2015/05/13

Quem Foi Flavio Josefo


                                             
Flávio Josefo (37-100 d.C.).
O historiador Josefo que viveu ainda no primeiro século, nascido em Jerusalém (nasceu no ano 37 ou 38,  conheceu a primitiva comunidade cristã e, como pertencente à nobreza sacerdotal judaica, ocupou-se criticamente dos seguidores de Jesus.  Também participou da guerra contra os romanos no ano 70, escreveu em seu livro Antiguidades Judaicas: 

- "(O sumo sacerdote) Hanan reúne o Sinedrim em conselho judiciário e faz comparecer perante ele o irmão de Jesus cognominado Cristo (Tiago era o nome dele) com alguns outros" (Flavio Josefo, Antiguidades Judaicas, XX, p.1, apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, Rio de Janeiro 1939, p. 254).

- "Foi naquele tempo (por ocasião da sublevação contra Pilatos que queria servir-se do tesouro do Templo para aduzir a Jerusalém a água de um manancial longínquo), que apareceu Jesus, homem sábio, se é que, falando dele, podemos usar este termo -- homem. Pois ele fez coisas maravilhosas, e, para os que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre.


 Atraiu a si muitos judeus, e também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado; e quando Pilatos, por denúncia dos notáveis de nossa nação, o condenou a ser crucificado, os que antes o haviam amado durante a vida persistiram nesse amor, pois Ele lhes apareceu vivo de novo no terceiro dia, tal como haviam predito os divinos profetas, que tinham predito também outras coisas maravilhosas a respeito dele; e a espécie de gente que tira dele o nome de cristãos subsiste ainda em nossos dias". (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Antiguidades Judaicas, XVIII, III, 3 , ed. cit. p. 254). (1, pg. 311 e 3).Tácito (56-120 d.C.)Tácito, historiador romano, também fala de Jesus. 

“Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considera-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios.


 Ele era o CristoOs mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome” – (JOSEFO, Flávio, História dos Judeus – CPAD, 2000, pp.418)

"Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. 


Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judéia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, pra onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflui e acha numerosa clientela" (Tácito, Anais , XV, 44 trad.) (1 pg. 311; 3)Suetônio (69-122 d.C.)


Suetônio, na Vida dos Doze Césares, publicada nos anos 119-122, diz que o imperador Cláudio:
 "expulsou os judeus de Roma, tornados sob o impulso de Chrestos, uma causa de desordem"; e, na vida de Nero, que sucedeu a Cláudio, acrescenta: "Os cristãos, espécie de gente dada a uma superstição nova e perigosa, foram destinados ao suplício" (Suetônio, Vida dos doze Césares, n. 25, apud Suma Católica contra os sem Deus, p. 256-257). (1 pg. 311; 3)
Plínio o Moço (61-114 d.C.)


Plínio, o moço, em carta ao imperador Trajano (Epist. lib. X, 96), nos anos 111 - 113, pede instrução a respeito dos cristãos, que se reuniam de manhã para cantar louvores a Cristo. (4, pg. 106).

Em sua carta explica: "É meu costume, meu senhor, referir a ti tudo aquilo acerca do qual tenho dúvidas... Nunca presenciei a julgamento contra os cristãos... Eles admitem que toda sua culpa ou erro consiste nisso: que usam se reunir num dia marcado antes da alvorada, para cantar hino a Cristo como Deus... Parecia-me um caso sobre o qual devo te consultar, sobretudo pelo número dos acusados... De fato, muitos de toda idade, condição e sexo, são chamados em juízo e o serão.


 O contágio desta superstição invadiu não somente as cidades, mas também o interior; parece-me que ainda se possa fazer alguma coisa para parar e corrigir... " (Ep. X, 96).Tertuliano (155-220 d.C.)
Escritor latino. Seus escritos constituem importantes documentos para a compreensão dos primeiros séculos do cristianismo. 

Ele escreveu: "Portanto, naqueles dias em que o nome cristão começou a se tornar conhecido no mundo, Tibério, tendo ele mesmo recebido informações sobre a verdade da divindade de Cristo, trouxe a questão perante o Senado, tendo já se decidido a favor de Cristo...".
Os Talmudes Judeus:

A tradição judaica recolhe também notícias acerca de Jesus. Assim, no Talmude de Jerusalém e no da Babilônia incluem-se dados que, evidentemente, contradizem a visão cristã, mas que confirmam a existência histórica de Jesus de Nazaré.
- O Agente Histórico

Segundo o historiador Paulo Vendelino Kons, Jesus viveu e atuou na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil quilômetros quadrados, dividida de alto a baixo por uma cadeia de montanhas. A cidade de Jerusalém contava com aproximadamente 50 mil habitantes. Por ocasião das grandes festas religiosas, chegava a receber 180 mil peregrinos. A economia centrava-se na agricultura, pecuária, pesca e artesanato.


 O poder efetivo sobre a região estava nas mãos dos romanos, que respeitavam a autonomia interna das regiões dominadas. O centro do poder político interno localizava-se no Templo de Jerusalém. Assessorado por 71 membros do Sinédrio (tribunal criminal, político e religioso), o sumo sacerdote exercia grande influência sobre os judeus, mesmo os que viviam fora da Palestina. Para o Templo e as sinagogas convergia a vida dos judeus. E foi nesta realidade que Jesus apareceu na História dessa região.

Um vilarejo de trabalhadores rurais numa encosta de serra com, no máximo, 400 habitantes. Segundo os arqueólogos, essa era a cidade de Nazaré no tempo de Jesus. De tão pequena, a vila praticamente não é citada nos documentos da época. "As escavações arqueológicas na cidade não encontraram nenhuma construção importante que datasse do tempo de Jesus", diz o historiador John Dominic Crossan. "Em compensação, foram encontradas pequenas prensas de azeitonas para a fabricação de azeite, prensas de uvas para vinho, cisternas de água, porões para armazenar grãos e outros indícios de uma vida agrária de subsistência."

A residência em que Jesus cresceu devia ter chão de terra batida, teto de estrados de madeira cobertos com palha e muros de pedras empilhadas com barro, lama ou até uma mistura de esterco e palha para fazer o isolamento. Ao entrar na casa, talvez alguém lhe oferecesse água tirada de uma cisterna servida num dos muitos vasilhames de pedra e barro achados pelos arqueólogos na região – a água era preciosa, já que a chuva era escassa. Para comer, havia pão, azeitona, azeite e vinho e um pouco de lentilhas refogadas com alguns outros vegetais sazonais, servido às vezes no pão (que você deve conhecer como pão árabe). Com sorte, nozes, frutas, queijo e iogurte eram complementos bem-vindos, além de um peixe salgado vez ou outra. Segundo os arqueólogos, a carne era rara, reservada apenas para celebrações especiais.

Jesus foi um rabi (palavra que significa professor, mestre) do primeiro século, cujo nome Hebreu foi Yehoshua. O seu pai foi um carpinteiro chamado José e o nome da sua mãe era Maria.Era de uma família humilde. Maria engravidou antes de ter casado com José. Jesus nasceu num estábulo em Belém durante um censo Romano. Jesus cresceu em Nazaré e tornou-se um rabi erudito. Viajou por todo o Israel pregando que as pessoas se deviam amar. Algumas pessoas pensaram que ele era o Messias e ele não negou isso, o que deixou os outros rabis muito zangados. Ele causou tanta controvérsia que o Governador Romano Pôncio Pilatos o mandou crucificar. Foi enterrado num túmulo, e mais tarde o seu corpo foi dado como desaparecido, dado que provavelmente teria sido roubado pelos seus discípulos.

"Como esse é um campo cheio de fé e paixões, a busca do Jesus histórico sempre foi um desafio", diz André Chevitarese, um dos maiores especialistas sobre o tema no país. "Enquanto um religioso conservador ressalta a dimensão espiritual da figura de Jesus, um teólogo da libertação vai buscar nele sua atuação como um revolucionário político."

Mesmo que a diversidade de visões de Jesus seja proporcional ao número de igrejas, correntes e seitas que existem em seu nome, historiadores e arqueólogos estão conseguindo reconstituir como era o mundo em que ele vivia: um retrato fascinante da política, da religião, da economia, da arquitetura e dos hábitos cotidianos que devem ter moldado a vida de um homem bem diferente daquele retratado pelas imagens renascentistas que povoam a imaginação da maioria dos cristãos. A começar pela aparência. Normalmente vemos imagens, pinturas e retratos mostrando Jesus com cabelos grandes e encaracolados, pele clara, formosa aparência física e olhos azuis ou castanhos. Essa era a visão de perfeição dos artistas do período da Renascença (século XVI e XVII). Contudo, baseados no estudo de crânios de judeus que viviam na região na época, os pesquisadores dizem que a fisionomia de Jesus deveria ser mais próxima da de um árabe moderno.

A escolaridade de Jesus é outra questão muito discutida pelos estudiosos. Para muitos, ele era analfabeto. 
"Somente uma ínfima parcela da população que trabalhava para os governantes sabia ler e escrever", diz Richard Horsley. "Não acredito que ele fizesse parte dessa parcela." Então, como explicar o trecho do evangelho que o retrata lendo numa sinagoga? "A palavra ler no evangelho pode significar recitar", diz Horsley. Juan Arias, autor do livro Jesus, Esse Grande Desconhecido, discorda. "Apesar de ter vindo de uma família muito pobre, é difícil imaginar que as discussões polêmicas que ele teve com seus contemporâneos possam ter sido feitas por um homem que não sabia ler", diz Arias. Mesmo que não tenha sido analfabeto, o judeu pobre da Galiléia não deve ter chamado a atenção da elite intelectual que vivia na época. A não ser, talvez, pelos tumultos que ele deve ter causado quando resolveu pregar diretamente na cidade de Jerusalém.- Entre a Cruz e a História

Jesus foi um revolucionário, podemos até dizer. Ele lutava contra as injustiças e viu as misérias e os sofrimentos da população da época. Também conviveu com os fortes preconceitos em relação às mulheres, samaritanos e pelos leprosos. Deparou-se com a forte repressão romana sobre os judeus e com os embates de grupos revoltosos. Questionou a corrupção e tentou rever alguns costumes judaicos. Foi nesse contexto histórico que Jesus viveu, sendo ele um fator de mudança. Ele falava com as pessoas, tinha atitudes nobres e era um exímio questionador. Não pregou o uso da violência, mas fazia com que os sacerdotes e as demais autoridades da região fossem questionados por suas atitudes e por seu mau exemplo.

Sobre a Crucificação vemos alguns fatos novos. "Uma revelação surpreendente sobre a morte na cruz não surgiu da descoberta de esqueletos, mas da falta deles", diz Pedro Lima Vasconcellos, da PUC de São Paulo. 
"Afinal, se centenas e até milhares de pessoas foram crucificadas na época, por que apenas um esqueleto foi encontrado?" O historiador John Dominic Crossan diz que há uma razão terrível para isso: "As 3 penas romanas supremas eram morrer na cruz, no fogo e entregue às feras", diz Crossan. "O que as tornava supremas não era a sua crueldade desumana ou sua desonra pública, mas o fato de que não podia restar nada para ser enterrado no final." No caso da crucificação, o corpo era exposto aos abutres e aos cães comedores de carniça. Como um ato de terrorismo de Estado, a extinção do cadáver também tinha como vantagem para as autoridades evitar que o túmulo do condenado se tornasse local de culto e resistência.

A história de vida de Jesus termina com sua morte. A partir daí veremos entrar a idéia do Jesus teológico, no que diz respeito a sua ressurreição, os seus milagres e ascensão. Mas, a ressurreição é uma questão de fé e não de História. Assim, a História não tem o comprometimento de atuar nesse sentido, todavia, ela comprova a existência do Jesus de Nazaré, morto na cruz por seus ideais de mudança, os quais incomodaram por demais romanos e autoridades judaicas. Foi crucificado, assim como qualquer outro criminoso, entretanto seu crime foi denunciar injustiças e anunciar suas idéias.
E Yeshua, o judeu pobre que morreu praticamente despercebido durante a Páscoa em Jerusalém, foi cada vez mais reconhecido e divulgado por seus seguidores e até hoje sua história de vida é exemplo para muitos, mesmo para aqueles que não a seguem.



Por favor, abram suas Bíblias em João 14

Introdução
Por favor, abram suas Bíblias em João 14 e deixem abertas. Leremos conforme avançarmos na exposição. Vamos ter uma palavra de oração.
Senhor, abra nossos olhos para que possamos ver as maravilhas da tua Lei. Ajuda-nos a entender tudo o que tens ensinado nessa passagem. Aplica o ensino aos nossos corações. Traz conforto aos que estão aqui hoje com corações com problemas e ajuda-nos a entender como essa esperança de ir para a casa do Pai pode ter impacto em nossas vidas hoje. Em nome de Jesus. Amém.
João 14:1-14. Jesus disse estas palavras quando estava com os discípulos no cenáculo, na noite que foi traído, como bem sabem. Mais cedo, ele entrara em Jerusalém como o tão esperado rei dos judeus, montado em um burrinho, para a festa da Páscoa. Isso está no capítulo 12:12-19. Alguns gregos vieram vê-lo durante a festa. Jesus agora sabia que chegara a hora dele sofrer e morrer pelo seu povo, ambos judeus e gentios. Ao mesmo tempo, os judeus, abaixo dos fariseus, escribas e do sumo sacerdote, aumentaram sua oposição a Jesus, recusando-se a acreditar nele como o Messias, o Filho de Deus, apesar dos vários sinais que ele havia feito.
Jesus, então, volta sua atenção para os discípulos, aqueles que creram e o seguiram. Ele os traz para o cenáculo, onde começa a prepará-los para sua paixão e sua partida para o Pai. Ele os limpa, lavando os pés deles; significando, claro, sua purificação espiritual pelo sangue dele: 13:1-20. Ele separa o traidor do meio deles. Judas se vai, depois de Satanás ter entrado nele: 13:21-30.
Então, Jesus começa a dar instruções a seus discípulos sobre o que estaria para acontecer e as coisas que estavam por vir. E ele começa dizendo que está prestes a partir do meio deles e iria para onde não poderiam segui-lo. Apesar disso só vir a acontecer depois. Ele dá um novo mandamento: Amar uns aos outros. Então Pedro fica bastante perturbado por causa das palavras de Jesus, que ele iria embora. E fica ainda mais quando Jesus diz que Pedro o negaria, não menos que três vezes aquela noite: 13:36-38.
Tudo isso monta o palco para o conhecido discurso de Jesus sobre a casa do Pai e o caminho até lá: capítulo 14:1-14. O propósito prático naquela noite era acalmar a ansiedade dos discípulos. Penso que a passagem pode ser dividida em cinco partes, se vocês me seguirem. Primeira parte, Jesus diz para não se preocuparem. Isso é apenas o verso 1. Segunda, ele dá três razões para isso (versos 2 e 3). Há muitas moradas na casa do Pai. Ele está indo lá para preparar um local para eles. E ele voltaria para buscá-los e estar com eles para sempre. Agora, a terceira divisão: ele ensina o caminho para a casa do Pai. Isso está do verso 4 ao 6. Quarta, ele diz que eles podem alegrar-se com o Pai aqui e agora, antes de irem para a casa do Pai pela fé nele, Jesus (versos 7-11). E finalmente, além de conhecer o Pai, aqui e agora, eles seriam capazes de continuar o ministério de Jesus pela fé nele (versos 12-14). Então vamos tentar desempacotar cada uma dessas partes para vocês agora.
1) Jesus diz para não se preocuparem
Número 1: Jesus diz para não se preocuparem. Vamos ler o verso 1: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.” Mesmo Jesus estando perturbado, assim como lemos no capítulo 12, verso 27, ele continuava preocupado em consolar seus amigos perturbados. E isso mostra o coração do nosso Salvador. Mesmo no meio de suas provações, ele foi atencioso e cuidou dos que eram seus.
A razão para Jesus dizer “Não se turbe vosso coração”, ele disse isso porque eles estavam tristes e perplexos com duas coisas que Jesus acabara de dizer nos versículos anteriores.
Primeiro, ele os deixaria e iria para um lugar onde não poderiam encontrá-lo. Jesus estava se referindo a sua morte iminente. Eles ainda não tinham entendido isso, mesmo assim estavam tristes com a ideia que Jesus iria deixá-los e eles não seriam capazes de achá-lo. Eles não estavam somente tristes, mas confusos e perplexos. Como a sua partida se encaixava com a expectativa de que ele era aquele que traria o tão esperado Reino de Deus?
A segunda razão pela qual estavam preocupados era a afirmação que Pedro o negaria não menos que três vezes. Não é difícil de imaginar a agitação nos seus corações, a vergonha, o medo.
É por isso que Jesus diz primeiro: “Não se turbe o vosso coração”; e, daí, ele coloca numa forma positiva: “Credes em Deus, crede também em mim” (verso 1). Vocês sabem que há várias formas de traduzir esses verbos. Não posso entrar na discussão aqui. Eu assumirei a posição que se encaixa melhor no contexto: isto é, que os dois verbos estão no imperativo. Credes em Deus, credes em mim.
O significado do que Jesus está dizendo aqui, aparenta ser este: “Crer nele”, quero dizer, “crer em Deus e nele, Jesus Cristo” preveniria os discípulos de estarem preocupados com a expectativa da partida iminente de Jesus e a negação de Pedro. Deveriam crer nele, assim como creem no Pai, porque Jesus e o Pai são um. Isso quer dizer que, como Deus, Jesus nunca os deixaria sozinhos para sempre, nem abandonaria Pedro após sua queda. Então, esse é o mandamento que ele dá para eles.
2) Razões para não se preocuparem
Número 2: as razões que Jesus dá para eles não ficarem preocupados. Então iremos para os versos 2 e 3. Ire ler: “Na casa de meu Pai há muitos quartos se não fosse assim, eu vo-lo teria dito: Vou preparar-vos lugar? E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
Há aqui basicamente 3 razões para os discípulos terem paz em meio à perplexidade. Primeira: Há muitos quartos na casa do seu Pai. Isso é o que Jesus diz no verso 2: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Segunda, ele iria lá para preparar um local para eles. No verso 2, ele diz: “vou preparar-vos lugar”. Então, número 3: ele voltaria para eles e estariam juntos com ele para sempre. Isso está no verso 3: “virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
Agora vamos olhar para a primeira razão: por que eles não deveriam se preocupar. A razão é: “Na casa do meu Pai há muitas moradas.” Nesta passagem, são estes dois pontos que precisam de uma explicação: primeiro, o que é a casa do Pai e, segundo, qual é o significado das muitas moradas.
Acredito que a melhor interpretação para os dois pontos e a passagem seja esta: Jesus está dizendo que depois da sua morte e ressurreição, ele irá para o Paraíso. O local onde o Pai está, o local da sua habitação. Jesus chama de casa do Pai, não somente para confortar os discípulos com uma metáfora aconchegante, mas talvez em contraste com o templo de Jerusalém, a casa terrena de Deus, da qual os discípulos seriam logo expulsos.
As muitas moradas na casa do Pai, simplesmente significa que há lá espaço suficiente para eles e para todos aqueles que vissem depois. Por exemplo, aqueles gregos que queriam ver Jesus, e todos os outros gentios e judeus que creriam depois; e até mesmo nós.
A segunda razão, para eles não deixarem seus corações se preocuparem é que Jesus diz que vai preparar um local para eles. E no verso 2, “vou preparar-vos lugar”. E o começo do verso 3, “E, quando eu for e vos preparar lugar”. E obviamente o ponto aqui é: qual é essa preparação?
Não devemos imaginar que o Senhor Jesus Cristo está de certa forma construindo casas e mansões para nós no céu. Ele não está nem sequer melhorando ou reparando o que estava pronto desde a fundação do mundo. Na verdade, ele diz no evangelho de Mateus, para aqueles que serão salvos: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” E em Hebreus, ele diz, em referência ao descanso de Deus: Suas obras estavam terminadas desde a fundação do mundo.
Então, o que é essa preparação? Eu acredito que a morte e a ressurreição de Cristo seriam a preparação em si mesmas. Ele iria preparar morada para eles e para nós justamente por ir para lá através da sua morte e ressurreição. As moradas estão prontas, mas nós não estamos prontos para entrar. Jesus prepara um lugar para nós ao morrer na cruz por nossos pecados. Ele abre o caminho para a casa do Pai. E se não fosse assim. Ele teria dito.
Portanto, o que aparentava, a primeira vista, ser uma causa para agitação em seus corações era, na verdade, o oposto. Era motivo de alegria, esperança e conforto. Sua partida era necessária para nossa entrada na casa do Pai.
A terceira razão que Jesus lhes dá para não se preocuparem é esta: depois de ter preparado um quarto para eles, ele voltaria para recebê-los, e eles estariam com ele para sempre. Isso é o que ele diz no verso 3, que lerei novamente. “E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
Existem vários pontos neste texto que demandam atenção, em especial estes dois: Quando Jesus voltaria para levá-los? Segundo, o que ele quer dizer que eles ficariam juntos para sempre?
Vamos olhar para o primeiro: quando Jesus voltaria de acordo com o verso 3? Como sabem, têm-se dado diferentes interpretações para essa questão. Alguns diriam que Jesus voltaria depois da ressurreição. Outros, que ele viria pelo Espírito no dia de Pentecostes e já está conosco até o presente dia. Outros diriam que Jesus virá a nós quando morrermos, como veio até Estevão quando ele foi apedrejado pelos judeus. Outros dizem que Jesus está falando da segunda vinda. E outros dizem que essa declaração foi deixada em aberto intencionalmente para poder acomodar todas essas possibilidade.
Acho que a melhor interpretação é que Jesus está se referindo a sua segunda vinda. É claro que isso não exclui as outras vindas porque a ideia de Jesus vir aos seus discípulos ocorre várias vezes em João com todos esses sentidos. Mas a ideia da segunda vinda se encaixa melhor no contexto de: “Eu voltarei da casa do meu Pai, eu os levarei comigo e nós estaremos juntos para sempre.”
Em outras palavras, Jesus estava dizendo: “Não se turbe o vosso coração, eu morrerei, sim, mas eu viverei novamente, eu irei para o céu, e então eu voltarei pública e abertamente, diante dos olhos do mundo todo para levá-los para ficarem comigo para sempre. Eu acho que essa é a melhor explicação do texto.
Agora, isso levanta a questão e também é uma questão aqui, nessa parte. Onde exatamente eles estariam juntos para sempre depois da volta de Jesus? Conforme lemos no texto, fica claro que é da casa do Pai que Jesus voltaria e iria recebê-los. E é lá, seguindo o fluxo do texto, que eles estariam para sempre.
Note que Jesus diz: “Eu voltarei e os levarei para mim mesmo”. John Piper tem um sermão muito bom sobre isso, no qual ele demonstra que Jesus não está preocupado com um lugar, ele está preocupado com sua pessoa. Ele está vindo para buscá-los para si mesmo, para si mesmo. Então, no fim, o texto é sobre estar com Jesus.
No verso 2, fica claro que a casa do Pai é o céu, o local de habitação de Deus. Porém sabemos que o céu não é nosso destino final; não iremos continuar no céu para sempre; é um estado intermediário. Agora, no verso 3, Jesus parece expandir o significado da casa do Pai para incluir o novo reino o novo mundo que ele vai trazer na sua volta, no qual ele, então, permaneceria para sempre com o seu povo e o paraíso continuaria na terra.
A casa do Pai, colocando em outras palavras, parece ser o reino de Deus tanto o paraíso depois da morte quanto o novo céu e a nova terra onde estaremos com Jesus para sempre e o que junta esses dois estágios é que Jesus estará lá. A sua presença é a essência do Reino onde quer que consideremos.
O que John Piper e Don Carson disseram sobre profecias serem como ver duas ou três montanhas em uma, eu tenho que dizer que é a mesma coisa aqui. Quando Jesus fala da casa do Pai, ele tem em mente não só o céu para onde iria depois da sua morte e ressurreição e para onde vamos depois de morrermos, mas também o novo céu e a nova terra, que é, de certa forma, uma continuação do céu.
Então é dessa forma que Jesus conforta o coração dos discípulos apontado para o reino no qual entraremos depois de morrer e onde viveremos para sempre.
3) O Caminho para a casa do Pai
Vamos para a divisão número 3, quando Jesus explica para eles o caminho para a casa do Pai. Versos 4 a 7, que lerei agora. “E vós sabeis para onde vou, Disse-lhe Tomé: ‘Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?’ Disse-lhe Jesus: ‘Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.'”
No começo, Jesus parece assumir que os discípulos sabiam do que estava falando, isto é, o caminho para onde ele estava indo; no verso 4: “Vós sabeis para onde vou”. É fácil entender porque Jesus disse isso. Jesus esteve lhes ensinando por três anos acerca do reino de Deus, sua unidade com o Pai e a necessidade de se crer nele para ter vida eterna. Naquele ponto, eles deveriam ter pelo menos uma pista do que Jesus dizia.
A reação de Tomé, entretanto, parece demonstrar que os discípulos não estavam bem certos sobre o que Jesus estava dizendo. Verso 5: Tomé, falando pelos outros, declara abertamente que eles não sabiam para onde Jesus iria e, portanto, não tinham ideia de como chegar lá.
Não devemos pensar que Jesus cometeu um erro em sua avaliação do nível de entendimento dos discípulos. Lembre-se que os discípulos são consistentemente retratados nesse evangelho como tardios em entendimento e frequentemente interpretam mal as palavras de Jesus.
O que Jesus provavelmente queria era provocar o que viria a seguir, quando então apresenta a si mesmo como o caminho para a casa do Pai. Verso 6: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Não somente ele iriar à casa do Pai para preparar morada, mas ele próprio era o caminho para lá, o único caminho pelo qual os discípulos poderiam ir, para a casa do Pai.
E não somente isso, mas por ser o caminho, ele também é a verdade e a vida. A verdade porque ele era a perfeita revelação de Deus de como um mundo caído poderia se achegar a Deus; e a vida porque somente nele o mundo poderia encontrar vida, e vida eterna. Isso são duas coisas que ocorrem frequentemente no evangelho de João.
Esse também é o motivo dele ter dito que ninguém vem ao Pai senão por ele. Ele era o cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo; ninguém mais fez a mesma coisa. Ele daria sua carne por comida e sangue por bebida pela vida do seu povo. Essa é a razão para ele ser o caminho, a verdade e a vida.
Se os discípulos tivessem realmente entendido quem Jesus era eles já saberiam que ele era o caminho para o Pai e para a casa do Pai, como ele diz no verso 7: “Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai”.
Existe uma repreensão aqui, mesmo que leve. Eles deveriam saber até aquele momento não somente que Jesus era o Messias, o Filho de Deus, mas que Jesus era a perfeita revelação de Deus; sim, ele era o próprio Deus. Ver Jesus, então, era o mesmo que ver Deus. Portanto, crer, conhecer e ver Jesus era realmente crer, conhecer e vir a Deus e à sua casa. Jesus é o caminho para lá. Ele é o caminho para o Pai.
4) Alegrando-se no pai aqui e agora
Agora, deixe-me passar para a quarta divisão. Jesus declara que eles, de fato, podem ver e conhecer o Pai no mundo atual antes de serem levados por Jesus para a casa do Pai e a si mesmo. Versos 8-11: “Disse-lhe Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta’. Disse-lhe Jesus: ‘Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.'”
A sessão começa com um pedido de Filipe no verso 8: “mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Filipe parece estar pedindo um tipo de visão de Deus assim como Moisés pediu no passado no livro do Êxodo 33. Moisés disse a Deus: “Por favor, mostra-me tua glória”. Aparentemente, Filipe queria a mesma coisa. Para ele, se Deus simplesmente aparecesse, a questão estaria encerrada; não seria necessária nenhuma explicação a mais; tudo seria claro como água e isso seria suficiente para encararem os problemas, a vergonha e o medo que viriam “Mostra-me Deus. Eu quero uma visão de Deus.”
Seu pedido foi provocado provavelmente pelo que Jesus disse no verso 7 quando ele diz que vê-lo, ou melhor, quando ele diz que “desde agora o conheceis e o tendes visto”. Quando Jesus diz “desde agora”, ele provavelmente está se referindo após sua morte e ressurreição.
Filipe diz, quando Jesus afirma “vocês o verão”: “bem, é disso que falo; vamos lá e nos mostre o Pai e isso é suficiente”. Jesus responde, no verso 9, que o encontro com Deus que Filipe está pedindo já estava acontecendo por três anos. Verso 9: “estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”
Como é possível que depois de todo aquele tempo Filipe e os outros ainda não tenham entendido que Jesus era Deus e que vê-lo era ver Deus. O tempo todo, Deus estava lá ao lado deles. Eles tocaram, falaram, comeram com Deus e andaram milhas e milhas ao lado dele.
Aparentemente, Filipe e os outros não tiveram falta de fé em Deus e Jesus; eles tiveram falta de compreensão da divindade de Deus e que ele era a imagem do Deus invisível, o resplendor da glória de Deus e a exata expressão do seu ser. Como Jesus disse na primeira parte do verso 10 e do verso 11, também.
Jesus, então, pede a eles, não somente a Filipe, acreditarem que ele está no Pai, e o Pai está nele por dois motivos: Primeiro: as palavras que ele falou, palavras que vieram do Pai; um argumento que ele usou antes com os judeus. E no verso 10, ele diz: “Estou no Pai e o Pai está em mim, as palavras que vos digo, não digo em minha autoridade, mas o Pai que habita em mim é quem faz as obras.” O que Jesus queria deles era que acreditassem nele por causa das palavras que ele falava, porque essas palavras vem do Pai.
Porém, não apenas palavras, Jesus queria que acreditassem por causa das obras. As obras de Deus feitas através dele, verso 11, quando ele diz: “Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras”.
Por obras, sem dúvida alguma, Jesus refere aos sinais e milagres. Existiam evidências suficientes que Deus estava nele, por exemplo: andar sobre as águas, multiplicar pães e peixes, transformar água em vinho, ressuscitar os mortos. É claro que a palavra obras pode incluir mais que os sinais, pode também significar os atos de amor, ministério e atitude de Jesus que somente podem ser explicadas se Deus estivesse nele.
Se eles acreditassem baseados naquelas palavras que Jesus estava em Deus e Deus nele, eles veriam o Pai, aqui e agora, mesmo antes de irem para sua casa. Que conforto para corações preocupados.
5) Continuando o ministério de Jesus
E agora minha última divisão. Última, porém não menos importante e surpreendente. Jesus diz que aqueles que acreditarem nele poderiam fazer as mesmas obras que ele fez e, de fato, obras ainda maiores.
Versos 12-14: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”
Vamos parar um pouco e lembrar qual é o objetivo principal desta passagem. Jesus está tentando acalmar a agitação no coração dos seus discípulos, ele disse que prepararia um lugar para eles na casa de seu Pai, onde há quartos suficientes para eles e outros. Ele disse que voltaria para levá-los e estar com eles para sempre. Disse também que poderiam conhecer e ver o Pai pela fé nele, Jesus, aqui e agora. E agora ele diz que pela fé nele, eles poderiam continuar seu ministério depois que ele fosse para o Pai. E que grande conforto, não é mesmo? De um coração preocupado no presente para um futuro confiante onde eles continuariam a obra do mestre.
Existem vários pontos a serem destacados nesta passagem fantástica, mas me manterei aos que parecem ser os dois principais.
Primeiro, qual são as obras que Jesus está falando? Verso 12. “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará.” O que ele quer dizer com isso?
Como dissemos antes não há dúvidas que milagres e sinais estão em vista aqui. Não devemos tentar excluir esse sentido por causa de uma posição teológica, que não permite sinais de qualquer tipo nos dias de hoje; nem por causa da forma errada que essa passagem vem sendo usada por falsos mestres e profetas nos dias de hoje.
Ao mesmo tempo, devemos considerar que sinais são só uma parte do todo, a expressão “obras” é mais abrangente que “sinais” no evangelho de João. Obras também podem incluir, como mencionei antes, o que Jesus fez: pregar, ensinar, ministrar aos pobres e, claro, fazer milagres se for da vontade de Deus. E tudo isso, perceba, seria feito apenas pelos 12, mas por todos que crerem nele.
Segundo, em que sentido as obras daqueles que crerem nele seriam maiores? É claro que a interpretação mais conhecida e popular dessa passagem é que cristãos que tenham fé suficiente são capazes de fazer milagres maiores que Jesus fez. Essa é uma interpretação bastante difundida dessa passagem, pelo menos na América Latina e Brasil, onde as igrejas pentecostais e neopentecostais superam numericamente as reformadas e históricas. Mesmo que seja fácil lhes mostrar que ninguém está fazendo milagres hoje que sequer cheguem perto de andar sobre as águas, multiplicar pão e peixe e ressuscitar um homem que esteve morto por quatro dias, ainda assim, essa interpretação não decresce nesses círculos.
Eu acho que a chave para entender o que Jesus quis dizer pode ser achada primeiro na razão que ele deu ao seus discípulos e na promessa que ele fez tendo em vista essas palavras.
Primeiro, a razão que poderiam fazer as mesmas obras, e maiores, que ele fez, era que ele iria para o Pai. Verso 12: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” Sua ida ao Pai significa sua exaltação e inauguração da nova era marcada pelo derramamento do Espírito Santo. Porque em termos do cumprimento e da sequência histórica e redentiva os tempos seriam melhores depois da morte, ressurreição e exaltação de Jesus, as obras feitas pelos discípulos, após esses eventos, também seriam maiores, não necessariamente em número, extensão e poder, mas primariamente pelo caráter histórico da salvação.
Nas palavras de Don Carson, no seu comentário sobre João: “Os sinais teriam um sentido mais claro e alcançariam o sentido total. Tudo agora seria feito com vista na morte e ressurreição de Cristo”. É por isso que seriam maiores.
Agora a promessa que ele fez. Ele disse que responderia suas orações em seu nome, tudo o que pedissem para a glória do Pai. Verso 13: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”
Devemos notar que essa promessa não é um cheque em branco para você preencher com tudo que quiser. Esta promessa foi dada no contexto da outra promessa de fazer as obras de Jesus. O que ele quer dizer aqui é que no processo de fazer essas obras, ele estaria pronto para responder nossas orações de ser como ele, de ter poder para fazer suas obras, de ministrar às pessoas, de anunciar o evangelho, de ter compaixão com o pobre.
Então você não deve tirar essa promessa e isolá-la do contexto. É uma promessa relacionada a outra sobre as obras maiores, significando um ministério no qual, claro, o supernatural pode ocorrer, mas é direcionado a abençoar outras pessoas pregando e ensinando.
Quando colocamos essas coisas juntas, o que temos é isso: Jesus continuaria a fazer sua obra depois de voltar ao Pai para ser glorificado e ele usaria os discípulos para continuar suas obras. O que ele fez depois da sua morte e ressurreição é considerado, naquela introdução do livro de Atos, como o começo de suas obras; com uma clara implicação que os atos dos apóstolos foram o que Jesus continuou a fazer através deles, depois da ressurreição. Ele mandaria o Espírito para vir sobre eles com poder para aquele propósito.
Então as obras dos seus discípulos seriam maiores, porque eles fariam em um tempo melhor, um período mais glorioso na nova era que teve seu alvorecer com a ressurreição do Senhor. É claro que eles eram capazes de alcançar o mundo enquanto o ministério de Jesus era local. Eles trouxeram um número maior de pessoas para o reino, como Pedro no dia de Pentecostes. Pedro pregou um sermão e 3000 pessoas foram salvas. Hoje nós pregamos 3000 sermões e uma pessoa é salva. Tem algo errado. Tem algo errado. E claro, eles fizeram sinais e maravilhas, e Deus pode fazer o mesmo hoje se desejar, mas a promessa está relacionada a continuação do ministério de Jesus.
Em outras palavras, eles experimentariam no mundo presente, pela fé em Jesus, os poderes do mundo porvir. Fazer as obras de Deus no presente seria um grande conforto e garantia que Jesus voltaria para ficarem com ele para sempre na casa do Pai.
Aplicações
Agora, permitam-me, no pouco tempo que me resta, analisar as implicações dessa passagem para alguns assuntos atuais e vou apenas mencioná-los, não tenho tempo para desenvolvê-los.
Qual é a implicação dessa passagem para os tempos difíceis que a igreja tem passado ao redor do mundo e em alguns países? E particularmente eu estou pensando em perseguições que estão vindo sobre nossos irmãos e irmãs em algum lugar do mundo.
Eu acho que não deveríamos nos envergonhar de confortar nossos corações e os corações daqueles em perseguição e muitas provações com a esperança que Jesus oferece aqui. Ele aponta para o futuro: “Não se turbe vosso coração”; então ele aponta para a casa do Pai.
Sei que alguns querem que nos sintamos mal ao dizer que religião é o ópio do povo Karl Marx tinha o cristianismo em mente e nossa esperança escatológica ao dizer isso. Dizem que apontar para o futuro como a esperança definitiva dos cristãos tende a fazer-nos esquecer do mundo presente e a sua necessidade. Eles dizem que se você tiver sua mente nas nuvens, você esquece que seus pés estão na terra.
Então, temos sido criticados, e algumas vezes com corretamente, porque colocamos nossa esperança no futuro, e então esquecemos que temos que fazer algo aqui e agora. Apesar do fato disso ser verdade em alguns lugares e tempos da história, não devemos nos envergonhar de dizer que, apesar disso, apesar desses erros, a esperança do cristão é a esperança abençoada do novo céu e da nova terra. Nossa esperança não está aqui, não é daqui que obteremos nosso conforto. Não há razão aqui poderosa o suficiente para acalmar a angústia do nosso coração. A esperança que nos é dada na Bíblia, é a esperança escatológica, é o reino do porvir de Deus, que começa no presente, mas vem em sua totalidade no futuro.
Qual é a implicação desse texto para o papel da igreja na reconstrução política e social, por exemplo? O texto nos mostra que a forma como os discípulos de Jesus impactaram o mundo é fazendo suas obras, e obras maiores, aqui e agora, e, como mencionamos, inclui atos de compaixão e amor por aqueles que sofrem porém mais certamente, como Jesus fez, chamar pecadores, grandes e pequenos, a se arrependerem de seus pecados e crerem em Jesus para ter a vida eterna.
Eu tenho dificuldade para entender como pecadores não arrependidos podem ser reconstruídos. Eu acredito na graça comum, mas nós sabemos que a graça comum não converte pecadores; o evangelho, sim.
Qual é o impacto desse texto a respeito dos dons do Espírito nos dias de hoje? Eu acredito que esse texto nos ensina a admitir que Deus pode operar milagres hoje, em resposta às orações do seu povo, mas também nos ensina que sinais não devem ser nossa principal preocupação de forma alguma. Filipe queria ter uma visão imediata de Deus, Jesus respondeu com a encarnação.
Como este texto impacta a pergunta se há salvação em outras religiões, se há salvação fora de Cristo, ou mesmo se todos serão salvos no final? Acho que a passagem nos dá uma resposta inequívoca para todas essas perguntas: Não! Não há salvação fora do conhecimento de Cristo e fé nele. E não. A casa do Pai é só para aqueles que acreditam. que Jesus é o filho de Deus nosso salvador. Algumas pessoas não acreditam, então elas não estarão lá.
E a respeito do debate escatológico atual? Acho que o texto nos ensina que a essência da nossa esperança escatológica é estar com Jesus para sempre. Não importa se é no milênio ou não. O ponto é: nossa esperança é a sua pessoa, é a sua presença. Isso deveria moderar o tom das nossas discussões sobre escatologia e temperar com amor a forma como discordamos uns dos outros.
E finalmente, qual é o impacto agora deste texto para você e para mim? Como você sabe que tem uma chave para um dos quartos na casa do Pai? Vocês estão aqui nesta noite. Quero perguntar a vocês: Como você sabe que tem uma chave lá?
Existe somente uma resposta de acordo com este texto. Eu vejo as obras que Jesus fez em mim? Jesus está hoje trabalhando através de mim e respondendo às minhas orações? Eu vejo em mim as obras do Espírito, como amor e compaixão pelos outros? Eu tenho um desejo de viver para sua glória como Jesus viveu? Essa é a única forma de nos assegurar, que sim, eu conheço o caminho, a verdade e a vida e dentre aqueles vários quartos na casa do Pai, a casa do Pai de Jesus, existe um para mim.
Que o Senhor os abençoe com essa palavra hoje a noite, e que você e eu estejamos prontos para fazer suas obras pela fé, lembrando-nos que ele é o caminho para a casa do Pai e essa é a nossa esperança aqui e para sempre. Amém. Vamos orar.
Senhor, por favor, aplica essa palavra a nossos corações. Encha nossos corações com a esperança de estar na casa do Pai e então para sempre, quando Jesus voltar para nos levar para estar com ele para sempre. Senhor, abençoa aqueles que estão em perseguição em algum lugar do mundo. São tantos. E mesmo que não sejamos tão perseguidos como eles mesmo em nossos países onde há liberdade de expressão e religião quando sofrermos, Senhor, lembra-nos que és somente tu que podes acalmar nosso coração angustiado. Que coloquemos nossa fé e esperança em ti, sabemos que não há conforto neste mundo para nossos corações angustiados. Senhor, ajuda-nos a estar disponíveis a ti pela fé para fazer as obras que quer que façamos. Trabalha através de nós grandes coisas; abençoa milhares e centenas de milhares de pessoas, Senhor, através da sua igreja, hoje, em vários lugares do mundo. E ensina-nos, Senhor, a andar de acordo com a tua vontade enquanto esperamos o retorno de Jesus para nos levar para estar com ele para sempre. No nome dele oramos. Amém.
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Pregado por Augustus Nicodemus Lopes na Conferência The Gospel 

2015/05/12

EVANGELHO DE NÁRNIA

EVANGELHO DE NÁRNIA: A REALIDADE DA MORTE DE CRISTO PELOS PECADORES POR TRÁS DO IMAGINÁRIO MUNDO DE C.S. LEWIS







Nesse período de celebração da páscoa um bom filme para assistir e trabalhar a temática com as crianças é “Crônicas de Nárnia: O Leão, a feiticeira e o guarda-roupa”. O filme foi lançado pela Disney em 2005 como primeiro da famosa série As Crônicas de Nárnia. Em O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, tudo começa quando as crianças Pedro, Edmundo, Suzana e Lúcia fugindo dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial em Londres vão para a casa de um professor e lá numa brincadeira de esconde-esconde Lúcia entra num guarda-roupa mágico e chega em Nárnia, uma terra  paradisíaca, mas que está sob o feitiço de Jadis, a feiticeira má. Em Nárnia só existe inverno e o natal nunca chega. Os irmãos não acreditam em Lúcia, até que Edmundo numa noite a segue e também entra no guarda-roupa e constata a veracidade do que a irmã havia falado. Lá Edmundo é enganado pela feiticeira com a promessa de que seria um príncipe e teria seus irmãos como servos caso os trouxesse para Nárnia. Finalmente todos entram na terra encantada e sem saber estão cumprindo uma profecia sobre a vinda de Aslam. Aslam, é um leão, o rei e reverenciado por todos. Edmundo, iludido pela falsa promessa de Jadis, agora é seu prisioneiro. Aslam porém o resgata do domínio da feiticeira. Mas o resgate não será tão fácil assim. Alguém terá de morrer por causa da traição de Edmundo. E o leão Aslam será humilhado e morto na Mesa de Pedra, sendo visto ao longe pelas meninas Lúcia e Suzana. A feiticeira pensa que derrotou Aslam, mas ele ressuscita e pelo seu sopro a vida volta aos animais antes petrificados por Jadis. No final em meio a uma grande batalha a chegada do leão redivivo reforça o exército do rei Pedro que vence o numeroso batalhão da feiticeira.


Clive Staples Lewis, o C. S. Lewis, conhecido pelos amigos como Jack, nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 29 de novembro de 1898, numa família protestante-presbiteriana. Em sua autobiografia, Lewis diz que era filho de um advogado e filho de uma filha de pastor. Perdeu a mãe aos 10 anos e isso trouxe-lhe o isolamento, tornando-se um voraz leitor dos grandes romances e contos mundiais como um refúgio a morte de sua mãe. Ao tornar-se adulto Lewis passou a descrer em Deus e a rejeitar o cristianismo histórico e a Bíblia. Na verdade tornou-se um ateu, um cético implacável. Lewis explica seu ateísmo com as seguintes palavras: “eu sempre quisera, acima de tudo, não sofrer “interferências”. Queria (desejo insensato) “chamar a minha a minha alma””.[2] Porém, se foi verdade para Sigmundo Freud que uma vez ateu para sempre ateu, o mesmo não aconteceu com C.S. Lewis. Sua amizade com um outro gênio de história ficcionista, o influenciou no retorno ao cristianismo bíblico. Esse amigo era J.R.R. Tolkien (John Ronald Reuel Tolkien), autor da trilogia O Senhor dos Anéis, que ganhou 17 Oscar, um recorde mundial na história do cinema. Tolkien influenciou Lewis a considerar as verdades do cristianismo e agradeceu a Lewis os incentivos para terminar a saga do Senhor dos Anéis. Enquanto Tolkien escrevia O Senhor dos Anéis, Lewis escrevia As Crônicas de Nárnia. Tolkien era um católico praticante e Lewis tornou-se um cristão protestante ligado à igreja anglicana. Ambos agora amigos, cristãos, e professores de literatura, pertenciam aos Inklings, um clube informal de escritores que se reuniam e discutiam ideias para as suas histórias. C.S.Lewis, foi professor de literatura Medieval e Renascentista, na Universidade de Cambridge e Oxford, na Inglaterra. Ele faleceu em 23 de novembro de 1963, no mesmo dia da morte do presidente americano John Kennedy e do ateu Aldous Huxley. Seus livros já venderam cerca de 200 milhões de exemplares no mundo. Nos estados americanos dos EUA, Lewis é leitura obrigatória para as escolas. Tanto na América do Norte como na Europa Lewis é bastante conhecido pelo público infantil através dos sete volumes das Crônicas de Nárnia. 
 

Entre nós brasileiros desde dezembro de 2005 Lewis passou a ser mais conhecido com o lançamento do filme as Crônicas de Nárnia, semelhante a seu amigo Tolkien após o sucesso cinematográfico do Senhor dos Anéis. O lançamento das “Crônicas de Nárnia, o leão, a feiticeira e o guarda-roupa”, trouxe alegria entre os cristãos e indignação entre os não cristãos. Alguns perceberam que o filme trazia uma mensagem cristã e os críticos do cristianismo tentaram logo desacreditar essa intenção do autor. Houve então mobilização de protestantes e críticos. Adam Gopnik, por exemplo, chegou a dizer que Nárnia não podia ser considerada uma alegoria cristã e que não era intenção de Lewis que Aslam representasse Jesus. Mas numa carta, emitida por Lewis a um fã infantil em 1961, ele mesmo escreve: "a história inteira de Nárnia é sobre Cristo." A carta foi encontrada por Walter Hooper, conselheiro literário da obra de Lewis, e silenciou os críticos. A referida carta continua: "supondo realmente que cá era um mundo como Nárnia. . . e supondo que Cristo quis ir para este mundo e salva-lo (como Ele fez por nós) o que pôde ter acontecido?". "As histórias são minha resposta. Desde que Nárnia é um mundo de animais falantes, eu pensei que Ele se transformaria um animal falante lá da mesma forma como se transformou em um homem aqui. Eu o descrevi vindo como um leão lá porque: a) o leão é considerado o rei dos animais; b) Cristo é chamado o ‘o leão de Judá’ na Bíblia." [3]. Os sete volumes das Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis são: O Sobrinho do Mago, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, O Cavalo e Seu Menino, Príncipe Caspian, A Viagem do Peregrino da Alvorada, A Cadeira de Prata e a Última Batalha. Em todos eles é possível estabelecer comparações com a mensagem e a ética cristã, mas no Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa a morte e ressurreição de Aslam em lugar de Edmundo assemelha-se a morte e ressurreição de Cristo no lugar de pecadores de uma forma incrível. 
















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Roque Albuquerque-Exegética do NT"


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