2015/06/25

ESPÍRITO SANTO — Original Grego e Hebraico



A expressão “Espírito”, ou “Espírito de Deus”, ou ainda “Espírito Santo” se encontra na grande maioria dos livros da Bíblia. No Antigo Testamento a palavra hebraica empregada de forma uniforme para “Espírito” se referindo ao Espírito de Deus é רוּח, rūaḥ significando “sopro,” “vento” ou “brisa.” A forma verbal da palavra é רוּח, rūaḥ, ou ריח, rı̄aḥ usado apenas no Hiphil e significando “respirar”, “soprar”. Um verbo semelhante é רוח, rāwaḥ, significando “respirar”. A palavra que sempre é usada no Novo Testamento para “Espírito” é o substantivo grego neutro πνεῦμα, pneúma, com ou sem o artigo e para o Espírito Santo, πνεῦμα ἅγιον, pneúma hágion, ou τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον, tó pneúma tó hágioň. No Novo Testamento, nós encontramos as expressões, πνευματι θεου (“O Espírito de Deus”), πνευμα κυριου (“Espírito do Senhor”), πνευμα του πατρος (“Espírito do Pai”), πνευματος ιησου χριστου (“Espírito de Jesus Cristo”). A palavra grega para “Espírito” no grego vem do verbo πνέω, (pnéō), “respirar”, “soprar”. O correspondente em Latim éspiritus, de onde derivamos o nosso português “espírito”.






2015/06/23

O Ministério como ocupação

Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honrab, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: “Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal”, e “o trabalhador merece o seu salário”. (1 Timóteo 5.17-18)
A Escritura define o ministério do evangelho como trabalho, e o pregador como um trabalhador. Referindo-se ao ministério dos seus discípulos, Jesus diz em Mateus 10, “o trabalhador é digno do seu sustento”, e em Lucas 10, “o trabalhador merece o seu salário”. Paulo ecoa essa forma de pensamento em nossa passagem. E quando ele escreve sobre esse assunto numa carta aos coríntios, ele ilustra esse ponto comparando o ministro com alguém que “serve como um soldado”, ou que “planta uma vinha”, ou que “cuida de um rebanho”, ou que “ara” ou “trilha”. Ele até usa a imagem de um sacerdote que recebe alimento do altar (1 Coríntios 9). Em outras palavras, o ministério é uma ocupação em seu próprio direito, e deve ser considerado como tal em qualquer discussão sobre ministério e salário. Alguém que trabalha no ministério, a despeito de como ele é visto pelo Estado ou pela igreja, é uma pessoa empregada.
Visto que o ministro é uma ocupação, o ministério deve ser pago pelo seu trabalho. As mesmas passagens que definem o ministério como trabalho, como uma ocupação, também associam inseparavelmente esse fato com o direito do ministério receber hospitalidade, abrigo e salário. Paulo é explícito sobre isso: “Da mesma forma, o Senhor ordenou àqueles que pregam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9.14). Assim como um contador ganha a sua vida fazendo contabilidade, ou um cozinheiro preparando alimentos, um ministério ganha igualmente a sua vida realizar o trabalho do ministério, especialmente a pregação. Visto que o ministério é uma ocupação, o dinheiro pago ao ministro deve ser considerado um salário.
Por definição, um salário é algo devido, e não voluntariamente doado. Não é caridade. Visto que o dinheiro pago ao ministro é um salário, isso significa que é algo devido àquele que trabalha por aqueles que recebem o benefício do trabalho. Em sua carta aos coríntios, Paulo refere-se ao direito do pregador receber compensação material por seu trabalho. A partir da perspetiva do ministro, isso é um direito. A partir da perspectiva daqueles que se beneficiam de seu ministério, isso é uma dívida.
Embora o princípio bíblico que um trabalhador merece seu salário se aplique a todas as ocupações legítimas, há uma diferença quando diz respeito ao ministério. Fora do ministério, esse princípio é implementado por acordo humano. Se alguém que recebe o benefício do trabalho nunca concordou em assalariar um trabalhador ou pagá-lo, então o trabalhador não pode gerar tal dívida realizando o trabalho. Em contraste, a dívida devida a um ministro não surge por acordo humano, mas por um mandamento divino que o transcende. Quando Jesus envia seus discípulos para pregar, e quando Paulo pregou o evangelho às pessoas, aqueles que receberam o benefício do seu ministério nunca entraram em acordo de antemão para pagá-los por seu trabalho. De fato, seria impossível assegurar um acordo humano para salário daqueles a quem eles planejavam evangelizar antes de evangelizá-los. A dívida era gerada unicamente por causa da obra feita em benefício deles. Portanto, o ministro não tem apenas uma reivindicação à salário igual a de trabalhadores em outras ocupações, mas uma reivindicação superior.
Visto que um salário é devido ao pastor, aqueles que falham ou recusam em pagá-lo são ladrões e assaltantes, defraudadores, opressores e pecadores. A maldição de Deus está sobre eles. Como Tiago escreve: “Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram com fraude, está clamando contra vocês” (Tg 5.4). O dinheiro que você economiza negligenciado pagar o pregador testifica contra você, e clama seu pecado ao Senhor dia e noite. O ministro pode ter que arrumar outro emprego fora do ministério por causa de sua avareza e opressão – cada polegada do esforço dele, cada gota de suor, cada suspiro é um testemunho da sua culpa. O Senhor conta contra você cada lágrima que a esposa dele verte. Ele te amaldiçoa por cada pontada de fome que os filhos dele sentem. É uma coisa ímpia que você faz, e o Senhor promete puni-lo por causa de sua crueldade e dureza de coração. Ainda maior é a sua condenação se você advoga a doutrina que um pregador deveria sempre trabalhar sem remuneração.
Algumas vezes membros de igreja cobiçosos e líderes hipócritas apoderam-se do exemplo de Paulo, pelo fato dele ministrar sem remuneração. Contudo, qualquer leitor com uma competência mínima deveria perceber que essa é uma exceção evidente que prova a regra. Primeiro, ele explicou aos coríntios que sua política de pregação sem remuneração era a renúncia de um direito. Isto é, ele tinha o direito de receber pagamento, mas não exerceu esse direito. Se era um direito que ele não exerceu, então era um direito que ele poderia ter exercido. Dessa forma, os coríntios de fato deviam a ele, mas ele perdoou a dívida. Segundo, se era seu direito receber o pagamento, então ele era o único que poderia recusar o pagamento. Os coríntios não tinham o direito privá-lo do pagamento. Terceiro, ele disse que “os irmãos do Senhor e Pedro” (1Co 9.6) exerciam esse direito. A exceção não foi universalmente praticada nem mesmo entre os apóstolos. Quarto, essa política de recusar pagamento estava em vigor só com respeito a certas congregações. Por exemplo, ele aceitou dinheiro dos filipenses, e a linguagem em sua carta para eles indica que ele fez isso pelo menos duas vezes, visto que ali diz que eles enviaram-lhe ajuda “não apenas uma vez, mas duas”.
Quinto, ele deixou claro as suas razões para declinar o pagamento dos coríntios e de certas outras congregações. Quando as razões não se aplicavam, então as exceções não se aplicavam. Ele disse que não exercia seus direitos quando exercitá-los impedisse o evangelho. E as razões que poderiam ter impedir o evangelho seriam imaturidade, má atitude ou falta de discernimento deles. Talvez havia alguns que tinham suspeitas de seus motivos. Isso teria distraído-os de ouvir a mensagem do evangelho. Ou, talvez alguns teriam tentado colocar Paulo sob seu controle se ele tivesse aceitado pagamento deles. Em contraste, os filipenses se consideravam cooperadores com Paulo na disseminação do evangelho, enviando repetidamente dinheiro e suprimentos para ele. Eles tinham um entendimento correto da natureza do trabalho e da relação deles com o pregador. Ao que tudo indica, Paulo não aceitou pagamento de algumas pessoas porque ele as considerava incrédulas ou crentes que sofriam de desenvolvimento retardado. De fato, o ministério de Paulo a eles era um caso de caridade. Você não pede que pessoas retardadas lhe pagem – se possível, você ajudá-las-a sem remuneração.
É verdade que Jesus disse aos discípulos: “Vocês receberam de graça; deem também de graça” (Lucas 10.8). Contudo, imediatamente após isso, ele lhes diz para não trazer nenhum dinheiro ou suprimento extra, pois “o trabalhador é digno do seu sustento”. A declaração diz respeito a como eles deveriam dispensar a mensagem e os poderes do evangelho, e não se eles poderiam aceitar ou não sustento material das pessoas. Isto é, Jesus instruiu-os a realizar o seu ministério “de graça”, mas ao mesmo tempo esperava que todas as suas necessidades fossem supridas pelas pessoas que receberiam o benefício de sua obra. Seu propósito não era dizer que os discípulos deveriam recusar hospitalidade e pagamento, mas que eles não deveriam exigir compensação para cada unidade de trabalho feito ou cada instância de ministério.
Trata-se de uma prescrição de como uma pessoa deveria abordar a obra do ministério. A declaração, “vocês receberam de graça; deem também de graça”, foi feita logo após a comissão para pregar, curar, e expulsar demônios, e novamente, logo antes da instrução para esperar que aqueles que receberiam o ministério pagassem tudo. Em outras palavras, Pedro não poderia dizer a alguém que tinha um demônio: “Eu recebi o poder de Cristo para expulsar esse demônio, mas você deve me pagar essa quantia de dinheiro, ou não irei fazê-lo”. Não, ele devia expulsar o demônio sem cobrar nada, mas após isso, a pessoa que tinha sido liberta estava moralmente obrigada a compensar Pedro por seu trabalho. Ao agir assim, ele não estaria apenas sustentando Pedro, mas testificaria por sua ação que endossava o evangelho de Jesus Cristo.
Suponha que alguém chegue até mim e diga: “Que devo fazer para ser salvo?”. Eu não devo responder: “Eu sei como você pode ser salvo. Pague-me essa quantia de dinheiro e eu lhe direi, mas se você não me pagar, vou deixar você ir para o inferno”. Não, eu devo pregar o evangelho a essa pessoa de graça, sem consideração quanto a se posso obter alguma recompensa material. Minha responsabilidade é ensinar-lhe a verdade, e fazê-lo sem favoritismo, não retendo nada. Sua responsabilidade é me reconhecer como um mensageiro de Deus que lhe traz boas novas que podem salvar sua alma, e então me oferecer sustento material. Como Paulo escreve: “Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais?” e “O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com aquele que o instrui.” (2Co 9.11; Gl 6.6). Quer ele faça a sua parte ou não, eu farei a minha. Se ele é retardado, então eu abrirei mão dos meus direitos em prol do evangelho. Todavia, isso não o livra de sua responsabilidade perante Deus.
Claramente, tudo isso significa que é possível defraudar o ministro do seu justo salário, e isso é frequentemente o que acontece. Mas Deus é fiel. Ele suprirá todas as nossas necessidades de acordo com as suas riquezas gloriosas em Cristo Jesus. Ele vindicará os seus servos, e amaldiçoará aqueles que lhes roubam e oprimem. Portanto, pague os seus ministros. Se eles realizam bem o seu trabalho, pague-os bem, especialmente se trabalharem duro na pregação e no ensino.
Àqueles que trabalham no ministério, vocês não deveriam sentir nenhuma vergonha de receber sustento da parte dos fiéis. Se possível, a quantidade de sustento deveria ser suficiente para sustentar toda a sua família e ministério. Por mandamento de Deus, esse é o seu direito e essa é a obrigação deles. Ao ganhar a sua vida da obra do evangelho, pelo menos tanto quanto possível, vocês estão seguindo o exemplo de todos os apóstolos, incluindo Paulo, e também do Senhor Jesus, que de acordo com Lucas, recebia sustento de um grupo de mulheres. A quantidade de dinheiro envolvida deve ter sido considerável, visto ter sido suficiente para sustentar a vida e as despesas de viagem de pelo menos treze pessoas (Lucas 8.3). Isso não significa necessariamente que todo o dinheiro deles procedesse dessas mulheres, mas o ponto é que eles aceitaram doações de auxiliadores, e que pegaram o suficiente para satisfazer as necessidades de mais de doze homens. De fato, eles tinham quantia suficiente para tornar necessária uma bolsa de dinheiro (João 12.6), e suficiente para dar um pouco aos pobres (parece que os discípulos consideravam isso como rotina; João 13.29), e até mesmo o suficiente para Judas roubar dela sem ser descoberto por alguém (pelo menos a princípio, visto que parece razoável assumir que os outros discípulos teriam reagido se tivessem conhecimento; João 12.6), exceto o Senhor, que conhecia sua verdadeira natureza desde o princípio (João 6.64, 70).
 
Fonte: Reflections on First Timothy
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

O que é teologia da Glória ?

Existe uma tensão apropriada na relação entre os cristãos e o mundo. Servimos a um Senhor que veio para trazer vida abundante (João 10.10), que venceu o mundo (João 16.33), que está sujeitando todas as coisas aos seus pés (Efésios 1.22), que verá todo joelho se dobrar e toda língua confessar que Ele é Senhor, para a glória do Pai (Filipenses 2.10). Jesus é o segundo Adão que teve sucesso onde o primeiro Adão fracassou, não somente por obedecer à lei de Deus perfeitamente, não somente por expiar nossa falha em guardar a lei, mas por cumprir o mandato de domínio. A igreja, que é a segunda Eva, ou noiva do segundo Adão, é uma ajudadora idônea de Jesus para cumprir esse chamado. Estamos em união com ele, ossos de seus ossos. Devemos estar engajados em insistir sobre os direitos régios do Rei Jesus.
O problema é que nós, como os discípulos antes de nós, frequentemente somos mais zelosos pelo nosso próprio sucesso, pela nossa própria glória do que o somos pelo reino. Eles queriam saber quem seria o primeiro no reino. Muitas vezes fazemos o mesmo. A noção de “a teologia da glória” é um meio de nos advertir contra essa tentação. Fundamentada no pensamento luterano, somos lembramos que as armas da nossa guerra não são carnais (2 Coríntios 2.10), que o primeiro será o último e o último será o primeiro (Mateus 20.16). Somos chamados a morrer pelos nossos inimigos, e não a matá-los; a dar livremente em vez de tomar; a oferecer a outra face; e até mesmo a viver em paz e quietude com todos os homens, tanto quanto possível. Isso os luteranos chamam sabiamente de “a teologia da cruz”. Devemos viver vidas de sacrifício.
Um retrato desequilibrado do lado da glória é encontrado no evangelho da prosperidade. Essa heresia ensina que é a vontade de Deus que todos nós desfrutemos de grande saúde e riqueza, que como filhos do Rei todos devemos viver como príncipes. Um retrato desequilibrado do lado da cruz é encontrado na heresia ascética – não coma, não beba, não toque. Aqui as bênçãos de Deus são malvistas, vistas como sinal de mundanismo e não como dons das mãos de Deus. Aqui a pobreza é vista como uma virtude em si mesma. O pior de tudo é que essa perspectiva pode se degenerar numa negação do reinado de Cristo sobre todas as coisas.
Nosso chamado não é buscar nosso próprio conforto, muito menos nossa glória. Antes, somos chamados a tornar conhecida a glória do nosso Rei. Devemos tornar visível o reino invisível de Deus. Contudo, fazemos isso através de meios ordinários. À medida que trabalhamos fielmente, em vez de subir a escada financeira, à medida que trocamos fraldas, em vez de contar o nosso ouro, à medida que Ele é exaltado e nós humilhados, não estamos evitando a glória da cruz, mas sim abraçando a glória da cruz. Vivemos morrendo. Vencemos perdendo. Conquistamos recuando. Nos orgulhamos de nossa fraqueza.
Jesus reina. Mas quanto a nós, seus súditos, não são muitos os sábios, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres. Portanto, aquele que se gloria glorie-se no Senhor. Quando mais manifestamos a Cristo e ele crucificado, mais manifestamos o seu reinado soberano.
 
Fonte: Highlands Ministries
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2012

2015/06/19

O que John Piper Representou no Brasil

O que John Piper Representou no Brasil

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Por Augustus Nicodemus Lopes

Tive o privilégio de estar com John Piper na Conferência da Fiel em Águas de Lindóia e depois no Mackenzie, onde ele falou na sexta à noite e no sábado pela manhã. Algumas coisas me impressionaram, como o recorde absoluto de audiência, tanto da Conferência Fiel, quanto dos eventos que costumeiramente são feitos no Mackenzie. Aqui destaco o papel crescente da internet e das mídias sociais (Facebook, Twitter, YouTube e outros). Houve muito mais gente assistindo as conferências ao vivo pela internet do que nos auditórios do Hotel Majestic e do Mackenzie. Durante as palestras, e depois delas, havia intensa troca de comentários e impressões nas mídias sociais por parte dos que estavam nos auditórios ou assistindo pela internet, o que leva à formação de uma comunidade cada vez maior reunida em torno, não do Piper, mas do que ele representa.

E este é o gancho para minha segunda observação. Os fatos acima descritos simplesmente confirmam o que vem sendo dito, inclusive por mídias não-cristãs, de que o Calvinismo passa por uma ressurgência, um avivamento, por assim dizer, que tem atingido especialmente os Estados Unidos e o Sul-Global -- nome que tem sido dado à cristandade abaixo do equador, no hemisfério sul, especialmente África, China e Brasil. Mas, não se trata daquela caricatura de calvinismo explorada pelos contrários - gente sisuda, fechada nas quatro paredes de seus templos, cantando salmos ao som de órgãos de tubo, de paletó e gravata e pregando a predestinação para o inferno. Este calvinismo que ressurge, e que tem sido chamado de vários nomes, fala da alegria em Deus, quer estar presente e influenciar a cultura moderna, utiliza o que ela tem de melhor a oferecer para a glória de Deus - a julgar pelo alto emprego de tecnologia que marca os eventos - sem, em momento algum, abandonar os pontos característicos da Reforma: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria. Além, é claro, dos famosos cinco pontos do Calvinismo: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada (ou eficaz), graça irresistível e perseverança final dos santos.

O interesse pela fé reformada tem crescido tanto a ponto de romper as barreiras denominacionais, trazendo para o mesmo ambiente de estudo, adoração e louvor batistas, presbiterianos, independentes, comunidades, pentecostais, anglicanos e outros que partilham do mesmo entusiasmo pelas antigas doutrinas da graça. Isto ficou muito claro em Águas de Lindóia e no Mackenzie.

A terceira observação é que a maioria dos que estavam presentes na Fiel e no Mackenzie é composta de jovens. Acredito que a mesma coisa se poderia dizer dos que seguiram tudo pela internet. Para mim, este é um indicador extraordinário de que Deus está de fato tendo misericórdia de nós e nos dando uma sobrevida de pelo menos mais uma geração, enquanto que em outros lugares, onde um dia a fé reformada floresceu, apenas anciãos ocupam poucos lugares em enormes catedrais vazias.

Meu último comentário é que Piper pregou o tempo todo, na Fiel e no Mackenzie, num dos pontos principais do Calvinismo, sem levantar as sobrancelhas dos que detestam os calvinistas. Refiro-me à principal ênfase de Calvino, em suas Institutas e seus comentários, que é a glória de Deus como supremo bem do homem, ponto este capturado no slogan da Reforma, Soli Deo Gloria. Ao fazer isto, Piper mostrou que o calvinismo nada mais é que uma tentativa de honrar e pregar a mensagem central da Palavra de Deus, como Calvino tão apropriadamente nos mostrou. Não me lembro de ter ouvido Piper citar Calvino ou os puritanos, mas ele estava pregando calvinismo puro o tempo todo.

A Deus, portanto, toda glória.

2015/06/17

Esposas em angústia

ESPOSAS EM ANGÚSTIA


Texto Básico: 1 Pedro 3.1-6
Leitura diária
D – Ef 5.22 – Seja uma mulher submissa
S – 1Co 7.12-16, 39 – Seja uma mulher fiel
T – 1Tm 2.9-10 – Seja uma mulher piedosa
Q – Pv 14.1 –  Seja uma mulher sábia
Q – Pv 31.29-31 – Seja uma mulher virtuosa
S – 1Sm 1.9-18 – Seja uma mulher de oração
S – 1Pe 3.5-6 – Seja uma mulher crente

Introdução
Assim como nos dias de Pedro, hoje, muitas mulheres cristãs são casadas com maridos descrentes. Muitas dessas mulheres se converteram depois de já estarem casadas. Infelizmente, há pessoas que incentivam o divórcio nestes casos. O fato de a mulher servir ao Senhor Jesus pode gerar alguns conflitos dentro do lar. A mulher cristã não poderá mais participar dos atos pecaminosos do marido, como mentiras ou imoralidades. O que fazer então? Quais são as recomendações bíblicas para as mulheres cristãs casadas com descrentes?
I. Mulheres crentes casadas com descrentes
A. A mulher na antiguidade
No primeiro século, a situação da mulher em geral era bem diferente da posição que ela desfruta nas modernas sociedades ocidentais. Ela não tinha alguns direitos básicos, não possuía existência independente do seu marido; não podia tomar decisões próprias; vivia debaixo dos caprichos do pai, quando era solteira, e, depois, dos caprichos do marido, quando se casava. Pai e marido tinham direito de vida e morte sobre a mulher. O marido podia abandonar (divorciar-se) sua mulher a qualquer momento e por qualquer motivo. Se uma mulher não cozinhasse bem, por exemplo, poderia ser mandada embora de casa. A educação das mulheres se limitava às prendas domésticas: lavar, costurar, cozinhar e cuidar dos filhos. Casar-se era uma necessidade para sobreviver. Quando maltratadas, não recebiam quase nenhum apoio. As mulheres eram consideradas, praticamente, como objetos do marido.
Catão, famoso político romano daquela época, disse o seguinte: “quem apanhar a sua mulher cometendo adultério pode matá-la que nada lhe acontecerá”. Ele deu carta branca para os romanos assassinarem as suas mulheres se elas fossem infiéis aos seus maridos. Mas se o homem fosse infiel, nada era feito. Era nesse tipo de ambiente que viviam as mulheres cristãs quando Pedro escreveu sua primeira carta.
B. As esposas cristãs
O que representava para uma mulher casada se tornar cristã, no contexto descrito? A sua situação poderia se tornar extremamente complicada. As religiões dos gregos e romanos daquela época eram essencialmente idólatras e pagãs. Havia o culto ao imperador, as religiões de mistério e a religião tradicional dos gregos. O paganismo e a idolatria em geral eram a religião de todos eles. Quando uma mulher cria em Jesus Cristo e se tornar cristã, isso implicava abandonar a religião do marido, o que representava uma afronta à autoridade dele. Ela não podia fazer isso sem a permissão dele. As mulheres tinham de seguir a religião do marido. Uma mulher casada que desejasse se tornar cristã tinha que saber que estava correndo o risco de ser espancada pelo marido, ser expulsa de casa, ou até mesmo ser morta por ele. Sem cair na generalização, casos deste tipo eram muito frequentes naquela época.
Apesar de todo o possível sofrimento que pudessem enfrentar e do risco de morte, é fato que milhares de mulheres daquela época se tornaram cristãs. A situação delas era muito delicada, especialmente quando o marido não aprovava a mudança de religião ou não queria acompanhá-las na nova fé. Considerando essa delicada situação, talvez seja por isso que o apóstolo Pedro deu seis vezes mais espaço para falar às mulheres em nosso texto básico do que aos homens. Aos homens eles dedica somente um versículo (1Pe 3.7), mas para as mulheres dedica seis (1Pe 3.1-6).
II. O que as mulheres cristãs não deveriam fazer
A. Não deveriam se divorciar
Pedro não diz que aquelas mulheres deviam se separar de seus maridos. É importante salientar isso. Mas sempre existiram correntes dentro do cristianismo defendendo que mulheres cristãs casadas com maridos descrentes deveriam se separar para melhor servir a Deus, para se dedicar integralmente a Jesus Cristo e à sua igreja. O marido descrente é visto como um empecilho, um obstáculo à fé da esposa. Contudo, o casamento jamais pode ser dissolvido em nome de uma maior dedicação a Deus ou em nome de uma espiritualidade.
Aparentemente, desde cedo, na história da igreja, mulheres cristãs tiveram questões de consciência relacionadas à permanência ao lado de um marido descrente. O apóstolo Paulo tratou de um problema assim. Algumas mulheres da igreja de Corinto desejavam saber se podiam abandonar os maridos descrentes para se dedicar mais ao Senhor (cf. 1Co 7.12-16). Podemos entender que essa era uma questão aguda e generalizada nas igrejas. As respostas de Paulo e de Pedro são semelhantes em muitos aspectos. Para os dois apóstolos, a conversão de um cônjuge a Cristo não é motivo para dissolver o casamento. A parte crente deveria permanecer fiel, firme e se conduzir de tal modo a levar o cônjuge à fé no Senhor Jesus.
Na perspectiva bíblica, o casamento é uma ordenança de Deus para a humanidade em geral. Quando Deus criou o homem e a mulher e determinou que eles vivessem juntos, o pecado ainda não havia entrado no mundo. O fato de que alguns se tornaram cristãos depois de casados não quer dizer que podem acabar com o casamento, como se a vocação cristã fosse maior que a ordenança matrimonial. Pelo contrário, é o cristianismo que vai nos dar força e graça para tornar o casamento melhor. Para a esposa cristã, o divórcio não é o caminho de Deus, mesmo que o seja para a sociedade em geral.
B. Não deveriam se revoltar
Note que no texto básico Pedro não diz para aquelas mulheres: “abandonem os seus maridos, vivam o evangelho, sejam felizes e comecem uma vida nova”. Não! Ele também não aconselha as mulheres a se revoltarem contra seus maridos. E o que é ainda mais interessante, Pedro nem mesmo diz àquelas mulheres para que tentem converter o marido ao cristianismo por força de palavras e discussão. É verdade que todas as mulheres crentes gostariam de ver seus maridos convertidos ao evangelho. Infelizmente, o que acontece, às vezes, é que as mulheres tentam converter o marido sem ter sabedoria quanto ao método, ao tempo e ao modo de fazê-lo. Inconscientemente, querem converter o marido não cristão a qualquer custo.
III. O que as mulheres cristãs deveriam fazer
Pedro apresenta outro caminho para que as esposas ganhem os maridos descrentes. Vejamos, portanto, as instruções de Pedro quanto ao comportamento das esposas cristãs.
A. Sujeitar-se ao seu marido
“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido” (3.1). Conforme vimos em outra lição, “sujeitar-se” significa “colocar-se debaixo da autoridade de alguém”. Pedro está refletindo aqui o ensino bíblico de que Deus estabeleceu o universo seguindo uma determinada estrutura na família, na igreja e na sociedade, e que tais estruturas devem ser obedecidas. Ao homem cabe a função de liderar, orientar, proteger e se responsabilizar por sua família. À mulher cabe a função de ajudar o seu marido no desempenho de seu papel, seguir sua orientação e cooperar com ele na estrutura da família e na criação dos filhos.
Quando o casamento vai bem, marido e mulher trabalham juntos, há harmonia, consenso, e as decisões são tomadas em conjunto. No entanto, há situações em que alguém tem de tomar uma decisão. O papel que Deus deu ao marido foi de, nesses casos, assumir a liderança e a responsabilidade pela família. O ponto de Pedro é que as esposas devem se sujeitar a seus maridos, mesmo que eles sejam descrentes. É preciso ressaltar, como já vimos na lição anterior, que a submissão aqui referida por Pedro não significa que a mulher cristã deve fazer tudo o que o seu marido deseja. Em última análise, a mulher cristã obedece a Cristo. Portanto, o que Pedro está ensinando é que as mulheres casadas com maridos descrentes deveriam se despojar voluntariamente do seu eu, fazer morrer o seu orgulho e servir com alegria ao seu marido, por amor a Jesus Cristo.
B. Ter uma conduta honesta e respeitosa
 “… seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor” (3.1b-2). Com as palavras “honesta” e “respeitosa”, o apóstolo resume o padrão de conduta que as mulheres cristãs casadas deveriam ter. Desde o início da carta, Pedro está ensinando sobre como viver em meio a uma sociedade hostil com os cristãos (cf. 1Pe 1.15; 2.12; 3.11,16). Da mesma maneira, as mulheres cristãs casadas com incrédulos deveriam se conduzir com prudência, cuidado e sabedoria. Um comportamento honesto significa uma conduta moral irrepreensível. Uma esposa honesta é moralmente pura. Ela é fiel ao seu marido em todos os sentidos. Ao mesmo tempo, a esposa cristã dever ser “respeitosa”, isto é, ter um comportamento cheio de temor em relação ao marido. Isso, é claro, não significa viver com medo do marido, mas tratá-lo com consideração e respeito. Esposas cristãs podem discordar de seu marido, ter opiniões diferentes, mas sempre com atitude de respeito e dignidade. Eis aqui um grande testemunho.
C. Exibir a verdadeira beleza feminina
“Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração” (3.3-4a). Elas não deveriam procurar ficar bonitas somente na aparência, usando enfeites, penteados exagerados, joias e vestidos caros. Ao contrário, deveriam cultivar a verdadeira beleza, que estava no coração. É importante ressaltar que Pedro não está proibindo as esposas cristãs de cuidar de sua aparência. Ele está dizendo que elas não deveriam ficar bonitas somente ou exclusivamente na aparência exterior, mas dar atenção especial e principalmente à beleza interior. Certa vez, Jesus acusou os fariseus por sua preocupação quanto ao exterior e a negligência quanto ao interior (Mt 23.25-26; cf. Ef 3.16).
D. Ter um espírito manso e tranquilo
… unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (3.4b). Um grande testemunho que uma esposa cristã pode dar ao seu marido descrente é ser mansa e tranquila no lidar. Qual é o marido que não fica impactado com esse tipo de conduta?
Na sequência do texto, Pedro ilustra esse ponto citando o exemplo de Sara, esposa de Abraão: “Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas ao seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.” (3.5-6). Pedro exorta as esposas cristãs a se tornarem “filhas de Sara”, praticando o bem e não temendo mal algum. Os exemplos de mulheres piedosas da Bíblia servem de padrão para as mulheres cristãs de hoje.
Conclusão
As mulheres cristãs sofriam muito na antiguidade, especialmente aquelas que criam e confessavam Jesus Cristo. Foi por essa razão que Pedro escreveu o capítulo 3 de sua carta. As orientações de Pedro são para que as mulheres cristãs, casadas com maridos incrédulos, não se divorciem nem se revoltem contra. O apóstolo as exorta a se sujeitar aos seus maridos, ser honestas e respeitosas, exibir a verdadeira beleza feminina, que é interior, do coração, e demonstrar um espírito manso e tranquilo dentro do lar.
Aplicação
As instruções dadas por Pedro servem para todas as mulheres, mais especialmente àquelas que são casadas com maridos descrentes. Busque força e graça em Jesus para conviver bem e feliz com seu marido incrédulo. Que atitudes uma mulher nessa situação poderia tomar no dia a dia, para influenciar positivamente o marido? Você conhece alguma esposa cristã nessa situação? Como a aconselharia?
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Nossa Fé -– A Bíblia e a Sua Família. Usado com permissão.

Só Jesus limpa a mancha no coração


Essa realidade se repete na vida de muitas pessoas. Muitas pessoas se encontram com problemas em seus corações, mas se voltam para a aparência externa como se o problema fosse externo. Com o desenvolvimento da ciência médica, os esteticistas conseguem tirar manchas na pele, restauram partes do corpo que foram mutiladas, fazem adaptações, enxertos, colocam botox, porém tudo do lado de fora, quando há pessoas com manchas na alma, no coração, na consciência. Alguns tentam limpá-las, mas polindo do lado errado.

De nada adianta vestir bem o corpo quando a alma está manchada pelo pecado. Há muita sujeira que necessita ser tirada: infidelidade, enganos, mentiras, calúnias que causaram danos etc. Só o bondoso Jesus pode tirar as manchas do lado de dentro.

Lembremos do cego de nascença de João 9, da mulher samaritana de João 4 e do endemoninhado gadareno, que depois de ser liberto por Jesus, encontraram-no assentado, vestido e em perfeito juízo (Lucas 8.35).  Não podemos esconder a nossa alma manchada dos olhos de Deus, pois Ele vê todas as coisas.

Há muitas crianças e jovens cujas manchas são congênitas, nasceram em lares com sérios problemas morais; são pessoas com péssima formação espiritual e de caráter, pois presenciaram seus pais e irmãos viverem com as mãos manchadas, drogando-se e prostituindo-se. Para os tais, escola, prisão, violência, nada resolve, só a operação do bondoso Jesus pode transformá-las. A mancha do pecado está do lado de dentro, só o sangue de Jesus pode limpar.

Davi clamava em Salmos 51: “Cria em mim um coração reto” e “Torna a dar-me a alegria da tua salvação”. Ele dizia: “Sara a minha alma, porque pequei contra ti”.

Em Salmos 41.4, vemos que o rei Davi, que parecia estar bem, estava, na verdade, manchado do lado de dentro, pois havia cometido um adultério e um assassinato. Tudo estava oculto, até Deus mandar o profeta Natã desmascarar o rei pecador. Davi confessou, arrependeu-se e Deus o perdoou, mas ele pagou um alto preço pelo seu pecado.

Não adianta trocar de religião, dar esmolas e até fazer sacrifícios. Não adianta lavar com sabão ou salitre. Só o sangue de Jesus nos limpa dos nossos pecados!

“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13).
Pastor José Wellington
Assembléia de Deus.