2015/05/01

Fanatismo e Êxtase, da Ignorância ao Misticismo


Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Mateus 24:24
Não é raro encontrar pessoas que se dizem crentes relatarem testemunhos “sobrenaturais”, “sinais e maravilhas”, “mistérios”, etc. Vigílias onde coisas estranhas acontecem, gente que vê folhas de árvores douradas, prateadas, brilhantes, reluzentes ou pegando fogo. Falar em vocábulos estranhos e “sentir” Deus enviando Sua Palavra são coisas mais do que “normais” para vários grupos evangélicos. Cultos onde pessoas choram, riem, batem palmas, caem, convulsionam, e tudo de forma descontrolada.
Igreja evangélica, hoje, é sinônimo de concentrações de pessoas e múltiplas manifestações físicas, gente que marcha como soldado de um lado para o outro, gente que fica rodopiando e gesticulando como animais, ruídos estranhos, experiências de “sair” do corpo e voar por cima das outras pessoas, visões de anjos e pétalas de rosas caindo do céu, visões de entidades monstruosas, viagens ao céu, viagens ao inferno, enfim, fanatismo e êxtase.
É inútil relatar tantas esquisitices. O que importa dizer é que essa religiosidade mística é predominante no Brasil, e de uns anos para cá, sorrateiramente isso tem influenciado o comportamento de muitos protestantes históricos, que agora, querem ser chamados de “RENOVADOS”. Até a IPB – Igreja Presbiteriana do Brasil – que possuía o símbolo da sarça (a antiga sarça emblema da Igreja da Escócia) inseriu há um tempo uma “pomba” no centro da sarça por causa dessa influência pentecostalizada. Este fato é apenas um pequeno exemplo do poder de interferência dos chamados carismáticos sobre as igrejas históricas. Não são poucas as igrejas históricas que vem sofrendo ascendência mística.
Em geral, a religiosidade evangélica de hoje está abraçada a uma espécie de neopaganismo. O conceito do panteísmo ganhou nova roupagem. Deus agora “é fácil”. A Bíblia não é mais a única regra de fé e prática como diziam os antigos cristãos. Quanto maior a ignorância bíblica, mais forte o misticismo.
Hoje se fala muito em “culto festivo” – Princípio Regulador de Culto, nem falar! -, parece um bem intencionado discurso, mas de onde vem toda essa “festividade”? Alguns querem justificar seus cultos “renovados e festeiros” reportando-se ao povo judeu em suas peregrinações, mas uma exegese superficial logo demonstra que o judaísmo nunca teve liturgia de culto festiva, nem no templo nem na sinagoga – peregrinação não é culto! - Liturgia festeira é coisa da cultura africana e indígena. E não precisa ser antropólogo para saber disso.
As pessoas querem transcender. A busca da embriaguez mística é o objetivo dos cultos. Falar em linguagem estranha, ter visões e “profetizar”, ser arrebatado em espírito, “voar”, etc. Essas coisas têm muito mais semelhança com o misticismo afro-indígena. Não há qualquer tradição judaico-cristã nessa contemplação do incompreensível.
O uso racional da cabeça em conhecer algo está sendo substituído por um mergulho de cabeça nas experiências. Muita gente não está interessada em CONHECER os atributos de Deus e Sua vontade, mas “tocar” no Seu trono, nas Suas vestes, “experimentar” a liturgia dos anjos. É preferível experimentar uma força subjetiva, uma energia, e não ficar aprisionado no mundo racional que ouve algo inteligível. A fórmula “mágica” é esvaziar o púlpito de todo conteúdo doutrinário objetivo e encher as pessoas de revelações subjetivas e emocionais. Temos adoradores com paralisia intelectual!
No lugar de se invocar a Santíssima Trindade e humilhar-se em Sua presença, os invocadores apelam à presença de um Deus por demais imanente, como se fosse um de nós, e invocam e evocam muito mais os anjos e os demônios. Acham que podem achegar-se a Deus como bem entendem.
O movimento carismático ou pentecostal é uma forma moderna de misticismo, porque é fundamentado não na doutrina dos apóstolos, mas num conceito de fé irracional e irreal. O movimento é atraente porque muitas pessoas não querem CONHECER as Escrituras, mas querem “algo mais” (e de preferência: rápido e fácil). John MacArthur Jr., teólogo contemporâneo, crítico ferrenho do misticismo, observou de forma cuidadosa que existe uma intolerância teológica quanto ao ensino bíblico por parte dos evangélicos pentecostalizados. Escreveu ele: “As experiências místicas não se alinham com a verdade bíblica, elas afastam as pessoas da verdade de Cristo. As pessoas começam a buscar experiências paranormais, fenômenos sobrenaturais e revelações especiais – como se nossos recursos em Cristo não fossem o bastante” (...) “Os sentimentos se tornam mais importantes do que a própria Bíblia”.
O crescimento numérico dos evangélicos no Brasil é algo significativo. E existe uma estatística bem interessante e curiosa sobre um determinado segmento: o que cresceu não foi tanto o número de protestantes históricos, mas o número de pentecostais que pulou de 8,1 milhões em 1991, para 17,6 milhões em 2000. Atualmente os pentecostais representam quase 68% dos evangélicos. Ora, é exatamente esse movimento que tem influenciado quase todas as alas do protestantismo. A influência vem daí, e eles [os pentecostais] são influenciados por líderes despreparados, emergentes e místicos. Um novo xamã ressuscitou no Brasil. Se conseguimos vestir calções de futebol nos índios e também ensinamos a usar a Internet, eles agora estão de “terno e gravata” influenciando a teologia.
Em várias localidades a diferença entre uma igreja evangélica renovada (que se diz mais séria) e uma igreja pentecostalizada está somente nos decibéis. Seus vizinhos que o digam. O que é que se pode esperar de um encontro emotivo onde o culto é uma válvula de escape? Gente fraca é presa fácil das falsas promessas do misticismo.
No início do século passado os protestantes brasileiros acusavam os católicos romanos de sincretismo religioso com os elementos da religiosidade africana. Eles também foram criticados por sua religiosidade popular sincretista com os espíritas, e também com traços cúlticos da religiosidade indígena. Mas hoje os canhões mudaram de alvo, podemos dizer que, literalmente, o tiro saiu pela culatra. Hoje temos o império pós-modernista-da-igreja-evangélica-tupiniquim-do-reino-dividido-afro-kardecista.
O Brasil é um país místico, obcecado pelo “espiritual”. A baixa cultura acadêmica retira o alicerce escriturístico sem pedir licença, e por falta de filtro, muitos estão sendo explorados por lobos vorazes. E o Cristianismo genuíno sofre porque é uma religião da Bíblia; é uma experiência que passa pela compreensão do que é COMPREENSÍVEL.
O misticismo nos arraiais evangélicos é usado também para a intimidação “espiritual” para rebaixar os neófitos. Não é incomum que certos líderes experientes, pessoas que dizem ter sonhos, visões ou experiências transcendentais menosprezarem os inexperientes, e desenvolverem uma competição carnal e orgulhosa. Isso não tem nada de espiritual! E todos sabemos disso.
Estamos mais do que nunca mundanizados e paganizados. Que os pentescostais, que se dizem “tradicionais”, não venham com desculpas, dizendo que não são como outros grupos pentecostais e neo-pentecostais, quando na verdade estão substituindo o “sabonete ungido” por “óleo ungido”. Os católicos romanos sempre tiveram suas novenas, hoje os evangélicos tupiniquins têm “correntes de oração”. Isso não é misticismo?
Não precisamos estudar antropologia para saber que “culto de libertação” é religiosidade pagã. Antigamente, no tempo em que éramos protestantes, ouvia-se os salmos metrificados, hoje se ouve louvorzão “mantrificado” (neologismo derivado de “mantra” – palavra, som monossilábico ou verso usado de forma repetitiva e musicada proporcionando um estado contemplativo-místico). Os chamados “levitas” modernos encantam seus ouvintes por horas, até deixá-los “soltos” e leves.
As grandes doutrinas da graça, chão firme e sólido para a caminhada cristã, são substituídas por diálogos retóricos agressivos sobre os males da existência. Hoje ouvimos muito mais discursos sobre sofrimentos, dores, doenças, filhos, solidão, separação, desemprego, marginalidade, vícios, prostituição, brigas, traições, “encostos”, libertação, poder, prosperidade, miséria material, do que: Autoridade das Escrituras, o Ser de Deus, os Decretos Soberanos de Deus, obediência ao Criador, o louvor de Sua Providência, sobre a Corrupção da natureza humana, a exigência da Justiça de Deus, do Pacto Eterno de Deus com Seu povo eleito, da cruz de Cristo, dos ofícios do Senhor Jesus Cristo, da Justificação pela fé, da Regeneração, da Adoção, da Santificação, da Fé Salvadora, da vida cristã de arrependimento, da certeza da graça e da salvação, da Lei de Deus, do Dia do Senhor e do Princípio Regulador de Culto, da Ressurreição, do Juízo e da ira de Deus, enfim, das Doutrinas (com “d” maiúsculo) cristãs históricas.
Muitos pregadores ruidosos gostam de vociferar o lema: “abaixo os dogmas! Abaixo os dogmas!” (mas, o que é mesmo dogma?, alguém pergunta. “Sei, lá!” é a resposta). Acredito que temos um problema diante de nós que poucos ou ninguém quer mexer. As doutrinas cristãs que realmente alimentam o rebanho de Cristo não vêm em forma de revelação extra-bíblica, elas precisam ser sistematizadas, racionalizadas e discursadas. E a maioria dos evangélicos (e por que não dizer dos brasileiros) é analfabeta funcional, ou seja, sabe soletrar e ler, mas não entende o conteúdo. Portanto é muito mais fácil “conectar-se” com Deus de forma intuitiva, sem ter de ouvir ou estudar doutrina. Muitos cristãos estão marchando em êxtase numa busca do extraordinário, e sob seus pés não se encontra Satanás, mas as Escrituras estão sendo pisoteadas!
O Pr. Isaías Lobão P. Jr., fez algumas observações interessante ao resenhar o livro de John Stott, Crer é também pensar (publicado aqui no site), eis um trecho: “No primeiro capítulo, Cristianismo de Mente Vazia, Stott desafia a tendência anti-intelectual de muitos crentes. Baseados na filosofia secular do pragmatismo, muitos crentes abandonam a doutrina em busca da prática. Stott critica esses crentes afirmando que toda boa doutrina é sempre acompanhada de um ensino prático. Ele cita três grupos que fazem isto: os católicos (e acrescento, muitos evangélicos) que ritualizam sua relação com Deus, mecanizando sua relação com Deus. O segundo grupo, os cristãos radicais que concentram suas energias na ação social e na preocupação ecumênica. Se bem que este grupo seja (ainda) pequeno no evangelicalismo brasileiro, é uma postura bastante comum entre os crentes britânicos. Sua luta social esconde uma ignorância e desprezo pela doutrina. O terceiro grupo alistado por Stott, são os crentes pentecostais. (esses nós temos de sobra!). A busca incessante dos pentecostais por experiências com Deus, os leva, geralmente, a colocar o subjetivismo e o emocionalismo acima da doutrina bíblica”. Que podemos dizer? A tendência anti-intelectualista necessariamente exclui uma reforma genuína. Uma nova reforma não virá através dos manipuladores de emoções.
Mais um dado surpreendente (que não surpreende mais), uma matéria do Jornal Nacional que foi ao ar dia 26/11/04, mostrou um índice alarmante de reprovação da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil. – Os estudantes de Direito brasileiros bateram todos os recordes de incapacidade: reprovação de 91,5% (Isso mesmo: quase 100%!!!). Ou seja, 18 mil bacharéis em Direito não estão em condições mínimas para ingressar no mercado de trabalho! Isto reflete o nível de educação no Brasil de forma conclusiva.
“Surpreende e aborrece”, disse o presidente da OAB de São Paulo, Sr. D’urso. Vale a pena transliterar um trecho da reportagem: “Justiça seja feita: segundo especialistas na preparação de candidatos, o problema não está apenas no ensino superior. Faculdade fraca atrapalha, mas para muitos aspirantes a advogado O MAIOR OBSTÁCULO É MESMO A LÍNGUA PORTUGUESA, diz a diretora de curso especializado, Rosângela Santos de Jesus Romano Matos: ‘Os alunos são tecnicamente muito bem preparados, mas quando chega a hora da prova ele não consegue passar pro papel todo o conteúdo técnico.’” Ora, se os nossos estudantes das ciências jurídicas e sociais estão desse jeito, que diremos dos estudantes de teologia de muitos seminários que mais se assemelham a um curso profissionalizante de baixa classificação? Como iremos ter uma nova reforma religiosa sem uma reforma educacional? Não se pode viver o cristianismo sem apologética, e isto requer discurso e recurso.
O CACP – Centro Apologético Cristão de Pesquisa – descreveu a etimologia da palavra “apologia” nesses termos: “Apologia dentro do contexto evangélico-eclesiástico, é a habilidade de responder com provas adequadas e sólidas a fé cristã perante as demais religiões. Já que o cristianismo é uma religião de fatos, ou como bem expressou certo apologista: ‘é uma religião que apela aos fatos da história’, ela se serve de tais meios para fundamentar seus argumentos.
“A apologia é parte inseparável da teologia, sendo que aquela, serve-se desta, para desenvolver um plano lógico e sistemático nas questões argumentativas concernentes á fé cristã.
“O cristianismo é uma religião que por sua natureza exclui quaisquer outros credos como verdadeiros, a não ser ele mesmo. Por isso, ele entra em choque com as demais religiões existentes, que são sem exceções, produtos das idéias dos homens, que na ânsia de sua procura pelo sagrado, por Deus, aliena-se nas suas próprias imaginações, resultado da depravação total da qual está sujeita a humanidade sem Deus. (...)
“Neste choque de crenças a apologia se torna indispensável. Ela nasce forçosamente como uma resposta ao ataque à sã doutrina que muitas vezes se apresenta sob diversas faces.
“Quase todas as epístolas foram escritas visando à defesa da fé cristã (no sentido de corrigir erros doutrinários) contra os ataques de fora, e muitas vezes de dentro da própria igreja.” (Paulo Cristiano). Como defender a fé sem SOLA SCRIPTURA? Como fundamentaremos argumentações sem as mínimas condições que a língua pátria exige?
A Reforma Protestante desencadeada na Alemanha não só precisou de Lutero, mas de Melanchton. Este teólogo era muito mais do que um reformador, era um educador. Sua obra como “ministro” da educação passou a ser sinônimo do seu nome. – “Pelo menos 56 cidades alemãs procuraram a sua ajuda na reforma de suas escolas. Ele ajudou a reformar oito universidades e a fundar outras quatro. Escreveu numerosos livros didáticos para uso nas escolas e mais tarde foi chamado o Instrutor da Alemanha” (fonte: Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã). – Precisamos de uma reforma não só teológica, mas educacional. Pois o misticismo é contrário ao conhecimento das Escrituras. E este é o problema que poucos ou ninguém quer mexer.
A Reforma foi um movimento altamente literário e o protestantismo genuíno é uma experiência literária. O movimento evangelical contemporâneo está na contramão da história da Igreja cristã. A ênfase hoje está em buscar respostas fora do que já foi dito nas Escrituras, em sinais e prodígios. Muitos só crêem quando vêem grandes milagres! Contrariando estas palavras:
Então, Jesus lhe disse: Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis.Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra. Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu. (João 4.48-50).
Não sei até onde os pesquisadores fizeram suas elucubrações, mas acredito que boa parte da nossa miscelânea evangélica tupiniquim se dá por esses motivos:
1. Influência de elementos paganizados do catolicismo romano;
2. Influência de elementos litúrgicos afro-indígenas;
3. Influência da renovação carismática, subseqüentemente dos pentecostais – A origem do movimento é anti-intelectual;
4. Analfabetismo total e funcional da nação;
5. Maioria feminina. – As mulheres são mais suscetíveis ao misticismo. Embora não liderem (em grande parte, ainda) são as maiores sustentadoras dos trabalhos.
6. A busca de uma identidade e posicionamento social. – Pessoas pobres e simples saem do anonimato e conquistam um status de poder e influência “espiritualistas”.
7. A busca por soluções imediatas.
Admito que são muitos os fatores que contribuem para uma mentalidade mística, mas de uma forma ou de outra, essas são as bases do misticismo evangélico brasileiro. Pessoas que sentem um intenso desejo de relacionar-se imediatamente com o divino. Experiências intuitivas e extáticas nunca foram novidades na religiosidade popular. Mas no fundo, no fundo, o que há no misticismo é um escape para fugir da obediência da Palavra de Deus. Contudo, o conhecimento de Deus não permite atalhos! Não haverá reforma genuína enquanto o pentecostalismo (seja chamado de “carismáticos” ou “renovados”) não for corajosamente combatido!
O SOLA SCRIPTURA foi um dos pilares da Reforma do Século XVI, experiências místicas não podem determinar a fé verdadeira. DEUS NOS DEU AS ESCRITURAS, NÃO HÁ OUTRA AUTORIDADE. A BÍBLIA É INFALÍVEL, INSPIRADA E SUFICIENTE. A base comum (e inerrante) de conhecimento nunca poderá ser uma revelação extra-bíblica. Muitos evangélicos, embora admitam a infabilidade das Escrituras, com suas práticas dizem que a Bíblia não é suficiente! A base da sua fé é a experiência, e a Suficiência das Escrituras é desprezada. A palavra de Cristo não é suficiente para esses “fanáticos, iludidos, desmiolados, imbecis, tratantes e cães danados” – (adjetivos que Calvino costumava chamar os místicos).
A livre interpretação da Bíblia é uma marca protestante, de maneira nenhuma podemos nem queremos proibir ninguém de interpretar as Escrituras por si mesmo. Há necessidade de uma boa hermenêutica e exegese? Há. Mas não podemos fazer como a igreja romana que proibiu a livre interpretação da Bíblia alegando que os leigos interpretariam mal. E a Confissão de Fé de Westminster, uma confissão genuinamente protestante, não perde isso de vista:
A seção VII do capítulo I – Da Escritura Sagrada – assevera: Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido USO DOS MEIOS ORDINÁRIOS, podem alcançar uma suficiente compreensão delas. Ref. II Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos 17:11. Observe bem: “...os indoutos”... “...podem alcançar uma suficiente compreensão delas”. Porém, o ponto essencial em questão é que NÃO ESTÁ HAVENDO USO DEVIDO DOS MEIOS ORDINÁRIOS, que supõem princípios de interpretação lógica e racional. Este é o problema! Protestantismo é uma religião do Livro.
Nós somos criaturas racionais, criados para agir inteligentemente. Temos intelecto; vontade, emoções e mente. John Owen, um homem erudito e piedoso, bem disse que o homem foi criado para conhecer o bem por intermédio de sua mente, sem descartar a emoção (esta, em seu devido lugar, deseja e apega-se ao bem conhecido). A emoção nos impulsiona, mas não antes da verdade adquirida através da Palavra de Deus. Disse Owen: “As emoções talvez sejam o leme do navio, mas a mente é que deve pilotar; e a carta marítima a ser seguida é a verdade revelada por Deus” [na Sua Palavra escrita]. E como bem resumiu, ainda disse: “O intelecto é o olho da alma”. Daí podermos dizer que o misticismo é cego! É um movimento anti-revelacional!
A BÍBLIA É TUDO O QUE PRECISAMOS, NADA MAIS É NECESSÁRIO! Não precisamos de novas revelações, sonhos, visões, anjos, êxtase, vozes ou reações físicas. O SOLA SCRIPTURA é suficiente! “O Cristianismo fundamenta-se na Revelação. Nosso conhecimento de Deus abrange aquilo que Lhe aprouve nos revelar a respeito de Sua Pessoa. Todos os esforços humanos destinados a conhecê-Lo levam à falsas religiões ou misticismo. Ou somos submissos à Sua Revelação ou à nossa imaginação” (Bruce Bickel). Podemos afirmar que a fonte de conhecimento da linha carismática-pentecostal não é Deus! Ou então temos de concordar que Deus nos dá um conhecimento direto pela excitação dos sentimentos, independentemente do ensino de Sua Palavra.
Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. (Lc 16.29)
“O conhecimento é indispensável à vida e ao serviço cristãos. Se não usamos a mente que Deus nos deu, condenamo-nos à superficialidade espiritual, impedindo-nos de alcançar muitas riquezas da graça de Deus. Ao mesmo tempo, o conhecimento nos é dado para ser usado, para nos levar a cultuar melhor a Deus, nos conduzir a uma fé maior, a uma santidade mais profunda, a um melhor serviço. Não é de menos conhecimento que precisamos, mas sim de mais conhecimento, desde que o apliquemos em nossa vida”. (John Stott).
Escreveu Heber C. de Campos: “Tudo o que a igreja deve crer sobre Deus e seu relacionamento com os homens, está registrado nas Santas Escrituras que foram escritas, na sua grande maioria, pelos profetas do Antigo Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento”.
Finalmente é sempre bom ouvirmos repetidas vezes a exortação pastoral de MacArthur Jr., “Se algum dia alguém o perturbar dizendo que você precisa dessa ou daquela experiência mística ou espiritual, NÃO ACREDITE. O Espírito de Deus, agindo por meio de Sua Palavra é suficiente para torná-lo totalmente maduro em Cristo”.
À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva. (Is 8.20)
Que Deus tenha misericórdia da ignorância de tantos que se dizem cristãos, e que abra os olhos daqueles que, em Sua Igreja, estão se afastando de Suas verdades, levando-os de volta à pureza e simplicidade devidas a Cristo. Que eles venham a entender que NÃO HÁ OUTRO FUNDAMENTO senão dos apóstolos e profetas.

Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. (Ef 2.20-22).
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho... (Hb 1.1,2 a).

Raniere Menezes

2015/04/30

Deus, Prosperidade e Trabalho


A prosperidade financeira obedece a normas, regras e métodos estabelecidos. Por outro lado, da perspectiva bíblica, a prosperidade é um dom de Deus. É ele quem concede saúde, oportunidades, inteligência, e tudo o mais que é necessário para o sucesso financeiro. E isso, sem distinção de pessoas quanto ao que crêem e quanto ao que contribuem financeiramente para as comunidades às quais pertencem. Deus faz com que a chuva caia e o sol nasça para todos, justos e injustos, crentes e descrentes, conforme Jesus ensinou (Mateus 5:45). Não é possível, de acordo com a tradição reformada, estabelecer uma relação constante de causa e efeito entre contribuições, pagamento de dízimos e ofertas e mesmo a religiosidade, com a prosperidade financeira. Várias passagens da Bíblia ensinam os crentes a não terem inveja dos ímpios que prosperam, pois cedo ou tarde haverão de ser punidos por suas impiedades, aqui ou no mundo vindouro.


Através dos séculos, as religiões vêm pregando que existe uma relação entre Deus e a prosperidade material das pessoas. No Antigo Oriente, as religiões consideradas pagãs estabeleceram milênios atrás um sistema de culto às suas divindades que se baseava nos ciclos das estações do ano, na busca do favor dessas divindades mediante sacrifícios de vários tipos e na manifestação da aceitação divina mediante as chuvas e as vitórias nas guerras. A prosperidade da nação e dos indivíduos era vista como favor dos deuses, favor esse que era obtido por meio dos sacrifícios, inclusive humanos, como os oferecidos ao deus Moloque. No Egito antigo a divindade e poder de Faraó eram mensurados pelas cheias do Nilo. As religiões gregas, da mesma forma, associavam a prosperidade material ao favor dos deuses, embora estes fossem caprichosos e imprevisíveis. As oferendas e sacrifícios lhes eram oferecidas em templos espalhados pelas principais cidades espalhadas pela bacia do Mediterrâneo, onde também haviam templos erigidos ao imperador romano, cultuado como deus.

A religião dos judeus no período antes de Cristo, baseada no Antigo Testamento, também incluía essa relação entre a ação divina e a prosperidade de Israel. Tal relação era entendida como um dos termos da aliança entre Deus e Abraão e sua descendência. Na aliança, Deus prometia, entre outras coisas, abençoar a nação e seus indivíduos com colheitas abundantes, ausência de pragas, chuvas no tempo certo, saúde e vitória contra os inimigos. Essas coisas eram vistas como alguns dos sinais e evidências do favor de Deus e como testes da dependência dele. Todavia, elas eram condicionadas à obediência e só viriam caso Israel andasse nos seus mandamentos, preceitos, leis e estatutos. Estes incluíam a entrega de sacrifícios de animais e ofertas de vários tipos, a fidelidade exclusiva a Deus como único Deus verdadeiro, uma vida moral de acordo com os padrões revelados e a prática do amor ao próximo. A falha em cumprir com os termos da aliança acarretava a suspensão dessas bênçãos. Contudo, a inclusão na aliança, o favor de Deus e a concessão das bênçãos não eram vistos como meritórios, mas como favor gracioso de Deus que soberanamente havia escolhido Israel como seu povo especial.

O Cristianismo, mesmo se entendendo como a extensão dessa aliança de Deus com Abraão, o pai da fé, deu outro enfoque ao papel da prosperidade na relação com Deus. Para os primeiros cristãos, a evidência do favor de Deus não eram necessariamente as bênçãos materiais, mas a capacidade de crer em Jesus de Nazaré como o Cristo, a mudança do coração e da vida, a certeza de que haviam sido perdoados de seus pecados, o privilégio de participar da Igreja e, acima de tudo, o dom do Espírito Santo, enviado pelo próprio Deus ao coração dos que criam. A exultação com as realidades espirituais da nova era que raiou com a vinda de Cristo e a esperança apocalíptica do mundo vindouro fizeram recuar para os bastidores o foco na felicidade terrena temporal, trazida pelas riquezas e pela prosperidade, até porque o próprio Jesus era pobre, bem como os seus apóstolos e os primeiros cristãos, constituídos na maior parte de órfãos, viúvas, soldados, diaristas, pequenos comerciantes e lavradores. Havia exceções, mas poucas. Os primeiros cristãos, seguindo o ensino de Jesus, se viam como peregrinos e forasteiros nesse mundo. O foco era nos tesouros do céu.

A Idade Média viu a cristandade passar por uma mudança nesse ponto (e em muitos outros). A pobreza quase virou sacramento, ao se tornar um dos votos dos monges, apesar de Jesus Cristo e os apóstolos terem condenado o apego às riquezas e não as riquezas em si. Ao mesmo tempo, e de maneira contraditória, a Igreja medieval passou a vender por dinheiro as indulgências, os famosos perdões emitidos pelo papa (como aqueles que fizeram voto de pobreza poderiam comprá-los?). Aquilo que Jesus e os apóstolos disseram que era um favor imerecido de Deus, fruto de sua graça, virou objeto de compra. Milhares de pessoas compraram as indulgências, pensando garantir para si e para familiares mortos o perdão de Deus para pecados passados, presentes e futuros.

A Reforma protestante, nascida em reação à venda das indulgências, entre outras razões, reafirmou o ensino bíblico de que o homem nada tem e nada pode fazer para obter o favor de Deus. Ele soberana e graciosamente o concede ao pecador arrependido que crê em Jesus Cristo, e nele somente. A justificação do pecador é pela fé, sem obras de justiça, afirmaram Lutero, Calvino, Zwinglio e todos os demais líderes da Reforma. Diante disso, resgatou-se o conceito de que o favor de Deus não se pode mensurar pelas dádivas terrenas, mas sim pelo dom do Espírito e pela fé salvadora, que eram dados somente aos eleitos de Deus. O trabalho, através do qual vem a prosperidade, passou a ser visto, particularmente nas obras de Calvino, como tendo caráter religioso. Acabou-se a separação entre o sagrado e o profano que subjaz ao conceito de que Deus abençoa materialmente quem lhe agrada espiritualmente. O calvinismo é, precisamente, a primeira ética cristã que deu ao trabalho um caráter religioso. Mais tarde, esse conceito foi mal compreendido por Max Weber, que traçou sua origem à doutrina da predestinação como entendida pelos puritanos do século XVIII. Weber defendeu que os calvinistas viam a prosperidade como prova da predestinação, de onde extraiu a famosa tese que o calvinismo é o pai do capitalismo. As conclusões de Weber têm sido habilmente contestadas por estudiosos capazes, que gostariam que Weber tivesse estudado as obras de Calvino e não somente os escritos dos puritanos do séc. XVIII.

Atualmente, em nosso país, a idéia de que Deus sempre abençoa materialmente aqueles que lhe agradam vem sendo levada adiante com vigor, não pelos calvinistas e reformados em geral, mas pelas igrejas evangélicas chamadas de neopentecostais, uma segunda geração do movimento pentecostal que chegou ao Brasil na década de 1900. A mensagem dos pastores, bispos e “apóstolos” desse movimento é que a prosperidade financeira e a saúde são a vontade de Deus para todo aquele que for fiel e dedicado à Igreja e que sacrificar-se para dar dízimos e ofertas. Correspondentemente, os que são infiéis nos dízimos e ofertas são amaldiçoados com quebra financeira, doenças, problemas e tormentos da parte de demônios. Na tentativa de obter esses dízimos e ofertas, os profetas da prosperidade promovem campanhas de arrecadação alimentadas por versículos bíblicos freqüentemente deslocados de seu contexto histórico e literário, prometendo prosperidade financeira aos dizimistas e ameaçando com os castigos divinos os que pouco ou nada contribuem.

O crescimento vertiginoso de igrejas neopentecostais que pregam a prosperidade só pode ser explicado pela idéia equivocada que o favor de Deus se mede e se compra pelo dinheiro, pelo gosto que os evangélicos no Brasil ainda têm por bispos e apóstolos, pela idéia nunca totalmente erradicada que pastores são mediadores entre Deus e os homens e pelo misticismo supersticioso da alma brasileira no apego a objetos considerados sagrados que podem abençoar as pessoas. Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas e procurando obter prosperidade material por meio de pagamento de dízimos e ofertas me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro e sua teologia da prosperidade não são, na verdade, filhos da Igreja medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma medieval. 

Augustus Nicodemus

A alma católica dos evangélicos no Brasil

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Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo (“cosmovisão”). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões neste ano de 2006 – mas há váriasevidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica. É um fato que a conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados “em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã. Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?

1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.

2) A idéia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.

3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores evangélicos, do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.

4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Faltanos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.

5) Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?

O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento, e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5).

Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país, onde até os evangélicos têm alma católica. 

 Augustus Nicodemus Lopes

A importância da Educação Cristã Escolar

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Por Rev. Mauro Meister

Educar pra quê?

Podemos pensar em diversas razões. Algumas delas são:

  • Capacitação financeira (o bem estar financeiro do aluno),
  • Capacitação cultural
  • Qualidade de vida
  • Futuro das gerações
  • Futuro do próprio planeta

Mas, por que uma educação “religiosa”?

O cristianismo sempre teve a grande preocupação de educar e ensinar. A motivação era descobrir a verdade de Deus para a glória de Deus, tanto a verdade de Deus nas Escrituras, como na Natureza.

Harvard, considerada a melhor universidade pela Times Higher Education (THE), foi fundada pelo pastor John Harvard. A faculdade Mackenzie foi fundada há 142 anos por protestantes. Contudo, com o tempo perdemos a noção da importância da educação e deixamos a educação nas mãos dos incrédulos. Deixamos de ser cristãos que pensam e refletem sobre todos os aspectos da vida para viver um cristianismo sentimental e enclausurado.

Não existe educação “neutra”.

Algumas escolas tem a noção de que existem dois tipos de educação: educação secular + educação cristã. Contudo, não existe educação neutra. Sempre existirá uma ideologia por trás da educação. Não necessariamente uma ideologia política, mas sempre existirá uma “religião” por trás da educação, um pressuposto, uma cosmovisão que influenciará naquilo que o educador ensina.

Cosmovisão são como lentes sobrepostas (pressuposições) pelas quais vemos o mundo e há várias camadas de interpretação que formam a nossa cosmovisão pessoal, conforme mostra a imagem abaixo.



A educação cristã… consiste em ensinar tudo, de ciências e matemática a literatura e artes, dentro da estrutura de uma visão de mundo bíblica e integrada. Significa ensinar os estudantes a relacionarem todas as disciplinas à verdade de Deus e sua auto-revelação nas Escrituras, enquanto detectam e criticam as afirmativas da visão de mundo não-bíblica. (Colson & Piercey, E Agora Como Viveremos?)

Em uma escola cristã não existe educação secular, pois toda educação cristã procede da cosmovisão das Escrituras, quer ciência, quer teologia. Sendo assim, uma escola cristã não é aquela que faz somente um culto durante a semana, ou uma oração antes da aula, mas aquela que ensina seu conteúdo sob a perspectiva cristã.

O que nos leva a educar?

Nós temos uma visão reducionista, achando que a Bíblia só é aplicável dentro das paredes da igreja, achando que quando a bíblica fala de educação, ela está falando somente de EBD (Ensino Bíblico Dominical).

Estes, pois [repetição dos dez mandamentos], são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. [...] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. (Dt 6:1-3, 6-7)

Neste texto vemos que a ordem do ensino vem de Deus e que o ensino tem um propósito dado por Deus; e o próprio Deus concede a autoridade do ensino aos pais. Deus também concede dons de ensino e equipa pessoas específicas para ensinarem o corpo de Cristo. Sendo assim, a escola cristã é um auxílio aos pais que delegam sua autoridade a escola para ensinar seus filhos. Contudo, a escola jamais pode substituir e jamais conseguirá substituir os pais.


Conheça a ACSI

A Associação Internacional de Escolas Cristãs-ACSI é uma organização internacional de escolas cristãs sem fins lucrativos, com seu escritório central em Colorado Springs, EUA.

Foi formada em 1978 como resultado da união de várias associações de escolas cristãs nos Estados Unidos e Canadá. Conta com mais de 25 mil escolas associadas, em mais de 115 países, tendo mais de um 5.5 milhões de alunos. Existem 16 escritórios regionais ao redor do mundo, sempre respeitando a identidade cultural de cada nação.

A filosofia educacional da ACSI, fundamentada na Palavra de Deus, promove uma educação cristocêntrica, orientada para desenvolver uma cosmovisão bíblica por meio de cada educador, cada matéria acadêmica e cada parte do programa escolar.


Pastor de púlpito e não de de ovelhas


Tenho observado um comportamento extremamente comum nas igrejas evangélicas de todo o país. É o pastor de púlpito, e sempre com ótima homília, mas que nunca visitam as “ovelhas da igreja”.
Ou mandam os presbíteros visitar os membros, ou fingem que os membros não existem perante a igreja…
Vamos a reflexão…
Primeira reflexão: qualquer um do corpo eclesiástico da igreja pode visitar, ou seja, importante é fazer visitas (menos o pastor); segunda: a igreja já é suficiente em si mesma para prover toda e qualquer orientação para os “candidatos a membros ” ou “membros definitivos”.
A LITURGIA É SUFICIENTE EM SI MESMA PARA ALIMENTAR A IGREJA!
Muitos desses pastores acabam depois de muito “pastorear” saindo pela porta dos fundos da igreja. Os próprios membros da igreja pedem para o “pastor” sair, pois não cuida de ovelhas, mas cuida bem do púlpito: ar condicionado na igreja, cadeiras de belo estofamento, coral com belas músicas, mas muito longe daquilo que Jesus pediu “as ovelhas conhecem a minha voz”.
Se conhecem, é porque houve um contato pessoal, e não contato pelo púlpito da igreja.
Falo isso, pois já presenciei isso em minha vida duas vezes.
O primeiro pastor pertencia a uma igreja evangélica tradicional no Brasil.
Foi expulso dessa, e criou uma igreja de denominação muito parecida com a tradicional em Marília.
Foi um fiasco…
O outro chegou com toda a pompa para superar um homem de Deus aqui em Marília, muito educado, e que se transferiu para outra cidade do Brasil.
Logo o pastor substituto, afastou o presidente do coral, e fez política de coaptação dentro da igreja com os atuais presbíteros.
Ou seja, pastor e presbíteros , só com títulos de cargos eclesiásticos, mas muito longe do apregoado por Jesus “as ovelhas conhecem a minha voz”.
Nunca recebi visita de pastor ou de presbíteros…
Para finalizar, sugiro cuidado com igrejas bonitas na mobília, centrais na cidade, mas frias no acolhimento, sem visitas pastorais.
Sugiro a leitura do livro de David de Hansen “A Arte de Pastorear”, e ainda refletir que os pastores de hoje precisam aprender que pastorear não é apenas pregar, administrar, ensinar ou dirigir a liturgia.
É possível fazer todas essas coisas sem realmente pastorear.
Pastorear é acima de tudo cuidar.
Observe que Paulo disse aos anciãos (presbíteros) de Éfeso, conforme At 20.28:
-Cuidem por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu pastores, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.
Cuidar de si mesmo é pré-requisito para quem pretende cuidar de outros.
Hoje se fala em conservar saúde física e mental, família e finanças ordenadas, boa administração do tempo, vida devocional, disciplina de estudos…
Porém, é pouco provável que Paulo estivesse pensando nisso quando recomendou “cuidado”.
A preocupação do apóstolo visava perseverança na fé e no ensino, alertava sobre o perigo dos falsos mestres, da ganância e dos desvios de conduta.
Os grandes males que têm destruído ministérios pastorais são: a imoralidade sexual, em todas suas manifestações; a arrogância e o orgulho, que trazem a reboque os desvios doutrinários e a tirania religiosa; a vaidade, a inveja e a cobiça, que levam alguns a tentar viver num padrão que não podem ou desejar coisas que não precisam.
Cuidar do rebanho de Deus é um privilégio.
Moisés teve que aprender a cuidar dos rebanhos de seu sogro antes de liderar Israel; um rei foi escolhido por ter “coração de pastor”, capaz de por a vida em risco na luta contra um urso e um leão para defender uma única ovelha.
Ora, se Davi era tão cuidadoso com o rebanho de Jessé, não seria também achado fiel no cuidado do rebanho de Jeová?
No dia a dia do ministério pastoral o grande desafio é não perder a ternura, o prazer de ter cheiro de ovelha, o gosto de conduzir, de guiar sem opressão, apenas sendo modelo, exemplo de fé, pureza e amor.
É a tarefa mais excelente dentre as muitas oportunidades de servir no Reino de Deus, daí serem muitos os líderes, mestres, evangelistas, profetas, cantores e administradores que são chamados de pastores.
Muitos têm o título, pois é cultural se dar maior valor as expressões como “pastor”, “reverendo”, “bispo” e hoje até “apóstolo”.
Todavia, nem estes todos que usam o título têm coração de pastor.PASTOR DE PÚLPITO E NÃO DE OVELHAS…
É isso precisamos de pastores com coração de pastor.
Vamos refletir…

MINISTÉRIO DE PASTOR



INTRODUÇÃO: Vamos verificar através deste estudo, segundo a Palavra de Deus o que é ser um Pastor. Porque hoje opera uma estrutura de raciocínio totalmente anti Bíblico, onde para ser um Pastor não precisa ser chamado por Deus. Basta ter um curso teológico e o homem já está pronto para ser um pastor. Será que é assim? Vamos ver na Palavra de Deus.

A Palavra de Deus nos mostra que o Pastor não é levantado pela vontade humana, mas sim pela vontade de Deus.At. 20: 28. O Pastor que é levantado por Deus, ele apascenta o rebanho com conhecimento e inteligência. Jr. 3: 15.

Alguém pode até dizer que o conhecimento e a inteligência vem no fazer um curso teológico. Mas  o conhecimento e a inteligência a qual Deus está se referindo vem de cima Dele mesmo.Pv. 2: 1 ao 6; Tg. 1: 5; Tg. 3: 17; II Pd. 3: 18.

O verdadeiro Pastor escolhido por Deus, ele vela pelo rebanho. Se alguma ovelha se perder ele vai atrás e procura até encontrar. Mt. 18: 12 e 13; Lc. 15: 4 ao 6.

 O verdadeiro Pastor que foi escolhido e ungido por Deus para este ministério, ele tem zelo pela casa do Senhor e pelas ovelhas do Senhor. Sl. 69: 9. O Pastor escolhido por Deus ele zela pelas ovelhas e pela sua própria vida. Jõ. 10: 11.
O verdadeiro pastor está sempre procurando aprender com o Pastor dos pastores, Cristo Jesus. Mt. 11: 29.

O pastor que foi ungido por Deus, ele está sempre procurando imitar o Mestre, e procurando andar nas pisadas do Mestre. I Jõ. 2: 6. O verdadeiro pastor é sempre manso brando com as ovelhas, e sempre tem uma palavra branda para elas. II Tm. 2: 24 e 25.
O pastor ungido por Deus, e não pela vontade dos homens na hora de separar alguém para o Ministério ele busca a Deus com muito jejum e oração, para que o Espírito Santo venha fazer a separação. Seguindo o exemplo de Jesus. Lc. 6: 12 e 13; At.13: 1 ao 3.

O pastor que encontrar muita dificuldade para imitar a Jesus Cristo, ele pode procurar imitar os Apóstolos. I Co.11: 1; I Co. 4: 16; I Ts. 2: 14.

É importante para o pastor estar sempre vigiando, para não tombar no campo de batalha. Pois se o pastor for ferido as ovelhas se dispersam, ou podem cair na boca do lobo. Mt.26: 31; At. 20: 29; Mt.10: 16. Pedro o primeiro Pastor, o que Jesus recomendou a ele? Mc. 14: 37 e 38.

É importante para o pastor ser um homem espiritual, pois só os espirituais têm discernimento. Pois um pastor sem discernimento nunca sabe o que Deus está fazendo no meio do rebanho. E também não consegue discernir a presença do inimigo no meio do rebanho. Pois tanto Deus como os nossos inimigos são espíritos.I Co. 2: 14 e 15. Um pastor sem discernimento é um cego guiando um monte de cegos. Mt. 15: 14.

Só os pastores espirituais podem reconhecer Satanás no meio do rebanho, pois ele se disfarça até em anjo de luz. II Co. 11: 14 e 15. É fundamental para o pastor crer no Espírito Santo e ser dirigido por Ele. Pois é o Espírito Santo que vai ensinar lhe todas as coisas, fazer com que ele se lembre dos ensinamentos do Mestre e vai capacita-lo para desempenhar bem o Ministério.Jõ. 14: 26; II Co. 3: 5; Ef. 4: 8 ao 12.

Por haver uma estrutura de raciocino que anti Bíblica, os Pastores não se preocupam com o rebanho. Ser pastor virou profissão e quando um ministério vira profissão o interesse passa a ser financeiro. E o pastor de ser pastor, vira um mercenário. Jõ. 10: 12 e 13; Is. 56: 11.

O Senhor nosso Deus, é contra todos aqueles que se dizem pastor, mas não o são. Pois aquele que se diz pastor, mas não cuida do rebanho não é pastor. Jr. 23: 1 e 2; Ez. 34: 1 ao 10.

Há muitos pastores em nossos dias tomando posse do rebanho, como se o rebanho pertencesse a eles, têm o maior ciúme das ovelhas.Esses que si consideram donos dos rebanhos, que na verdade é do Senhor, vão se encontrar em maus lençóis. Jr. 25: 34 ao 38.

Pr. Ev. Sérgio Lopes

Por que tantos Líderes da Igreja e Doutores em teologia estão caindo em adultério?


Porque é que pessoas com doutorado em teologia estão lutando contra "pecados de nível graduado", gente com "conhecimento de gramática" na escola de Deus?

Para o Pastor e teólogo John Piper, isso se resume a uma resposta sucinta:

Eles não conhecem a Deus.

Se alguém vive realmente no amor do Criador do universo, e não focado em satisfazer suas próprias necessidades, seja ele ou ela, não irá cometer adultério.

John Piper completa ainda:

"Você pode estudar teologia 10 horas por dia durante 40 anos, e ainda assim não reconhecer que Deus é lindo, totalmente satisfatório, o maior tesouro de sua vida." Considerando o modo, e o quanto o diabo sabe a respeito de Deus, vai ele se preocupar com o conhecimento que você tenha sôbre o Eterno? (
A Bíblia diz: "Conheçamos e Prossigamos em conhecer ao Senhor" Oséias 6: 3a

Conhecer sôbre Deus e seus atributos é uma coisa, conhecê-lo de verdade, somente através de uma conversão genuína, comunhão, intimidade, viver e caminhar com Ele, uma atitude contínua e seqüencial que não deve e nem pode ser interrompida.

Se houver rupturas nesse relacionamento, imediatamente estaremos sujeitos às setas do inimigo, afinal ele está sempre vigilante e atento para nos atacar.

"Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." Efésios 6: 12 

Por mais que queiramos justificar e relativizar essa terrível questão que atormenta a Igreja da nossa geração, quando tantos líderes vivenciam problemas conjugais, que se desencadeiam quase sempre em separações e divórcios, com o agravante de um novo casamento, não há como esconder que está faltando intimidade com Deus e com a sua inerrante Palavra.

Sou consciente de que essa lavra é dura, mas pertinente e necessária, a priori para eu mesmo, e por isso o faço com amor, mas também muito temor e tremor, para que não esqueça dessa realidade.

Um líder que passa por uma situação como a que me refiro, por mais que existam justificativas e reconhecimento por parte da congregação que pastoreia, via de regra, salvo raríssimas excessões, fica desqualificado para tratar de casos conjugais semelhantes e ou similares dentro do seu rebanho, e o diabo sabe bem disso, tanto que passou a bombardear as investidas dessas tentações no ministério da Igreja.

"Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza."

Assim que vem à tona qualquer caso de infidelidade, adultério, separação e ou novo casamento na vida do líder e este continua exercendo as mesmas atividades à frente da Igreja como se nada tivesse acontecido,  começam a "pipocar" vários casos similares no meio da congregação e até mesmo na vida de outros obreiros auxiliares, e não há mais quem possa tratar, justamente porque aniquilou-se a "autoridade espiritual" para tais aconselhamentos, valendo aí o adágio popular; "por onde passa um boi, passa uma boiada".

A questão é de ordem espiritual, e após o líder, o rebanho é atingido. Como consequência de um acidente de percurso dessa natureza, o pensamento dominante passa a ser o seguinte: se a autoridade maior do ministério não conseguiu solução para o seu problema, não sou eu quem conseguirá, logo a concretização de um divórcio e um novo casamento  é a solução mais prática e aceitável.

O inimigo é o primeiro a saber que nas Igrejas atingidas por esse problema, o combate contra esse tipo de pecado fica nulo de pleno direito, pelo menos do ponto de vista humano.

Sempre que alguém abordar o tema à luz da Palavra de Deus não será bem visto, pois estaria afrontando ou confrontando a liderança. Em suma, não se tocará mais neste assunto nessa igreja.

Pensemos:

Como é que o diabo vê isso, como é que Deus vê isso?

  • Infelizmente uns não podem mais falar porque já são vítimas da própria situação,
  • Outros não falam para não atingirem amigos, superiores ou liderados envolvidos e,
  • Outros não falam com medo de virem a se envolver em situação semelhante futuramente.

Meu Deus, o que está acontecendo com a Igreja? Me parece que a coisa ficou do jeito que o diabo gosta?

Amados, sejamos líderes ou liderados, doutores ou leigos; vigiemos, oremos e lutemos para conhecer verdadeiramente o Senhor e vivermos conforme a sua Palavra. 

"Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher" (I Co. 7:10-11).

"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor." (I Co. 7:39).

Este artigo não foi escrito como afronta ou ferramenta de acusação a quem quer que seja, mas como constatação de uma seta maligna lançada contra a Igreja, contra a qual precisamos estar atentos e vigilantes.

Portanto, oremos, sejamos vigilantes, cuidemos de nós mesmos, do nosso casamento, enfim, da nossa família e acima de tudo, conheçamos mais a Deus.

"Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia." I Cor. 10: 12

Tenha o Eterno misericórdia de nós!