ,sempre, pronto para responder a luz da Bíblia Sagrada, assim como Pedro nos ensinou.

Muitos “jargões” têm invadido as igrejas evangélicas no Brasil. Frases como: “Eu te abençôo”, “Eu profetizo”, “Toma posse da bênção”, "Eu determino", "Eu declaro", entre outras, viraram formas arrogantes de os crentes exercitarem sua fé ou de se dirigirem a Deus, exigindo bênçãos imediatas.

As doutrinas heréticas
Muitos jargões surgiram como resultado de doutrinas heréticas, como a crença em “maldição hereditária”, a “confissão positiva”, a “incubação de bênçãos”, a “teologia da prosperidade”, entre outros ensinamentos antibíblicos. Essas falsas doutrinas são usadas pelo inimigo para enganar e tirar dos cristãos a exclusividade da fé em Cristo, que é suficiente para libertar, curar e proteger os servos de Deus de toda força do mal. O desejo do inimigo é, também, sustentar, na mente dos evangélicos, essas inovações doutrinárias, contaminando-os com doutrinas de demônios.

A confissão positiva
A chamada "confissão positiva" coloca o peso das realizações espirituais "nas palavras pronunciadas e na atitude mental da pessoa", de quem está ministrando, desconsiderando a genuína fé em Deus (At 3:16; Hb 12:1-2).
Essa atitude, louca, é apoiada na falsa crença que diz: “Há poder em suas palavras”, como se as palavras humanas tivessem poder de criar, de intervir, de mudar situações. A ênfase é posta no homem, e, raramente, o ministrante cita o poder da Palavra ou o poder de Deus (Rm 1:16-17). Há dezenas de livros ensinando os crentes a agirem assim. A maioria dos fiéis não percebe que está caminhando para o abismo espiritual, lugar daqueles que se afastam das verdades bíblicas.

A incubação de bênçãos
A conhecida "Incubação de bênçãos" é um desdobramento da crença na "confissão positiva". Consiste no seguinte: O crente incauto é ensinado a "gerar uma imagem mental", direcionada para o alvo que se pretende alcançar; por exemplo: se o crente deseja um carro, deve engravidá-lo mentalmente, para que Deus possa conceder-lhe a graça. É ridículo, mas, infelizmente, centenas de crentes deixam-se enganar. Essa atitude tem levado muitas pessoas ao comodismo, à inércia espiritual e a uma atitude preguiçosa, pois já não se esforçam para conseguir, com trabalho duro e honesto, aquilo de que precisam. Pelo contrário, ficam à espera do momento em que a bênção irá “cair do céu”. Da crença na "incubação das bênçãos", surgiu a arrogante frase: "Toma posse da bênção”. Isso simplesmente não existe na palavra de Deus. O próprio Deus disse ao homem: "Do suor do seu rosto comerás o teu pão; disse ainda, Levanta-te, esforça-te e tem bom ânimo"

A mania de querer mandar em Deus
Frases como: “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto", são pronunciados sem a menor reflexão ou sentido de responsabilidade. Os crentes e, infelizmente, muitos líderes, comportam-se como se fossem Deus; colocam o "EU" na frente e soltam palavras que não fazem parte das alianças divinas, das promessas divinas, dos oráculos divinos, dos estatutos divinos, da graça divina, da misericórdia divina, do amor divino. Falam da forma como Deus não mandou falar, declaram o que Deus não mandou declarar. “Eu declaro”, “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, "Eu decreto" são expressões despidas da espiritualidade ensinada na palavra de Deus; são frases que revelam a altivez do coração humano, são palavras que, por não terem respaldo bíblico, não mudam situação alguma. Os cristãos precisam entender que não podem dar ordens a Deus! É Deus quem determina; é Deus quem decreta; é Deus quem declara; é Deus quem abençoa. É Deus; não sou eu. Ele é tudo; eu sou nada! Eu sou servo; Deus é Senhor! Ele é soberano; eu apenas obedeço à sua Palavra. A Deus, toda a glória! Assim, não é a minha vontade que deve prevalecer.

Jesus não só nos ensinou a orar: ... seja feita a tua vontade (Mt 6:9 e 10), como também pôs em prática o que ensinou: ... todavia, faça-se a tua vontade ... (Mt 26:42). Pronunciar uma frase por deliberação própria e dar a entender que está autorizado por Deus, sem, na verdade, estar, é enganar o rebanho do Senhor. Deus não opera onde há engano; não compactua com enganadores e não terá por inocente aquele que tomar seu nome em vão (Êx 20:7).

O egocentrismo
O egocentrismo caracteriza-se pela fantasia de imaginar que o mundo gira em torno de si, tomando o eu como referência para todas as relações e fatos. A pessoa egocêntrica é egoísta, no sentido de que não consegue imaginar que não seja ela a prioridade no mundo em que vive.
O que nos chama à atenção nessas manias, nessas invencionices, é o seguinte: quanto mais elas se alastram, mais o nome de Deus desaparece e o "EU" entra em cena. É trágico: os cristãos vão se tornando embrutecidos, achando que podem assumir o lugar do Altíssimo Deus. E não é este o incansável desejo de satanás? Veja, leitor: Cada vez mais os cristãos expressam o desejo de assumir o lugar de Cristo: “Eu ordeno”, “Eu profetizo”, Eu te abençôo”. É o "EU" como centro da fé; é o egocentrismo religioso em marcha; é o endeusamento do egoísmo; é a divinização do homem. Os cristãos precisam entender que Jesus não permitiu que o seu "EU" aparecesse. Quando alguém o chamou de “bom Mestre”, ele desviou de si a atenção e disse: ... bom só há um, que é Deus ... (Mt 19:17). É preciso ter muito cuidado com o egocentrismo religioso: o "EU" atrai para o homem a glória que a Deus pertence, sendo o resultado de tal atitude a morte eterna.

Nossa Carta Magna: a Palavra de Deus
É necessário muita graça e sabedoria divina para discernirmos o ensino que é de Deus e o ensino que é do diabo. A ausência de estudos da palavra de Deus, ministrados de forma sistemática, tem dado oportunidade para a entrada de heresias, acompanhadas dos chavões religiosos, nas igrejas. Por isso, somos convidados a refletirmos sobre seguinte questão: A utilização dessas estranhas expressões tem o apoio da Bíblia? Avaliemos algumas delas:

"Eu te abençôo”
À luz da Bíblia, não é correto usar essa frase, visto que o poder que promove a benção não é do homem, mas de Deus. O homem é apenas um canal, um instrumento que está autorizado somente a ser bênção, não a abençoar. Os servos de Deus, em nome do Senhor Jesus, são bênção para as pessoas. A Bíblia diz: ... estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome ... (Mc 16:17). Todas as bênçãos divinas são derramadas através dos servos, em nome de Jesus. Em lugar de "Eu te abençôo", o cristão deve dizer: “O Senhor te abençoe”, conforme o ensino bíblico: Fala a Arão, e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel; dir-lhes-eis: O Senhor te abençoe e te guarde. (Nm 6:23 e 24). O nome do Senhor precisa ser invocado e não o "EU". O "EU" é carne; o "EU" é pecador; o "EU" é corrompido; o "EU" não é divino; é humano. Vejamos o complemento da palavra de Deus: Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei. (Nm 6:27). Vejamos também quem pode ordenar a bênção: ... porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133:3); ... então eu mandarei a minha bênção sobre vós ... (Lv 25:21); ... o Senhor mandará que a bênção esteja contigo ... (Dt 28:8); ... Eu o abençoarei (...) abençoarei os que o abençoarem ... (Gn 12:2-3). Será que Deus mudou? Não encontramos, nem no Antigo nem no Novo Testamento, alguém fazendo uso do “EU te abençôo”. Se esse ensino esquisito não vem da Bíblia, de onde vem?

“Eu profetizo”
O ministério profético cessou. Todos os profetas de Deus foram rejeitados e mortos (Mt 23:37). Segundo a palavra de Deus, o que existe hoje, na igreja do Senhor, é o "Dom da Profecia". Profecia, então, é um "Dom espiritual" (I Co 12:10), útil para que Deus fale de maneira sobrenatural às pessoas, assim como, pela "variedade de línguas", se fala sobrenaturalmente a Deus. O "Dom espiritual" é uma capacidade sobrenatural que atua nos filhos de Deus, quando Deus quer, e para o que ele achar proveitoso (I Co 12:11). Por isso, o uso da frase “Eu profetizo” é totalmente incorreto.A Bíblia ensina que a profecia não depende do "EU" querer: ... porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirado pelo Espírito Santo. (II Pe 1:21).
É bom observarmos que os homens santos de Deus também não usaram essa frase; ao contrário, quando profetizaram, disseram: Assim veio a mim a palavra do Senhor ... (Jr 1:4); Assim diz o Senhor ... (Jr 2:5; Is 56:1; 66:1); Ouví a palavra do Senhor ... (Jr 2:4); E veio a mim a palavra do Senhor (...) disse o Espírito Santo ... (At 13:2); ... Isto diz o Espírito Santo ... (At 21:11); Mas o Espírito expressamente diz ... (I Tm 4:1). Em todos os casos, não aparece o "EU", aparece a pessoa divina. Pense bem: Como é que eu e você vamos profetizar bênçãos, sem que Deus tenha nos autorizado, em sua palavra, a Bíblia Sagrada? Como é que eu e você vamos profetizar, se, em nós mesmos, não há bênçãos para oferecermos, visto que a Palavra afirma que, em nossa natureza, não habita bem algum? Como é que eu e você vamos profetizar bênçãos em nosso nome, se a Bíblia afirma que toda boa dádiva, todo dom perfeito vem do alto, do Pai das luzes, em quem não há mudança e nem sombra de variação? Essa arrogância do "Eu te abençôo" deriva da falsa crença na "confissão positiva", que leva as pessoas a crerem em que há poder nas suas próprias palavras. Daí acharem que podem profetizar bênçãos a qualquer momento e a qualquer pessoa. A Bíblia condena essa falsa crença, pois somente Deus tem poder para abençoar.Além de tudo isso, é estranho o fato de que as pessoas que vivem dizendo: "Eu profetizo" só "profetizem" bênçãos e mais bênçãos, sendo que, nas profecias bíblicas, o Espírito Santo inspirava os profetas a anunciarem bênçãos, castigos, catástrofes, juízos aos desobedientes à palavra de Deus, repreensão, etc. Não é estranho, hoje, as pessoas "profetizarem" somente bênçãos? Se Deus não muda, de onde está vindo a inspiração para essa gente "profetizar"? Outro fator a pensar é este: As pessoas que profetizam bênçãos não esclarecem que tipos de bênçãos. As profecias bíblicas sempre especificaram que tipo de bênção ou de juízo sobreviria ao povo. Mas, hoje, é só isto: "Eu te abençôo". É um procedimento totalmente fora da palavra de Deus.

“Tomar posse da bênção”
Não encontramos o uso dessa expressão no Antigo e nem no Novo Testamento. É um jargão de uso freqüente nas igrejas cujas reuniões têm como tema e propósito principal pregar e receber a prosperidade material, que eles reduzem a bênçãos. Os seus líderes não se preocupam com nutrir o rebanho com as verdades da palavra de Deus, que conduzem à salvação em Cristo Jesus (II Tm 3:14 e 15).
Essa frase surgiu para fortalecer a doutrina da "incubação de bênçãos". Como já vimos, neste texto, primeiramente a pessoa tem a “visualização positiva” da bênção desejada, isto é, concebe, em sua mente, o que ela quer receber, e, em seguida, é motivada a “tomar posse bênção”. A "incubação de bênçãos", a "visualização positiva" e o uso do termo “tomar posse da bênção” são atitudes que substituem a fé operante e a atuação divina, levando as pessoas a crerem em que tudo depende da força da mente e das palavras de poder pronunciadas por elas. Comparando isso com o procedimento de Jesus e dos apóstolos, afirmamos que é errado usar o termo "Toma posse da bênção" como meio de termos as bênçãos divinas concretizadas em nossa vida. Os discípulos de Jesus nunca cometeram esse tipo de equívoco, pois, em lugar de dizerem: "Toma posse da bênção”, eles disseram: ... se tu podes crer; tudo é possível ao que crê (Mc 9:23); ... Tende fé em Deus ... (Mc 11:22), ... grande é a tua fé! ... (Mt 9:28) ... Seja-vos feito segundo a vossa fé (Mt 9:23); Em nome de Cristo, o nazareno, levanta-te e anda ... (At 3:6). Assim, em vez de as bênçãos serem direcionadas para o homem, a palavra de Deus ensina as pessoas a direcionarem suas esperanças para Deus, através da fé.

Doutrinas heréticas têm ocupado a mente e o tempo de muitos crentes. Elas não conduzem as pessoas a confiarem no sacrifício do Calvário, na cruz do Senhor, no sangue de Jesus, que nos purifica de todo o pecado, mas levam as pessoas a se envolverem com várias práticas estranhas à Palavra inspirada pelo Espírito Santo. Essas heresias são caracterizadas, na Bíblia, como o “outro evangelho” (Gl 1:8), chamado, pelo apóstolo Paulo, de anátema ou maldito.

Fiquemos com o Verbo da Vida
Herder  Sacal

Pregadores ou animadores de auditório?



Na pregação moderna, cada vez mais interativa e pouco expositiva, o comportamento dos pregadores (pregadores?) e a reação do público se parecem muito com o teatro de bonecos, formado por manipulador e manipulados. O manipulador, na aludida modalidade teatral, é aquele que dá vida e expressão aos bonecos nos seus mais variados formatos. Na pregação hodierna, a diferença é que o manipulador é chamado de pregador, e o objeto de sua manipulação não são os bonecos, e sim as pessoas.


Conheçamos alguns tipos de crentes que se deixam manipular:

CRENTE MARIONETE

Marionetes são os mais elaborados bonecos entre os vários tipos usados no teatro. Geralmente, são construídos com madeira, com articulações nos pulsos, cotovelos, ombros, cintura, quadris, joelhos e, ocasionalmente, pescoço e tornozelos. Uma marionete padrão é movimentada através de uma série de nove fios que obedece à seguinte distribuição: um para cada braço, um para cada perna, dois para a cabeça, um para cada ombro e um para as costas.

Os fios de sustentação da marionete são ligados a um controle central de madeira em forma de cruz que é movimentado por uma única mão do manipulador. Os pregadores manipuladores também têm os seus “fios”, isto é, os seus clichês, as suas frases de efeito, para mecanizar o culto e manipular o povo, afastando-o da Palavra de Deus e do Deus da Palavra: “Quem nasceu para vencer levante a mão”, “Se você é pentecostal, dê uma rajada de línguas estranhas”, “Aperte a mão do seu irmão até que ele diga ‘aleluia’”, “Tire o pé do chããão”, etc. Mas veja que curioso: na manipulação de marionetes há uma cruz na mão do manipulador! E, na pregação moderna, não existe mais cruz (cf. 1 Co 1.18)! Além disso, o pregador não está mais na mão do Senhor, o Controlador de todas as coisas!

CRENTE FANTOCHE

A montagem do fantoche é feita numa luva, calçada na mão do manipulador, que dá movimento ao boneco. Ele tem tamanho e gestos limitados às dimensões e possibilidades gestuais do operador. A sua construção é relativamente simples: cabeça e mãos são feitas geralmente de material resistente, como madeira, unidas entre si por uma roupa folgada de tecido aberta atrás, por onde é introduzida a mão do manipulador.

Pregadores manipuladores costumam ter facilidade para enganar crentes fantoches, que costumam ser “cabeça dura”, por não frequentarem a Escola Bíblica Dominical e os cultos ensino da Palavra, e fazer “corpo mole” para a obra de Deus. Esses crentes não têm firmeza e vivem atrás de movimentos. Quando ficam diante de um manipulador, comportam-se como se estivessem hipnotizados e obedecem a todas as suas ordens...

Certos milagreiros, à semelhança dos manipuladores de fantoches, que introduzem a mão no interior do boneco, têm conseguido tocar na alma de crentes desavisados, fazendo-os ter sentimentos nunca antes experimentados! Alguns, ao ouvirem esses “pregadores”, caem ao chão anestesiados, riem sem parar, rugem, latem, unem as mãos e não conseguem mais separá-las, etc. E assim caminha o teatro, ops!, o culto “evangélico”, sem pregação expositiva da Palavra de Deus — que verdadeiramente penetra na divisão da alma e do espírito (Hb 4.12) — e muita hipnose, considerada hoje uma grande manifestação do Espírito!

CRENTE MAMULENGO

Mamulengo é uma corruptela de “mão molenga” e alude a um tipo de boneco comum nos teatros do Nordeste do Brasil. O manipulador — ou mamulengueiro — emprega um tom bastante crítico nos diálogos e improvisa bastante, ao fazer piadas de humor pesado, que ridicularizam fatos ou pessoas da comunidade.

Não é difícil de identificar os mamulengueiros e os mamulengos no meio “evangélico”. Ambos, ignorando o evangelho cristocêntrico, valorizam as pregações e as canções revanchistas, ridicularizadoras, zombeteiras, pelas quais se tripudia dos inimigos, que não são as hostes do mal, o mundo ou a carne. Os seus inimigos são os seus vizinhos, patrões, colegas de trabalho e irmãos que os viram na prova e os não ajudaram, e agora são hostilizados “entre a plateia” por aqueles que estão no palco... Mas a Palavra do Senhor nos ensina a amar e a fazer bem às pessoas que se portam como inimigas (Mt 5.44; Rm 12.20).

CRENTE JÔRURI

Comum nos teatros de bonecos do Japão, o jôruri adquiriu grande requinte a partir do século XVIII, com movimento de olhos e articulação dos dedos. Mas a sua movimentação não é fácil. São necessários três manipuladores: o mestre, vestido com traje cerimonial, responsável pela cabeça e o braço direito, e dois manipuladores assistentes, vestidos de preto e com um capuz cobrindo o rosto. O crente jôruri geralmente é classe média alta e catedrático. Não é fácil manipulá-lo. Clichês de autoajuda como “Ouse sonhar” não funcionam com ele. Ele é muito racional e submete tudo ao teste da lógica. Para convencê-lo, é preciso um manipulador-mestre — capaz de mexer com a sua cabeça e com a sua mão direita, induzindo-o a colocá-la no bolso!

Um dos mais famosos manipuladores de crente jôruri da atualidade tem nome e sobrenome estrangeiros e é conhecido como o homem mais sábio do mundo. Não há rico e intelectual que resista aos seus argumentos! Dizem que ele, quando usa a “sua sabedoria” e conta com a ajuda de seus assessores, consegue arrecadar dinheiro até para comprar jatinhos...

Fazer o quê? Na falta de exposição da Palavra de Deus, sobram as representações teatrais. E aumenta cada vez mais o número de manipuladores e manipulados nesse grande circo, ops!, grande teatro que se tornou o culto “evangélico” nesses tempos pós-modernos. Lembremos, pois, do que assevera a Palavra de Deus em 2 Timóteo 4.1-5.

Ciro Sanches Zibordi