2015/06/04

A administração do Fundo Geral da Igreja

Não é tudo teria ainda mais a dizer.


Introdução: Ser tesoureiro de uma igreja local para administrar os seus recursos financeiros se trata de uma tarefa de muita importância e responsabilidade, pelo menos por estas três razões:
1. Os recursos que vão administrar são do Senhor – Por isso há o peso da responsabilidade em administrar da melhor maneira possível aquilo que é de Deus e que deverá ser aplicado em Sua obra.
2. Os valores são dádivas da igreja local – Quando um irmão oferta para o fundo geral da igreja, ele o faz para o Senhor, não visando benefícios humanos como glórias e elogios. Cada ofertante ficará mais satisfeito, e até se animará mais em contribuir, quando os administradores trabalham de forma séria e transparente e a igreja toda sabe que esses recursos estão sendo bem aplicados.
3. Incentivadores da igreja para o esvaziamento do caixa – Como são os tesoureiros que administram o fundo financeiro da igreja, eles sabem quanto ele é necessário para a manutenção mensal das despesas da igreja. O que passar disso eles têm a obrigação de incentivar a igreja, através da sua liderança, a destinarem todos os recursos do caixa porque o dinheiro que foi ofertado para o Senhor é para ser repassado, de imediato, à Sua obra.

A ADMINISTRAÇÃO DO FUNDO FINANCEIRO DA IGREJA

De acordo com os exemplos bíblicos, para administrar o fundo financeiro de uma igreja local é necessário a participação de mais de um irmão e que eles sejam de caráter irrepreensível, como podemos ver em alguns exemplos:
  • O exemplo da igreja em seus primeiros dias – (Atos 4:32-35; 6:1-2). No começo da igreja os primeiros cristãos demonstravam ser generosos e abriam mão de muitos de seus bens materiais e vendendo as suas propriedades traziam os valores aos pés dos apóstolos e então “se repartia a qualquer um que tivesse necessidade”. Na medida em que a igreja foi crescendo, aumentou também o serviço dessa administração a ponto de alguns membros da igreja se sentirem prejudicados na distribuição e como houve reclamações foi necessária uma tomada de posição por parte dos apóstolos.
  • A sugestão dada pelos apóstolos – (Atos 6:3-7). Os apóstolos ouviram as reclamações, mas não podiam assumir a responsabilidade desse serviço. Eles sugeriram que houvesse a escolha de sete homens para administrar os recursos financeiros da igreja enquanto eles se dedicavam à oração e ao ministério da Palavra (v. 4). Todavia, a escolha desses homens para esse serviço tinha que ser segundo as qualificações dadas pelos apóstolos: “Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço” (v. 3). Era, portanto, indispensável que:
1 – Os escolhidos deveriam ter “boa reputação”. Apesar de alguém estar bastante disposto para fazer essa tarefa isso não é o bastante, é preciso que tenha um bom nome e seu caráter seja intocável.
2 – Os escolhidos deveriam ser ”cheios do Espírito”. Quando a pessoa se converte ao Senhor ela “nasce de novo” e no mesmo instante é selada com o Espírito Santo (Efésios 1:13). Isto independe do que tenha feito ou deixado de fazer. Em seguida cabe ao convertido a responsabilidade de encher-se do Espírito Santo (Efésios 5:18). Isto quer dizer que ele deve estar, ou permanecer, sob o controle do Espírito Santo, ou que o Espírito Santo tenha total controle sobre ele. Se o crente não tiver esta qualificação não estará apto para este serviço.
3 – Os escolhidos deveriam ser “cheios... de sabedoria”. Não se trata de sabedoria humana ou capacidade intelectual, mas a qualidade que inclui o bom senso, atitudes e ações corretas cuja fonte emana lá do alto conforme escreveu Tiago: “A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tiago 3:17). Sem a verdadeira sabedoria é impossível um bom cuidado dos fundos financeiros de uma igreja local.
Estas exigências dadas por Deus através dos Seus apóstolos precisam ser incontestavelmente seguidas, hoje e sempre, porque a igreja precisa ter total confiança nos seus tesoureiros e eles precisam gozar dessa confiança por parte da igreja para que façam um bom trabalho.
Os administradores das ofertas de uma igreja precisam para o desempenho do serviço:
  • Trabalhar junto com a liderança da igreja – Os tesoureiros da igreja devem sempre estar informando aos irmãos que fazem parte da liderança da igreja como está o montante dos recursos em caixa, para que juntos planejem a distribuição.
  • Trabalhar com transparência – Muitos políticos em campanha prometem, caso eleitos, fazer uma administração transparente à população, mas isto posteriormente não acontece. No caso dos servos que são os tesoureiros de uma igreja local devem ter postura de transparência plena e, portanto, precisam de:
1. Prestar contas– Os responsáveis pelas finanças devem prestar contas da movimentação dos recursos do caixa para que toda a igreja saiba onde e em que estão sendo aplicadas as ofertas e o saldo existente em caixa.

2. Discernimento para distribuir o dinheiro das ofertas– Os irmãos responsáveis pela contagem das ofertas, e de depositá-las em alguma conta bancária, deverão, juntamente com os anciãos da igreja, ter o discernimento para uma boa distribuição desses recursos. O dinheiro do Senhor não é para ficar engordando contas bancárias, mas para ser aplicado na Sua obra, e nem para gastar em coisas fúteis (bens que a igreja não necessita), mas naquilo que seja útil para a Sua obra. Eis algumas sugestões:

(a) Necessidades do trabalho local: Atendimento social aos crentes menos favorecidos inclusive as viúvas, ou descrentes; compra de móveis e imóveis; construção e reformas do templo; pagamento das contas de consumo de água, luz, telefone, material de limpeza e, se for o caso, aluguel do imóvel, salário dos empregados, manutenção de veículos etc.

(b) Cada igreja local deve ter visão missionária: Contribuindo para creches e abrigos para idosos; ofertar para edição de literaturas, aquisição e distribuição de folhetos e Bíblias; manutenção de programas de evangelização; ofertar aos servos do Senhor em tempo exclusivo, que não trabalham como assalariados. Quem tem responsabilidade de sustentar os trabalhadores na Seara, em regime de tempo integral, é o povo de Deus, Em 1 Coríntios 9:11-14 somos ensinados que quem trabalha no Evangelho tem direito de viver do Evangelho. TEMPO INTEGRAL E DEDICAÇÃO EXCLUSIVA,EXCLUSIVA AO TRABALHO DA IGREJA.ISTO INCLUI DESDE A VISITAÇÃO EM LARES ATÉ A ORIENTAÇÃO NA AJUDA AOS MECESSITADOS.INCLUSIVE DEVE-SE DAR PRIORIDADE COM OS RECURSOS ANGARIADOS.
I

 Severo Miguel de Olivaira





O CRUZAMENTO DO RIO JORDÃO

O CRUZAMENTO DO RIO JORDÃO

Josué capítulos 3 e 4

O cruzamento do rio Jordão pelo povo de Israel foi um dos acontecimentos mais representativos na tomada da terra prometida.
Quarenta anos antes eles haviam cruzado o mar Vermelho para sair do Egito, sob a direção de Moisés, que representa a lei. Agora eles atravessavam o rio Jordão, comandados por Josué, que representa Cristo. Era um passo decisivo, pois uma vez do outro lado estavam pisando a terra prometida, e teriam que enfrentar os seus moradores, em batalha com seus exércitos. Não podiam voltar para trás, pois ali ficava o deserto.
Desta vez, a arca tomou a vanguarda, carregada pelos levitas sacerdotes. A arca era o símbolo da presença e do poder de Deus, e toda ela nos fala de Cristo, tanto a sua estrutura como o seu conteúdo. O povo foi instruído a ficar espalhado a uma distância de um quilômetro da arca, para que todos a pudessem ver e saber o caminho a seguir.
Josué mandou que o povo se santificasse em preparação para o milagre da passagem do rio Jordão. Era um ato de purificação e consagração antes de entrar na presença de Deus, geralmente feito antes de oferecer sacrifícios, ou, como neste caso, presenciar as maravilhas de Deus.
A impureza interior, resultado do pecado, era simbolizada por comer certos alimentos proibidos (Levítico 11), o parto (Levítico 12), doenças (Levítico 13,14), tocar um cadáver (Números 19:11-22), etc. A cerimônia da santificação simbolizava a importância de ter um coração puro antes de qualquer pessoa aproximar-se de Deus. Como os israelitas, precisamos ter o perdão dos nossos pecados, pelo sangue de Cristo, antes de nos aproximarmos de Deus.
Josué tinha fé que o SENHOR iria operar algum milagre, pois o rio Jordão, normalmente pouco volumoso, naquela época estava alagando as suas margens, tendo transbordado sobre todas as suas ribanceiras.
Sem uma vau, ou uma ponte, parecia impossível conduzir todo este povo e os seus pertences e animais para o outro lado. O perigo era grande. O SENHOR escolheu esta ocasião para engrandecer Josué diante de todo o povo, mostrando que estava com ele.
O milagre que seria efetuado, serviria também para demonstrar ao povo de Israel o poder do SENHOR, dando-lhes a certeza que o Deus vivo estava entre eles, e que destruiria diante deles os cananeus que habitavam a terra. Os cananeus tinham que ser destruídos por causa da sua profunda iniqüidade (Gênesis 15:16, etc.), e para evitar que os israelitas fossem contaminados por eles.
Seguindo as instruções do SENHOR, transmitidas através de Josué, os sacerdotes que levavam a arca da aliança avançaram para dentro do rio, e, à medida em que seus pés tocavam na água, as águas que vinham rio abaixo se amontoaram deixando em seco o seu leito a partir daquele ponto até o mar Morto onde o rio desemboca. Os sacerdotes pararam no meio do leito do rio, e o povo todo passou em seco para o outro lado, com tudo o que tinham.
Antes dos sacerdotes saírem, dois monumentos de pedra foram construídos, de doze pedras cada um, cada pedra sendo levantada do fundo do rio por um representante de uma tribo.
O primeiro monumento foi construído no ponto em que os sacerdotes se encontravam, com a arca, por ordem de Josué: era um memorial aos filhos de Israel para lembrarem que as águas do rio Jordão foram cortadas diante da arca da aliança do SENHOR.
O segundo, por ordem do SENHOR, foi erigido em Gilgal, o local em que os israelitas haviam se alojado para passar a noite depois de atravessar o rio:
  1. Para que seus filhos (e descendentes) soubessem que Israel havia passado em seco aquele Jordão,
  2. Para que todos os povos da terra conhecessem que a mão do SENHOR é forte, e
  3. Para que temessem ao SENHOR seu Deus todos os dias.
Tendo em vista o simbolismo do rio Jordão em relação a Cristo, não é difícil estender a analogia para os dois monumentos de doze pedras cada um:
- As doze pedras colocadas no leito do rio, por instrução de Josué, representam a morte de Cristo, que deu a sua vida por todo aquele que nEle crê. Também representam a morte para o pecado de todo o crente em Cristo (Romanos 6:2-3). As doze pedras foram colocadas nas águas da morte. O crente em Cristo é também batizado por imersão nas águas da morte.
- As doze pedras tiradas do Jordão por ordem do SENHOR e empilhadas em Gilgal ("rolando") nos lembram do poder de Deus que ressuscitou da morte o seu Filho, Jesus Cristo. Da mesma forma, é pelo Seu poder que somos ressuscitados com Cristo, feitos nova criação, para andar em novidade de vida, justificados do pecado, vivendo para Deus (Romanos 6:4-11).
O significado principal do substantivo batismo e do verbo batizar, examinando sua origem grega, é identificação. Somos identificados com Cristo na Sua morte; quando Ele morreu, foi por nós; Sua morte foi a nossa morte; quando Ele ressuscitou da morte, nós ressuscitamos da morte; e hoje estamos ligados a um Cristo que vive. É somente na medida em que estamos ligados a Ele, que gozamos das bênçãos espirituais que Ele nos dá.
Quando os israelitas atravessaram o rio, eles passaram a ter sua pátria na terra prometida, eternamente identificados com ela. Também o crente em Cristo está assentado nos lugares celestiais em Cristo Jesus (Efésios 2:6), e tem a sua pátria nos céus (Filipenses 3:20). Estamos eternamente identificados com ela, sendo seus embaixadores no mundo (2 Coríntios 5:20).
O rio Jordão é um tipo da morte de Cristo - não da nossa morte física!


2015/06/02

“Aquele pastor acredita no casamento... já vai no terceiro!”

“Aquele pastor acredita no casamento... já vai no terceiro!”


Foi assim que um conhecido meu se referiu em tom de gozação a um pastor evangélico que, por sinal, é seu amigo. Desconfio que tal pastor não é o único da sua espécie. Não tenho estatísticas para provar, mas meu “achômetro” registra um crescimento nas igrejas evangélicas da aceitação de pastores que já vão no segundo ou terceiro casamento. Ouvi dizer que tem alguns já no quarto casamento, mas eu não quis acreditar.

Afinal, qual a importância de um casamento sólido e duradouro para o ministério pastoral? Paulo escreveu que “é necessário que o bispo ... seja esposo de uma só mulher” (1Tm 3.2). Podemos ler essa passagem de duas ou três maneiras diferentes, mas todas elas, ao final, falam da necessidade de um casamento exemplar para os líderes cristãos. Bom, creio que há vários pontos que podem ser mencionados aqui. O primeiro é a paz e o sossego que um casamento estável oferece e que se refletem inevitavelmente na lide pastoral. Não sei como pastores que enfrentam a separação, o divórcio, um novo casamento e a adaptação à nova realidade (se tiver filhos, é ainda mais difícil), encontram tranqüilidade para pastorear, ao mesmo tempo em que vivem as angústias da crise. O segundo ponto é o exemplo, para os filhos, se houver, e para os casais da igreja que pastoreia. Todos esperam que o casamento do pastor seja uma fonte de inspiração e exemplo. Casamentos que dão certo e duram a vida toda funcionam como uma espécie de referencial para os demais casamentos, especialmente se for o casamento do pastor.

O terceiro ponto é a questão da autoridade. Não era esse o receio de Paulo, que após ter pregado a outros não viesse ele mesmo a ser desqualificado? (1Co 9.27). Qual a autoridade de um pastor divorciado já pela segunda ou terceira vez para exortar os maridos da sua igreja a amarem a esposa e a se sacrificar por ela? Essa história aconteceu com um pastor que foi colega meu de seminário. Certo dia, falando na igreja sobre os deveres do marido cristão, sua própria esposa se levantou no meio do povo e disse, “É tudo mentira, ele não faz nada disso em casa!”. O pastorado daquele colega acabou ali mesmo.

Mas tem um quarto ponto. Pastores que já vão no segundo ou terceiro casamento estão passando a seguinte mensagem para os casais da igreja: “O divórcio é uma solução legal e fácil para resolver os problemas do casamento. Quando as coisas começam a ficar difíceis, o caminho mais rápido é o da separação e o recomeço com outra pessoa”. Essa mensagem é também captada pelos jovens, que um dia contrairão matrimônio já pensando no divórcio como a saída de incêndio.

Não que eu seja absolutamente contra o divórcio. Como calvinista, entendo que o divórcio é permitido naqueles casos previstos na Escritura, que são o adultério e a deserção obstinada (Mateus 19.9; 1Coríntios 7.15; ver Confissão de Fé de Westminster XXIV, 6). Sou contra a sua obtenção por quaisquer outros motivos, mesmo que fazê-lo seja legal no Brasil.

Fico me perguntando se, ao final, tudo isto, não é uma versão moderna e evangélica da velha poligamia. Como ela é proibida no Brasil e rejeitada pelas igrejas, alguns pastores acharam esse meio de ter várias mulheres durante o seu ministério, embora não ao mesmo tempo, que é casar-se várias vezes em seqüência, com mulheres diferentes. É legal e é mais barato.

 

A importância da pregação expositiva para o crescimento sadio da igreja

Referência: Neemias 8.1-18
INTRODUÇÃO
1. O crescimento da igreja é um dos temas mais discutidos na atualidade
Todo pastor anseia ver sua igreja crescer. A igreja deve crescer, precisa crescer. Se ela não cresce é porque está enferma.
Rick Warren diz: Pergunta errada: o que devo fazer para a minha igreja crescer. Pergunta certa: o que está impedindo a minha igreja de crescer.
2. Há dois extremos perigosos quanto ao crescimento da igreja
a) Numerolatria – É a idolatração dos números. É crescimento como um fim em si mesmo. É o crescimento a qualquer preço. Hoje vemos muita adesão e pouca conversão. Muita ajuntamento e pouco quebrantamento. A pregação da fé sem o arrependimento e da salvação sem conversão.
b) Numerofobia – É o medo dos números. É desculpa infundada da qualidade sem quantidade. A qualidade gera quantidade. A igreja é um organismo vivo. Quando ela prega a Palavra com integridade e vive em santidade Deus dá o crescimento. Não há colheita sem semeadura.
3. A sedução do pragmatismo na busca do crescimento da igreja
O Movimento de Crescimento de Igreja começou em 1930 com Donald McGavran, quando deixou a sede das Missões na Índia e passou 17 anos plantando igrejas e fazendo uma pergunta: Por que algumas igrejas crescem e outras não?
Ele começou um Instituto de Crescimento de Igreja em Oregon com um aluno boliviano. Depois foi para o Seminário de Fuller na Califórnia. Foi o missionário que mais influenciou a igreja no século XX.
Davi Eby diz que o que espanta é que nas teses e dissertações dos estudantes do MCI não há quase nenhuma ênfase na pregação como instrumento para conduzir a igreja ao crescimento. Ao contrário, seguem as técnicas do pragmatismo: se funciona, use.
O Pragmatismo não está preocupado com a verdade, mas com o que funciona. Não pergunta o que é certo, mas o que dá certo.
4. O testemunho irrefutável dos fatos
Tom Rainer fez uma exaustiva pesquisa entre 576 igrejas batistas do Sul nos Estados Unidos e chegou a uma conclusão contrária ao MCI. A pesquisa identificou que o maior fator para o crescimento saudável da igreja foi a pregação expositiva.
5. Os grandes perigos que atentam contra o crescimento da igreja
a) Liberalismo teológico – Onde ele chega, mata a igreja. Ele começa nas cátegras, desce aos púlpitos e daí mata as igrejas. Há muitas igrejas mortas na Europa e América do Norte. Exemplo: minha experiência no Seminário de Princeton.
b) Sincretismo religioso – Nossa cultura mística: pajelança, idolatria, kardecismo, cultos afros. Hoje muitas igrejas mudaram o rótulo, mas mantém o povo preso ao mesmo misticismo: sal grosso, copo dágua em cima da televisão.
c) Ortodoxia morta – E. M. Bounds disse que homens mortos, tiram de si sermões mortos e sermões mortos, matam. Lutero dizia que sermão sem unção endurece o coração. Antonio Vieira diz que devemos pregar aos ouvidos e aos olhos. Precisamos ser boca de Deus.
d) Superficialidade no Púlpito – Muitos pastores são preguiçosos, não estudam, não alimentam o povo com a Palavra.
6. Vejamos um modelo bíblico de pregação expositiva para o crescimento saudável:
Neemias 8 é um grande modelo da pregação expositiva que produz o verdadeiro crescimento espiritual.
Martin Lloyd-Jones disse que a pregação é a tarefa mais importante do mundo. A maior necessidade da igreja e a maior necessidade do mundo.
Calvino entendia que o púlpito é o trono de onde Deus governa a sua igreja.
I. O AJUNTAMENTO PARA OUVIR A PALAVRA DE DEUS – v. 1-2
1. É espontâneo – v. 1
Deus moveu o coração do povo para reunir-se para buscar a Palavra de Deus. Eles não se reuniram ao redor de qualquer outro interesse. Hoje o povo busca resultados, coisas, benefícios pessoais e não a Palavra de Deus. Querem as bênçãos de Deus, mas não Deus. Têm fome de prosperidade e sucesso, mas não têm fome da Palavra.
2. É coletivo – v. 2,3
Todo o povo: homens e mulheres reuniram-se para bsucar a Palavra de Deus. Ninguém ficou de fora. Pobres e ricos, agricultores e nobres, homens e mulheres. Eles tinham um alvo em comum, buscar a Palavra de Deus. Precisamos ter vontade de nos reunir não apenas para ouvirmos cantores famosos ou pregadores conhecidos, mas reunirmo-nos para ouvirmos a Palavra de Deus. O centro do culto é a pregação da Palavra de Deus.
3. É pontual – v. 3
O povo todo estava presente desde o nascer do sol. Eles se preparam para aquele grande dia. Havia expectativa no coração deles para ouvir a lei de Deus. A Palavra precisa ser prioridade para sermos pontuais.
James Hunter diz que uma pessoa que se atrasa sistematicamente para um compromisso transmite várias mensagens: 1) O tempo dela é mais importante do que o dos outros; 2) As outras pessoas que ela vai encontrar não são muitos importantes para ela; 3) Ela não tem o cuidado de cumprir compromissos.
4. É harmonioso – v. 1
“Todo o povo se ajuntou como um só homem” (v.1). Não havia apenas ajuntamento, mas comunhão. Não apenas estavam pertos, mas eram unidos de alma. A união deles não era em torno de encontros sociais, mas em todo da Palavra de Deus.
5. É proposital – v. 1
“e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel” (v. 1). O propósito do povo era ouvir a Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra. Eles tinham pressa de ouvir a Palavra. Não era qualquer novidade que os atraía, mas a Palavra de Deus.
II. A SUPREMACIA DA PALAVRA DE DEUS
1. O pregador precisa estar comprometido com as Escrituras – v. 2,4,5
Esdras era um homem comprometido com a Palavra (Esdras 7:10). Eles não buscam alguém para lhes contar bonitas experiências, mas eles procuram um fiel expositor das Escrituras.
A maior necessidade da igreja é de homens que conheçam, vivam e preguem a Palavra de Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da igreja e do mundo. A pregação é a tarefa mais importante que existe no mundo.
O impacto causado pela leitura da Palavra de Deus por Esdras é comparado ao impacto da Bíblia na época da Reforma do século XVI.
Precisamos nos tornar o povo “do livro”, “da Palavra”. Não há reavimamento sem a restauração da autoridade da Palavra.
Exemplo: Milagres X Palavra – Atos 2.
2. O pregador precisa estar comprometido com o Deus das Escrituras
a) Piedade – A vida do pregador é a vida da sua mensagem. Só prevalece em público, quem prevele em oração na intimidade. David Larsen disse que é mais importante ensinar um pregador a orar do que a pregar. Sem oração não há pregação de poder.
b) Fome de Deus – oração e jejum – o pregador é um homem em fogo. Se ele não arder no púlpito o povo não poder. Moody disse que deveríamos acender uma fogueira no púlpito. O pregador precisa ter mais fome de Deus do que de livros.
c) Fome da Palavra – O pregador precisa ser um estudioso. Quem não gosta de ler, certamente não deve ter o chamado para o ministério. Paulo fala que precisamos nos afadigar na Palavra.
d) Paixão – O pregador é um homem diz como Paulo (At 20:24). É como John Bunyan que prefere a prisão ao silêncio. O pregador e o ator Magready. David Hume e George Whitefield.
3. O povo precisa estar sedento das Escrituras – v. 1,3
A Bíblia é o anseio do povo. Eles se reúnem como um só homem (v. 1), com os ouvidos atentos (v. 3), reverentes (v. 6), chorando (v. 9) e alegrando (v. 12) e prontos a obedecer (v. 17).
Eles querem não farelo, mas trigo. Eles querem pão do céu. Eles querem a verdade de Deus. Eles buscaram pão onde havia pão.
Muitos buscam a Casa do Pão e não encontram pão. São como Noemi e sua família que saíram de Belém e foram para Moabe, porque não havia pão na Casa do Pão. Quando as pessoas deixam a Casa do Pão encontram a morte. Há muita propaganda enganosa nas igrejas: prometem pão, mas só há fornos frios, prateleiras vazias e algum farelo de pão.
4. Atitudes do povo em relação às Escrituras
a) Ouvidos atentos (v.3) – O povo permaneceu desde a alva até ao meio-dia, sem sair do lugar (v. 7), com os ouvidos atentos. Não havia dispersão, distração, enfado. Eles estavam atentos não ao pregador, mas ao livro da lei. Não havia esnobismo nem tietagem, mas fome da Palavra.
b) Mente desperta (v. 2,,3,8) – A explicação era lógica, para que todos entendessem. O reavimento não foi um apelo às emoções, mas um apelo ao entendimento. A superstição irracional era a marca do paganismo. Oséias 4:6: “O povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento”.
c) Reverência (v.5) – “Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele; abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé”. Essa era uma atitude de reverência e respeito à Palavra de Deus. Esse púlpito elevado não era para revelar a infalibidade do pregador, mas a supremacia da Palavra.
d) Adoração (v.6) – Esdras ora, o povo responde com um sonoro amém, levanta as mãos e se prostra para adorar. Onde há oração e exposição da Palavra, o povo exalta a Deus e o adora.
III. A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
1. Ler o texto das Escrituras – v. 2,3,5
A leitura do texto é a parte mais importante do sermão. O texto é a fonte da mensagem e a autoridade do mensageiro. O sermão só é sermão se ele se propõe a explicar o texto.
2. Explicar o texto das Escrituras – v. 7,8
O Cristianismo é a religião do entendimento. Ele não nos rouba o cérebro. O sincretismo religioso anula a razão.
Pregar é explicar o texto. A mensagem é baseada na exegese, ou seja, tirar do texto, o que está no texto. Não podemos impor ao texto, nossas idéias. Isso é eixegese.
Calvino dizia que pregação é a explicação do texto. O púlpito é o trono de onde Deus governa a sua igreja.
Lutero dizia que existe a Palavra de Deus escrita, a Palavra encarnada e a Palavra pregada.
Muitos hoje dizem: “Eu já tenho o sermão, só falta o texto”. Isso não é pregação. Deus não tem nenhum compromisso com a Palavra do pregador, e sim com a sua Palavra. É a Palavra de Deus que não volta vazia e não a Palavra do pregador.
3. Aplicar o texto das Escrituras – v. 9-12
O sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto e o ouvinte. Precisamos ler o texto e ler o povo. Não pregamos diante da congregação, mas à congregação. Onde começa a aplicação, começa o sermão.
Há um grande perigo da chamada heresia da aplicação. Se não interpretamos o texto corretamente, vamos aplicá-lo distorcidamente. Vamos prometer o que Deus não está prometendo e corrigir quando Deus não está corrigindo. Exemplo: o mel de Sansão.
A exposição e a aplicação da Palavra de Deus produziu na vida do povo vários resultados gloriosos.
IV. OS EFEITOS DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
1. Atinge o Intelecto – v. 8
A pregação é diriga à mente. O culto deve ser racional. Devemos apelar ao entendimento (v. 2, 3,,8,12). John Stott disse que crer é também pensar. Nada empolga tanto como estudar teologia. O conhecimento da verdade encha a nossa cabeça de luz. O povo que conhece a Deus é forte e ativo (Dn 11:32).
2. Atinge a Emoção – v. 9-12
a) Choro pelo pecado (v. 9) – A Palavra de Deus produz quebrantamento, arrependimento, choro pelo pecado. O verdadeiro conhecimento nos leva às lágrimas. Quanto mais perto de Deus você está, mais tem consciência de que é pecador, mais chora pelo pecado. O emocionalismo é inútil, mas a emoção produzida pelo entendimento é parte do Critianismo. É impossível compreender a verdade sem ser tocado por ela.
b) A alegria da restauração (v. 10) – As festas deviam ser celebradas com alegria (Dt 16:11,14)). A Alegria tem três aspectos importantes: 1) Uma origem divina – “A alegria do Senhor”. Essa não é uma alegria circunstancial, momentânea, sentimental. É a alegria de Deus, indizível e cheia de glória. 2) Um conteúdo bendito – Deus não é apenas a origem, mas o conteúdo dessa alegria. O povo regozija-se não apenas por causa de Deus, mas em Deus: sua graça, seu amor, seus dons. É na presença de Deus que há plenitude de alegria. 3) Um efeito glorioso – “A alegria do Senhor é a nossa força”. Quem conhece esta alegria não olha para trás como a mulher de Ló. Quem bebe da fonte das delícias de Deus não vive cavando cisternas rotas. Quem bebe das delícias de Deus não sente saudades do Egito. Essa alegria é a nossa força. Foi essa alegria que Paulo e Silas sentiram na prisão. Essa é a alegria que os mártires sentiram na hora da morte.
3. Atinge a vontade – v. 11-12
a) Obediência a Deus (v. 12) – O povo obedeceu a voz de Deus e deixou o choro e começou a regozijar-se.
b) Solidariedade ao próximo (v. 12) – O povo começou não apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar seu amor ao próximo, enviando porções àqueles que nada tinham. Não podemos separar a dimensão vertical da horizontal no culto.
V. A OBSERVÂNCIA DA PALAVRA DE DEUS – v. 13-18
1. A liderança toma a iniciativa de observar a Palavra de Deus – v. 13-15
Esdras no dia seguinte organiza um estudo bíblico mais profundo para a liderança (8:13). Um grande reavivamento está acontecendo como resultado da observância e obediência à Palavra de Deus. Essa mudança é iniciada pelos líderes do povo.
Havia práticas que haviam caído no esquecimento. Eles voltaram à Palavra e começaram a perceber que precisavam ser regidos pela Palavra. A Escritura deve guiar a igreja sempre!
A primeira tentação do diabo não foi sobre sexo ou dinheiro, mas suscitar dúvidas acerca da Palavra de Deus.
2. Os liderados obedecem a orientação da Palavra de Deus – v. 16-18
Toda a liderança e todo o povo se mobiliza para acertar a vida de acordo com a Palavra. Havia uma unanimidade em buscar a Palavra e em obedecê-la.
Esse reavivamento espiritual foi tão extraordinário que desde Josué, ou seja, há 1.000 anos que a Festa dos Tabernáculos nunca tinha sido realizado com tanta fidelidade ao ensino das Escrituras. Essa festa lembrava a colheita (Ex 34:22) e a peregrinação no deserto (Lv 23:43). Em ambas as situações o povo era totalmente dependentes de Deus.
Se queremos restauração para a igreja, precisamos buscar não as novidades, mas voltarmo-nos para as Escrituras.
3. A alegria de Deus sempre vem sobre o povo quando este obedece a Palavra de Deus – v. 10,17b
“A alegria do Senhor é a vossa força” (v.10) e “…e houve mui grande alegria” (v.17b). O mundo está atrás da alegria, mas ela é resultado da obediência à Palavra de Deus. O pecado entristece, adoece, cansa. Mas, a obediência à Palavra de Deus traz uma alegria indizível e cheia de glória.
Um povo alegre é um povo forte. A alegria do Senhor é a nossa força. Quando você está alegre, a força de Deus o entusiasma!
CONCLUSÃO
Resultados gloriosos são colhidos quando o povo se volta para a Palavra de Deus:
a) Confissão de Pecado – NO capítulo 9 vemos uma das mais profundas orações da Bíblia onde Neemias confessa o seu pecado e o pecado do seu povo. Sempre que a Palavra é exposta há choro pelo pecado e abandono do pecado.
b) Aliança com Deus e reavimento – No capítulo 10, os líderes e o povo fazem uma aliança com Deus de quem deixariam seus pecados e andariam com Deus. E então, houve um grande reavivamento espiritual que levantou a nação.
 Pastor.Hernandes dias Lopes

Pérolas do púlpito contemporâneo






Ciro Zibordi (*)

Cada dia que passa a falta de conteúdo dos pregadores contemporâneos fica mais evidente. Parece que os pregadores modernos inventaram o "jeitinho brasileiro" de pregar, onde vale a lei do menor esforço. Nessa onda de repetição, os pregadores jovens copiam os clichês dos "mega"-pregadores, os super-stars do evangelho, e nem sequer avaliam se o que eles estão dizendo tem embasamento bíblico. Por causa dessa realidade tão patente, o PULPITO está lançando a série "Pérolas do pulpito contemporâneo" -- onde visamos alertar o leitor acerca dos famosos chavões, que apesar de possuirem um forte apelo emocional, não são bíblicos.

Nessa primeira postagem, apresentamos 5 chavões muito comuns nos círculos pentecostais e neo-pentecostais:
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"TEM SAPATO DE FOGO?" .
Pregadores que não se preocupam em expor a Palavra — pois a sua missão é movimentar as massas — se valem de perguntas como esta: "Tem sapato de fogo aí, irmão?" Com muita tristeza assisti a um vídeo em que alguém que já foi considerado, unanimemente, o maior expoente da Assembléia de Deus no Brasil participa de um espetáculo deprimente..

No tal vídeo, o pregador é chamado por um animador de auditório, que, apertando a sua mão, pergunta-lhe: "Pastor fulano, tem sapato de fogo? Tem sapaaato?" E ele balança a cabeça, em sinal de aprovação. Quer saber o que aconteceu? Bastou um sopro — e não um soco — para levá-lo à lona, quer dizer, ao chão...
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Fiquei pensando: Meu Deus, um homem que já foi um referencial para muitos jovens pregadores, um defensor das verdades centrais da fé cristã, alguém que admirei, cujos livros e comentários bíblicos para escola dominical eu li, caído ao chão... E ainda acreditando que está certo. Que Deus nos guarde, e que vigiemos, a fim de que jamais apostatemos da fé.
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"ESSA É UMA GERAÇÃO DE APAIXONADOS"
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Você já notou como os jovens costumam empregar o verbo "adorar" para quase tudo de que gostam, menos em relação a Deus? "Adoro cantar", "Adoro dançar", "Adoro ouvir música", "Adoro chocolate", etc. Mas, quando vão falar do Senhor Jesus, o único de fato digno de adoração, dizem: "Estou apaixonado". Isso ocorre principalmente por influência de cantores-ídolos que "adoram" empregar frases de efeito, como: "Essa é uma geração de apaixonados" ou "Deus não rejeita um coração apaixonado".

Paixão, por definição, é irracional, passageira e não leva em conta princípios. A adoração, ao contrário, é racional (Rm 12.1), verdadeira (Jo 4.23,24) e envolve tudo o que há em nós: espírito, alma e corpo, principalmente o nosso espírito, que é a parte mais profunda de nosso ser (1 Ts 5.23; Lc 1.46,47; Sl 57.7).

Alguém poderá perguntar: "O que vale não é a intenção?" Na verdade, não podemos, ainda que bem intencionados, aceitar todas e quaisquer influências do mundo. E o clichê em análise, conquanto para muitos seja apenas uma simples questão de semântica, tem levado os jovens à concepção distorcida da verdadeira adoração a Deus, acima de todas as coisas, o que é muito mais que estar apaixonado!

Sei que alguém, ao ler esta abordagem, pode não estar muito apaixonado por este livro e seu autor. Mas espero, sinceramente, que reflita sobre a importância de adorar somente ao Senhor Jesus e segui-lo, abandonando a postura de fã (Lc 9.23). Não adianta nada alguém usar uma camiseta com os dizeres "Apaixonado por Jesus" ou viver cantando "Apaixonado, apaixonado, apaixonado...", se não andar como Jesus andou (1 Jo 2.6)!
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Abandone, pois, essa canoa furada da geração dos apaixonados! Embarque no navio cujos passageiros são os verdadeiros adoradores, que seguem ao Senhor Jesus, que disse: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás..." (Mt 4.10).

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"OLHE PARA DENTRO DE VOCÊ"

Pregadores berram esse clichê com naturalidade, e crentes o assimilam, reconhecendo que de fato têm valor... Sabia que essa frase é cem por cento humanista e contrária à Palavra de Deus? No entanto, como as pregações, nos grandes congressos, têm sido, em geral, palestras motivacionais ministradas na base do grito, poucos se apercebem do perigo que há na supervalorização do ser humano.

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Temos algum valor em nós mesmos, à luz da Bíblia? Que é o homem mortal? Em nossa carne não habita bem algum (Rm 7.18). Somos considerados miseráveis, sujeitos a satisfazer os desejos da carne (Rm 7.19-24). O que faz a diferença em nosso pobre vaso de barro? O precioso tesouro que nele está (2 Co 4.7). Por isso, caro leitor, não acredite nesses animadores de auditório! Quanto a você, pregador, lembre-se de que não foi chamado para massagear egos. Não faça massagem; entregue a mensagem! A sua missão — se é que tem compromisso com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra — é falar a verdade (Jo 10.41). Leve o povo a olhar para Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12.2), e não a olhar para dentro de si. Nada temos; nada somos. Humilhemo-nos debaixo da potente mão do Senhor, a fim de que Ele nos exalte (1 Pe 5.6; Tg 4.6).
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"LIBERE UMA PALAVRA RHEMA"
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Certo escritor, já falecido — cujas iniciais do seu nome são K.H. —, fez muitos discípulos (e alguns fanáticos) no Brasil, apesar de nunca ter demonstrado amor e fidelidade à Palavra de Deus. Alguém pode até duvidar do que Jesus disse, mas, se criticar as falácias do papai H., prepare-se para os ataques dos triunfalistas de plantão!
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No Brasil, estão entre os fiéis seguidores de K.H. um famoso telemissionário, cantores-ídolos e outros telepregadores. Ah, os animadores de platéia também têm bebido dessas fontes escuras e turvas. Resultado: todos eles mandam o povo liberar uma palavra rhema, pela qual podem pretensamente trazer à existência o que não existe...
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"Isso é uma questão de fé", alguém argumentará. Não obstante, a fé também deve ser controlada pela Palavra de Deus, a nossa regra de fé, de prática e de viver. A origem de uma profecia — profecia mesmo, e não confissão positiva — não é a nossa fé. Afinal, não é a declaração do crente que é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e sim a Palavra de Deus (Hb 4.12), não é mesmo?
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"PROFETIZE PARA VOCÊ MESMO".

Há algum tempo, participei de uma escola bíblica no Nordeste do Brasil, e lá estava um conhecido pregador de massa. Suas principais características: brincalhão, contador de piadas, cortejador, oferecido, imodesto e sem compromisso com a Palavra de Deus. Quer saber como foi sua pregação? Um festival de gritos, tal qual uma maritaca. Mas o povo vibrou com os seus gracejos.

O que mais me chamou atenção na performance do tal animador foi a frase: "Profetize para você mesmo". Ora, com quem ele aprendeu tamanho absurdo? Qual foi o profeta, nas páginas sagradas, que profetizou para si mesmo? Nem Jesus fez isso! E a regra bíblica de que devem falar apenas dois ou três profetas — e não todos, ao mesmo tempo —, enquanto os outros julgam? Nada vale o que está escrito em 1 Coríntios 14?
Quem julga uma auto-profecia? E se ela tiver origem no coração humano ou provier do Maligno? A Palavra de Deus não diz que o coração é enganoso (Jr 17.9)? Ela não nos alerta quanto aos espíritos enganadores (1 Tm 4.1)? Como, pois, alguém pode mandar os crentes profetizarem para si mesmos? Só mesmo um irresponsável para fazer uma coisa dessa.
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"...Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" - Mateus 22.29
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(*) Este artigo foi adaptado do livro Mais erros que os pregadores devem evitar, de Ciro Sanches Zibordi, publicado pela CPAD.

2015/06/01

Alerta aos Reformados sobre a santidade de vida


Amo a literatura produzida pelos antigos puritanos. Sólida, bíblica, profunda, muito pastoral e prática. A santidade defendida e pregada pelos puritanos aqueceu meu coração, quando eu era novo convertido, e se tornou o ideal que eu decidi perseguir até hoje. Um breve resumo do pensamento puritano sobre a santidade está na Confissão de Fé de Westminster, no capítulo “Santificação”:
I - Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita.
II - Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne.
III - Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.
Era esse conceito de santificação que eu gostaria de ver difundido como sendo o conceito reformado. Como sempre existe alguma confusão sobre este assunto, apresento aqui algumas reflexões adicionais sobre o tema da santidade.
(1) A santidade deve ser buscada ardorosamente sem, contudo, perder-se de vista que a salvação é pela fé, e não pela santidade – Muitos reformados tendem à introspecção e a buscar a certeza da salvação dentro de si próprios, analisando as evidências da obra da graça em si para certificar-se que são eleitos. Se a busca contínua pela santidade não for feita à luz da doutrina da justificação pela graça, mediante a fé, levará ao desespero, às trevas e à confusão. Devemos buscar ser santos olhando para Cristo crucificado e morto pelos nossos pecados. Somente conscientes da graça de Deus é que podemos prosseguir na santificação, reconhecendo que esse processo é evidência da salvação.
(2) A santidade não se expressa sempre da mesma forma; ela tem elementos culturais, temporais e regionais – Sei que não é fácil distinguir entre a forma e a essência da santidade. Para mim, adultério é pecado aqui e na China, independentemente da visão cultural que os chineses tenham da infidelidade conjugal. Contudo, coisas como o uso do véu pelas mulheres me parecem claramente culturais. Quero insistir nesse ponto. A santidade pode se expressar de maneira contemporânea e cultural, não está presa a uma época ou a um local. Reformados modernos devem resistir a tentação de recuperar o estilo dos antigos puritanos da Inglaterra, Escócia, Holanda e Estados Unidos.
(3) A santidade pessoal pode existir mesmo em um ambiente não totalmente puro – Chega um momento em que devemos nos separar daqueles que se professam irmãos, mas que vivem na prática da iniqüidade (1Coríntios 5). Contudo, creio que há um caminho a ser percorrido antes de empregarmos a separação como meio de preservar a santidade bíblica. Os crentes são chamados a se separar de todo mal, inclusive dos pecadores (Salmo 1). Mas a separação bíblica é bem diferente daquela defendida por alguns reformados modernos, que têm dificuldade de conviver inclusive com outros reformados dos quais discordam em questões que considero absolutamente secundárias. Não é fácil, mas teoricamente posso ser santo dentro de Sodoma e Gomorra. Posso ser santo na minha denominação, mesmo que ela abrigue gente de pensamento divergente do meu.
(4) A santidade pode ocorrer mesmo onde não haja plena ortodoxia – Por incrível que pareça, a tolerância e a misericórdia marcaram os puritanos ingleses do século XVII. Foi somente a fase posterior do puritanismo que lhe deu a fama de intolerância. John Owen, o famoso puritano, pregou em 1648 um extenso sermão no Parlamento Britânico, na Câmara dos Comuns, intitulado “Sobre Intolerância”, no qual defendeu, mais uma vez, a demonstração do amor cristão e a não-intervenção dos poderes governamentais nas diferenças de opiniões eclesiásticas (Works, VIII, 163-206). Para mim, a graça de Deus é muito maior do que imaginamos e o Senhor tem eleitos onde menos pensamos. Assim, creio que exista santidade genuína além do arraial reformado. Não estou negando a relação entre doutrina correta e santidade. O Cristianismo bíblico enfatiza as duas coisas como necessárias e existe uma relação entre elas. Contudo, por causa da incoerência que nos aflige a todos, é possível vivermos mais santamente do que a lógica das nossas convicções teológicas permitiria. Cito o famoso puritano John Owen mais uma vez:
“A consciência de nossos próprios males, falhas, incompreensões, escuridão e o nosso conhecimento parcial, deveria operar em nós uma opinião caridosa para com as pobres criaturas que, encontrando-se em erro, assim estão com os corações sinceros e retos, com postura semelhante aos que estão com a verdade” (Works, VIII, 61).
Acredito que a teologia reformada é a que tem melhores condições de oferecer suporte doutrinário para a espiritualidade, a santidade e o andar com Deus. Os reformados brasileiros são responsáveis por mostrar que a teologia reformada é prática, plena de bom senso, brasileira e cheia de misericórdia.

Rev. Augustus Nicodemus

Se Deus é bom porque sofremos?