2015/06/12

Eus Criou O Ser Humano Homem E Mulher: O Que Significa Ser Complementarista?.


Por John Piper
“Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra. Disse Deus: Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão. E assim foi. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.” - Gênesis 1:26–31
Uma das marcas teológicas dos 30 anos de Bethlehem é a forma como entendemos os propósitos de Deus para que homens e mulheres se relacionam em família e igreja e sociedade. Se você quiser um nome para nomear este entendimento, nós diríamos que somos complementaristas — baseados na palavra “complemento”. Em outras palavras, nós cremos que quando se trata de sexualidade, a maior demonstração da Glória de Deus, e a maior alegria dos relacionamentos humanos, e os maiores frutos no ministério, surgem quando as profundas diferenças entre homem e mulher são aceitas e celebradas como complemento umas das outras. Elas completam e embelezam umas as outras.
O que “complementarismo” significa?
A intenção com a palavra “complementarismo” é a de situar o nosso modo de vida entre dois tipos de erros: De um lado os abusos de mulheres sob a dominação masculina, e de outro lado a negação das diferenças de gênero onde elas possuem uma significado belo. O que significa que, por um lado, complementaristas reconhecem e lamentam o histórico de abusos pessoais e sistemáticos de mulheres, e o presente mal global e local na exploração e degradação de mulheres e meninas. E, por outro lado, complementaristas lamentam os impulsos feministas e igualitários que minimizam as diferenças entre homens e mulheres dadas por Deus e desmantelam a ordem que Deus projetou para o florescimento de nossas vidas em conjunto.
Portanto, complementaristas resistem aos impulsos de uma cultura chauvinista, dominadora, e abusiva, de um lado, e uma cultura que não distingue diferenças entre homem e mulher, niveladora de gêneros, unissex, do outro lado. E nós nos posicionamos entre estes dois tipos de vida não por que é um lugar seguro (que enfaticamente não é), mas porque nós pensamos que este é o plano de Deus na Bíblia para os homens e as mulheres. “Muito bom”, como Ele diz em Gênesis 1.
Na verdade, eu diria que a tentativa pelo feminismo de remediar o abuso do sexo masculino contra as mulheres ao anular diferenças de gênero, sai pela culatra e produz milhares de homens que não poderão ser admirados pelas mulheres por causa de sua falta de masculinidade, ou não poderão ser suportados por elas devido a sua masculinidade distorcida e selvagem. Em outras palavras, se nós não ensinarmos meninos e meninas sobre a verdade e a beleza e o valor de suas diferenças, e como viver com elas, essas diferenças não amadurecerão de maneira saudável — mas de maneira disfuncional. E uma geração de jovens adultos virá a se formar que simplesmente não sabe o que significa ser um homem maduro ou uma mulher madura; e o preço cultural que pagamos por isso é enorme.
O modo pelo qual gostaria de abordar essa questão é indo do genérico para o específico: uma palavra sobre o ser humano, uma ilustração sobre ser homem e mulher, e então um texto específico para mostrar as raízes bíblicas.
Sobre ser humano
Em primeiro lugar, uma palavra sobre ser humano. Em meu primeiro Domingo em Bethlehem, 13 de Julho de 1980 a tarde, preguei uma mensagem intitulada “A Vida Não É Banal.” Nela eu disse:
Todo ser humano de vez em quando gostaria que suas vidas não viessem a ser gastas como as gotas de um torneira que vaza. Todos vocês já provaram o desejo de que o dia-a-dia deva ser mais do que uma série de eventos insignificantes. Isso pode ocorrer quando você está lendo um poema, quando você está ajoelhado em seu quarto, quando você está parado à beira do lago no pôr do sol. Isso acontece muito frequentemente no nascimento e na morte.
Eu citei Moisés, de Deuteronômio 32:46, “Aplicai o vosso coracão a todas as palavras que hoje testifico contra vós, para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta lei. Isso não é para vós coisa de menor importância; pois é a vossa vida.”(SBBri) No fundo de cada ser humano criado por Deus, carregando o símbolo da humanidade na imagem de Deus, existe um desejo para que a vida não seja insignificante. Para que não seja banal, fútil, sem importância.
Eu li recentemente essa frase da romancista policial Agatha Christie (1896-1976).
Gosto de viver. Algumas vezes me sinto muito, desesperadamente, loucamente miserável, atormentada pela aflição, mas mesmo diante disso tudo eu compreendo que estar viva é uma coisa grandiosa.
Eu acho que isso é maravilhosamente verdadeiro. Ser um ser humano verdadeiro é uma coisa grandiosa. Vocês todos não têm tido aqueles raros e maravilhosos momentos quando estão parados perto de uma janela, ou porta, ou em qualquer lugar, e de repente, espontaneamente, e poderosamente ocorre o despertar: Eu estou vivo. Eu estou vivo. Não como um árvore ou um coelho, mas como um ser humano. Eu estou pensando, sentindo, desejando, lamentando, chorando. Vivo. Feito na própria imagem de Deus. E isso é uma coisa grandiosa.
É uma coisa grandiosa. E parte dessa grandeza de ser um ser humano vivo criado à imagem de Deus é que você é homem ou mulher. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Ninguém é um ser humano genérico. Não existe tal coisa. Deus nunca pretendeu que houvesse. Deus cria seres humanos do sexo masculino e seres humanos do sexo feminino. E isso é uma coisa grandiosa.
Seria uma distorção dessas naturezas humanas pensar que o único projeto de Deus nessas diferenças era o de fazer e cuidar de bebês. As diferenças são muitas e profundas demais para uma explicação tão superficial. Uma mulher é uma mulher na plenitude de sua humanidade. Um homem é um homem na plenitude de sua humanidade. Essa é um coisa grandiosa. Então, meu primeiro ponto é que Deus fez uma coisa grandiosa ao nos fazer seres masculinos e femininos em Sua imagem. Não deprecie isso. Deleite-se nisso. Glorie-se em estar vivo como o homem ou mulher que você é!
Ilustrando as nossas diferenças
Em segundo lugar, deixe-me criar uma ilustração para retratar algumas das diferenças entre a masculinidade e a feminilidade. Uma imagem pode valer mais que mil palavras — até mesmo a imagem de uma palavra. Suponha que entre jovens adultos no campus no centro da cidade, um rapaz e uma moça — digamos com seus 20 anos de idade — estão conversando entre si antes do culto de adoração. Ele gosta do que ouve e vê, e diz: “Você está sentando com alguém?” Eles sentam-se juntos. Eles observam como cada um interage com Deus durante o louvor.
Quando o culto se encerra, enquanto estão se retirando, ele diz: “Você tem algum plano para o almoço? Eu adoraria te levar para almoçar.” Nesse momento, ela pode indicar que não esta interessada: “Eu tenho sim alguns planos. Mas, obrigada.” Ou ela pode indicar o contrário: “Eu tenho planos, mas deixe-me fazer uma ligação. Eu acho que posso mudá-los. Eu adoraria ir.”
Nenhum deles tem um carro, por isso ele sugere que eles caminhem até o Maria’s Café, descendo a avenida Franklin, que fica cerca de 10 minutos da igreja. Conforme eles vão caminhando, ele descobre que ela é faixa preta em artes marciais, e que ela é uma das melhores do estado. Na Rua 19º dois homens bloqueiam o caminho deles de forma ameaçadora e dizem: “Que bela amiga você tem. Nós queremos a bolsa dela e a sua carteira. Na verdade, ela é tão bonita que nós queremos ela.” O seguinte pensamento passa pela cabeça dele: “Ela pode acabar com esses caras.” Mas, ao invés de ficar atrás dela, ele pega o braço dela, puxa ela para trás dele, e diz: “Se você vai tocá-la, será sobre o meu cadáver.”
Quando eles começam a agir, ele avança contra eles e diz para ela correr. Eles batem nele até que ele fique inconsciente, mas antes de saber o que os atingiu, ela os fez ficarem um de costas pro outro com seus dentes quebrados. E uma pequena multidão surgiu. A polícia e a ambulância aparecem e ela entra na ambulância com o jovem rapaz. Ela tem um único pensamento no caminho pro hospital: Este é o tipo de homem com quem eu quero me casar.
Não é sobre competência
O ponto principal dessa história é ilustrar que as diferenças mais profundas da masculinidade e da feminilidade não são competências superiores ou inferiores. Existem, na verdade, disposições ou inclinações mais profundas escritas no coração, embora muitas vezes distorcidas. Observe três coisas cruciais.
Primeiro, ele tomou a iniciativa e perguntou se poderia se sentar com ela e se ela gostaria de almoçar e sugeriu o lugar e como chegar lá. Ela viu claramente o que ele estava fazendo, e respondeu livremente de acordo com os desejos dela. Ela entrou na dança. Isso não diz nada sobre quem tem competências superiores em planejamento. Deus escreve no coração do homem o impulso da liderança. E a sabedoria para discernir-lo e apreciá-lo no coração de uma mulher.
Segundo, ele disse que queria levá-la para almoçar. Ele está pagando. Isso emite um sinal. “Eu acho que isso faz parte da minha responsabilidade. Neste pequeno drama da vida, eu dou a iniciativa, eu que pago.” Ela entende e aprova. Ela apoia a iniciativa e graciosamente aceita a oferta de que ele pagará para ela. Ela dá o próximo passo na coreografia. E isso não diz nada sobre quem é mais rico ou mais capaz de ganhar. Isso é o que o homem de Deus sente que deve fazer.
Terceiro, é irrelevante à alma masculina que uma mulher com quem ele esteja possua maiores competências sobre a auto-defesa. É o seu profundo impulso masculino, dado por Deus, de protegê-la. Não é uma questão de competência superior. É uma questão de masculinidade. Ela viu isso. Ela não se sente menosprezada por ele, mas honrada, e ela adorou.
No centro da madura masculinidade está o bom senso dado por Deus (disposição, inclinação) de que a responsabilidade primária (não responsabilidade exclusiva) encontra-se com ele quando se trata de liderança vinculada à iniciativa, a provisão, e a proteção. E no cerne da madura feminilidade está o bom senso dado por Deus (disposição, inclinação) que nada disso acarreta em sua inferioridade, mas vai ser uma coisa maravilhosa ver tais atributos atrelados em um homem, o que a levará a alegremente aceitar e receber esse tipo de liderança e provisão e proteção.
O testemunho bíblico
O que nos leva agora a Bíblia. Para aqueles que discordam dessa visão complementarista a provável crítica seria: Isso é tudo culturalmente determinado. Não é inato e não é vindo de Deus. Você está apenas refletindo a casa em qual você cresceu e os preconceitos de sua infância. É possível. Todos trazem pressupostos e preferências a esta questão. A questão é: Deus revela a Sua vontade sobre essas coisas em sua palavra?
Vamos olhar primeiro para um texto que trata do casamento e, em seguida, um lidando muito brevemente com a igreja. Em ambos os textos, homens humildes, amorosos, que se sacrificam e que se parecem com Cristo, devem tomar a responsabilidade primária sobre a liderança, sobre a provisão e sobre a proteção. E as mulheres são chamadas para acompanharem esses homens, apoiar a liderança, e avançar o Reino de Cristo com toda a amplitude de seus dons nos caminhos estabelecidos nas Escrituras.
O Casamento e o Lar
Em primeiro lugar, um texto sobre o casamento e o lar:
“As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. [Portanto, citando Gênesis 2:24] Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido.” - Efésios 5:22-33
Quatro Observações deste Texto
O casamento é uma dramatização do relacionamento de Cristo com Sua igreja. Versículo 32: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.”
Neste drama, o papel do marido vem de Cristo e o da esposa vem da vontade de Deus para com a igreja. Verso 25: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.” Verso 22: “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor.” 23 “Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja.”
Portanto, a principal responsabilidade pela iniciativa e liderança no Lar deve vir do marido que está fazendo sua parte no papel de Cristo, O Cabeça. E está claro que isso não é sobre direitos a poder, mas sobre responsabilidade e sacrifício. Verso 25: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.” Sem abusos. Sem prepotência. Sem autoritarismo. Sem arrogância. Aqui está um homem cujo orgulho foi quebrado pela sua própria necessidade por um Salvador, e ele está disposto a suportar o fardo da liderança dado a ele pelo seu Mestre, não importa quão seja pesada a carga. Mulheres tementes a Deus observam isso e se alegram.
Essa liderança no Lar envolve o sentido de responsabilidade pela provisão do sustento e a proteção atenciosa. Verso 29: “Porque ninguém jamais odiou a própria carne (isto é, a sua esposa); antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja.” A palavra “alimenta” implica provisão do sustento. E a palavra “cuida” implica a proteção atenciosa. Isso é o que Cristo fez pela sua noiva. Isso é o que o homem temente a Deus sente ser sua principal responsabilidade para com sua esposa e família.
Então um complementarista conclui que liderança bíblica é o chamado divino do marido para tomar a responsabilidade primária de liderança baseada na servidão conforme foi a de Cristo, uma liderança que provê a proteção e a provisão no lar. E submissão bíblica é o chamado divino da mulher para honrar e confirmar a liderança do seu marido e apoiá-lo de acordo com os seus dons. “Alguém que o auxilie e lhe corresponda”, como diz em Gênesis 2:18.
Aplicação na Igreja
Nós não temos tempo para desenvolver argumentos de como isto se aplica à igreja. Portanto, eu apenas farei alguns comentários resumidos, para que então, vocês possam saber como nós, complementaristas, vemos isso. Em 1 Timóteo 2:12: “Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem.” No contexto, o versículo significa: A responsabilidade principal pelo governo e ensino na igreja deve ser realizada por homens espirituais. Essas são as duas funções que distinguem os líderes da igreja dos diáconos: Governo (1 Timóteo 5:17) e Ensino (1 Timóteo 3:2). Então, a aplicação mais clara dessa passagem é dizer que os líderes da igreja devem ser homens espirituais.
Em outras palavras, uma vez que a igreja é a família de Deus, as realidades de liderança e submissão que vimos no casamento (Eféios 5:22) tem seus correspondentes na igreja.
“Autoridade” (em 1 Timóteo 2:12) refere-se ao chamado divino de homens espirituais e talentosos para assumir a responsabilidade principal de líderes que possuem uma liderança baseada na servidão semelhante à de Cristo e também a responsabilidade pelo ensino na igreja.
E “submissão” refere-se ao chamado divino do restante da igreja, ambos homens e mulheres, para honrar e apoiar a liderança e o ensino dos líderes, e serem discipulados por eles nas centenas e centenas de ministérios disponíveis para os homens e mulheres no serviço de Cristo.
O último ponto é muito importante. Para os homens e mulheres que possuem um zelo para ministrar — para salvar almas e curar vidas destruídas, e resistir ao mal e suprir às necessidades — existem campos de oportunidade que são simplesmente infinitos. Deus deseja que toda a igreja participe do ministério, o homem e a mulher. Ninguém deve simplesmente ficar em casa assistindo novela e jogos de bola, enquanto o mundo é consumido por chamas.
Concluindo o chamado para os homens
Este é um apelo para que homens e mulheres percebam que é uma coisa grandiosa ser um homem criado à imagem de Deus, e é igualmente grandioso ser uma mulher criada à imagem de Deus. Mas, uma vez que o fardo da responsabilidade principal recais sobre os homens — permita-me principalmente desafiá-los:
Homens, vocês possuem uma visão moral para com sua família, um zelo pela casa do Senhor, um compromisso magnífico pelo o avanço do reino, um sonho articulado pela missão da igreja e um tenacidade compassiva de torná-lo real? Você não pode liderar uma mulher temente a Deus sem isso. Ela é um ser grandioso.
Existem centenas de tais homens na igreja nos dias de hoje. E muito mais são necessários. Quando o Senhor visita Sua igreja e cria um poderoso exército de homens profundamente espirituais, humildes, fortes, semelhantes a Cristo e comprometidos com a Palavra de Deus e a missão da igreja, o vasto exército de mulheres se regozijará com a liderança destes homens e entrará em uma alegre parceria. E isso será uma coisa grandiosa.
Fonte: DesiringGod

O velho namorado fala de namoro


Você conhece aquela do cachorro que corria atrás de carros e que, um dia, conseguindo pegar um, não sabia o que fazer com ele? A coisa do namoro vai por aí. Há quem realmente deseje “encontrar um amor” e nesse sentido, o namoro é um processo de conhecimento mútuo dos enamorados. A Bíblia não menciona a palavra “namoro” no sentido de oficialização de um pacto, mas descreve a ideia de atração e compromisso afetuoso entre um homem e uma mulher, como no caso de Jacó e Raquel (“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava” – Gênesis 29.20). No entanto, há quem queira namorar – uma ânsia de afeto, de proximidade bem natural –, mas não sabe com quem. De fato, esse tipo de pessoa quer namorar o “namoro”, isto é, sentir o gelo na espinha, a borboleta no estômago, ou ter com o que desfilar por aí, ou, ainda, achar oportunidade para “umas carnalidades” consentidas. Nisso é que dá correr atrás de namoro sem saber o que fazer com ele. Nesse caso, o alvo de namorar vem primeiro, como um culto a um ídolo desconhecido, que depois leva a cara das pessoas que “cabem” no andor.
Aí é que se adéqua minha versão do ditado: devagar com o santo que o andor é de barro. Primeiro deveria vir o encontro de pessoas, depois o desejo de namorar. Mas como o nosso coração prefere mais sentir ânsias de paixão a viver anseios de amor, a gente acaba pondo o andor do namoro no lugar do santo. Tal como tem de existir água antes que haja o desejo de nadar, assim também deveria haver alguém que despertasse o desejo de “namorar”. Como consequência dessa inversão, ocorre um tríplice engano. Primeiro quem põe à frente o alvo de namorar antes conhecer a pessoa objeto do encontro, tem de criar uma imagem dela, até mesmo para que a possa reconhecer, acaba criando a cara do santo à sua própria semelhança e torna o encontro que deveria ser gracioso em uma transação egoísta. Segundo, para que possa vir antes do encontro, o namoro (que deveria ser um termo descritivo da arte desse encontro especial) vira substantivo, quer dizer, torna-se um termo designativo de uma instituição, como pequeno noivado ou casamento. Terceiro, nessa condição, o namoro é assumido como um ídolo com poderes para satisfazer as necessidades dos pares e, consequentemente, torna-se um encontro por necessidade e não por expressão de amor. Em vez de ser um encontro que promova o bem do outro, vira um encontro para derivação de “benefício” próprio (“Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” – Filipenses 2.4-5).
O namoro cristão – no sentido de um período de atração e de conhecimento mútuo entre um homem e uma mulher com vistas a um compromisso de amor – é uma relação entre irmãos com o propósito de agradar a Deus por meio do conhecimento da vontade de Deus caracterizado pela devida santidade. Paulo, instruindo os tessalonicenses sobre essa matéria, diz: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra” (ver 1Ts 4.3-4; ver vv 1-9). A palavra “possuir” (gr., ktaomai) tem o sentido de “adquirir”, “obter uma esposa”, e a expressão “próprio corpo” (gr., skeuos, vaso) tem o sentido de “implemento”, que lembra o texto de Efésios 5.31: “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne”. Nessa linha de pensamento, Paulo realça que o empenho de buscar o “par de vaso” implica em um relacionamento entre irmãos. Assim, namoro deveria ser um relacionamento entre irmãos com vistas a uma união íntima. Essa união íntima exige o conhecimento de Deus em santidade de vida e o conhecimento mútuo dos envolvidos com base no conhecimento da vontade de Deus e no exercício da pureza do amor.
Do jeito que as coisas estão, hoje, o namoro dispensa o conhecimento da vontade de Deus e opta pela busca experimental do “par de vaso” por meio de uma intimidade exacerbada e não própria de irmãos. A jovem ou o jovem “namora” um, depois outro, e outro, até se esgotarem as possibilidades na igreja ou ao redor. Um dia, aparece uma cara nova e, no dia seguinte, os namorados dão-se e exigem todos os direitos de uma falsa intimidade – em nome do amor! Falsa, digo, porque não há intimidade sem conhecimento. Na verdade, toda intimidade sem conhecimento é abuso e violência. Não é fato que todos somos pudicos por natureza? Somos protetores de nossa intimidade assim como jogadores de futebol que, na barreira para um chute a gol, protegem “a cara”? Não é apenas que a menina e o menino foram socialmente condicionados a proteger a intimidade talvez por causa de expressões como: “Só a mamãe pode lavar aí até que você aprenda a se lavar” ou “Tira a mão daí, menino; tá com coceira?” Sobretudo, isso é porque Deus disse que as partes mais honradas foram estrategicamente protegidas por fortes partes do corpo (ver 1Coríntios 12.22-14). É verdadeiro também que as meninas crescem dotadas de um senso de sua missão de mulher, tanto como ninho da humanidade quanto de espelho da glória de Deus, refletindo ao homem a dependência que essa humanidade tem em relação à providência de Deus. E os meninos, da mesma forma, crescem dotados de um senso de sua missão masculina de refletir a glória de Deus tanto na proteção do ninho quando na honra a Deus, refletindo a imagem de Deus na vida da mulher. Tudo isso, como Paulo disse, com um propósito maior: “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne” (Efésios 5.31).
Agora, um dia, vem o completo desconhecido, cheio de beiço e com quatro mãos, murmurando amores e gabando-se de virtudes protetoras, tais como: “Deixa comigo” e “Confia em mim”, e a mocinha tímida ou atrevida, sedenta de experiências de alguma forma de amor – e, no dia seguinte, são os mais íntimos da vida. Nem pai nem mãe nem irmãos sabem mais ou querem mais. Contudo, ocorre que, uma vez que, sem conhecimento e compromisso, intimidade é abuso e violência, os namorados enfrentam um dilema: amar a Deus e ao próximo ou negar o amor a Deus e “fazer” amor com o próximo? Isso é assim porque a intimidade antes de o compromisso com Deus ser selado no compromisso com o “par de vaso” é, de fato, defraude, como disse Paulo: “e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão” (1Ts 4.6).
Poderá ser que ela pense: “Se eu não ceder, perco a oportunidade” ou “o corpo é meu, faço o que quero”. E poderá ser que ele pense: “Se eu não aproveitar, outro aproveita” ou “Se eu não for afoito o que é que vão (ou ela vai) dizer de mim?” O fato é que, ele e ela estarão se rebaixando e rebaixando um ao outro, de um grau de dignidade que Deus deu a todos os homens como parte da graça comum, pois todos temos consciência do bem e mal (ver Romanos 2, esp. vv 14-21).
Seja um namoro consequente ou inconsequente, os resultados virão. No caso de um namoro inconsequente (como a saída do moço arguido pelo pai da moça, se estava namorando a filha pra casar ou pra que é, respondeu: “Pra que é”), lembre-se de que os namorados sempre preparam o marido ou a esposa de outro irmão ou irmã em Cristo, e o defraude, guardando culpa e medo, diminuirá as possibilidades de futuros relacionamentos bem sucedidos. No caso de um namoro que acabe em casamento, o defraude gerará culpa e ciúme. A qualquer hora ele se perguntará se o chefe, colega ou amigo da esposa terá mais “lábia” do que ele; ou ela se perguntará se a secretária, amiga ou o que for do marido será mais atraente do que ela. Certamente, para os consequentes, haverá sempre a esperança firme de redenção por meio do arrependimento e da confissão, em Cristo Jesus. Para os inconsequentes, ainda que prevaleça a redenção, a restauração será sempre mais difícil e dolorosa.
O namoro, em moldes bíblicos, portanto, é oportunidade para uma amizade fraterna que visa o conhecimento de Deus e propicia o conhecimento próprio e o conhecimento mútuo. Isso implica a orientação da Palavra de Deus:
Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos (Hebreus 3:12-14).
Uma boa regra para o namoro será: lembre-se de que o beijo cala a boca. Por isso, fale, converse, instrua, aconselhe. Permita que o conhecimento em Cristo seja a intimidade que oriente a maravilha do caminho “do homem com a donzela” (Provérbios 30.19). Conheça a história do coração (memórias) do irmão ou irmã, mas conheça com discernimento, lembrando coisas que transmitam graça, não murmuração, amarguras, maledicências, impurezas e impudicícias. Dignifique o irmão ou irmã com a dignidade de servos de Cristo.
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Colossenses 3.16-17).
Bom namoro!
Wadislau Martins Gomes

Se não escaparmos do pecado, não escaparemos do choro



Se quisermos chorar menos, temos de pecar menos. Existe uma relação entre choro e pecado. Seja pecado próprio, seja pecado dos outros. Seja pecado recente, seja pecado remoto. Naturalmente, o pecado de grande vulto provoca muito mais lágrimas que o pecado de menos gravidade. Mas, se não escaparmos do pecado, não escaparemos das lágrimas.

Em suas memórias, ao saber em primeira mão que a cidade de seus antepassados ainda estava em ruínas, Neemias escreve: “Quando ouvi isso, eu me sentei e chorei. Durante alguns dias, eu fiquei chorando e não comi nada” (Ne 1.4). No ano 586 antes de Cristo, o exército de Nabucodonozor, rei da Babilônia, entrou em Jerusalém e incendiou o Templo de Salomão, o palácio do rei e as casas das pessoas mais importantes da cidade, além de derrubar suas muralhas e levar para fora do país boa parte de sua população (Jr 52.12-34). Essa tragédia sem igual aconteceu por causa do pecado dos reis e do povo de Israel, como os profetas anunciaram repetidas vezes e com bastante antecedência.

Personagens importantes choraram amargamente depois de terem pecado contra Deus. O que aconteceu com Pedro quando o galo cantou na casa de Caifás? Marcos conta: “Então Pedro caiu em si e começou a chorar” (14.72). Os dois outros Evangelhos Sinóticos são mais enfáticos: “Então Pedro saiu dali e chorou amargamente” (Mt 26.75; Lc 22.62).

O advérbio “amargamente”, relacionado com o sofrimento causado pelo pecado, aparece pelo menos mais uma vez na Bíblia. Na época dos juízes, todas as tribos de Israel choraram amargamente na presença de Deus (Jz 21.2). E não era para menos, pois o povo cometeu uma longa série de erros para corrigir o brutal abuso contra uma mulher em trânsito pela cidade benjamita de Gibeá, a ponto de deixá-la morta em frente à porta da casa onde ela havia se hospedado. O pecado dos rapazes que cometeram a violência sexual acabou provocando uma guerra civil que matou 65 mil soldados e a população masculina de Gibeá (Jz 19.1--20.48). Depois de tal pecado, o que se poderia fazer, senão chorar amargamente?

Chora-se imediatamente após o pecado ou algum tempo depois por causa do peso da mão do Senhor sobre a cabeça do pecador, por causa do remorso, por causa do arrependimento, por causa das consequências naturais, por causa da vergonha do pecado cometido diante da família, da igreja e da sociedade, por causa do castigo infligido em vida pelos homens e por Deus.

Quanto mais vincularmos o pecado ao choro, melhor será para o gênero humano. É um benefício que se presta ao pecador. É uma prova de amor que se lhe dá. É uma pregação do evangelho. Porque, além de todos os choros que acontecem dentro do tempo, há outro choro, do outro lado da vida terrena. Um choro diferente, que não passa, não acaba, não termina. É o choro eterno, provocado pelo pecado não assumido, não confessado, não colocado nos ombros do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, não perdoado, não redimido. É impressionante o fato de Jesus se referir seis vezes a esse choro em seus discursos e parábolas (Mt 8.12; 13.42, 50; 22.13; 24.51; 25.30). Em todos esses versículos, Jesus declara que na eternidade os não salvos serão jogados fora, na escuridão, na fornalha de fogo, “onde vão chorar e ranger os dentes de desespero”!

Se em nossa presente caminhada quisermos chorar menos, temos de pecar menos. Mas, se o pecador não redimido não quiser chorar para sempre na eternidade, que ele seja humilde hoje e aceite o evangelho!

Ultimato

Por que você parou de correr?




Depois de quarenta anos caminhando pelo deserto, o povo de Israel chegou defronte à terra prometida. Só faltava atravessar o rio Jordão, cujas águas haviam coberto as margens. O Deus que, no início da jornada, havia aberto o mar Vermelho fez outro milagre. Quando os sacerdotes chegaram ao Jordão e puseram os pés dentro d’água, “ela parou de correr e ficou amontoada na parte de cima do rio até a cidade de Adã” (Js 3.16).

Referindo-se a este fato histórico, o poeta personaliza o mar e o rio e lhes pergunta: “O que aconteceu, ó mar, para que você fugisse assim? E, você, rio Jordão, por que parou de correr?” (Sl 114.5).

Esta segunda pergunta tem um paralelo na carta de Paulo aos Gálatas: “Vocês estavam correndo muito bem! Quem os convenceu a se desviar do caminho da obediência?” (Gl 5.7).

Em vez de usar palavras duras com as ovelhas que não voltam ao aprisco, poderíamos apenas perguntar ternamente: “E você, fulano de tal, por que parou de correr?”. É como se Paulo falasse com Demas: “E você, Demas, por que me abandonou e se apaixonou por este mundo?” (2Tm 4.10). É como se Jesus falasse com a igreja de Éfeso: “E vocês, irmãos de Éfeso, por que não me amam, como antes?” (Ap 2.4).

Não são poucos os que corriam e agora não correm mais. Essas pessoas não são necessariamente cínicas. O que acontece com elas é o que aconteceu com Davi. Quando se desprendeu do rebanho, o salmista não era um estranho na casa de Deus. Ele conhecia os mandamentos. Ele tocava harpa e dançava diante do Senhor. Ele regia a banda e o coro. Ele apenas fraquejou, deu-se ao luxo de ter uma aventura qualquer lá fora. Mas o profeta Natã lhe perguntou: “E você, Davi, por que parou de correr?”.

Se eu parar de correr – Deus me livre! –, alguém precisa me perguntar: “E você, rapaz, por que parou de correr?”. No caso de Davi, a pergunta deu certo. Pouco depois dela, o salmista teve saudade das verdes pastagens e das águas tranquilas, da vara e do cajado do Pastor, da mesa farta e do cálice transbordante, da unção com óleo, da bondade e da fidelidade diárias do Senhor. Então clamou ao Senhor em uma das mais ternas de suas orações: “Andei vagando como uma ovelha perdida; vem em busca do teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos!” (Sl 119. 176).
Ultimato

2015/06/10

É MARCHA, MAS NÃO É PARA JESUS.


Eu fico a me perguntar, a quem interessa essa tal marcha para Jesus? Em meu entendimento, para Jesus ela não serve de nada. O Deus Todo Poderoso lá precisa de que façamos marcha para Ele e gritemos a plenos pulmões slogans ufanistas? Que contribuição social, espiritual, ou de qualquer outra monta essa tal marcha produz?


Todo movimento populista deve ser analisado com microscópio. Todo governo que faz discurso populista (vide o que impera no Brasil), é tão eficaz como Jean Eugene Robert-Houdin o pai do ilusionismo. A multidão não tem razão e nem coração e quando tem que optar entre um e outro tende sempre a ser mais coração. Todo indivíduo cede sua personalidade para a personalidade da multidão. Ele se torna vulnerável plural e é capaz de enormes loucuras, juras de fidelidade, de amor eterno.


Jesus evitou as multidões. E quando não foi possível evitá-la Ele viveu a experiência de seu acolhimento em Jerusalém quando o aclamaram "Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!" (Mateus 21.9), mas poucos dias depois a multidão, instigada pelas autoridades religiosas de Jerusalém preferiu Barrabás à Jesus e quando foi questionada sobre o que deveria ser feito com Jesus, vociferou: "Seja crucificado!" (Mateus 27. 23b) ou pior: "Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos" (Mateus 27.25).


Essa tal marcha para Jesus é realizada há 22 anos. Muito bem! Eu questiono: Onde estão os seus benefícios práticos? O quanto esse país é mesmo de Jesus? O quanto Deus é Senhor dessa nação? A resposta é óbvia. Olhemos os políticos que temos e que, muitos deles, participam dessa tal marcha. Não generalizo, mas os números e as notícias estão aí para provar que a melhor marcha de que os políticos brasileiros evangélicos poderiam promover era dar um testemunho vivo e eficaz a respeito de Jesus sendo exemplo de ética onde atuam.


A melhor e mais eficaz marcha que poderíamos realizar era resgatarmos a Escola Bíblica Dominical. A avenida da marcha para Jesus estava cheia de gente que não conhece a Bíblia porque a Igreja se esqueceu de que a Educação Cristã é de absoluta importância. A maioria dos nossos jovens que entram nas universidades abandonam a fé e a Igreja seduzidos pelo evolucionismo e filosofias existencialistas. A grande e massacrante maioria dos cristãos não lê e nem medita nas Escrituras Sagradas. Eles gostam de "shows gospel" e nessa marcha os tais artistas aparecem. Sem Bíblia na mão e no coração, o negócio mesmo "é ir para a avenida".


A multidão que rodeou Jericó não falou e nem fez nada durante seis dias, mas no sétimo dia eles fizeram o que Deus ordenou, o que aparentemente parecia algo que não resultaria em nada de positivo, mas de fato as muralhas foram abaixo.


Na Bíblia encontramos em I Samuel 4.5-11 o seguinte: "Assim que a Arca da Aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo Israel começou a gritar tão alto, que o chão ao redor estremeceu. Os filisteus ouviram aquele brado extraordinário e exclamaram: 'Que significa esse forte grito no acampamento dos hebreus?' Quando foram avisados de que a Arca da Aliança do Senhor havia chegado ao acampamento dos hebreus, grande temor tomou conta dos filisteus e comentavam entre si: 'Deus veio ao acampamento dos hebreus! Ai de nós! Nunca aconteceu algo assim!. Ai de nós! Quem poderá nos salvar destes poderosos deuses? São os mesmos deuses que feriram os egípcios com toda espécie de pragas no deserto'. E concluíram: ' Sede fortes, ó filisteu, e sede homem corajosos, a fim de que não vos torneis escravos dos hebreus, como eles foram vossos escravos no passado. Sede homens e lutai bravamente!". E assim, os filisteus partiram para a luta e Israel acabou sendo vencido; cada israelita teve que fugir correndo para a sua tenda. O massacre doi enorme e horrível: Israel perdeu trinta mil soldados a pé. Então os filisteus se apossaram sa Arva de Deusm Hofni e Finéis, os filhos de Eli, foram mortos".


Nestes dois casos, vemos a diferença entre ser usado por Deus e usar a Deus. Israel foi usado por Deus e derrotou a inexpugnável fortaleza Jericó, mas ao tentar usar a Deus foi fragorosamente derrotado pelos filisteus.


Precisamos de multidões nas Escolas Dominicais, nos Cultos de Verdadeira e Espiritual Adoração, nos Estudos Bíblicos no meio da semana. Precisamos exercitar comunhão (Koinonia Verdadeira). Precisamos de mais Igrejas com menos número de membros para que eles possam interagir e se servir um do outro e o Pastor possa conhecer sua ovelha mais intimamente, e não de Igrejas Populosas onde entramos para pagar nossos votos, ouvir boa música, um bonito dircurso (seria Sermão Bíblico?), onde se busca entretenimento e não entendimento, solução para os problemas e não sabedoria bíblica para conviver com os problemas ou mesmo evitá-los. O número de gente que quer Igreja numerosa (da hora) só perde para o número de desigrejados, mas pode acreditar que tanto um quanto o outro não contribuem em absolutamente nada para a transformação da sociedade.


Temos que marchar para Jesus todo dia; no relacionamento conjugal, no relacionamento pais e filhos e filhos e pais, no nosso testemunho cristão no ambiente de trabalho, onde praticamos esporte ou fazemos nossos exercícios (academias), diante dos nossos vizinhos, parentes não crentes, nos negócios que fazemos. Se marcharmos para Jesus desse jeito, não precisaremos de agrupamentos seduzidos pelo açúcar da emocionalidade.


Marcha para Jesus? Não. Absolutamente, não! Não, definitivamente, não. E eu sei que haverá uma multidão que, se ler esse meu escrito vai gritar pensando em mim. - Crucifica-o, crucifica-o. 

Mauro Sergio

2015/06/09

PASTORES, PAREM O CONSUMISMO.



Usei o texto do Flávio Gikovate, “O CONSUMISMO DA ELITE É DESESPERO", para pensar no consumismo de nossas elites evangélicas.

"...
 "O consumismo é muito mais fonte de infelicidade do que de felicidade. O prazer trazido é efêmero, uma bolha de sabão – e em seguida vem outro desejo. Ele gera vaidade, inveja, uma série de emoções que estão longe de qualquer tipo de felicidade. E tudo vira comparação".
...
"Em países de Terceiro Mundo – e, intelectualmente, aqui é quase Quarto Mundo –, a elite só piorou nesse tempo. É uma elite medíocre, ignorante, esnobe. Na Europa e nos EUA, o exibicionismo da riqueza é muito menor.

 Na Europa, as pessoas consomem qualidade, não quantidade. Elas têm uma bolsa cara, mas não mil bolsas, para fazer disputa. Aqui há um comportamento subdesenvolvido e medíocre. E totalmente competitivo. As festas de casamento e de 15 anos são patéticas. A próxima festa tem de ser maior. Isso é sem fim.

 É sofrimento, é infelicidade. A quantidade e o volume com que as pessoas correm atrás dessas coisas é desespero."
Temos vivido dias realmente difíceis. Há uma exibição disfarçada entre homens e mulheres por mostrar que estão bem.

E mostram isso através de roupas exuberantes, vistosas, caras. Sapatos, bolsas, mil acessórios. Homens com camisa cujo preço de uma sustentaria uma família, mulheres com bolsas que o valor daria para sustentar 3 famílias ou mais".

Para onde estamos indo?
O que buscamos?
Li o artigo do Flávio Gikovate há alguns dias e fiquei pensando no que ele disse sobre o desespero da elite (grande elite!) e na conexão entre boas relações e diminuição no consumismo.

Isso me confirma o que vejo nas ruas, no consultório, nas igrejas, simplesmente observando as pessoas, homens, mulheres, adolescentes e até crianças. Eles estão super conectados em seus aparelhos e com péssimas relações interpessoais.

 Pessoas sem amigos verdadeiros, mal educadas, atrevidas, altivas, distantes de todos. Pessoas que se sentem perseguidas, sozinhas, sem que percebam que elas mesmas se isolam.
Fazer o que? Como compensar esta dor? Oras, vamos comprar. Comprar dá uma sensação de poder, e dá a falsa impressão de que você está sozinho porque está sentado num lugar muito alto e não porque você é esnobe.

O Apóstolo Paulo tremeria na base se entrasse em alguns lugares "santos" em nossos dias. Quando Paulo escreveu a Timóteo dizendo "Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes", ele falava a um jovem no ministério. Paulo, vem ver hoje, vem! Vem dar uma olhada em nossas igrejas, vem!

Já não há simplicidade nas igrejas, claro, pense numa pirâmide, eu estou falando da pontinha lá de cima. É um verdadeiro festival de moda, caras, bocas, maquiagem, postura altiva, distanciamento do povo.
Como se o povo contaminasse. E contamina mesmo. Contamina com seus carrapichos, com suas dores, com seus ais. Mas não é para isso mesmo que nós existimos? Para carregarmos as dores uns dos outros?

Lendo Provérbios no final de janeiro, encontrei esta pérola, uma oração feita pelo sábio Agur:
Eu te peço ó Deus, que me dês duas coisas antes de morrer: Não me deixes aparentar aquilo que não sou, e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o sustento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que é necessário, poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus. (30:7-9)

É tempo de voltarmos a uma vida simples, sem ostentação. Uma vida em que a maneira como nós falamos, nos vestimos, tratamos as pessoas, olhamos para elas, não as ofenda por causa da altivez que está em nós.

É tempo de visitarmos os que sofrem, chorarmos com os enlutados, fazermos festa a quem deseja tanto alguma coisa e não tem, ao invés de contribuirmos para, tornar-se verdade a frase que diz que dinheiro chama dinheiro. Precisamos sair da casa dos ricos, porque eles sempre nos dão alguma coisa, e visitarmos os pobres, de quem jamais receberemos coisa alguma.

É tempo de fazermos as festinhas dos invisíveis, e não daqueles que podem fazer festas maravilhosas que são citadas nas revistas.

É tempo de pegarmos no colo aquelas ovelhas ardidas, fedidas, feridas, em quem teremos que usar os nossos cremes importados para serem limpas, ao invés de  cuidarmos somente daquelas que nos trarão novos cremes do exterior.

É tempo de darmos lugares de honra àqueles que diante de Deus são exatamente iguais a nós, mas para os homens eles são pequeninos, e não para àqueles que diante dos homens são mais, são grandes, são ricos, são empregadores, são investidores, são presenteadores. É tempo de dar para quem só pode receber.

Tanto um como o outro precisam e merecem nosso cuidado, mas o que tem acontecido é que aquele que muito tem, recebe mais atenção e cuidado. Isso é pecado.

Outra pérola do Gikovate é que “boas relações = menos consumismo”. E eu fiquei pensando que nossa elite evangélica precisa de boas relações para assim conseguir diminuir o gasto fútil e supérfluo, na horizontal e na vertical. 

Precisamos nos dar bem com os homens (horizontal), a quem servimos, sim, somos servos, e ter um excelente relacionamento na vertical com o Pai, o Deus criador, aquele que preferiu nascer numa casa simples do que em um palácio, aquele que sempre andou a pé e quando usou um jumentinho foi pra anunciar que seu tempo estava chegando. 

Aquele que usou uma coroa, mas era de espinhos, e que foi cuspido, mal tratado, difamado, chutado e não abriu a sua boca.
Para que tanto? Para compensar o que?

A igreja clama por pastores que saiam das quatro paredes, não das igrejas apenas, mas de seus belos carros, de suas poderosas mansões de seus caros aviões, e ande entre o povo. É tempo.

Sandra Botelho.

Doutrinas Autoritárias

Doutrinas Autoritárias


Tem se tornado comum os ditadores religiosos chamarem de rebeldes os que escapam de seu sistema de controle, apesar de a Bíblia definir a rebeldia como o ato de desobediência aos mandamentos de Deus.

 Isso não passa dum meio de manipulação no sentido de pressionar as pessoas, e não deve ser levado em conta, pois na Escritura, Deus chama de rebeldes exclusivamente àqueles que desobedecem aos preceitos éticos divinais.

Se uma pessoa decide deixar uma organização religiosa, não estando em falta à vista de algo mal feito que paire contra si, ou em virtude de algum descumprimento de seus compromissos, então, onde está a rebeldia? O termo “rebelde” vem se aplicando ultimamente a pessoas que tem se negado a se tornarem cúmplices de manipulações doutrinais e de atos ilícitos de líderes autoritários.

É surpreendente que os ministros e seitas que estão fora de autoridade espiritual, tenham o cinismo de chamar rebeldes àqueles que, tendo se cingido das Escrituras, os questionam, pedindo reformas de práticas autoritárias, se negando a participar em ilicitudes e os denunciando.

 Dito de outro modo, há sistemas religiosos que estão em rebeldia, e chamam de rebeldes àqueles que atuam em consonância com a autoridade dos ensinamentos de Jesus. Incrível!

Ironicamente, o próprio Novo Testamento é quem qualifica de rebeldes àqueles ministros e grupos religiosos que, com suas inumeráveis fraudes, imoralidades e desobediência ao Evangelho de Cristo, condenam inocentes taxando-os de “rebeldes”.

Jamais deveríamos temer tais acusações de “rebeldia” provindas de ministros que vivem de forma imoral ou desonesta ou que se afastam dos ensinamentos de Cristo. Eles não têm nenhuma autoridade divina.

O mito de que não se devem questionar os ungidos.

Um dos ensinamentos favoritos para infundir medo e manter cativas as consciências das pessoas, afastando-as da utilização da sua razão, está baseado neste texto do Antigo Testamento: “... não toqueis os meus ungidos...” (Salmo 105:15)

Com esta passagem os líderes autoritários pretendem, em primeiro lugar, eles próprios se estabelecerem como os tais ungidos. Em segundo lugar, ensinam que ninguém em sua congregação pode questionar com base nas Escrituras o ministro, nem assinalar que são más determinadas práticas ou doutrinas, tampouco dizer que esteja em pecado, ainda que seja comprovável e que esteja prejudicando alguém! Pois, isso seria “tocar no ungido” e segundo dizem, “se lhes acarretará o castigo de Deus sobre sua vida”.

Desta maneira eles podem ensinar o que querem, e assim também se conduzirem como melhor se lhes apetecerem, sem temer a obrigação de responderem diante de alguém por qualquer coisa que façam.

Esta doutrina de “sujeição à autoridade” não somente é falsa, como também é contrária aos ensinamentos de Jesus, pois o Novo Testamento ensina que se o “nosso próximo” cai em pecado ou ensina algum erro, temos a obrigação de exortá-lo: “ Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão” (Mateus 18:15)

O Novo Testamento ensina que se o nosso próximo está em pecado, temos o dever e o compromisso de confrontar sua falta. O negar-se a fazer isso que é pecado. É falta de amor.

O mito de que não se deve questionar aos autodenominados ungidos é falso, pois contradiz estes claros mandamentos do Novo Testamento.

A interpretação correta do texto: “"Não toqueis, disse, nos meus ungidos”. O que realmente significa a passagem de Salmos 105:15?
Em primeiro lugar se refere, no contexto, a Abraão e à sua descendência em sua etapa inicial como “os ungidos”, não a um líder em particular. Nesse caso uma aplicação moderna da passagem seria que não se deve tocar em qualquer membro do povo de Deus.

Mas o que significa “tocar”? Bem, a passagem foi dada para que as poderosas nações vizinhas do povo hebreu, até então um pequeno grupo de nômades, não o saqueasse, o matasse ou o roubasse, enquanto seguia em suas peregrinações.
 “Tocar” significava, no contexto, não prejudicar fisicamente a Abraão e a família. Isso é tudo o que diz a passagem, e se nos damos conta, isso não tem nada a ver com a proibição de confrontar, repreender, denunciar, questionar ou afastar-se de um líder religioso que se delinqüe ou que torce os ensinamentos de Cristo.

Se como os líderes autoritários nos dizem, “tocar” num ungido é questionar um ministro e isso está proibido, então com que razão Paulo questionou e repreendeu a Pedro e logo depois registrou o fato em uma carta como exemplo aos cristãos da Galácia? (Gálatas 2:11-16)

Aprendamos isso: A Bíblia nos permite tanto questionar os ministros, como também confrontá-los, quando vemos que há um sério erro doutrinário ou da práxis ética em suas vidas. Isso está claramente estabelecido na Palavra de Deus:
- “Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente para que sejam sãos na fé” (Tito1:13).

- “Que pregues a palavra; que instes a tempo e fora de tempo; redarguas, repreende, exorta com toda paciência e doutrina” (2 Timóteo 4:2-3)
- “Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficásseis em Éfeso para advertires a alguns, que não ensinassem outra doutrina” (1 Timóteo 1:3)

De fato, não somente temos o direito de questioná-los. Temos também o direito de abandoná-los e sair de sua esfera de influência caso se recusem a corrigir a sua conduta imoral ou ensinamentos torcidos.

Leiamos o que Cristo ensina a respeito:

- “Deixe-os; são condutores cegos; ora se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova” (Mateus 15:14).

- “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (Mateus 18:15-17).

Diante de tudo o que foi exposto, podemos constatar que os grupos autoritários manipulam as Escrituras para evitar prestar contas de seus atos aos fiéis.

Recebi este texto, via e-mail, sem a indicação da autoria.